quinta-feira, 21 de maio de 2009

Estava um calor ...

Há 6 anos foi assim, nas palavras de Cristiano Pereira (Jornalista JN):

* Recomenda-se que pessoas não habituadas ao Portuense, se abstenham de ler o texto e se limitem a ver uns vídeos no You Tube.

CRÓNICA DE UM DRAGÃO

O meu dia 21

6 da manhã, Alfama, Lisboa - Acordo, isto é, salto da cama (mal fechei os olhos com a ansiedade), tomo um duche, enrolo o cachecol e saio à rua.. Está sol. E sinto uma felicidade rara, um furacão de contentamento de quem ainda se está a aperceber que afinal, foda-se, afinal vou. Afinal vou à final. E vou mesmo. Há 12 horas atrás chorava de frustração e agora quase de emoção. Já estou a ir. Caralho. As ruas parecem bonitas, o planeta é belo. Desco a Santa Apolónia rumo à estação do Oriente onde fiquei de me encontrar com 4 amigos que estavam a chegar do Porto. As pessoas que se cruzam comigo(e com o azul que me abraça o tronco) lançam-me luminosos sorrisos, erguem o polegar e não raras vezes vociferam "Boa sorte" ou "hoje somos todos da mesma cor". Há carros que apitam.

7 horas, Lisboa - Frente ao Vasco da Gama, vislumbro o carro dos meus amigos. Um deles tem o cabelo pintado de azul e metade do corpo fora da janela. É o Giró, figura incontornável do punk rock tripeiro (foi baterista dos Renegados de Boliqueime). Ele grita. O carro apita. São sete da manhã e estes gajos chegam bebados a Lisboa. Menos o condutor, claro. Siga para Andaluzia, a duzentos à hora, num Audi xpto turbo qualquer coisa e a ouvir o disco dos Dr. Frankenstein. Meio dia, Sevilha

- Escusado será dizer que o rapaz do cabelo azul aterrou a meio do Alentejo. Já acordou. Estamos em Sevilha. Foda-se. Já vemo o estádio ali à frente. E só dá gajos vestidos de verde. Parecem lagartos. Estacionamos o carro. Está um calor filho da puta. E bota filho da puta nisso: estão 41 graus. No início achamos piada à temperatura. Estamos todos de tronco nu e decidimos ir até ao centro da cidade. Estamos desidratados. Um calor filho da puta.

15 horas - As principais artérias do centro da cidade estão cortadas ao trânsito. As ruas estão apinhadas de gente vestida de verde. É impressionante a quantidade de escoceses que aqui estão. Diz-se que são mais de cem mil. Não sei. Mas são mais do que as mães. Penso: Glasgow deve estar deserta. O calor parece aumentar até se tornar insuportável. Bebe-se muito. Há escoceses que nos abraçam. Fazemos brindes. Pagam-me copos. Cantam. A polícia observa. E já há centenas de gajos literamente aterrados no passeio. Depois de não sei quantas cervejas aparece, caído do céu, um verdejante legume. É erva. E não é uma erva qualquer. É skunk. Enrolo o charro enquanto um grupo de escoceses tece rasgados elogios ao Cadete. Acendo o charro e penso que, para mim, o Cadete mais não é do que um jogador medíocre e um cromo do Big Brother. O charro começa a bater.. E de que maneira. Filho da puta de calor.

16 horas - Estamos todos meio desorientados. É impossível andar mais de 50 metros debaixo deste sol sem parar para beber mais uma cerveja. Começo a sentir-me totalmente alterado pela mistura de aditivos e pela ansiedade trepidante. Sou assaltado por uma lucidez que me faz pensar: "Foda-se, não bebas mais. Não entres no estádio ainda mais bebado. Ainda aterras e não vês o jogo". Há que ir para o estádio. Ainda fica longe. Não há táxis. Os autocarros estão cheios. Vamos indo a pé. Filho da puta de calor. Milagre: um dos autocarros abre-nos a porta. Está cheio como um ovo de escoceses que berram e muito, eles cantam, e muito. Ficam todos contentes por partilharmos o mesmo Bus. Somos os únicos portugueses dentro do autocarro. Eles recebem-nos com cumprimentos e cantam. Estão sempre a cantar, estes gajos. Filho da puta de calor.

