O Dragões Diário veio confirmar, oficialmente, que o FCP entrou (ou estacionou) numa situação que o editor enquadrou como sendo de crise.
Sendo assim, torna-se, então, muito importante seguir a atitude e o comportamento da estrutura, face a este momento de ruptura e perda, provocado pela assumpção de políticas e processos, reconhecidamente, inadequados na sua concepção ou aplicação, com especial incidência nos últimos três anos.
Faz parte do glossário tradicional que trata desta coisa das crises, considerar que, desde que uma crise seja bem gerida, pode ser revertida e tornada equilibrada, primeiro, e não inimiga do crescimento, depois, se bem montados os motores de gestão e de governança. Porém, a crise conduz necessariamente a um aumento da vulnerabilidade e, por isso, representa, necessariamente, um momento de alto risco. Pode, frequentemente, evoluir muito negativamente, quando os recursos estruturais e financeiros estão delapidados e o prestígio dos responsáveis estão diminuídos e em perda acelerada.
O FCP vive há mais de 30 anos sob o comando do seu Presidente que no seu primeiro mandato deixou claro o programa que nortearia toda a sua acção e que, em versão reduzida, definiria assim: total autonomia na gestão do futebol, tendência para auto sustentação das actividades de alta competição, arrumar as finanças, lutar contra o centralismo, crescer e ousar vencer. Os êxitos consolidaram o modelo e os processos. E têm servido ad aeternum. A figura do Presidente passou a servir como aval de competência. A maioria dos portistas reconhece a sua superior sagacidade quando superou algumas crises bem complicadas. E, ultrapassou-as sem muitos danos.
A situação mudou a crer nas manifestações ocorridas ultimamente que, apesar de tudo, não considero tão significativas quanto isso. Mas, ouve-se muita gente profundamente desagradada. Muito mais do que o costume. O Dragão anda quase vazio, não ruge e assobia sem contemplações os da casas. A coesão tem sido abalada, significativamente. A figura do Presidente já não é suficiente como aval. A situação desportiva e financeira é preocupante. O povo portista reclama uma viragem, mas ainda não mexeu a sério no Presidente. E na sua autoridade. Pede-se muito mais uma “varredela” aos maus da fita que a sua destituição.
É este o quadro actual. A equipa está esfrangalhada, a situação financeira é muito complicada, os custos de contexto são enormes e as receitas da Liga dos Campeões estão em risco. E o 'fair play financeiro' é uma ameaça real. Os portistas têm boas razões para andar desalentados, mas acho que uma boa parte ainda não viu o filme todo. Os maus resultados talvez sejam a ponta do iceberg. E se o Presidente é mais contestado do que nunca, como temo que uma mudança caia num conjunto de personalidades que na ânsia de reverter o pecado, mais não faça de que nos encher de uma bondade inócua ou incompetente, vendendo o compromisso de chegar, ver e vencer. Como se bastasse a promessa de fazer diferente e sem os familiares próximos. E fintar os oportunistas e os intermediários. E recuperar a tal identidade que foi perdida. Não creio que haja qualquer piedade se a equipa não ganhar. Seja a quem for que governe. O afunilamento democrático no nosso clube é um facto. E uma dificuldade acrescida no próximo futuro.
O povo portista não deve ser muito diferente dos que habitam outras cores. Face ao actual declínio, fala-se com muito temor do regresso aos anos sessenta. Os nossos principais adversários passaram por períodos semelhantes e não sucumbiram. O pessoal dos anos sessenta mostrou sempre uma grande resiliência. Nunca desistiu e o FCP, com base nesse suporte, soube encontrar o seu caminho.
