quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O onze tipo esboroou-se

«André Villas-Boas não pôde contar com seis jogadores, todos ao cuidado do departamento clínico do clube portista. Beto, Falcao e Cristián Rodríguez são casos conhecidos, permanecendo todos a realizar treino condicionado. Alvaro Pereira encontra-se a recuperar da intervenção cirúrgica ao ombro esquerdo a que foi submetido no domingo. Fucile e James são as restantes baixas. O lateral uruguaio tem uma mialgia de esforço, enquanto o extremo colombiano tem uma contusão no pé direito. (…) Quem já corre normalmente para o regresso são Varela e Fernando»
in Maisfutebol, 04/01/2011


Um jogador a recuperar de uma recente intervenção cirúrgica; dois jogadores a limitarem-se a fazer tratamento; três jogadores em treino condicionado; e dois jogadores a, finalmente, regressarem aos treinos normais após uma paragem de um mês. A poucos dias do primeiro jogo para o campeonato em 2011, é esta a realidade do plantel portista. Tenho a certeza que este facto preocupa muitíssimo mais André Villas-Boas, do que a derrota contra o Nacional para a Taça da Liga. A mim preocupa e, juntando a isto a fragilidade do plantel em algumas posições, considero ser esta a grande ameaça às aspirações do FC Porto, quer no campeonato, quer na Liga Europa.

Se recuarmos no tempo, verificamos que André Villas-Boas preparou e arrancou para esta temporada (na Supertaça) com o seguinte onze:


Para além de uma natural gestão em algumas posições (Sapunaru versus Fucile, Maicon versus Otamendi, Belluschi versus Ruben Micael), este onze base foi-se mantendo durante várias semanas, até que as inacreditáveis condições da “piscina” de Coimbra estiveram na origem de uma lesão muscular de Fernando. No entanto, o médio brasileiro foi (bem) substituído por Guarin, cujo rendimento na posição 6 tem vindo a surpreender, e a equipa manteve os elevados índices exibicionais.

Mas os problemas não afectaram apenas um dos titulares do onze tipo. O “Drogba da Caparica” começou a época ainda a recuperar de uma lesão grave contraída na época passada (fractura no perónio que o afastou do Mundial da África do Sul) e, apesar de André Villas-Boas gerir com pinças a sua utilização, teve recaídas que o obrigaram a abandonar duas convocatórias da Selecção, até “encostar às boxes” em meados de Novembro. E, em poucos dias, o treinador do FC Porto ficou sem a asa esquerda (não confundir com o fim dos voos da águia Vitória…), porque também Alvaro Pereira se lesionou ao serviço da selecção uruguaia (fissura no úmero esquerdo).

Em Dezembro, já sem Varela e Alvaro Pereira, outro esquerdino – Cristián Rodríguez – lesionou-se pela n-ésima vez nos últimos 16 meses. E como se tudo isto não bastasse, Falcao começou a acusar a sobrecarga de jogos (e viagens) ao serviço do FC Porto e da Colômbia, alguns dos quais disputados em condições particularmente difíceis, até que também ele teve de parar (“Falcao teve de sair [no intervalo do Paços Ferreira x FC Porto] por estar perto da cedência muscular. Ele estava no limite daquilo que podíamos arriscar.”, André Villas-Boas).

No futebol não há milagres. Sem Fernando, Varela, Alvaro Pereira e, nos últimos jogos, também ‘El Tigre’, era inevitável a quebra de rendimento da equipa portista. Isto e o facto de outros jogadores parecerem presos por arames é, não tenho dúvidas, a principal razão para as exibições sofríveis que se verificaram após os inesquecíveis 5-0 do dia 7 de Novembro de 2010.

Por isso, mais do que qualquer D. Sebastião no mercado de Janeiro, o grande desafio para esta 2ª metade da época, é a recuperação plena do actual plantel portista, particularmente dos jogadores do onze tipo definido por André Villas-Boas e que tão boas provas já deu esta época.

10 comentários:

  1. «Finda a 12.ª jornada, o trio dourado do FC Porto somava 24 dos 28 golos da equipa na Liga. Varela parou logo a seguir (…). Varela precisa de pouco mais de dois remates para marcar um golo, sendo claramente o mais assertivo entre os colegas do ataque. É igualmente alta (quase 75 por cento) a capacidade para enquadrar os disparos com a baliza (…). Varela não joga há mais de um mês, tendo sido rendido na Liga por Cristian Rodríguez (V. Setúbal) e por James (P. Ferreira). E se os números denunciam um Cebola hiperativo (mas inócuo) no encontro com os sadinos, denotam também um James amorfo na partida da Mata Real. (…) resta saber em que condições se apresenta Silvestre Varela e também, por outro lado, que dinâmica vai conseguir dar a uma ala esquerda que não conta com o pendular Alvaro Pereira.»
    in record.pt

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  2. Em princípio, este fdsemana o onze já vai estar mais próximo do "normal":

    Helton
    Sapunaru-Rolando-Otamendi-E.Rafael/Fucile
    Fernando-Moutinho-Belluschi
    Hulk-Walter-Varela

    As baixas do Falcao e A.Pereira são muito importantes...a ver se o Walter consegue aproveitar (mais uma) oportunidade.

