terça-feira, 26 de abril de 2011

Lampiões league


No dia em que o slb ia disputar a terceira final daquela que os sportinguistas (e não só) passaram a denominar por Taça Lucilio Baptista, João Querido Manha assinou um artigo no Correio Manhã intitulado A taça do Benfica, de que reproduzo a seguir alguns extractos:

«Pelo terceiro ano consecutivo, o Benfica atinge a final da Taça da Liga, dando à competição o interesse mínimo que a mantém viva, ao mesmo tempo que ela devolve ao clube a recompensa de um título que, embora irrelevante, serve de consolo às frequentes desilusões nas provas principais. (...)

Enquanto o FC Porto desdenha, a hegemonia benfiquista acaba por despertar um efeito perverso. A maioria dos treinadores não a incluem nos objectivos de época, convencidos de que uma aposta numa competição menor prejudicaria o que realmente importa, acabando por se servir do calendário para rodar jogadores e testes sem obrigações. (...)

O interesse dos treinadores num título menor, em contraponto com a reserva física dos principais jogadores para encontros mais importantes, é o grande dilema desta competição, a par de uma deficiente estruturação da 3.ª fase.
A tabela dos jogadores com mais presenças comprova o respeito do Benfica pela Taça da Liga, surgindo nos primeiros lugares apenas jogadores de primeiro plano, a começar pelo capitão Luisão que só este ano tirou as primeiras folgas na fase inicial. (...)

Desde a primeira edição, o FC Porto desprezou a competição, começando por ser eliminado pelo Desportivo de Fátima. Nenhum dos habituais titulares figura entre os mais utilizados, com relevo para Helton, que só actuou uma vez em 13 partidas.»


Conforme já escrevi várias vezes (Para que serve a Taça da Liga?, Poupar titulares, dar minutos aos outros, etc.), para mim a Taça da Liga é uma competição com um reduzidíssimo interesse competitivo e, sendo o FC Porto obrigado a participar e a ter de cumprir com as quotas mínimas em termos de jogadores, estou inteiramente de acordo com as opções que foram seguidas, quer por Jesualdo Ferreira, quer por André Villas-Boas.

A questão que se coloca é a seguinte: Havendo uma competição de regularidade – o Campeonato -, em que jogam todos contra todos a duas voltas; uma competição a eliminar – a Taça Portugal – envolvendo os clubes de todas as divisões; e uma competição entre os vencedores destas duas competições tradicionais – a Supertaça; porquê e para quê a Taça da Liga?

O que é que a Taça da Liga traz de novo, ou de diferente, relativamente às outras três competições nacionais?

Se nem sequer o seu vencedor é apurado para a Liga Europa, para quer serve a Taça da Liga?

A única explicação deu-a o Querido Manha, ao escrever que “serve de consolo às frequentes desilusões [do slb] nas provas principais”. Se assim é, proponho que lhe mudem o nome para Lampiões league...


P.S. Desta vez parece que o consolo foi pequeno.
«A festa acabou ontem mal para o Benfica, com vários incidentes entre jogadores e adeptos. Os festejos da equipa no relvado foram já de si mornos e depois houve uma série de manifestações de desagrado à equipa... que ergueu o troféu. Estes começaram ainda no campo, quando Luisão e os colegas foram agradecer o apoio à claque No Name Boys. "Eu fui o primeiro a dirigir-me aos adeptos e eles mandaram-me voltar. Não sei se era uma claque organizada ou não. Mas não gostei, achei uma falta de respeito". O capitão tirou a camisola para oferecer aos adeptos, mas esta foi devolvida. Luisão voltou a vesti-la e recolheu aos balneários, visivelmente chateado. (...)
Os incidentes não se ficaram por aqui. Muitos adeptos ficaram à espera da equipa junto ao autocarro e insultaram vários jogadores, nomeadamente Cardozo, que os mandou calar ao entrar para o Vermelhão. Ele que fora já permanentemente assobiado durante o jogo.
Rúben Amorim, que até tinha sido dos mais aplaudidos quando entrou para o autocarro, irritou-se e voltou a sair para reclamar com os adeptos. Alguns elementos do staff do Benfica é que sanaram situação. E até a polícia teve de intervir para separar Moreira, tão aplaudido antes, de um adepto que já estava a dois centímetros da sua cara.
"Joguem à bola!", "Esta é a taça dos pobres!", "Chulos" e "A vergonha do Benfica são vocês" foram algumas das frases ouvidas junto ao autocarro.
Jara também não escapou daos insultos, tal como o presidente Luís Filipe Vieira, que deixou o estádio em carro particular.»
in O Jogo, 24/04/2011

