quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Os ovos, as omoletes e o cozinheiro (III)


Dentro da lógica prospecção, contratação, valorização de activos e venda, chegados ao final da época 2007/08 a SAD portista viu-se, mais uma vez, na contingência de ter de vender algumas das suas “jóias”, de modo a gerar as mais-valias necessárias (e que estavam orçamentadas) para manter o barco à superfície.

O primeiro a partir foi Bosingwa. Perante uma proposta de 20,5 milhões do Chelsea, já nem sequer jogou a final da Taça de Portugal.


A segunda baixa foi Paulo Assunção, o qual, culminando da pior maneira um processo que se arrastou durante meses sem que tenha havido acordo para renovar o contrato, fez uso da Lei Webster e saiu para o Atletico de Madrid.

Deveria a administração da FCP SAD ter acedido às pretensões do jogador em ver o seu salário aumentado (diz-se que para valores idênticos aos mais bem pagos do plantel)?
Seria isso suficiente para ele ficar, ou foi apenas o pretexto usado pelo jogador para ir adiando um acordo que ele, realmente, não queria?
O que é certo é que ficamos a perder em termos financeiros (fala-se numa indemnização ridícula de 0,6 milhões de euros) e desportivos. Basta ver que nos primeiros meses desta época, Jesualdo Ferreira já experimentou quatro alternativas - Guarin, Bolatti, Raul Meireles, Fernando – sem que nenhum deles tenha convencido plenamente.

O terceiro rombo no barco foi Quaresma. O jogador já tinha manifestado a sua vontade em sair, mas Pinto da Costa afirmou que tal só sucederia se alguém pagasse a cláusula de rescisão – 40 milhões de euros. O processo transformou-se numa novela (algo a que não estávamos habituados no FC Porto) e no último dia do mercado de transferências o jogador saiu mesmo para o Inter, mas por 18,6 milhões de euros mais o passe de Pelé. Sabia-se que dificilmente alguém pagaria o valor da cláusula, mas sem dúvida que o valor da transferência ficou aquém das expectativas.


Com mais estas três saídas, verifica-se que no espaço de dois anos – Julho de 2006 a Julho de 2008 - o plantel ficou sem McCarthy, Diego, Hugo Almeida, Anderson, Pepe, Bosingwa, Paulo Assunção e Quaresma.

Para piorar a coisa, no mesmo período, dois ex-capitães - Jorge Costa e Vítor Baía -, elementos que, para além da sua categoria, eram portadores da mística portista e fundamentais na coesão do balneário, arrumaram as chuteiras.
O capitão actual é o argentino Lucho Gonzalez, que no defeso afirmou já ter dado muito ao FC Porto e que estava na hora de sair...

Com o projecto 611 a continuar sem produzir resultados visíveis, a SAD voltou a ir às compras. Se na época passada já tinham sido gastos cerca de 20 milhões de euros, desta vez foram investidos mais 30 milhões na contratação de nove jogadores: Sapunaru, Hulk, Guarin, Rodriguez, Mariano (compra do passe), Rolando, Benitez, Tomás Costa e Pelé.

Perante os factos atrás referidos, era previsível que a época 2008/09 não ia ser fácil para o treinador do FC Porto, qualquer que ele fosse. Se em 2006/07 e 2007/08 Jesualdo ainda conseguiu ir tapando os buracos com jogadores que já faziam parte do plantel, para esta época sabia-se que tal era impossível. Porquê? Essencialmente porque as contratações feitas nos dois anos anteriores (ver 1ª e 2ª parte deste artigo) tinham demonstrado não possuir a qualidade mínima indispensável.

Assim, no seu terceiro ano como treinador do FC Porto, Jesualdo foi obrigado a construir uma equipa nova, tendo que introduzir no onze titular, no mínimo, 4 ou 5 jogadores recém-chegados ao FC Porto.

Onze inicial do PAOK - FC Porto (jogo de preparação)

Quase quatro meses após o arranque da temporada, e depois de 11 jogos oficiais já disputados, é óbvio que as coisas não estão a correr bem.






A maior parte das exibições foram sofríveis, a equipa tem uma grande dificuldade em marcar golos (já ficou em branco em quatro jogos) e a defender revela uma fragilidade e imaturidade preocupantes. Aliás, falar em Equipa é uma força de expressão, porque o que se tem visto é um grupo de jogadores sem rotinas, sem mecanismos, sem articulação, sem uma lógica colectiva.

