Como tudo é mais fácil quando jogam os melhores. Como tudo é mais fácil quando se joga ao ataque, sem render-se ao medo. O FC Porto fez uma enorme exibição contra uma equipa a meio gás - compreensivelmente - do Leicester. Claro que ninguém fala de que o Kovenhague também estava a jogar com um Brugges B na Bélgica. Não, isso não interessará a ninguém. Mesmo que o Leicester tenha chegado ao Porto sem algumas das suas figuras, havia ali jogadores importantes na conquista do título (Morgan, Drinkwater, Okazaki) e promessas de grande futuro (Mendy, Gray) e uma equipa com vontade de completar uma fase de grupos imaculada. Felizmente para os adeptos portistas o plano de NES foi, hoje, totalmente diferente daquele dos jogos anteriores. Sem meias tintas, o técnico portista apostou nos melhores (salvo no caso Telles-Layun, opinião exclusivamente pessoal). A lesão de Otávio pode até ter precipitado a entrada de Brahimi mas quem viu o jogo entende que um jogador assim como o argelino, com os seus altos e baixos, não pode ser um pária nem uma opção de último recurso. Brahimi pode perder muitas bolas, agarrar-se demasiado ao esférico. Ninguém vai descobrir isso agora. Mas o que é capaz de fazer com ela e como faz jogar - e condiciona o rival - é algo de que o plantel carece. E a sua presença foi importante ainda que não determinante porque hoje o FC Porto jogou a alto nível como equipa. E aí fez a diferença.
NES abandonou um modelo mais medroso de jogo, em que os extremos muitas vezes recuavam para formar um 4-1-4-1 ou um 4-4-1-1 com Jota no apoio a André para assentar um 4-2-3-1 ofensivo onde Oliver começava a armar jogo desde atrás, com Danilo a fechar as subidas dos laterais ao mesmo tempo que o seu irmão gémeo tapava o bloco central com a sua autoridade habitual. Menos mal que ninguém se deu conta que eram dois e não um os que estavam a jogar com a camisola daquele que tem sido, provavelmente, o melhor jogador da época até agora. Corona bem aberto pela direita e Brahimi, idem pela esquerda, permitiam a Jota e Silva moverem-se com facilidade entre linhas frente a um Leicester apático e que deixava todo o espaço do mundo aos dragões. Com Maxi e Telles bem nos apoios laterais desde cedo o Porto deu sinal mais e deixou claro que ia atacar por todos os meios e caminhos possíveis. Foi o que fez sempre, mesmo quando se viu com um golo a favor quando, até agora, esse golo era o toque habitual de retirada para um jogo de contenção. Fosse o medo aos golos do Kovenhague - dois em doze minutos - fosse por uma mudança de paradigma, o certo é que o Porto hoje vulgarizou - e essa é a palavra mais simpática para os adeptos do Leicester - o campeão inglês. Pode não ser a melhor equipa inglesa nem ser a equipa com todos os titulares mas não deixa de ser o campeão inglês e esse boost de confiança chega no momento certo depois da fome de golos acumulada e que a explosão de Rui Pedro saciou de forma brilhante contra o Braga.
Os golos foram consequência do domínio e da atitude. André Silva, de cabeça, sem ter qualquer necessidade de saltar - falha clara de marcação - abriu a contagem e acabou com a ansiedade normal das últimas semanas. Tudo o que não entrou nos jogos anteriores, mesmo quando tanto se merecia, entrou hoje com uma naturalidade abismal. Corona fez um golo assombroso, um remate seco ao ângulo que mais parecia sacado dos últimos minutos de um treino do que um duelo decisivo da Champions League tal foi a naturalidade com que fuzilou a baliza inglesa. Em dois lances o Porto matou as dúvidas geradas, o borrego de golos e a ansiedade em relação ao resultado dos dinamarqueses. Depois dedicou-se a jogar á bola, na melhor acepção da palavra, com um bom jogo combinativo entre linhas e com a baliza contrária sempre em mente. Uma mudança de atitude que permite encarar o futuro com outros olhos. O golo de Rui Pedro com o Braga pode ter tirado o desespero da ineficácia - e ninguém sabe o que passará no fim-de-semana - mas a atitude desse jogo contra um Braga focado anti-jogo e sobretudo a de hoje, de uma equipa claramente ofensiva e competitiva, deixa a sensação de que tudo ainda se pode conseguir se lhe for dado o devido seguimento nas próximas semanas para que não se perca este estimulo. Para isso convinha não voltar a perder um génio como Brahimi - mesmo que a sua saída em Janeiro seja quase inevitável- que com um golo madjeriano voltou a demonstrar que tem um talento superlativo que tem sido desaproveitado de forma absolutamente incompreensível. Ao 3-0 merecido do intervalo seguiu-se uma segunda parte de monologo e em que Casillas foi mero espectador. Um penalti bem assinalado e melhor convertido por André Silva começou o desenho da goleada. NES trocou então Danilo - os dois - por Ruben Neves e Corona por Herrera, uma atitude lógica que não mudou a dinâmica vertical do colectivo e já com Rui Pedro merecidamente em campo - André Silva tinha amarelo e convinha não arriscar, além do justo prémio ao jovem da formação de disputar os primeiros minutos de Champions League na carreira - chegou o quinto golo anotado por um Diogo Jota que sempre se mostrou irrequieto e que teve a devida recompensa. O Leicester mesmo com as substituições continuou a ser uma equipa apática - e apesar de haver jogo contra o City no fim-de-semana esperava-se mais de muitos teóricos não-titulares de tal modo que a expressão facial de Ranieri dizia tudo o que havia para dizer - e o Porto manteve a tremenda sensação de superioridade que já devia ter demonstrado noutros momentos. Convém recordar que este foi, talvez, o (ou um dos) grupo mais fácil da história do clube na Champions League - algo que era quase comummente aceite em Setembro - e que com esta atitude nos jogos contra o Kovenhague e em Inglaterra, o apuramento podia ter sido resolvido a meados de Novembro. O Porto é hoje o que era em Setembro, maior e melhor do que qualquer um dos seus rivais, mesmo o Leicester na máxima força. Demorou a confirmar essa superioridade mas hoje ficou claro que ela não era produto da nossa imaginação.