É isso que temos de porfiar no momento. Encontrar o caminho. Só que o caminho vai correr, nos próximos quatro anos, com os mesmos timoneiros. Não creio que hajam alterações substantivas nas políticas e procedimentos. Nem cortes, relativamente a alguns maus hábitos. A pergunta que fica é se a revolução na continuidade (em curso) vai ser seguida e o suficiente para mudar o estado das coisas. Tudo vai depender do futebol. Não havendo luta eleitoral, vão ser os resultados a definir os comportamentos. Temos a Taça de Portugal e o playoff de acesso à Liga dos Campeões. Em menos de seis meses muito pode acontecer na casa da Dragão. Desportiva e financeiramente. E como estão ligados umbilicalmente. O Presidente tem o maior desafio da sua vida. E tomou-o por espírito de missão. Espero que ganhe para bem do nosso clube. Confesso que penso que o seu contrário estará mais próximo. Espero que os portistas não desertem e vão a jogo. O FCP merece.
7 comentários:
"O pessoal dos anos sessenta mostrou sempre uma grande resiliência. Nunca desistiu e o FCP, com base nesse suporte, soube encontrar o seu caminho."
Nos anos 60 o FC Porto teve uma oportunidade de ouro de recortar a fome de títulos em dez anos. O clube não era campeão desde a traiçoeira saída de Guttman e cometeu alguns erros de gestão mas o distanciamento com Benfica e Sporting não atingiu o fosso até finais da década (1969 foi o annus horribilis) e inicios da seguinte. Nesse periodo o FC Porto contratou um treinador visionário que sabia que métodos aplicar para levar o clube para uma dimensão mais profissional e esbarrou com um balneário de prima donas bairristas que preferiram fazer queixas ao Presidente a comportarem-se como atletas de elite (algo que Benfica e Sporting sim tinham). O que fez o FC Porto desses anos, na pessoa dos seus dirigentes e secundado pelos associados? Banir esse individuo de sócio e de entrar nas instalações do clube.
Esse individuo, que viveu na pele a atitude da maioria dos sócios portistas dos anos 60, era tão portista quanto eles, já o tinha demonstrado em campo anos a fio e, felizmente para o FC Porto, teria oportunidade de o fazer uma década depois desde o banco. Chamava-se José Maria Pedroto e, felizmente, graças á mentalidade do pos-25 de Abril dentro do portismo conseguiu por em prática o que uma mentalidade pouco abonatória para o futuro do clube não lhe deixou fazer nos anos 60.
Caros amigos, deixo aqui esse link de um artigo francês sobre a classificação dos melhores laterais em França;
http://www.nicematin.com/football/devinez-qui-est-le-meilleur-arriere-lateral-du-championnat-de-france-38579.
Isso é fonte do problema, um jogador português emprestado para dois anos é o melhor lateral do campeonato francês.
E nos temos um adaptado à lateral esquerdo, O Layun é bom jogador mas não é defesa ponto final, o Angel que não tem qualidades mentais, tacticas e intensidade necessaria nem para ser supleente. E o ponto culminante da ironia, o unico lateral esquerdo de raizes do plantel foi emprestado à Académica.
Eis aqui o principal problema do Porto, uma gestão patética do plantel
Cumprimentos à todos
Sendo a primeiro vez que comento neste espaco Portista, so tenho a agradecer a forma como abordam o sentimento e o nosso mundo azul e branco. Vivo fora do Pais quase ha 40 anos e o unico interesse que tenho de Portugal e o meu Porto, cidade e club. Gosto muito deste blog, parece-me bastante serio e informativo sendo assim e o unico que eu mais gosto de ler, tambem aprecio muito as analises deste sr. Mario Faria, parece-me sabio, ponderado, mas acima de tudo com o sentimento Portista com que eu me identifico. Nao temos acesso as decisoes feitas pelos dirigentes nem tampouco as reunioes da direccao ao que nos deixa so em analises e especulacoes umas vezes boas outras nem tanto. No entanto eu pessoalmente concordo com esta analise parece-me racional e no nosso caso e so esperar para ver. Um abraco a todos.
Tinha 9 anos quando em 1969 o FC Porto ganhou o célebre campeonato "calabotiano". No resto da minha infância e juventude sofri na apele, durante 19 anos, aquilo a que agora chamam de "bullying", por causa do FC Porto. Meu pai era portista e ainda hoje, independentemente das vitórias ou derrotas, lhe estou eternamente grato por me ter conduzido, sem qualquer coação, a ser portista nas vitórias e nas derrotas.