Como se isto não bastasse, empresários de algumas “vedetas” fazem declarações públicas totalmente inoportunas e dentro do campo transparece um clima de desunião entre os jogadores. Estará o balneário do FC Porto "balcanizado"?


O “cozinheiro” é co-responsável por a “omolete” ser tão insípida?
Naturalmente. Mas será só ele?

Porque razão é que o Lisandro perdeu eficácia e já viu 4 cartões amarelos em apenas 6 jogos do campeonato?
Porque razão é que o Fucile está sempre disponível para a selecção uruguaia e no FC Porto anda demasiadas vezes a recuperar de lesões (ainda não fez qualquer jogo na LC)?
Porque razão é que o Bruno Alves alterna um jogo bom com outro(s) em que parece alheado do que se está a passar à sua volta?
Porque razão é que o Lucho teve de fazer gestão de esforço e demonstra dentro do campo níveis físicos preocupantes?

E os novos jogadores, porque razão é que não rendem? Ainda estão em fase de adaptação? Pois, mas quando se investe 30 milhões de euros (um balúrdio para a realidade do futebol português), é de esperar que os jogadores cheguem e rendam rapidamente. Ora, a época começou no dia 3 de Julho, já lá vão quase quatro meses, e não é isso que está a acontecer, pois não?

Para aquilo que são as exigências do FC Porto, o plantel tem muitos jogadores de fraca qualidade?
Sim, é verdade. Mas então, na lista dos culpados por esta crise, em que posição aparecem os dirigentes e empresários responsáveis pelas contratações desta época, e da época passada, e de há dois anos?

(...) o grande problema da quebra exibicional do onze portista tem uma explicação simples: falta de qualidade de vários jogadores. Repare-se que fala-se aqui da qualidade de top, com a ‘marca’ FC Porto de nível internacional. É uma nova realidade para Jesualdo. Os novos ocupantes daqueles espaços estão muito longe, na acção sobre o jogo, da classe dos heróis perdidos. Subverter este cenário é utopia. O actual FC Porto é, em campo, um permanente desafio às suas limitações. Porque existem limitações para as competências de um treinador. Quais? Os limites das competências dos jogadores.”
Luís Freitas Lobo
in Expresso, 25/10/2008

E LFL escreveu isto antes do FC Porto – Leixões...
A realidade que não podemos escamotear é esta: nos últimos três anos, apesar dos mais de 50 milhões de euros gastos, a qualidade do plantel do FC Porto tem vindo a degradar-se de forma assustadora. Por isso, não contem comigo para fazer do Professor Jesualdo Ferreira o único bode expiatório de uma época que se perspectiva muito complicada.


Já agora, em vez de termos um plantel cheio de estrangeiros medianos (para não dizer fracos), não seria preferível, e seguramente mais barato, apostar em jogadores das nossas camadas jovens?
Porquê e para quê gastar tanto dinheiro em estrangeiros que raramente jogam e que passam mais tempo no banco e na bancada?


P.S. Para que não fiquem dúvidas.
O Professor Jesualdo Ferreira é o treinador dos meus sonhos?
Não, não é nem nunca foi.
Está ao nível de um Pedroto, Artur Jorge, Bobby Robson ou Mourinho?
Na minha opinião, não.
Tem defeitos?
Claro, entre os quais a dificuldade em motivar os jogadores ou em mexer no jogo a partir do banco.
Contudo, com todos os seus defeitos, foi capaz de formar/remodelar duas equipas que se sagraram campeãs nacionais, a última das quais com 20 pontos de avanço!
Em paralelo, atingiu por duas vezes os oitavos-de-final da LC e na época passada foi por muito pouco (desempate por penalties) que não chegamos aos quartos-de-final.
Eu sei que a memória é curta e selectiva, mas quanto mais não seja pelos êxitos que conseguiu nos últimos dois anos e por, durante muito tempo, ser a única pessoa que deu a cara em defesa do FC Porto, o Professor Jesualdo Ferreira merece consideração e mais algum respeito.
Não lhe peçam é para fazer milagres ou omoletes sem ovos.

20 comentários:

Mário Magalhães disse...