12 comentários:

  1. há maneira de salvar esta competição, mas com alterações profundas. Ou se punha um lugar europeu à disposição para o vencedor (pouco provável) ou fazia-se desta prova uma prova especialmente feita para segundas escolhas e miudos das formações! Andamos sempre a dizer que é preciso contar mais com os "produtos do clube", era uma grande oportunidade de rodar jogadores no próprio clube, sem necessidade de empréstimos.



    eternomagnifico.blogspot.com

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  2. Só faltaram uma pedradas de "50 k (!!!), para culpabilizar os adeptos do FC Porto de serem os autores da espera e terem actuado a mando do Presidente Pinto da Costa.

    Estes adeptos do Clube da Dona Victória são mesmo uns ingratos. Então não é que Jesus até nem o Robertinho fez alinhar...

    Da...

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  3. "O que é que a Taça da Liga traz de novo, ou de diferente, relativamente às outras três competições nacionais?"

    O q tem de especial é q

    1) em termos de modelo é uma competição mista, q nem é bem uma taça pura nem é bem uma liga.

    2) da forma q está feita, em princípio propicia mais jogos entre os "grandes" do q será o caso numa Taça de Portugal

    Eu acho q é uma competição claramente secundária, mas não ao ponto de ser ignorada. Tal como em Inglaterra, por exemplo. Tem apesar de tudo o seu valor (pouco é certo, mas algum), e tenho forte suspeita q se o FCP a tivesse ganho 3 vezes alguns portistas teriam hoje uma opinião diferente sobre a competição...

    A medida tão defendida para melhorar a competição (dar acesso à Liga Europa) é para mim uma medida q não terá praticamente nenhum impacto, já q a motivação extra para os grandes será ZERO (já q garantem sempre acesso à LE pelo campeonato, onde não ficam abaixo do 5o lugar); e qq medida q não leve aos grandes apostarem na Taça da Liga, é uma medida condenada ao insucesso.

    Para além das quotas de jogadores a utilizar (uma medida bem vista, a meu ver), a única motivação possível para os grandes é:

    1) ter um calendário q se ajuste bem às outras competições (por ex a final devia ser mais cedo em Janeiro, ou então no fim da época)

    2) ter prémios monetários intere$$antes

    O resto é conversa.

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  4. "sendo o FC Porto obrigado a participar e a ter de cumprir com as quotas mínimas em termos de jogadores, estou inteiramente de acordo com as opções que foram seguidas, quer por Jesualdo Ferreira, quer por André Villas-Boas"

    Convém não misturar alhos com bugalhos.

    JF tinha a filosofia de jogar com a "equipa B" na Taça da Liga, mudando radicalmente a convocatória e o 11 titular.

    Já AVB fez uma rodagem muitíssimo moderada, mudando apenas 1 ou 2 jogadores por opção (mais ouve q estiveram impedidos por lesão, mas isso não conta naturalmente).

    Não vi qq diferença entre a gestão de plantel q AVB fez na Taça da Liga com a q fez no campeonato, por exemplo, muito ao contrário do q o parágrafo acima deixou implícito.

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  5. errata: "houve" e não "ouve" (no comentário anterior).

