sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Abram os "trincos", por favor
Fernando,
Não acredito que já não te recordes dos tempos de criança, dos tempos do futebol de rua, do lado de lá do Atlântico.
Lembras-te de como todos queriam jogar na frente e mandavam os mais gorditos ou mais desajeitados para a baliza?
Certamente que te recordas.
Aliás, estou em crer que foi por essa altura que alimentaste o sonho de ser futebolista quando fosses grande. Futebolista profissional.
Tenho a certeza que era a coisa que mais gostavas de fazer na vida:
Cada hora livre era sinónimo de bola.
E conseguiste mesmo.
Aliás, conseguiste bem mais do que sonhavas: selecção primeiro e depois um grande clube da Europa.
O que eu te pergunto é: agora que cimentaste o teu lugar de titular absoluto do FCP, e por toda a gente são reconhecidas as tuas brilhantes capacidades de "tampão" às incursões adversárias, como é que consegues passar épocas inteiras sem te aventurares, um bocadinho que seja, no outro lado do campo?
Mas será que é mesmo possível, alguém que ama o futebol como tu, conseguir passar horas e horas e não ter nunca o desejo de completar a outra metade da sua função, ou seja, atacar?
Eu sei que isso tem muito de "ordens superiores", mas onde fica, então, o fascínio do risco e da aventura, que são a beleza deste desporto, inigualável por qualquer outro?
Vai lá à frente, tal como fazias nos joguinhos com os teus amigos, mostra o que vales e vais ver que nenhum treinador pode fazer nada contra. Isto quando existe mesmo qualidade.
Em bem sei que a posição de trinco é sobrevalorizada, mesmo quando só se faz metade do trabalho, qual jogador de andebol, mas não te deixes levar pela cantiga da sereia: nos outros campeonatos de mais alto nível, exigem bem mais a um "trinco" do que apenas saber defender.
Fernando, meu amigo, viste aquele jogão do Essien contra nós em Londres?
Não acredito que não seja tua meta jogar assim um dia.
Olha que de Carlos Paredes, está o futebol cheio.
Dá uma saltada ao youtube na net (nem precisas da RTP Memória) e vê lá uns resumitos dos jogos mais marcantes do FCP na década de 80.
Sim, esse André que vês a jogar bem próximo da área adversária era também ele um "trinco" como tu.
concordo a 99%...mas é preciso ver que o Fernando não vai passar de Paredes a Essien em duas semanas. o rapaz tem talento, não há dúvida, mas tem de aprender bastante, especialmente a passar a bola para a frente. ele chega lá, mas não creio que seja para breve...
ResponderEliminarNos jogos contra equipas bastante acessíveis e q pouco arriscam contra nós (q são para aí 80% dos nossos jogos) precisamos de facto de um trinco q ajude a criar desequilíbrios ofensivos.
ResponderEliminarAcho q o Fernando tem características q.b. para o fazer. Falta apenas ganhar um bocadinho mais de confiança e maturidade, e ter o apoio & motivação do treinador para o fazer.
Jorge, o Fernando não joga no porto há duas semanas, mas há quase 2 anos, contabilizando a pré-época 2007/08 e a temporada em que esteve emprestado ao estrela, e a tendência tem sido a passar o meio campo defensivo cada vez menos.
ResponderEliminarMais uma vez,e aproveitando este assunto do Fernando, questiono todos aqueles que creditam a este treinador a "evolução" de jogadores como B.Alves, Meireles, Hulk, etc...
@miguel87: a questão é exactamente essa. com alguns anos a ser treinado para ser um trinco destrutivo em vez de construtivo, não é de um momento para o outro que vai mudar de filosofia. a somar ao facto de que Jesualdo prefere apenas talhar o jogador para funções defensivas, não há muito que possamos fazer...
ResponderEliminarUm dos problemas do futebol do Jesualdo é a rígidez táctica e por isso o Fernando não arrisca nada...mesmo os outros, que jogam à sua frente e que podiam arriscar mais, estão sempre preocupados em ocupar bem o espaço que lhes está destinado e não se soltam...Para mim esse é que é o verdadeiro problema do futebol de Jesualdo: muito amarrado e onde há pouco espaço para a criatividade e para o génio.
ResponderEliminarO André era de outro mundo...tinha raça, alma, qualidade, aparecia a fazer golos, jogava bem de cabeça...Tem garantido o lugar no meu melhor onze da história do F.C.Porto.
Um abraço
Saudações,
ResponderEliminarConcordo com a ideia. Até pq estamos a precisar de qq coisa no meio campo. Isto já não é o que era...
Mas como vejo o Jesualdo avesso a tudo o que é mexer no sistema estatégia/tactica não me parece que seja com ele que o Fernando vá potenciar as capacidades mencionada.
Não quero ofender ninguém mas o Jesualdo parece aqueles velhinhos que compraram uma televisão cheia de opções mas só sabem mudar de canal e mexer no volume e não querem mexer em mais nada pq pode estragar-se.