Antes de todo os meus parabens por este blogue, aqui uma pessoa debate e deixa ideias sobre o dia a dia no nosso tão AMADO clube.Depois de ler e pensar sobre e já ter escrito em várias ocasiões sobre o téma das contratações e quem é a responsabilidade, devo dizer e quem lê o artigo que deixo no artigo do dia de ontem, na qual deixo várias perguntasem aberto... E falo precisamente em duas pessoas que são os principais responsaveis por estas contratações e por este estado de coisas a que chegou o nosso Clube, uma delas é o treinador e a outra é o director geral da sad Senhor Antero Henriques são eles os principais responsaveis por este estado das coisas. Porque eu que sou um dirigente desportivo e em todas as épocas chego perto dos meus treinadores aquando a planificação da nova epoca lhe pergunto quais os jogadores que necessita e quais quer, ele é que escolhe, e não eu, porque ele é que é o tecnico e sabe melhor avaliar as qualidades desses jogadores. Portanto e a meu ver a responsabilidade é destes 2 senhores. Agora analisando o sistema que o porto utiliza, e vendo bem os jogadores que o porto tem neste momento no plantel chego a conclusão que o sistema tactico que é utilizado não é o ideal e a muito que defendo e digo que este treinador não sabe jogar em 4-4-2, li vários artigos do Luis Freitas Lobo que diz que mais de 75% das equipas que jogam na liga dos campeões jogam nesse sistema e está mais que provado e é só olhar para quando fomos campeões europeus, e o nosso actual plantel não tem extremos de qualidade para jogar em 4-3-3. Uma das maiores tristezas é ver um plantel com cada vez menos PORTUGUESES, e ver jogadores formados no Porto emprestados com qualidade para pertencer ao nosso plantel cito vários nomes, Bruno Gama, Vieirinha, Paulo Machado, Nuno André Coelho, será que não são melhores que alguns que estão no plantel principal???? Defendo que este treinador não tem qualidades para avaliar jogadores, não tem capacidade para motivar os jogadores, e relembro que desde que este mister está a frente do Porto a equipe nunca teve força para dara volta de um resultado desfavoravel, portanto só me resta perdir a saida deste senhor.

miguel87 disse...

Em primeiro lugar parabens pelos 3 artigos que compõem esta analise.

Mantendo o comentário que fiz no post anterior, devo fazer duas anotações:
1.)Independentemente de achar que o treinador tem uma larga parte da responsabilidade do estado actual da equipa, isso não altera o facto de continuar a pensar que acima dele está uma direcção completamente descredibilizada que tem que ser sempre a primeira responsavel pelo estado das coisas, seja nos sucessos ou, como actualmente, nos insucessos.
Por isso escrevi: "por muito má que seja a politica de contratações do Porto, não deixamos de ter o melhor plantel entre a nossa concorrência!"

2.)Sou completamente de acordo com a opinião que a estabilidade e projectos a longo prazo se devem sobrepor as "chicotadas", mas há limites para tudo (o que falta para ver que este treinador não dá mais do que isto?), e neste caso concreto tambem sou da opinião que quanto mais cedo, mais hipotese haverá de minimizar os danos.

The Turk disse...

Bom artigo José Correia. Apesar de discordar em alguns pontos, no global concordo com o teu ponto de vista.

Zé Luís disse...

Eu gostava de saber - sem prejuízo de partilhar da opinião geral e do acerto da análise do Zé Correia - que "qualidade" tinha Pepe, Bruno Alves, Bosingwa e até Quaresma, afundado em Barcelona e muito a custo reabilitado apenas no 2º ano de dragão com Adriaanse, tinham quando chegaram ao Porto?

Quem era Paulo Assunção, algo de polémica contratação e disperso em dois ou três empréstimos?

É impossível, sem a carteira dos grandes da Europa, colmatar saídas de craques com reforços da mesma qualidade.

Não deixo de aceitar o argumento, de "culpar" os responsáveis principais que são o treinador e Antero Henrique como mestre de obras da SAD e que subiu à sombra do presidente sem motivo aparente e por puro empirismo.

Mas isto não é ciência exacta.

Compreendo mais que não se tenham visto qualidades em Luís Aguiar e Alan, como antes não se tinham visto em Tarik (e foi dispensado), sendo que foram comprados, e postos a rodar o que é compreensível, mas não podem ser dados ao desbarato como foram os dois primeiros.