17,30 horas - Chegamos ao estádio. É preciso ter cuidado com o bilhete. Anda aí gente capaz de matar só para roubar o apetecido rectângulo de papel. O meu está guardado dentro da sapatilha, envolvido em plástico. Entro no estádio. Nem sequer me revistam. Subo ao meu lugar,. Estou na bancada central, "Grada Alta, Puerta P, Sector 201 B, Fila 20, Asiento 25". Sento-me. Agora sim. Penso: foda-se, estou mesmo aqui. Fico durante minutos calado a saborear essa constatação. A realidade. Este lugar é excelente. Está mesmo a meio do relvado, uns metros acima do banco do Celtic. À minha volta portugueses misturam-se com escoceses. Até o verde do relvado parece adquirir uma luz especial. Um calor filho da puta.

18,20 - Ao meu lado está um puto castiço. Falamos da ansiedade e do desespero. Há logo uma sintonia incrível, uma inegável compreensão mútua. Ele, tal como eu, tinha arranjado bilhete poucas horas antes. Um calor filho da puta. Digo-lhe que vou ao bar comprar garrafas de água. Desco a bancada. Azar nítido: está uma fila interminável para o bar. Fico parvo a olhar para aquilo. Penso num esquema. Chego junto de um enfermeiro da "Cruz Roja" e peço-lhe água com açúcar. Ele leva-me ao gabinete médico, uma sala com ar condicionado repleta de escoceses que dormem que nem porcos derrotados pela coma alcoolica. "Pois", digo eu ao médico simpático, "não dormi nada com a ansiedade e alimentei-me mal. Este calor também não ajuda. Fiquei fraco", dramatizo, exagero, enfim, um teatro do caralho ajudado pela pedrada da erva. Ao médico não lhe passa pela cabeça que eu apenas ali estou para evitar a fila do bar. Dá-me um sumo energético. Fico lá durante uns 10 minutos a curtir o ar condicionado. O gajo aponta o meu nome num papel. Saio e trago outro sumo para o puto que me espera na bancada. Passo pela fila do bar e vejo que ainda está maior. E que não anda nem desanda. Feito esperto, rio-me para dentro com um inevitável e muy tripeiro pensamento: "vocês são mesmo morcões, caralho". Já não há ar condicionado. E, claro, está um calor filho da puta.

19 horas - A curva à minha direita está cheia. De azul. De vida. De beleza. Os portugueses entraram mais cedo no estádio. Canta-se muito. Eu também canto. Está um calor filho da puta. Entretanto, a primeira má cena do dia: os jogadores, lá em baixo, no relvado, a aquecer e, foda-se não estou a ver nenhum caralho de cabelos claros, o pânico e a dúvida apoderam-se de mim e berro: "CARALHO! ONDE ESTÁ O JANKAUSKAS?". Não está. O que está é o calor. E um calor filho da puta.

19,15 horas - Lentamente, a bebedeira vai desaparecendo e os efeitos da erva vão, claro, esmorecendo. Só o calor é que parece aumentar. E o nervosismo, claro. O estádio já está cheio. Olho para as bancadas e fico assustado com a quantidade de verde que vejo. Os gajos começam a fazer muito barulho. Foda-se. Só cantam. Umas atrás das outras. Um repertório maior do que o Frank Zappa. Esta merda vai começar e tenho que me acalmar.

