Há horas em que as palavras não saem, por isso prefiro recordar aqui pelas palavras do Dr. Sardoeira Pinto, registadas na História Oficial do FC Porto - Alfredo Barbosa - Edição O Comércio do Porto, um episódio que vivendo-o na infância sempre me deixou orgulhoso do FC Porto e das suas cúpulas.
Este episódio, foi para mim um exemplo para a vida, de luta pelos ideais, de perseverança. Hoje sinto-me atraiçoado.
Corria o já mais ou menos longínquo ano de 1983. Ainda soprando com força os ventos de da Revolução de Abril de 1974, a Federação Portuguesa de Futebol, ao tempo presidida pelo Dr. Silva Resende, deliberara no princípio da época, atendendo à então existente plena igualdade dos cidadãos, deve ser a Final da Taça de Portugal disputada no Estádio das Antas, de modo a poder ser a Festa do Futebol levada às gentes do Porto, como prémio à sua dedicação e ao seu entusiasmo pela modalidade.
Foi-se desenrolando a época, sucederam-se as eliminatórias e surgiram como finalistas o F.C. Porto e o Benfica. Rebentou então a bomba! Na verdade, dando o dito por não dito, a Federação passou a entender dever ser a Final disputada no Estádio de Oeiras e não no do F.C. Porto, alegando como argumento essencial ter aquele um aspecto helénico, uma beleza olímpica e constituir o melhor ambiente para a realização do jogo. Pasme-se!
Entrou, como naturalmente seria de esperar, em ebulição a gente portista, justamente indignada por tamanha injustiça constituir mesmo uma espoliação! Como era sua competência, a Direcção, com Jorge Nuno Pinto da Costa à frente, protestou contra a arbitrariedade e após muitas palavras ditas, litros e litros de tinta gastos nos jornais e variadas intervenções levadas a cabo na Rádio e na Televisão, a Federação, reconsiderando, tomou uma nova posição: a Final seria disputada em Coimbra, sensivelmente a meio caminho entre as cidades dos dois finalistas... e encerrar-se-ia o assunto!
Não se convenceu o F.C. Porto e, sem desfalecer, insistiu na defesa do por si considerado seu direito absoluto e natural. Manteve o órgão de cúpula do futebol a sua posição e, para saber o pensamento dos sócios, pediu-me a Direcção para convocar uma Assembleia Geral Extraordinária.
Em noite memorável, realizou-se ela no agora inexistente Pavilhão Dr. Américo de Sá e tal foi a afluência que me cheguei mesmo a arrepender de não a ter feito em pleno estádio. Foi a maior de sempre até hoje na História do Clube e a Nação Portista compareceu em peso para, honrando o Poeta Manuel Alegre, dizer como ele "haver sempre alguém que diz não" à prepotência, à ditadura, a tudo que é tirania!...
Era extremamente delicada a situação pois cominavam os Regulamentos Federativos - e cominam! - que uma falta de comparência implicaria a descida da equipa de futebol à 3ª Divisão... e era intenção portista não ir à Final se esta não fosse realizada na nossa sacrossanta casa! Não ficou um lugar vago no Pavilhão e milhares de associados quedaram-se no exterior ansiosos por conhecer o desfecho da Assembleia. Vários oradores falaram durante horas e depois, por unanimidade e aclamação, foi votado que ou a Final se realizava como fora inicialmente deliberado ou a equipa do F.C. Porto não comparecia, sucedendo o que sucedesse!
No final da Assembleia, o abraço público que com Jorge Nuno Pinto da Costa troquei mostrou urbi et orbi ser total a unidade existente entre os corpos gerentes e a massa associativa, a mais devotada, a mais querida, a mais interessada e a mais fiel de todas.
Alguns dias depois, mais uma vez a Federação retrocedeu e, voltando novamente com a palavra atrás, remarcou a Final para o nosso estádio.
Final, diga-se em abono da verdade, que o F.C. Porto, perdeu nas quatro linhas porque nesse jogo o adversário se superiorizou. Todavia, o facto em si mesmo constitui, a meu ver, uma das maiores vitórias de sempre do Clube. Acordado pouco tempo antes de um sono de décadas, o F.C. Porto, qual guerreiro despero, espreguiçou-se, exibiu a sua força e obrigou os outros, todos eles, a mostrar-lhe o respeito que lhe é devido inteiramente. Penso mesmo que, ao contrário do que alguns, poucos, por aí vão dizendo, o grande Clube azul e branco não se portando como um mito, assumiu-se como enorme, transcendente e incomensurável realidade desportiva realidade regional, nacional e mundial como os tempos ulteriores vieram a confirmar inteiramente!
Dos entre os muitos grandes momentos vividos nas Antas durante estes 50 anos passados considero, com inteira justiça, creio, este um dos maiores...
Pergunto-me o que pensará o grande portista Sardoeira Pinto no meio de tanta indignidade?
ResponderEliminarEssa AG do FC Porto foi o dia em que deixou de haver "andrades". A partir daí o País teve de enfrentar os DRAGÕES!
ResponderEliminarSe nesse dia o Pinto da Costa e a Direcção do FC Porto tivessem optado por uma solução de compromisso, racional, de minimizar os riscos, pondo à frente dos "interesses pessoais" os "interesses do FC Porto", nunca teríamos chegado onde chegamos.
Nesse dia, tivemos um rei forte, que comandou a forte gente.
Infelizmente, o mesmo não se passou na última 6ª feira (um dia negro para a história do nosso clube).
Não quero acreditar que a vontade do NGP tenha sido esta!
ResponderEliminarMas tento compreende-lo...
Suponhamos que o NGP não estava de acordo com a decisão dos corpos directivos do nosso F.C. Porto!!!
E fazia o quê???
Demitia-se, e continuaria a contar com o nosso apoio???
Ok!!!
E quê?
Nós adeptos incondicionais do nosso GRANDE F.C. Porto, demitiamos a SAD???
Adeptos, não podem demitir SAD's!!!
Mas SAD's podem auto-demitir-se!
Apesar de serem elementos lá colocados com a nossa "permissão"; demitir-se-iam!!!
Obrigatóriamente!
Quanto mais não fosse; para lhes chegarmos o fogo ao RABO!!!
Seria mais uma excelente oportunidade de lhes darmos baile!
Se o perdessemos; tinhamos desculpa!
Mas se, mesmo assim, o ganhassemos(e acredito que sim); em vez de uma grande bofetada de luva branca; preferiria dizer - uma grande cagadela(tipo rabanada) mesmo em cima das fuças!!!