Um último reparo:

enche-me essa coisa de querer jogadores das camadas jovens quando não se lhes dá condições de singrar por falta de tempo e por impaciência dos adeptos que são os primeiros a cravejá-los de assobios.

Primeiro, os tais jovens na generalidade não valem um chavo. Lembro que Adriaanse, para desespero meu já a meio da época, insistiu sempre em Ivanildo e nada deu, quanto mais jogava pior era. Hélder Barbosa já esteve no plantel principal por duas vezes e não mostrou algo de especial, foi expulso em 20' no primeiro jogo que entrou no Bessa. E o facto de, ocasiinalmente, se destacarem num clube onde rodam não significa que aguentem o peso e a exigência de jogar no FC Porto.

Isso são tangas, mas enfim, esta conversa ja chateia.

O professor tem é de por os jogadores que tem a jogar, os melhores e definir um sistema, convicção que perdeu, sem ouvir os teóricos de fora como não ouviu nos dois últimos anos.

O resto é letra.

Zé Luís disse...

"Compreendo mais que não se tenham visto qualidades em Luís Aguiar e Alan".

Queria dizer, compreendo menos...


Mas Alan foi sempre contestado. Imagine-se agora quanto aos jovens da formação.

Anda tudo doido à procura de justificações, de mdir a qualidade deste e daquele com meia dúzia de jogos.

Assobiavam e já nem suportavam o Quaresma, acharam-no mal vendido e vejam se, como mostra no Inter, não foi bem vendido... Queriam-no de volta para se irritarem outra vez?

Isto é de malucos, desculpem a expressão.

Foram à sua vida, acabou, vamos jogar com outros. Ou temos de ir repescar o Futre e o Madjer? Por falar nele, quem era Madjer no Matra Racing?...

O problema do FC Porto é ninguém sar a cara, só Jesualdo.

Se alguém falasse, nem que fosse para desviar as atenções como fazem os outros que têm spinners para tocar em muitos assuntos e ignorar algum problema interno, as coisas tinham outro sentido.

assim, cada um tem de ficar com as suas opiniões e atirá-las ao ar.

Esta política de má comunicação é que tem diminuído até os feitos do FC Porto que os próprios adeptos vêm esquecer agora.

Jesualdo, mais uma vez, repito, é que tem de pôr a equipa a jogar. E merece todo o respeito por isso.

Mais nada!

Pedro Reis disse...

Eu neste momento só peço 3 coisas:
Que percamos contra a Naval;
Que percamos contra o D.Kiev;
e que percamos contra o SCP!

Podem acusar-me do que quiserem mas não acreditem que vai mudar alguma coisa se não batermos lá bem no fundo. E quanto mais rápido cairmos, mais depressa nos vamos levantar. Espero é que seja sem Jesualdo, sem Pinto da Costa e respectivos acólitos.
Reconhecer as capacidades deles no passado, não significa acreditar que eles ainda têm alguma coisa para nos dar no presente e no futuro.
Como é que uma equipa com o orçamento do FCP (bem superior ao dos rivais) tem um nível de exigência tão baixo? Culpa da SAD (que os contrata e paga), culpa do Treinador seja por (má) acção ou por omissão. É-me indiferente...
A verdade é que são incompetentes e aos incompetentes aponta-se a porta da saída! Mourinho não deveremos voltar a ter outro, mas as saudades da sua grande competência, exigência e rigor são imensas!

José Correia disse...

Zé Luis disse:
«Eu gostava de saber - sem prejuízo de partilhar da opinião geral e do acerto da análise do Zé Correia - que "qualidade" tinha Pepe, Bruno Alves, Bosingwa e até Quaresma, afundado em Barcelona e muito a custo reabilitado apenas no 2º ano de dragão com Adriaanse, tinham quando chegaram ao Porto?»

Caro Zé Luis, apesar de já terem passado 4 meses, eu sou sensível ao argumento de que é preciso dar mais tempo para que as contratações desta época mostrem o que valem.
Esqueçamos por momentos a “colheita” deste ano e olhemos então para o que foram as contratações (compras de passes e empréstimos com opção de compra) das duas últimas épocas.

Época 2006/07: Sonkaya, Tarik, Ezequias, João Paulo, Diogo Valente, Fucile, Mareque e Renteria.