Esse é um ponto já referido aqui várias vezes e é sem dúvida importante. Temos visto o que é jogar principalmente no Dragão. Um trinco q faça desequilíbrios lá à frente ajudava a desmontar alguns autocarros!
ResponderEliminarNesse aspecto o Jesualdo arrisca pouco :S
Jorge, concordo plenamente com esse segundo comentário.
ResponderEliminarCapitão Bacalhau disse...
"Não quero ofender ninguém mas o Jesualdo parece aqueles velhinhos que compraram uma televisão cheia de opções mas só sabem mudar de canal e mexer no volume e não querem mexer em mais nada pq pode estragar-se."
Na mouche! :)
Penso que no futebol actual, para obter resultados a rigidez táctica é de cada vez mais um factor decisivo.
ResponderEliminarTenho pena que alguns jogadores, condicionados por isso não mostrem todo o seu potencial, mas é preferível fixar o Fernando a uma posição do que arriscar uma derrota.
Eu sou da opinião que uma equipa se constroi de trás para a frente; os jogadores criativos só podem ser criativos se tiverem os lances seguros nas costas, no caso de perda de bola, é assim no Porto como começou a ser assim no Benfica este ano com os resultados que estão à vista, e é esse, na minha opinião o calcanhar de Aquiles do Sporting.
Um jogador criativo só pode partir para o drible se souber que em caso de perda de bola, as suas costas estão resguardadas, por isso mesmo, em deterimento do espectáculo, eu perfiro ver o Fernando a jogar exactamente como joga.
Penso que não é por aí que se vai colmatar a saída do Lucho !
"Um jogador criativo só pode partir para o drible se souber que em caso de perda de bola, as suas costas estão resguardadas, por isso mesmo, em deterimento do espectáculo, eu perfiro ver o Fernando a jogar exactamente como joga."
ResponderEliminarPor amor de Deus, em 70% dos jogos o Fernando tem as costas mais q cobertas na maior parte do jogo, tendo em conta q o adversário só ataca com 1 ou 2 jogadores de cada vez...
Eu não peço q jogue à maluca passando o tempo quase todo mais à frente. Mas podia fazê-lo certamente e sem grandes riscos em muitas mais ocasiões q hoje nos jogos contra as Académicas, Belenenses e Apoéis deste mundo.
Mas de facto isso não está no ADN deste FCP.
Eu só queria dar os parabéns ao autor do post pelo estilo do texto. Está excelente. O mesmo se passa com o conteudo.
ResponderEliminarO Fernando podia realmente aventurar-se mais, e se o fizesse contra vontade do Jesualdo Ferreira, o que este podia fazer? Substituí-lo? Tem melhor no banco? eheheh
Só tinha a ganhar ele e o F.C.Porto. Até o Jesualdo acabava por lhe agradecer.
O Fernando tem qualidade técnica e boa cabecinha. Mas ainda é novo e este é apenas o seu 2º ano no FCP, sendo que o ano passado teve de ganhar a titularidade. Por isso, é preciso calma.
ResponderEliminarAlém disso, para ele começar a avançar no terreno, será necessário que o treinador lho peça e quando se vê que contra um Apoel temos 6 jogadores de características defensivas, sou incapaz de acreditar que isso esteja a acontecer.
Ele deve ter ordem para não arriscar, não subir e não fazer passes que não sejam certos.
Em manchester fernando ia a subir e do banco gritam "fica", o fernando é excelente, e eu concordo que ele fique á mai jogadores que podem subir como vai fazendo o bruno alves.
ResponderEliminarO B Alves costuma subir com alguma regularidade??
ResponderEliminarSó o vejo a fazer isso em casos de desespero, e nas bolas paradas...
De qq forma entre um e outro prefiro de longe q suba o Fernando. Primeiro, pq tem muito mais técnica, e segundo porque colectivamente é muito menos "disruptive" (desculpem lá, sou emigra e a quente não vejo uma boa palavra em português q convenha o mesmo significado).
É muito fácil (e menos perigoso) para o Fernando fazer um "carrosel"/"vai-vém" alternando com os restantes membros do meio-campo, do q ter o B Alves a fazê-lo.
Concordo de forma genérica com o texto, mas o exemplo do André no final estraga tudo...
ResponderEliminarTudo bem que era abnegado e tinha amor à camisola, mas o André subia pouco e dava essencialmente traulitada, porque a técnica não era com ele.
O Jaime Pacheco esse sim era muito mais um box-to-box. Como o Meireles, o Emerson, o Doriva...
Agora o André?
100% de acordo. Não entendo como um jogador com tanta margem de progressão passe o jogo a defender.
ResponderEliminarNuma equipa como o Porto é curto e já é tempo de soltar amarras.
eu sempre fui adepto de que o trinco fosse o ultimo jogador a subir não é de agora, o fernando é excelente porque é muito rapido e corta muito bem, o que permite o bruno de vez em quando subir no ultimo jogo deu para ver ele fazer isso algumas vezes, mas o fernando já vai ficando menos desamarrado e vai arriscando mais no passe no meio campo que é onde acho que ele tem vindo a melhorar e onde pode completar melhor o seu jogo.
