quarta-feira, 8 de setembro de 2010
O advogado de Fafe
Habitualmente discreto, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD), Laurentino Dias, tem assumido um protagonismo inusitado no caso Queiroz. Mas quem é este homem?
Nascido em Fafe, a 4 de Fevereiro de 1954, Laurentino Dias é licenciado em Direito e, além de membro do secretariado nacional, da comissão política e da comissão nacional do Partido Socialista, foi deputado em várias legislaturas e exerceu o cargo de presidente da Assembleia Municipal de Fafe, entre 1982 e 2005, até assumir funções governamentais como SEJD, em 14 de Março de 2005.
Mas, mesmo antes de ser SEJD, Laurentino Dias já estava (esteve) ligado aos meandros do futebol, tendo-se destacado como advogado da AD Fafe num celebre caso que conduziu o Futebol Clube de Famalicão à descida de divisão na secretaria.
O que se passou?
Na época 1987/88, o FC Famalicão venceu a Zona Norte da II Divisão, tendo ascendido à I Divisão. Contudo, o Fafe não se conformou e apresentou um protesto relacionado com o jogo Macedo de Cavaleiros-Famalicão, da 33ª jornada. Inicialmente, a AD Fafe contestou a utilização pelo FC Famalicão do jogador Kanu, supostamente inscrito de forma irregular. Mais tarde, a uma semana do início dos campeonatos da época 1988/89, o caso ganhou outros contornos, quando o presidente do Macedo de Cavaleiros, António Veiga, denunciou um suposto suborno e apresentou como prova um cheque do FC Famalicão destinado ao Macedo de Cavaleiros. Nunca se percebeu qual o interesse do presidente do Macedo de Cavaleiros vir a público denunciar uma situação que prejudicaria o seu clube e a ele próprio, mas como estamos em Portugal…
O Conselho de Disciplina da FPF deu como não-provada a suposta tentativa de suborno mas, no recurso da AD Fafe para o Conselho de Justiça, o FC Famalicão e o Macedo de Cavaleiros foram despromovidos à III Divisão, os seus presidentes irradiados e a Associação Desportiva de Fafe ascendeu à I Divisão em substituição do Futebol Clube de Famalicão, tudo isto numa altura em que já se tinham realizado duas jornadas do campeonato nacional 1988/89. Paralelamente, Laurentino Dias passava a ser um herói em Fafe e persona non grata em Famalicão.
O FC Famalicão foi jogar para a III Divisão Série A, mas os famalicenses nunca se conformaram e um ano depois o caso sofreu uma reviravolta. António Veiga deu o dito por não dito, afirmando que o cheque que tinha apresentado era absolutamente legal, destinado a pagar os bilhetes dos adeptos visitantes, e que a história do suborno tinha sido uma invenção sua, motivada por uma vingança pessoal contra António Costa, o presidente do Famalicão. Estória mal contada, mas enfim...
Reabilitado, o Famalicão recuperou o título da II Divisão de 1987/88, tendo o campeonato 1990/91 sido alargado de 18 para 20 equipas, de modo a ser reparado o erro (terá sido?) da justiça desportiva cometido dois anos antes.
Quanto a Laurentino Dias, aos 34 anos, de desconhecido fafense ascendia a estrela dos media nacionais. A partir daí foi sempre a subir.
Nota: Agradeço a correcção de alguma eventual incorrecção detectada no texto anterior.
Fontes: arquivista.wordpress.com, blogue Aventar
Imagens (clique para ampliar): Aventar
"Habitualmente discreto, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto (SEJD), Laurentino Dias, tem assumido um protagonismo inusitado no caso Queiroz".
ResponderEliminarExactamente ! O que é que o move ?
Este gajo, para mim, é o típico sabujo.