19,45 - Começa o jogo. Confusão do caralho. Ninguém domina ninguém. Está tudo nervoso. Com medo. Olha, o Costinha foi ao chão. Caralho. Filho da puta. Não era ele que dizia que tinha recuperado da lesão? Foda-se, já ficamos sem o Costinha. Caralho. Não estou a gostar disto. (não olhei mais para as horas, só para o horário do jogo)

20,30 (mais ou menos) - O Porto sobe, Deco levanta a puta da bola, Alenitchev está lá, eu levanto-me, vejo o gajo a rematar de primeira, uma bomba autêntica, o cabrão do Celtic não completa a defesa, e caralho, foda-se!!! Está ali o Derlei, foda-se, caralho AS REDES ABANAM E É GOLO CARALHO! Bem, aqui eu não sei bem, acho que mando um salto, desco uns sete ou oito pisos da bancada e atropelo tudo à minha frente, desde escoceses a portugueses, passando por garrafas de água e sei lá que mais. Estou fora de mim. Acho que nem grito "golo" porque a euforia me corta a capacidade de articular sílabas. Só berro qualquer coisa. Já estou como o outro: não há orgasmo que se compare a isto. intervalo. Tento acalmar-me. Vou buscar mais água. Não há fila. É estranho. Porquê? Que cena do caralho: acabaram as bebidas. Foda-se. Nos dois únicos bares de uma bancada cheia debaixo de 38 graus e não há agua, sumo ou a puta que os pariu? A espanhola giraça que está no bar depara-se com centenas de gajos desesperados e desidratados. Começa a distribuir cubos de gelo a toda a gente e a pedir calma. Num acto de desespero apanho umas garrafas vazias do chão e vou à casa de banho, torneira aberta, encho as garrafas e ainda molho o meu corpo todo. Começo a aperceber-me que a minha garganta está esquisita, isto é, a minha voz, caput, foi com o caralho. Segunda parte. Os gajos marcam o golo. Foda-se. Um barulho descomunal. Nunca (ou)vi nada assim. É impressionante. Chega a ser assustador. Fico na merda. Novo golo do Porto. Foda-se. Agora já nao atropelei ninguem, abracei-me ao puto, caralho, vamos lá ganhar esta merda. "Vamos ganhar 3-1, vocês vão ver", diz-me um tripeiro mais velho. E volta a dizer o mesmo. Outra vez. E mais uma vez. E pimba!, os gajos empatam novamente, eh pá, puta que pariu, como é que deixam aquele cabrão ali sózinho na area, caralho? Olho para o tripeiro profeta com aquela cara de quem diz "devias ter estado calado meu ganda boi de merda". Os escoceses fazem outra vez um barulho ensurdecedor. O estádio até parece tremer. Os que estão atrás de mim berram-me ao ouvido. Há um deles que chega a pôr a mão na minha cabeça e despenteia-me todo. Eu estou fodido, claro, mas tenho fair play, nem olho para trás, o gajo está na boa, desde que não me meta a mão no cu. E não só. Começo a ficar fodido. Fico calado minutos a fio. Já nao sei se sinto nervosismo, ansiedade ou depressão. Estou sentado, calado que nem um rato, as mãos na cabeça, o coração a 320 batidas por minuto. Estou a sentir-me mal. Vejo o Celtic a dominar o jogo. Os gajos sempre a cantar. É tudo deles, foda-se. É uma tortura: começo a pensar que não devia ter ido, que sofrimento já chegava, que aquilo é tudo uma merda, que o futebol não vale um caralho, que são só meia dúzia de gajos básicos atrás da bola, que o que eu gosto é de música e poesia e que caralho, eu juro, foda-se, juro mesmo que nunca mais vou ao futebol na puta da minha vida. O puto ao meu lado deve estar como eu. Não diz nada. Às tantas abre a boca e diz-me: "Eu já não sei". Foda-se. Começo a experimentar a amargura do sofrimento mais forte que alguma vez senti. Tenho a vida reduzida a merda. Às tantas visualizo na minha mente pessoas e alguns nicks do pessoal aqui do forum (O Flash, O Plasmatron, o Manel Poças e a Anfield Road, tudo gente que nunca vi) e tento imaginar onde estarão eles àquela hora, e a pensar que deviam era estar aqui, mas, caralho, como não estão, tento entrar numa espécie de comunicação telepática com eles, de forma a, sei lá, encontrarmos um ponto de convergência mental, juntar as forças, lança-las para dentro do relvado, como se a nossa vontade pudesse cair ali dentro como uma espécie de relâmpago e fazer com que o Porto não perca bola e faça passes certos, foda-se.... eu quero que a bola esteja no meio campo deles, não passem a bola ao Baía, caralho, é para a frente que se joga, e às tantas há alguém (não me lembro quem) que volta a passar a bola ao Baía e eu aí é que me passo mesmo dos cornos. Levanto-me. Grito: "Ó FILHO DE UMA PUTA DO CARALHO É PARA A FRENTE CARALHO PARA A FRENTE CARALHO!!!!!!! (ou coisa do género, não me lembro bem). À minha volta, num raio de 20 metros está tudo sentado, o pessoal olha, quem é que aquele portuga lingrinhas e de tronco nu, cromo do caralho, a gritar qualquer coisa? Os escoceses atrás de mim comentam algo entre eles num calão indecifrável. E riem-se muito. Riem-se de mim. Estão-se a rir de mim, filhos da puta? O jogo acaba, há prolongamento e eu começo a ficar preocupado com a minha saúde. Tento respirar fundo durante alguns minutos e começo a sentir-me relativamente melhor. Até porque o Porto já parece saber jogar à bola. Vejo o tempo a passar e só desejo mais um golo, caralho, não peço mais, basta um, foda-se, onde está o Postiga quando preciso dele?, caralho, e entro outra vez no transe de sofrimento, estilo começar a pensar para mim "foda-se, eu até dou os meus discos todos e o meu ordenado só para ganharmos esta merda" e outras merdas do género completamente inconcebíveis num momento mais racional. Segunda parte do prolongamento. Sinto-me perto da morte. Tento acender um cigarro. A mão direita treme de tal forma que nem sequer consigo encostar a chama à ponta do tubo de nicotina.O telemóvel treme no bolso. É uma mensagem escrita do Junqueira a dizer "tem calma pá.... a gente já resolve isto" e, de repente, volto a pensar na história da telepatia, e pergunto-me "mas como é que o gajo sabe que eu estou assim?" e depois penso que s calhar até é natural ele imaginar mas não deixo de pensar na telepatia e sinto-me mais confortável com aquelas letras "tem calma pá" como se eu fosse um puto assustado com algo e tivesse chegado o pai para proteger. Há o 3º golo do Porto. Não sei o que escrever. É um momento muito prateado, uma espécie de luz branca à minha volta. Devo ter gritado e saltado, sei lá, eu já nem estava no lugar, fui para os degraus mais abaixo e estava a ver aquela merda em pé, pá, nem sei bem. Sim, era tudo branco, uma espécie de névoa, estava tudo meio desfocado, e convenci-me que era Deus que ali estava a ajudar-me e fiquei fodido por nunca ter ido á missa e essas merdas e o caralho, e por já ter tido a mania que era anti-cristo na minha adolescência, e que afinal, caralho, Deus existe, e estava ali ao meu lado e eu sem saber como agradecer-lhe e pedir-lhe desculpa por todos estes anos de falta de fé. O jogo acaba. Acho que abraço toda a gente e toda a gente me abraça e que tenho os braços no ar e que tento gritar qualquer coisa mas que não consigo porque já não tenho voz e então limito-me a saltar que nem um cavalo. Os escoceses atrás de mim dão-me os parabéns e apertam-me a mão e eu, pimba, toma lá um abraço também, e a puta da vida é isto e nada mais existe na vida para além disto e deste resultado.