Época 2007/08: Fernando, George (Leandro) Lima, Lino, Edgar, Edson, Luís Aguiar, Bolatti, Farias, Mariano Gonzalez, Stepanov e Kazmierczak.

Sem contar com salários, a FCP SAD terá gasto nestas contratações entre 25 a 30 milhões de euros (números por baixo).

Quantos destes 19 jogadores mostraram ter valor para se imporem como titulares indiscutíveis do FC Porto?
Zero.

Quantos destes 19 jogadores foram (são) titulares com regularidade no FC Porto?
Com alguma boa vontade, três: Fucile, Tarik e Fernando.

3 (semi-)sucessos em 19?!!!

É por esta razão que eu escrevi no artigo o seguinte:
«Se em 2006/07 e 2007/08 Jesualdo ainda conseguiu ir tapando os buracos com jogadores que já faziam parte do plantel, para esta época sabia-se que tal era impossível. Porquê? Essencialmente porque as contratações feitas nos dois anos anteriores (ver 1ª e 2ª parte deste artigo) tinham demonstrado não possuir a qualidade mínima indispensável.»

José Correia disse...

Zé Luis disse:
«enche-me essa coisa de querer jogadores das camadas jovens quando não se lhes dá condições de singrar por falta de tempo e por impaciência dos adeptos que são os primeiros a cravejá-los de assobios.
Primeiro, os tais jovens na generalidade não valem um chavo. Lembro que Adriaanse, para desespero meu já a meio da época, insistiu sempre em Ivanildo e nada deu, quanto mais jogava pior era. Hélder Barbosa já esteve no plantel principal por duas vezes e não mostrou algo de especial, foi expulso em 20' no primeiro jogo que entrou no Bessa. E o facto de, ocasionalmente, se destacarem num clube onde rodam não significa que aguentem o peso e a exigência de jogar no FC Porto.»


Inteiramente de acordo no que diz respeito à impaciência dos adeptos.
Também de acordo relativamente ao Ivanildo.
Em desacordo relativamente ao Hélder Barbosa.

Fiz uma pesquisa rápida feita no www.zerozero.pt. Sabes quantas vezes é que o Hélder Barbosa foi titular do FC Porto no campeonato passado?
Zero.

As "oportunidades" que o Jesualdo deu ao Hélder Barbosa no campeonato para mostrar o que vale, foram as seguintes:
Sporting - FC Porto: entrou aos 83' (estava a equipa a perder por 0-2)
FC Porto - Paços Ferreira: entrou aos 79'
Setúbal - FC Porto: entrou aos 75'
Naval - FC Porto: entrou aos 61'

Honestamente, alguém considera que isto são oportunidades a sério para um jogador, ainda por cima muito jovem, mostrar o seu valor?

Após ter feito uma excelente 1ª volta em Coimbra, Hélder Barbosa chegou ao FC Porto em Janeiro como reforço de Inverno.
Perante as "oportunidades" que teve não se conseguiu afirmar. Mas alguém conseguiria?

Na minha opinião, o Hélder Barbosa é um jogador com um enorme potencial e muitíssimo melhor do que alguns que temos no plantel. Contudo, depois do que lhe fizeram na época passada, esta época puseram-no outra vez a rodar...

Perante a forma estúpida (para não dizer outra coisa pior) como está a ser gerida a carreira e as oportunidades concedidas a este jogador, temo que mais um produto das nossas camadas jovens esteja a caminho de se perder no anonimato da II Liga ou 2ª B.

miguel87 disse...

"Época 2006/07: Sonkaya, Tarik, Ezequias, João Paulo, Diogo Valente, Fucile, Mareque e Renteria.
Época 2007/08: Fernando, George (Leandro) Lima, Lino, Edgar, Edson, Luís Aguiar, Bolatti, Farias, Mariano Gonzalez, Stepanov e Kazmierczak.
(...)
Quantos destes 19 jogadores mostraram ter valor para se imporem como titulares indiscutíveis do FC Porto?
Zero."