Quanto ao actual momento que o FC Porto atravessa, é em tudo muito semelhante ao que se passava nos anos sessenta e setenta. O que me deixa completamente estupefacto é Pinto da Costa ter sabido identificar e corrigir os erros do passado e no presente estar a cometer esses mesmos erros.
Por muito que nos custe, a idade não perdoa e Pinto da Costa tem por obrigação de saber isso.
Mais não digo, pelo respeito que Pinto da Costa ainda me merece.
Realmente, como nota o Alexandre Moreira, ter emprestados jogadores da qualidade do Ricardo Pereira, do Diego Reyes, do Octávio, ou jogadores menos feitos mas com muito potencial como o Rafa e o Ivo Rodrigues, para depois ter no plantel José Angels, Marcanos e Maregas, custa bastante a engolir. Então o Reyes não vale mais que o Marcano? O Octávio, que sempre que o vejo a jogar no Guimarães fico doente, por ver tanta qualidade a todos os níveis (drible, passe/visão de jogo, finalização, fibra) desperdiçada, quando no Porto há tantos médios todos muito parecidos, não tinha lugar neste Porto? Se o Quintero, que joga devagar, devagarinho e parado e só com a bola no pé, teve a sua oportunidade no Porto e muito jovem, porque é que o Octávio, que tem muito mais dinâmica e fibra e tanta ou mais qualidade técnica, não a teve ainda? E o Ricardo Pereira, que para além de dar um excelente lateral, pelos vistos, sendo de origem um extremo, não é bastante melhor extremo que o Marega? Ficávamos com um excelente 2 em 1, que é coisa muito importante no futebol actual, a polivalência.
Rezumidamente, o que conduziu o FCPorto a este estado foi quando se decidiu que os processos de compra e venda de jogadores deixariam de ter propósitos desportivos para se fixarem exclusivamente na vertente económica e nos ganhos meramente pessoais.
Isto tornou-se demasiadamente evidente quando viamos que a equipa precisava de um avançado e apareciam mais dois guarda redes.
Aquela fantasia de que se vendia o Jardel e aparecia outro ainda melhor já acabou há anos e aquilo que há 10 anos se denominou de "contentores de jogadores" foi apenas o inicio do descalabro que se previa que culmina invariavelmente na aquisição de jogadores que ninguém compreende como cá vieram parar. Mas a explicação para tais negócios foi-se tornando clara aos olhos dos Portistas que com um tremendo aperto no coração começaram a perceber que Pinto da Costa e os seus comparsas entregavam aquela maravilhosa camisola azul e branca a qualquer tosco com duas pernas que garantisse um negócio com ganhos vantajosos em termos exclusivamente pessoais!
Para mim, a revolução no FCPorto começava com fim imediato da era Pinto da Costa seguida de pequeno regresso ao passado.
- Penso que o maior investimento que faria seria num treinador. Um homem reconhecidamente competente e habilitado a iniciar um processo de construção de uma equipa para os próximos anos.
- Aliviar a folha salarial despachando definitivamente os emprestados que não demonstrem qualquer prespectiva de serem úteis à equipa.
- Despachar os Maregas, Suks e Angels e substituí-los por produtos da nossa cantera.
- Desenvolver uma politica de controlo total de custos que nos permita evitar a necessidade de venda compulsiva de jogadores.
- Devolver o clube aos sócios e adeptos. Gostava de uma direcção mais aberta e interactiva com os Portistas. Newsletter frequentes que nos expliquem as estratégias e objectivos, concursos e prémios para que vai ao estádio, oferecer um dia no Olival junto da equipa.
A lista continuaria...
O Júlio sabia e sabe da ligação do Ruben ao Caldeira e teve medo de perguntar. O presidente quando lhe falaram do Ruben começou a falar de aposta na formação na equipa B, que tem para ai 7 titulares que não são formados no Porto.
Enfim, uma tristeza.
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