23 comentários:

  1. Como eu perecebo este post.. Só mesmo que mlá esteve e andou mais de 1 hora a pé para o estádio e chegando ao estádio fica na única bancada a levar com o sol e com aquele calor do caralho é que sabe como foi assistir aquela final..

    Obrigado pelo post, que grandes lembranças que ele me traz também.

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  2. mas que post delicioso.
    é uma final inesquecível !

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  3. Que grande texto...porra! Como sofri também nessa noite!

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  4. Só tenho pena de não er arranjado bilhete por pouco...
    Mas a vitória num jogo épico, tudo compensou...

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  5. Que grande maluco...acho que naquele dia, todos nós sentimos o mesmo.

    Um abraço

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  6. não sei se levei com mais sol na cabeça durante o jogo ou durante o dia inteiro que passei na fila para conseguir o bilhete mágico. mas valeu a pena, e de que maneira!!
    Esta taça não voltamos a ganhar, de certeza...
    abraços

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  7. Ao ler este extraodinario post...o tempo voltou para tras.
    Voltei a ter o prazer de poder recordar aqueles momentos inesqueciveis de uma jornada louca em Sevilha!
    Eu ao contrario do autor nao tive que levar com os escoceses..

    Estava na curva, aonde debaixo daquele calor indiscritivel, se cantou ate ao ser humanamente possivel, e ajudar os guerreiros a derrotar a adversidade e os verdes do Celtic
    Uma coisa posso afirmar...
    INESQUECIVEL

    Obrigado FCPORTO

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  8. fui a sevilha ver essa maravilha

    talvez a maior alegria futebolistica da minha vida

    sofri como 1 cao com o calor africano e com o jogo em si.sempre q celtic passava meio campo tremia nem varas verdes.em 120 minutos so consegui fumar meio cigarro.tava tolinho de todo.os meus amigos a chorar e eu todo monhe q nem em pe me segurava tal a emoçao.

    BRUTAL

    ps-nunca ouvi berreiro mais infernal na minha vida q as comemoraçoes golo do celtic.tava na bancada deles.autenticos animais de estadio.

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  9. Espectacular!

    Além de tudo isso e mais alguma coisa, fui daqueles que só apareceu em casa... no dia a seguir!!!

    Ser PORTISTA é isto!

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  10. Eu subscrevo tudo, mas acrescentaria muitos mais caralhos e filhos da puta. Nunca em nenhum outro jogo senti tanto nervosismo e tanta vontade de ganhar. Mas a história do FCP é feita disto, muito sofrimento, muita luta, muita asneira dita para disfarçar o stress. Viva o FCP

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  11. Grande texto para recordar o grande jogo!

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  12. Também lá tive e bem no meio dos adeptos do celtic. acabei no chão de joelhos a gritar "Our god is the same, Pooooooorto" e eles no seu fanatismo católico só diziam "respect", excepto alguns que ainda me deram uns calduços. Mas só o mágico Porto para me fazer sentir um herói entre 30 000 Maclagartos. Inesquecível ainda para mais porque depopis não con segui ir a Gelsenkirchen. Como curiosidade, nunca mais vou esquecer as felicitações de um escocês que meu deu os parabéns e depois sai-se com "para o ano vão ganhar a champions". Eu, louco de alegria, sorri amarelo. Mas sabia eu. Poooorto!

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  13. Grande texto do lingrinhas afónico ;)...

    Infelizmente não pude ir a sevilha mas sofri tanto como se tivesse ido e festejei até mais n poder...

    Quando dei por mim estava nas antas aguardando que os "deuses" invadissem o relvado e erguessem a taça diante dos que rezaram por ela.....

    Horas?? Quase 4h e depois? O golo do derlei "parou-nos " o relógio...

    P.S. -No dia do jogo, cruzei-me com miúdos de um qualquer jardim infantil que de mãos dadas e ladeados pelas educadoras gritavam : "poooortooo,pooortooo"

    Um ano mais tarde, corri as ruas de santo tirso ansioso por repetir o acaso...deu sorte ;)

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  14. Também para mim foi inesquecível.