Continuo a não concordar com este argumento, e a razão posso tambem parafrasear:
"Honestamente, alguém considera que isto são oportunidades a sério para um jogador, ainda por cima muito jovem, mostrar o seu valor?"
Este caso particular do H.Barbosa pode-se transpor para o geral em relação ao outros reforços citados, com excepção do Fucile (caso raro que terá convencido nas primeiras aparições), Mariano (caso por demais debatido), João Paulo (que cumpriu sempre que jogou na posição dele) e Tarik (que foi dispensado no primeiro ano apesar de ter entrado bem na equipa, inclusive a marcar e a assistir).

Nuno Nunes disse...

José Correia:
Parabéns por este trabalho com três artigos excelentes. Os problemas estão diagnosticados, parece-me que não há que enganar.

A SAD é a grande responsável pela situação actual e o Jesualdo também tem a sua quota de responsabilidade, mais não seja por sempre ter dito publicamente que os reforços têm o seu aval. Agora que não se queixe que não tem "ovos" suficientes. O seu principal defeito é não ter qualquer influência emocional sobre os atletas.

Mário Faria disse...

Faltou ao Zé Correia incluir a venda de Cech, que sempre considerei um jogador que valia a pena manter.
Não acho que seja pior que Lino ou Benitez.
Acho que JF - a não ser que aconteça uma “catástrofe” até ao fim do ano – deve manter-se até ao final da época e o seu ciclo terminaria nessa altura, fosse qual fosse a performance da equipa.
Tem havido uma política, se não despesista, pelo menos pouco atinada e sustentada, por parte da SAD. Não se percebe tanto desperdício. Foi jogador a mais e valia a menos, mas para sermos justos temos de considerar que muito provavelmente JF terá participado e dado pareceres sobre muitos dos jogadores (ou o perfil de jogadores) que preferia para o seu modelo de jogo. Parece que o facto de querer jogadores com bom porte físico para o meio campo é um dado público (e publicado) e daí a preferência em jogadores como Kaz, Bollati, Guarin, Fernando ou Pelé, que ao que se diz JF preferiu a Suazo.
Quanto aos jogadores da Casa, vindo dos escalões etários mais jovens, cito o que hoje o Jogo publicou relativamente ao comentário que faz sobre Paulo Machado o jornal L’Équipe : ”Em que posição deve jogar Machado? Laurent Roussey parece ter dúvidas quanto à capacidade do português em assumir a titularidade de forma duradoura. Utilizado em diferentes posições do meio campo do Saint-Étienne, Paulo Machado esteve sempre muito activo. Mas continua a não fazer a diferença. Joga melhor a 6,7 ou 8? É uma boa pergunta, mas não sei a resposta explicou o treinador. “A única resposta é que é um rapaz muito interessante, mas o futebol vive de critérios técnicos e de eficácia e aí ele tem muitas lacunas.””

José Correia disse...

Miguel87 disse:
«Este caso particular do H.Barbosa pode-se transpor para o geral em relação ao outros reforços citados, com excepção do Fucile»

Caro Miguel, da lista de 19 jogadores que eu referi num comentário anterior, há vários que, ao contrário do Hélder Barbosa, tiveram (e alguns continuam a ter) oportunidades a sério para mostrar o que valem.
Exemplos?
Sonkaya, Ezequias, Mareque, Lino, Bolatti, Farias, Mariano Gonzalez, Stepanov e Kazmierczak, por exemplo, de certeza que jogaram mais do que 62 minutos no campeonato (tempo total que o Jesualdo concedeu ao Hélder Barbosa no campeonato 2007/08) e foram titulares em diversos jogos.

Mas a questão essencial aqui é outra.
Todos estes 19 jogadores foram contratados pela FCP SAD há pelo menos 1 ano e 4 meses, tempo mais do que suficiente para resolver a questão da adaptação, não te parece?
Ora, se passado este tempo, a maior parte deles não se impôs no FC Porto, por falta de oportunidades ou por não terem qualidade, porque razão foram contratados?
Porque razão se gastou 25 milhões de euros nestes jogadores?
Quem são os responsáveis por este desperdício?

Unknown disse...

Zé, desculpa lá, mas não podes - não deves - contar apenas com os minutos jogados no campeonato. Há a Taça, a Taça da Liga (desde há um ano), a Liga Intercalar (desde há um ano) onde esses jogadores passavam de figuras secundárias a figuras principais no onze e mostraram quase sempre muito pouco. Incluindo o Helder Barbosa.