ResponderEliminarjá agora porque é traçado um paralelo com o jogo do essien em chelsea, aqui fica o do fernando.
http://www.vzaar.com/users/sirmister/videos
Excelente artigo.
ResponderEliminarBela discussão.
Estou em parte de acordo.
Tal como dizem vários comentadores aqui, o problemas não está na vontade do Fernando mas sim na rigidez do professor.
Este ano Fernando até tem subido mais e tem tentado, nas ultimas partidas, remates de meia distância.
É claro que Fernando tem talento e qualidade mais que suficiente para "completar" o seu jogo.
Abraço
Já estamos habituados a trincos que só sabem passar a bola para o lado e para trás, ou acaso o Costinha e o Assunção eram diferentes? Isto não invalida que concorde com o artigo.
ResponderEliminarAh, dizem-me que o Prediger é muito mais criativo...
Independentemente o sistema rígido de Jesualdo, que estará na base da quase impossibilidade de Fernando dar o ar da sua graça mais à frente, a verdade é que o atleta necessita de evoluir.
ResponderEliminarSão conhecidas algumas tentativas que acabaram por causar calafrios face à precipitação e à má qualidade do passe para a frente que, infelizmente não é apenas defeito seu.
Concordo por isso completamente com o teor deste tema do Luís Carvalho. Fernando deve primeiro aperfeiçoar, depois perder o medo e finalmente marcar e dar a marcar uns golitos. Faz muita falta um jogador com estas características.
Um abraço
Eu cá continuo na minha.
ResponderEliminarO Fernando dá uma solidez ao meio campo que permite que não só os laterais subam como permite que o R Meireles avance mais no campo para apanhar as segundas bolas, pois está sempre presente na dobra.
O Principal papel do Fernando é a recuperação de jogo, e o risco do futebol bonito do Fernando a subir pode trazer de volta os tempos do CoAdriaanse; cruzes credo !
Gostei do video do Sirmister. Estende-se porque é que os ingleses estavam admirados com ele no final do jogo.
ResponderEliminarE não é à toa que os colegas chamam ao Fernando "o polvo" ; ele está em todo o lado.
Desde que chegou ao Porto, evoluiu muito na capacidade de sair a jogar e desencostou um pouco mais dos centrais.
Num esquema como o que o Porto joga, o Fernando não tem que subir. Para isso temos 2 médios, 3 avançados e 2 laterais. Não chegam 7 para atacar? o papel dele é exactamente servir de tampão, fazer compensações e potenciar as tais "transições rápidas" de que o Jesualdo tanto gosta.
Se ele começar a subir para causar desiquilíbrios, os laterais subirão menos e um dos médios tem que estar atento às compensações. Caso contrário, a equipa descompensa e é apanhada em contra-pé.
A questão está no sistema e não no Fernando.
Quanto ao post está muito bem feito e a discussão é muito positiva.
Pelo meu lado, fico feliz que ele se recorde dos tempos de criança mas se lembre que está ali para trabalhar e cumprir ordens :-)
Post muito interessante, muito poético. Acontece que o futebol actual é muito mais prosaico. A comparação com o André é muito feliz nesse aspecto. É que de facto o futebol do André era fundamentalmente destrutivo, pouco dado a poesias. A parte mais poética ficava para o Frasco, Sousa e até Pacheco, sendo que este último conjugava muito bem a as duas artes literárias.
ResponderEliminarCá por mim, espero que o cognome "Polvo" faça cada vez mais sentido, espero que o Fernando refine as suas capacidades de "ladrão de bolas" entregando-as em boas condições a quem lhe possa dar destino mais conveniente.
O futebol actual depende cada vez mais do resultado do trabalho de equipa, do que da soma das individualidades. Pode ser muito belo o rasgo individual, pode até num ou noutro momento resolver uma partida, mas o colectivo é sempre o mais importante. O sucesso desportivo do FCP é a prova disso mesmo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO problema na evolução do Fernando chama-se Jesualdo Ferreira! O Homem dos estranhos equilíbrios e do futebol contra-ataque.
ResponderEliminarDeixem chegar o Domingos ou o André Vilas-Boas ou outro ambicioso qualquer e não será só o Fernando a ganhar.
Venho um bocadinho fora de tempo, mas não posso deixar de recordar o trinco que um dos treinadores mais defensivos da história do FCP, Tomislab Ibic, mais colocou à frente na história do clube. Em xadrez, mais parecia colocar o cavalo a fazer xeque-mate sozinho lá na frente. O Binha! Lembram-se daquele jogão em Milão? Mas o que é certo é que essa aposta rendeu, o mesmo ex-salgueirista marcou um golo aos lampiões bem na abertura do campeonato.
ResponderEliminarA talhe de foice, o dito Tommy no final dessa época foi "cedido" à FIFA, como técnico não sei de quê!