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  6. José Rodrigues disse…
    JF tinha a filosofia de jogar com a "equipa B" na Taça da Liga, mudando radicalmente a convocatória e o 11 titular. (…) Não vi qq diferença entre a gestão de plantel q AVB fez na Taça da Liga com a q fez no campeonato

    A Taça da Liga obriga que os clubes incluam na ficha de jogo 5 ou 6 jogadores (não estou certo do número exacto) que alinharam no último jogo. Era isso que o Jesualdo fazia e é isso que o AVB também fez.

    No FC Porto x Nacional, disputado no dia 02/01/2011, dos habituais titulares alinharam de início: Rolando, Moutinho, Hulk e Fucile (este ia alternando a titularidade com o banco).
    Do onze inicial desse jogo fizeram parte: Kieszek, Sereno (a jogar a central), Rafa, Rúben Micael e Walter e James.

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  7. José Rodrigues disse...
    Eu acho q é uma competição claramente secundária, mas não ao ponto de ser ignorada. Tal como em Inglaterra, por exemplo.

    Apesar da Taça da Liga em Inglaterra ter uma tradição e prestigio muitíssimo superior à que tem em Portugal, recordo que esta época o Manchester United apresentou uma equipa de reservas em Upton Park, nos quartos-de-final da Taça da Liga inglesa, e perdeu por 4-0 contra o West Ham. O mesmo Manchester United que está nas meias-finais da Liga dos Campeões e se apresta para ser novamente campeão inglês.
    Por outro lado, não faço a mínima ideia de quem foi a equipa que esta época ganhou a Taça da Liga em Inglaterra.

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  8. José Rodrigues disse...
    tenho forte suspeita q se o FCP a tivesse ganho 3 vezes alguns portistas teriam hoje uma opinião diferente sobre a competição

    Talvez mas, como tu bem sabes, a minha opinião sobre a Taça da Liga foi sempre a mesma.

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  9. Esse mesmo Manchester United até desistiu da Taça de Inglaterra em 1999 para participar na nada prestigiante Taça Toyota.

    A Taça da Liga Inglesa até é chamada de Mickey Mouse cup entre os fãs.

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  10. A Taça da Liga Inglesa tem 50 anos, portanto muito mais prestígio (que mesmo assim não é muito) que a nossa. Dá também um lugar na Liga Europa, mas os ingleses têm um número de equipas suficientemente grande nessa competição para poderem cortar uma qualificação pelo campeonato. Por cá, se assim fosse, apenas uma equipa se classificaria via campeonato, o que não deixaria de ser injusto.

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  11. "No FC Porto x Nacional, disputado no dia 02/01/2011, dos habituais titulares alinharam de início[...]
    "Era isso que o Jesualdo fazia e é isso que o AVB também fez."

    A memória está a atraiçoar-te, Zé. O q o JF fazia e o q AVB faz não tem nada a ver.

    Vamos aos factos: para o jogo deste ano com o Nacional tínhamos o Falcão e A Pereira lesionados; sendo assim Walter e Rafael jogaram por necessidade, não por opção.

    Para além disso jogou de início Moutinho, Guarin, Rolando, Hulk e Fucile, jogadores habituais desta época.

    Sobra Sereno, Micael, James e Pawel, os únicos jogadores q se pode dizer q jogaram por mera opção. Quatro. Destes quatro, James joga também com frequência (e ultimamente Micael) - por ex no campeonato, por cada 60mins q o Varela joga, o James joga 30.

    Olhemos agora para o 11 titular q JF utilizou contra a Académica há um ano atrás para a Taça da Liga: 8 deles foram por opção, sendo habituais suplentes (jogaram apenas A Pereira, Belluschi e B Alves, das escolhas habituais).

    4 escolhas (36% da equipa) contra 8 (73%)... querer comparar as duas coisas é confundir água com vinho. E se pegasse em qualquer outro par de jogos o resultado ia ser o mesmo. AVB tem gerido o plantel em geral de forma muito menos drástica do q JF fazia.

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