As comprar podem não ter sido as melhores, mas se nenhum dos 19 entrou de caras no onze é porque estavam lá jogadores melhores que eles. E que, pelo que se viu, deram conta do recado.

Agora anda toda a gente a suspirar pelo Vieirinha, Paulo Machado, Helder Barbosa ou Ivanildo? Iam fazer grande diferença, iam.

O grande problema, já o disse uma vez, é a actual instabilidade do balneário. Ouvi até uma história dos argentinos que se recusam a passar a bola ao Hulk em jogo!

Penso que terá chegado o fim de um ciclo, mas não esqueço o que o Jesualdo fez pelo meu clube, nem o facto de nestes dois anos ter sido o único a dar a cara pelo FC Porto, por causa das embrulhadas de Pinto da Costa e compamhia. E nem sequer é portista!

Mas também penso que é preciso por um fim ao acumular de argentinos no plantel. E para mim é simples: o Lucho quer ir embora? Adeus até ao meu regresso. Mais vale não ter o Lucho do que ter o Lucho que temos hoje, ainda mais com a braçadeira de capitão de equipa!

Dasssse!

José Correia disse...

João Branco disse: «Zé, desculpa lá, mas não podes - não deves - contar apenas com os minutos jogados no campeonato. Há a Taça, a Taça da Liga (desde há um ano), a Liga Intercalar (desde há um ano) onde esses jogadores passavam de figuras secundárias a figuras principais no onze e mostraram quase sempre muito pouco. Incluindo o Helder Barbosa.»

João, quando o Hélder Barbosa chegou (Janeiro de 2008) já tínhamos sido eliminados da Taça da Liga pelo Fátima (onde, aliás, jogaram vários dos outros jogadores da lista que referi).
Da Liga Intercalar não vi qualquer jogo mas, do que fui lendo nos jornais, a maior parte da equipa era, normalmente, constituída por juniores.
Quanto à Taça de Portugal não tenho dados.

Mas a ideia não é focar no Hélder Barbosa (ele é apenas um dos exemplos mais caricatos).
Não tenho as estatísticas, mas aquilo que todos podemos constatar é que nos últimos anos foram dadas muito mais oportunidades (estou a falar de oportunidades a sério) a jogadores estrangeiros de nível mediano/fraco, do que aquelas que são dadas aos jogadores internacionais que saem das nossas camadas jovens.

O que eu quero dizer é que isto não é um problema especifico do jogador A, B ou C. Isto é algo muito mais profundo e vasto, que tem a ver com a politica desportiva e de contratações do FC Porto.

unzinho disse...

Parabéns pelo belo artigo, concordo em muito com as considerações feitas... Atribuo muita culpa à Administração mas principalmente ao senhor que dizem ser Treinador do FCP. É um treinador que não tem a mínima noção do que é futebol... Desde a insistência em Mariano, Guarin, e etc. O constante medo que tem quando vai defrontar uma equipa de nível superior ou semelhante, casos do Arsenal, Sporting, etc em que normalmente joga muito defensivamente e coloca jogadores que até essa altura raramente eram opções e saltam para a titularidade do nada. Nunca foi um treinador que gostasse, nestas três épocas sempre tive o desejo de o ver fora do banco do FCP, até mesmo na época passada com tamanha vantagem não queria que ele continuasse. Depois declarações após a humilhação de Londres em que diz "são só 3 pontos"? Por amor de Deus, para ele pode ser só isso, mas para nós, que amamos o clube, sabemos que não é bem assim.. Mas enfim, eu não volto a ver um jogo enquanto esse senhor estiver à frente da equipa. Ou se vir, vai ser completamente desmotivado.

Continuação de bom trabalho.

NL

HULK ONZE MILHAS disse...

Parabéns pelo excelente trabalho de análise!!!
Diz-se que os nossos jovens jogadores "não valem nada" e até parece ser verdade... mas eu fico no "parece" porque só posso ter certezas quando lhes forem dadas oportunidades iguais às que são dadas aos jogadores que são contratados no exterior...
No jogo da "Intercalar" da semana passada, e a exemplo do que já tinha acontecido com frequência na época anterior, a nossa equipa foi formada por jogadores juniores e juvenis, à excepção de 2 ou 3 jogadores seniores!!!! Mas afinal qual o objectivo da "Intercalar"? Porque não colocamos lá a "rodar" os profissionais que não são regularmente utilizados?? Ora sabendo-se que a "Intercalar" foi "inventada" pelo Director Geral da SAD portista precisamente com esse objectivo... parece haver aqui um conflito de objectivos entre este e o treinador... Ou não??

