Extracto de uma entrevista de Júlio Matos, pouco tempo após assumir o cargo de treinador principal, publicada no Jornal de Notícias de 10 de Julho de 2008:
[JN]: Quatro anos sem ser campeão não é muito tempo para o F.C.Porto?
[Júlio Matos]: Sim, concordo. O F.C.Porto entra em todas as competições para ganhar e quando isso não acontece, nunca é bom.
[JN]: Então, não o surpreendeu a saída de Alberto Babo?
[Júlio Matos]: Não. Nesta casa entra-se sempre para ganhar e estes foram dois anos em que só conseguimos vencer apenas duas competições. Não estamos preparados para isso.
[JN]: O F.C.Porto vai mudar muito com o Júlio Matos como treinador?
[Júlio Matos]: Sim, comigo vai ser diferente. Vou procurar implementar um tipo de jogo que crie mais espaços para os jogadores desenvolverem o seu basquetebol. A área restritiva está demasiada ocupada e tira alguma possibilidade de mostrar o talento dos jogadores. Por outro lado, vou fazer tudo por tudo, por exemplo, para que os jogadores menos utilizados até hoje possam ter o direito ao tempo de jogo.
[JN]: O que na época passada só aconteceu na fase final…
[Júlio Matos]: É verdade. Ao darmos tempo de jogo aos jogadores menos utilizados apenas na parte final da época estamos a lançá-los para a fogueira, estamos a criar mais pressão sobre eles. Esta é uma luta que eu vou ter para que esse direito ao tempo seja interpretado com satisfação por todos. É importante que, quando o jogador que é mais utilizado sair, perceba que aquele que o vai substituir está a dar-lhe tempo de descanso para que ele possa render mais quando regressar à equipa. E esse tempo de descanso tem que ser aproveitado pelo jogador que entra para ganhar os minutos necessários, e para que depois o entrosamento da equipa seja feito com harmonia.
[JN]: A política de contratações foi a mais correcta? Justifica-se, por exemplo, que a vaga de um norte-americano seja ocupada por um jogador que jogou tão pouco tempo como Brandon Payton?
[Júlio Matos]: Não é a melhor política claramente. Contratar um americano com um determinado custo para a secção e depois estar no banco o tempo que esteve. A opção pelo Brandon Payton não foi a melhor de facto.
[JN]: Consigo vai haver uma maior aposta na formação?
[Júlio Matos]: Sim, o objectivo da formação deste clube é lançar, dentro do possível, o maior número de jogadores formados na equipa sénior, para evitar gastar dinheiro para ir buscar outros. Nós temos que os fazer cá. Esta é a filosofia do clube. Isto não tem acontecido tanto como gostaríamos.
[JN]: Porquê?
[Júlio Matos]: Há um aspecto que eu vou alterar. Não podemos ver chegar de jogadores a júnior B ou A e estarmos a tirar, por exemplo, o jogador da posição dois para jogar a três. Não pode ser assim, porque com o tempo que ele demora a enquadrar-se naquela posição que queremos, perdemos o jogador. É isso que eu não quero que aconteça e é aqui que nós estamos a perder alguma eficácia no desenvolvimento da formação.
[JN]: As contratações do Daniel Monteiro e do José Almeida foram já escolhas suas?
[Júlio Matos]: Sim e são escolhas que vão tornar a equipa mais forte e equilibrada. O Daniel Monteiro foi um jogador que mostrou ser exemplar, como pessoa. Para além disso, este último ano exibiu uma qualidade acima da média, foi o segundo melhor base da época passada. O João Figueiredo, que é um base com uma qualidade acima, tem de ter no seio do grupo um jogador que lhe faça competição, porque sem ela, o Figueiredo, torna-se um jogador passivo. Já o José Almeida é um jogador que conheço das camadas jovens e que tem talento e características para poder evoluir.
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É de uma enorme indelicadeza, e até de falta de ética profissional, que um treinador, quando assume a responsabilidade de orientar uma equipa, faça este tipo de criticas tendo como alvo o treinador anterior. Contudo, no caso do Júlio Matos a coisa assume outra dimensão, porque ele era o adjunto do treinador dispensado, de quem supostamente era amigo e a quem devia solidariedade. Por isso, foi lamentável, para não dizer vergonhosa, a atitude que o Júlio Matos assumiu em relação ao Alberto Babo e que não passou despercebida aos sócios do FC Porto que acompanham os meandros da modalidade no clube.