    Força F.C.P.

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  3. Fucile e Cristian Rodriguez abusam das lesões, como nós sabemos, e Sapunaru não lhes fica atrás.

    No meio desta situação toda, as ausências de Álvaro Pereira, Falcao e Varela são as mais importantes.

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  4. Ponto de observação sensato e oportuno, José Correia, especialmente para os distraídos que não se aperceberam das baixas sucessivas e "valorizaram", sem o saberem nem entenderem, o menor fulgor do futebol entre Novembro e Dezembro num ou noutro jogo.

    Também não era isso que me preocupava.

    Preocupava-me, e agora vejo que tinha razão, a forma algo leviana como, em jogos propícios a isso, nomeadamente na Taça de Portugal e em casa com equipas de escalões muito inferiores, que AVB não fizesse então a rotação do plantel. Talvez alguns jogadores não tivessem atingido o limite tão cedo. E os que agora acusam mais dificuldades tivessem ocasião de rodar há mais tempo.

    É muito bonito, louvável, pôr os melhores em campo frente ao Juv. Évora. Mas isso tem um preço num calendário desgastante.

    Percebo que, face à categoria da 4ª ordem na lista de prioridades da Taça da Treta, AVB tenha apontado para este jogo com o Nacional como forma de fazer mais rotatividade. Só que o opositor, de valia, não aconselhava tal descuido. E era importante concentrar tudo muito mais em ganhar este jogo, praticamente para selar a primazia no grupo.

    Esta gestão é que me parece descuidada. Com mais alto risco. E era escusado. Apostámos demasiado em jogos com menor importância competitiva e desportiva, como até na Liga Europa em que já nada se decidia, mas valeu pelo orgulho. Só que tem custos. Talvez subavaliados.

    De resto, após a pausa natalícia, para mim era importante ver logo os melhores, todos, em campo, fora as baixas, para aquilatar da sua força após o relaxamento festivo. Assim, vamos para sábado sem sabermos como os principais estão.

    É outro factor de preocupação.

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  5. A mim preocupa-me acima de tudo a ausência de Falcão.

    Esperemos q Walter demonstre estar à altura do desafio (para já ainda não convenceu minimamente), porque bem preciso vai ser.

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  6. o grande número de lesões é de facto preocupante, tem afectado muito as nossas exibições e creio que vai ser o nosso maior inimigo para o resto da epoca...espero bem que não e que possamos ganhar tudo que queremos ganhar!

    eternomagnifico.blogspot.com

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  7. @Zé Luís
    Amanhã de manhã vai ser publicado um artigo onde abordo a questão da Taça da Liga e do modo como a mesma é (deve ser) encarada.

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  8. Haverá algo de errado na preparação física do plantel do FCPorto? Porque na recuperação física precoce há de certeza!!!

    O Varela foi posto a jogar logo após regresso de (mais uma) lesão e encostou logo a seguir. O Fernando, durou dois jogos após regresso de lesão e agora esta patetada com o ombro do Álvaro Pereira.

    A pressa de devolver jogadores ao relvado tem-nos oferecido apenas longas ausências e para lá das marcas que ficam nos mesmos há aqui manifesta incompetência de alguém!

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  9. «Importa ainda recordar que a tripla de meio-campo composta por Fernando, João Moutinho e Belluschi participou, em simultâneo na equipa titular, apenas em 12 dos 27 jogos já realizados esta temporada, de onde saíram 10 vitórias e dois empates, frente ao Besiktas, no Estádio do Dragão, e com o Sporting. (…) Nos últimos 11 jogos realizados pelo FC Porto, Fernando participou apenas em dois: no empate (1-1) em Alvalade, mas também nos minutos iniciais da vitória conquistada em Viena.»
    in ojogo.pt

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  10. «o defesa-esquerdo uruguaio [Álvaro Pereira] é o segundo jogador da equipa com maior número de cruzamentos efectuados em jogos do campeonato. Tem 74 cruzamentos realizados, o que dá uma média de 5,3 por jogo.»
    in ojogo.pt

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