Já não recordava com exactidão este bailado das subidas/descidas das equipas do Famalicão e do Macedo de cavaleiros, o que que eu recordo bem é o facto do nosso Rodolfo Reis, estar à frente da equipa do FCFamalicão na hora dela ter ganho o direito de ascender à 1ª Divisão.E também recordo que na equipa jogava emprestado o "nosso" Fernando Couto...Foi por essa altura que no Fafe jogava o Rui Costa e esta equipa era treinada pelo Professor Neca!
ResponderEliminarPortanto estas andanças já vêm de longe e percebem-se as tendências.
Ainda ontem na SIC houve um conciliábulo quanto à expulsão do CQ, Ribeiro Cristóvão, Rita, Jorge "qualquer.coisa" -o homem que esteve para levar nas trombas do CQ- e um outro jornalista -de nome ainda pouco conhecido- que me merece alguma consideração, pelos comentários mais assisados...O culpado de tudo era apenas e só -segundo a maioria- do "patrão" do futebol, Jorge Nuno Pinto da Costa!...Ora aí está...Chegaram ao sítio.
Repararam nos olhos brilhantes do Jorge Qualquer coisa quando se aventou a hipótese de regresso de Scolari? O que se passou ontem à noite na SIC foi mais um capitulo negro desta estação...Vergonhoso! 2 horas a bater no homem e no "sistema". Chegam ao cumulo de quererem o Manuel José. O unico treinador despedido por imcompetência.
ResponderEliminarVocês também são lixados! Vão logo pôr o Laurentino numa fotografia em que está ao lado do símbolo do "homo modernum portucalensis" : -)).
ResponderEliminarEu não vi o programa todo mas do pouco que vi meteu nojo.
ResponderEliminarHá que voltar a arranjar um treinador do sistema que o Queiroz já andava a inquinar a selecção com "muitos" jogadores do FCP...
ResponderEliminarO então presidente do Famalicão era Fernando Costa (filho do actual Presidente da Câmara Armindo Costa),
ResponderEliminare tb Marques Mendes teve algo a ver com o assunto.
Já não me lembro se Luís Marques Mendes teve algum papel neste caso, mas é verdade que tinha várias ligações a Fafe, onde residiu até aos 28 anos (1985) e era advogado.
ResponderEliminarFoi, também, Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD de Fafe (de 1977 a 1981) e Vereador a tempo inteiro e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Fafe (de Janeiro/77 a Novembro/85).
É possível que tenha mexido alguns pauzinhos nos bastidores.
De facto, Marques Mendes era um homem influente quer na região, quer no partido social-democrata, quer no Governo e, algum tempo depois deste caso, deslocou-se à sede do PSD em Famalicão onde, ao saberem da sua presença no local, adeptos famalicenses o barricaram durante algumas horas, por acreditarem que tinha sido ele quem, através da sua influência, ajudara à despromoção do Famalicão em benefício do Fafe.
ResponderEliminarvai por aqui muita falta de memória. O melhor retrato do senhor, é o caso da "chapelada", rampo de lançamento político da "peça".
ResponderEliminarE também há o caso do doutor antes de ser. São assim tão amnésicos os portugueses?
PS- pareçe-me que anda por aí um mouro, disfarçado de erudito.
Homo portucalensis em Valpaços? "Ganda nóia"
Perdeu uma boa ocasião de poupar texto.
ResponderEliminarEu logo vi que quando me saí com aquele latinismo ia ser mal interpretado. Mas eu explico, que não me custa nada: convencionou-se que em latim "português" deve dizer-se "portucalensis", pois Portugal obviamente não existia no tempo dos romanos, enquanto que Portus Cale, por eles fundado, obviamente existia.
Mas mesmo querendo levar a semântica para as bandas que você levou, "portucalense" é um adjectivo que significa "natural ou que diz respeito ao Condado Portucalense". Ora, tanto quanto eu sei, Valpaços fazia parte do Condado.
E não tendo dado o meu latim por totalmente desperdiçado, boa noite e um queijo