Zé Luís disse...

Zé Correia, a enfatização dos "minutos de utilização" é algo relativa.

Lembro-te o Edgar, a única vez titular foi em P. Ferreira, jogou mutíssimo bem, quase marcou um golo e... saiu logo da equipa.

Eu via nele um potencial Jardel, até na semelhaça física e já o tinha apreciado quando chegou ao Beira-Mar.

Creio que não foi aproveitado. Mas não posso julgar da bondade ou maldade do treinador.

Esse creio ser o erro em que se labora para lamentar as faltas de oportunidades de muitos dos jogadores em causa.

Há coisas incompreensíveis? Há, sim senhor. Devia haver uma avaliação mais rigorosa e detalhada? Devia. Mas o FC Porto está numa competição feroz que não se pode dar ao luxo de perder, os adeptos também não o perdoariam, certo?

É ganhar, ganhar ou ganhar, náo há alternativa.

Nem é preciso lembrar que ganhámos 5 dos 6 últimos campeonatos e bem podia ter sido o hexa, como sabemos.

Jesualdo cedo percebeu que não podia condescender, para salvação dele próprio. Jogam os melhores, os outros que mostrem o que valem.

Podia reduzir-se a margem de erro comprando menos? Podia.

Mas é em quantidade que se obtém a qualidade. Um diamante não sai cristalino, sai da pedra bruta que é preciso descascar e depois polir o brilhante.

Prefiro pensar que é um exercício bem mais difícil do que supomos todos. Eu tinha óptimas referências de vários reforços, mas desiludiram. Cech chegou e prometeu, depois ja me irritava, idem com Fucile.

Concordo que o Sonkaya e outros que tais foram uma aberração, mas já no passado recebíamos Ntsunda e Walter Paz, alguns portugueses que mal se viram, também no lote.

Tem dado para o prejuízo o exercício global. E este ano está por apurar-se o balanço.

Unknown disse...

João Branco disse: «Mas também penso que é preciso por um fim ao acumular de argentinos no plantel. E para mim é simples: o Lucho quer ir embora? Adeus até ao meu regresso. Mais vale não ter o Lucho do que ter o Lucho que temos hoje, ainda mais com a braçadeira de capitão de equipa!»

Caro João Branco, embora seja uma leitora habitual deste blog, não costumo comentar, mas achei esta sua afirmação de uma injustiça tal que resolvi comentar.

Acha mesmo que o Lucho deve pagar pelos "contentores de argentinos que chegaram depois dele?

Neste passado recente, o Lucho (juntamente com o Lisandro) foi dos 1º's a chegar e com a sua qualidade (já mais que provada) foi dos poucos que "pegou de estaca" como se diz (inclusivé foi lhe dada a braçadeira de capitão logo nesse ano), nem o próprio Lisandro, que depois veio mostrar a sua qualidade, 'demorou' cerca de 1 ano para "agarrar o lugar".

Assim na minha opinião se os outros argentinos que o FCP foi buscar se tivessem a qualidade (ou pelo menos muito próxima) destes 2 concerteza que ninguém falaria do excesso de argentinos no plantel.

Por isso acho injusto que jogadores com qualidade pagem pelos erros de contratações, o FCP devia era ter-se ficado por estes 2 e ido buscar este ano apenas o Tomás Costa, que julgo tem qualidade para se tornar um grande jogador.(falando apenas em argentinos, é claro!!)

FCP Sempre

PMF disse...

Concordo inteiramente com o post.

Unknown disse...

Barbara, para mim é muito simples: se um jogador manifesta publicamente - com destaque de primeira página de jornal - que se quer ir embora, que o seu tempo de FC Porto já passou e não sei mais o quê, esse alguém, não pode ser o capitão do FC Porto. Podia até ser o Maradona, não interessa.

Eu gosto do Lucho e do Lisandro, atençao, são apenas e só, dois dos melhores jogadores do plantel, se nao mesmo os melhores.

Mas eu também sinto, como adepto, que o tempo deles no clube se está a esgotar.

A não ser que isto tudo dê uma grande volta.

Abraço