Dez meses depois, em 15 de Maio de 2009, após o ano horribilis do basquetebol portista, Júlio Matos afirmou:
"Assumo a responsabilidade de tudo o que correu mal. Para além da minha dificuldade em gerir o grupo e os conflitos que existiram, também houve a praga de lesões que nos condicionou a época. (...) Tenho de agradecer a oportunidade dada por parte dos dirigentes do FC Porto, mas tenho de reconhecer que me faltou maturidade. Infelizmente, não fui capaz de dar mais êxitos ao clube por alguma inexperiência com treinador principal"
Faltou maturidade, faltou humildade, faltou autoridade e faltou competência. Em suma, faltou tudo aquilo que é necessário para alguém ser lider de um grupo.
É caso para dizer: entrada de leão, saída de sendeiro.
(continua)
Retirado do site da RTP.
ResponderEliminar«O treinador espanhol Moncho López, actual seleccionador nacional, foi hoje apresentado como treinador da equipa de basquetebol do FC Porto para as próximas duas épocas, numa conferência de imprensa realizada no Pavilhão Dragão Caixa.
"Quero agradecer ao FC Porto por confiar em mim e permitir-me liderar nos próximos dois um projecto que acho que será de sucesso e agradecer também ao presidente da Federação, Mário Saldanha, o entendimento e a compreensão para que eu possa partilhar as duas funções", afirmou o técnico, que acumulará funções com o cargo de seleccionador.
Para Moncho López, era "importante" o entendimento entre as duas partes e confessou que foi "simples" chegar a acordo com os "dragões": "era importante para mim este entendimento e a partir daí foi relativamente simples chegar a acordo, porque o desejo da minha parte era muito grande de entrar a trabalhar num clube como este".
O treinador que levou a selecção espanhola à medalha de prata no Europeu de 2003 não promete títulos, mas garante trabalho para que eles possam aparecer.
"Não se pode prometer títulos, mas prometemos que vamos trabalhar para consegui-los. Assumimos que essa é uma responsabilidade, mas primeiro temos de construir uma equipa com elementos que nos permitam um bom trabalho e ter uma opção que nos dê títulos. Sabemos que será difícil, há equipas que
vão manter um projecto de continuidade e nós vamos iniciar um projecto. A experiência diz-me para não prometer títulos", explicou.
O facto de conciliar o cargo de treinador do FC Porto com o de seleccionador nacional não é para Moncho López problema, até porque "está a acontecer noutros países, noutras modalidades, e eu mesmo já passei por essa posição quando treinava a selecção espanhola e o Breogán".
"Não é um problema, muitas vezes o problema maior será para mim pois os jogadores jogarão contra o seleccionador e estarão super motivados" , brincou.
Presentes na conferência de imprensa estiveram Pinto da Costa, presidente do FC Porto, e Fernando Gomes, na qualidade de responsável máximo da secção de basquetebol.
Para Pinto da Costa este é um momento de "mudança", numa altura em que já sente falta dos títulos do basquetebol: "Estamos a mudar e é na tentativa de procurar novo rumo que contratamos o Moncho López".
"Sinto falta dos títulos do basquetebol, há quatro anos que não vencemos e isso para o FC Porto é muito tempo" , confessou o presidente portista, que, curiosamente, conseguiu o primeiro título como presidente através da secção de basquetebol, em 1982.
O presidente do FC Porto desejou ainda que o contracto de dois anos com Moncho López seja o primeiro de muitos, para então depois poder fazer um "tabu".
"Que este contrato de dois anos seja o primeiro de outros que havemos de fazer e depois na altura há de chegar a ocasião que fazermos um tabu. Para já, desejo-lhe as maiores felicidades e pode ter a certeza que entra num clube que lhe dará todas as condições de trabalho", assegurou.
Por seu lado, Fernando Gomes agradeceu à Federação Portuguesa de Basquetebol as "facilidades" no entendimento.
"Gostava de agradecer à federação e ao seu presidente as facilidades e o entendimento conseguido no sentido de permitir que o Moncho desenvolvesse a sua actividade nos dois sítios", disse o dirigente portista.
Fernando Gomes deixou ainda uma palavra ao anterior treinador: "não gostaria de deixar de transmitir ao Júlio Matos, um atleta de longa duração no FC Porto, uma palavra de apreço. Infelizmente, as coisas não correram como esperávamos, mas uma palavra pelo esforço e trabalho desenvolvido e dizer que pela sua postura terá sempre uma porta aberta".»
Sobre o Júlio Matos, apesar do respeito que a sua carreira de jogador ao serviço do fc porto me merece, apenas isto : "quem nasce para lagartixa nunca chega a jacaré"
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