Antes eram os projectos: jogadores (e mais tarde os treinadores)
mudavam porque a sedução de integrar um campeonato superior se constituía
irresistível. O desejo de mudança, não
tinha nada a ver com o dinheiro. O mercantilismo puro e duro tornava-se difícil
de reconhecer porque o amor à camisola era ( e ainda é ?) um valor maior e
distintivo dos adeptos, que percebem mal
que um jogador não crie laços de
fidelidade ao clube onde nasce ou cresce. Ainda recentemente, aconteceu com
Falcão que saiu para Madrid sem remorsos e dali para o Mónaco com muito
ruido e ranho pelo meio. Como sócio do FCP não percebi muito bem, talvez porque
a minha condição fácil de reformado não
dê para entender a vida complicada de
uma vedeta que tem de gerir a carreira a pulso, à cabeçada e ao pontapé.
Tenho seguido à distância as
movimentações do mercado de verão. As negociações são complicadas com
demasiados interessados no ciclo da compra e da venda. Hoje, pela
leitura do jornal, conclui que uma série de contratações, para clubes nacionais
ou europeus, está presa por detalhes,
sendo que, uma boa parte deles, o acordo ente clubes já terá sido fechado, a crer nas notícias. No futebol os
treinadores cientificam tanto o seu trabalho que têm a necessidade de
justificar possíveis acidentes de percurso com a conjugação de um conjunto de pormenores
impossíveis de prever e que podem influir no resultado final, como se
isso não constasse da condição de jogo
que preside a todos os confrontos desportivos. Subliminarmente o que pretendem comunicar
é que a ciência está lá, só que não
acomoda a chatice dos detalhes. Nas negociações a história é idêntica e quando
se diz que um negócio está preso por detalhes quer dizer que as boas normas
negociais foram cumpridas e falta apenas acordar quesitos de última hora. Não se fala em
exigência de mais dinheiro, nem se denuncia
quem o reclama e porquê. Também ninguém quer explicar a razão das coisas,
até que alguém ou alguns se dignem a dar um murro na mesa e se honrem em
dignificar o desporto que praticam e os clubes que representam.
Vejo com alguma preocupação como
clubes de um país à beira da falência se atrevem em negócios que requerem um elevado
investimento. Sei que os clubes portugueses para concorrem na alta roda têm de
vender bem e comprar melhor, mas assustam-me os valores em jogo e os prejuízos
acumulados. Estou enfartado de negociatas e dos detalhes que as congelam. Venha
a bola, porque o resto dispenso bem !
6 comentários:
Contagiado pelas manifestações no Brasil?
"Money makes ze world go around, world go around..."
É assim com a arte, a música e também com o futebol.
Por muito mais puro que fosse, não creio que amanhã estivesse contente a ver a sua equipe a jogar só com os putos de campanhã , das caxinas ou de Sto Ildefonso..
Por último, desculpe o reparo: quem está (quase?) falido é o estado e não o país. O país para já, felizmente está bem, e por agora com sol...
Como é que um jogador vai desenvolver laços de fidelidade ao clube quando ao menor erro é vaiado, insultado e possivelmente agredido pelos "exigentes" adeptos? Pergunte ao Jacksson e a outros.
Também sou reformado e, talvez por isso, tenho as mesmas preocupações. Quanto a comprar barato e vender caro é uma falácia. O FCP já quase que compra ao mesmo nível dos ricaços. Não vejo sem desconfiança que se compre metade do passe de um jogador quando ficaria por 10 a 12 milhões a sua totalidade e depois 90% acaba por ficar em 20 milhões, como foi o caso do Hulk. Sou um simples adepto da cidade de Setúbal, apenas posso fazer alguns desabafos. Os sócios do FCP devem exigir uma explicação pormenorizada das famosas comissões que chegam aos 30% do custo do passe ou de parte dele. E o caso dos fundos também parece um poço para onde se escoam milhões de euros como areia que, passando de mão em mão, nunca chega ao seu destino...
Post muito oportuno e cá estou eu a comentar outra vez sobre transferências e na linha do MF e do alex. Mas como a SAD nem se representa no encontro dos bloguistas estes desabafos devem servir para nada. Dá-me ideia que se acham os Governos da Turquia e do Brazil, óbviamente também eleitos com maioria mas não têm a razão toda - nunca ninguém tem. Umas ideias soltas. Estas hesitações/inflações de última hora ainda vão acabar nos EUR 15 m de custo total. Dizem que vai ser a maior transferência do futebol mexicano (ou dum jogador mexicano, não muito claro), tratando-se dum suplente da selecção e dum médio (não dum avançado) é estranho. Há concorrência na compra deste jogador a este preço? Quando se fala de Atsus e Fernandos já sabemos que só faltam x anos de contratos, que as cláusulas são de y e por isso não se pode esperar muito da venda - quando é o Porto a comprar porque não se sabe nada disto? Por exemplo será que no México a lei é semelhante à Lei Bosman na EU? O Reyes já parecia caro, mas como a ideia passou lá vamos nós comprar outro ainda mais caro. Com o clube está tudo acertado, o jogador desde o Natal diz que está pronto, o que falta? Se é só o exame médico, é anunciar o preço e dizer que o contracto depende do exame. Quando acabarem os clubes dos petrodólares a quem vamos vender jogadores destes com lucro (os que afinal não tenham sido flops completos como tantos outros que também nos têm saído nas rifa)?
Por falar em detalhes, o site do FCP continua a dar o seu serviço aos sócios e simpatizantes... 3 dias seguidos sem permitir o acesso a renovações e fichas de sócio, com algumas excepções espaçadas no tempo.
Não há uma comissão que se pague a um programador e webdesigners de jeito?
Li num jornal que este melro mexicano custou 18M€. Será verdade? Até me arrepiei!
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