    Arranjei bilhete às 20h00 do dia anterior, fui no avião da Cosmos, passei o dia em Sevilha com 2 amigos de ocasião que também como eu tinham conseguido bilhete na véspera devido a desistências. De tasca em tasca, depois de algumas tapas e pata negra e muita cerveja, saí para o estádio olimpico num autocarro que dizia "FC Porto Supporters" e que estava apinhado de escoceses que berravam de forma espectacular.

    O jogo foi um sofrimento atroz. Estava um lampião à minha frente, emigrante no Luxemburgo, com uma camisola do FC Porto que esteve o jogo todo a "azarar": "para que é que vim apoiar uma equipa portuguesa?, etc., etc., etc.", e depois de cada golo do Celtic dizia: "é uma vergonha este clube representar Portugal, blá, blá, blá...". O calor excessivo tinha-me tirado qualquer capacidade de reacção, já nem ligava, mas quando o FC Porto fez o 3-2 dei tamanha cachaçada no lampião que ainda hoje deve padecer da cervical...

    No fim do jogo estava exausto. Sem vontade para festejos só queria chegar ao aeroporto e vir para casa. Parecia que tinha corrido uma maratona. Que momento tão intenso!

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  15. Foda-se oh João,é caso para dizer que foi um dia do caralho!
    Fora de brincadeiras,só mesmo os Dragóes podem ter destes dias!
    A concorrencia não se queixa do calor!Queixa-se da azia!

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  16. AINDA ME ARREPIO TODO

    http://www.youtube.com/watch?v=7hgLaxbFM2g

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  17. Foi a loucura total nunca estive tão nervoso a ver um jogo,foi a unica vez na vida que corri com a mulher porta fora lá prós 20 minutos de jogo não parava de me foder a cabeça não vens comer e isto e aquilo foda-se não comi e acabei de madrugada aos abraços e berros com ela que é benfiquista.

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  18. O MELHOR POST POSSIVEL para recordar essa mitica final!

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  19. Quase sempre que está calor lembro-me dessa infernal canícula de Sevilha. Nos últimos dias isso tem-me ocorrido.

    Não admira que os andaluzes tenham aquele ar indolente. Safa!

    Em Sevilha também vimos o Mourinho festejar como qualquer tipo decente deve fazer e como amanhã espero ver o Van Gaal fazer.

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  20. Eu não pude ir ver o jogo lá mas fiquei em casa a roer unhas, carne e osso. Foi um ano após a morte do meu avô, grande responsável por me pegar a feliz febre azul que corre na família.
    No final do jogo eu e o meu pai fomos para os Aliados e toda a gente falava que iam abrir as portas do estádio. Lá fomos!
    Impossível de descrever o que foi ver as velhinhas Antas (já com sentença de morte assinada) com bancadas cheias (só faltou abrir a norte) às 5 da manhã a celebrar e cantar. Os jogadores nem diziam nada, só olhavam pasmados para a quantidade de pessoas que estavam àquela hora no estádio.
    No dia seguinte fui para a escola e o meu pai para o trabalho com duas horas de sono e as maiores e mais gloriosas olheiras de alegria.

    Sete anos... agora digo eu, caralho! Parece ter sido ontem!

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  21. Este texto está lindo e fez-me recordar todos os momentos que passei para ir a sevilha ver o melhor e mais emocionante jogo de futebol que vi. Ainda hoje me emociono quando penso nesse dia. Também fui a Gelsenkirschen e gostei, mas comparado com sevilha foi uma brincadeira! Sevilha foi inesquecível! E posso confirmar que as cadeiras do estádio eram bem resistentes. hehehe
    E a viagem de regresso em todas as Bombas de gasolina, cheias de portistas a rever os golos na TV e a festejar como se fosse em directo.
    Não há palavras...

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