Grande trabalho colectivo, grande atitude competitiva e muito boa iniciativa de jogo por parte de Nuno e dos seus, foi o que foi preciso para garantir o regresso, depois de um ano de ausência, aos Oitavos de final da Champions League. Todos somos conscientes das nossas limitações e que não seremos favoritos contra nenhum dos cabeça de serie - o mais débil será o Leicester com quem não podemos jogar - e que entre Barcelona, Juventus, Atlético de Madrid e Dortmund estão quatro favoritos a ganhar o troféu. Napoles, Arsenal e Monaco são equipas mais acessíveis mas os duelos seriam sempre intensos e nunca com o Dragão como favorito. O que pode ser até um bom sinal. O market pool e as receitas futuras da Champions vão ajudar a paliar as contas, o grande jogo de Brahimi poderá facilitar ainda mais a sua saída e Danilo e André Silva continuam a aumentar o seu valor a cada jogo que passa. Dezembro começou em cheio. Que termine do mesmo modo e abra caminho a uma nova dinâmica é a melhor forma possível de fechar um ano muito negro. Que os desenhos do NES vos acompanhem!
Fotos: MaisFutebol
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12 comentários:
primeiro há que dizer de uma forma clara : grande jogo e grande exibição de entrega e acima de tudo qualidade. Simples , com os melhores jogadores e no sitio certo. Devemos celebrá-la bem mas continuar a nao nos iludirmos: o golo ( muito facilitado) aos 5 minutos, um Leicester muito fraco ( nao há maneira de contrariar isso) e a motivação extra que a champions provoca em jogadores como Brahimi, Corona e Cia fazem com que tenhamos que ter serias reservas - PARA JÁ - ao que estamos a ver. Sao bons indicios mas agora que temos uma equipa formatada e preparada temos a proxima fase que é a consolidação. quero ver uma sequencia de 10 jogos a este nivel ( pode nao ser exibicional) , mas pelo menos de eficacia defensiva e atacante. Os campeonatos nao se ganham contra equipas champion ( que por norma tÊm muitos espioes...) ou contra SCP e SLB. Ganham se contra os Aroucas, Feirense, Chaves, etcc... Penso que está na hora de em Dezembro ir buscar 2 reforços fortes ( um avançado experiente , matreiro e matador e um bom extremo). com isso e com a dinamica que estamos a apresentar penso que estamos no bom caminho ! mas é preciso nao adormecer à sombra da bananeira e por a carne toda no assador!
Acho que queria dizer em Janeiro. Em Dezembro não há janela de transferências.
Quanto ao avançado experiente já os temos no plantel. Senão o que são o Depoitre e Adrian Lopez? Em relação ao extremo, se o Kelvin for integrado no plantel passamos a ter Otávio, Corona, Brahimi, Kelvin (e Varela) para as alas. Mas não sei como ficarão os casos do argelino e do capitão Herrera. Se saiem, se ficam... O africano vai para o CAN o que o retira praticamente um mês das opções.
Estou contente com essas duas vitórias e pelo nível exibicional. Mas não vamos embandeirar em arco. Há que estabilizar o modelo de jogo e a consistência ofensiva da equipa. Estão todos a desesperar por Brahimi mas esquecem-se que ele vai embora durante um mês para o CAN? O Porto tem de saber jogar sem o argelino, (in)felizmente o Nuno soube preparar a equipa para isso. O Porto precisa de 5-10 jogos seguidos a vencer, de preferência com boas exibições mas se não for possível que seja com a borra que certos líderes de campeonatos têm.
Arbitragens.
FCP - SCP - SLB
Quando o árbitro é estrangeiro. ..Que diferença! Dragões Diário devia estudar este caso.
Mais evidente não há!
Vinha aqui escrever algo, mas o Buck Naked já o fez por mim:
"nao nos iludirmos: o golo ( muito facilitado) aos 5 minutos, um Leicester muito fraco ( nao há maneira de contrariar isso) e a motivação extra que a champions provoca em jogadores como Brahimi, Corona e Cia fazem com que tenhamos que ter serias reservas - PARA JÁ - ao que estamos a ver."
Exactamente o que eu acho. Tenho a certeza que no domingo o Feirense vai colocar muito mais entraves ao jogo do Porto do que o Leicester fez na primeira parte deste jogo. Mas se continuarmos a jogar com a atitude de ontem e, principlamente, manter os extremos abertos na ala, será mais fácil continuarmos a inverter a tendência da "falta de eficácia".
Quanto à crónica do MLP, duas imprecisões: o André Silva foi quem fez a assistência para o golo do J e só depois foi substituido, e a segunda parte foi a parte de menos "monologo" que se viu no jogo, pois foi precisamente quando o Leicester finalmente chegou a Casillas, obrigando a 1 ou 2 defesas apertadas (mais 1 ou 2 jogadas de perigo, anuladas por fora de jogo no ultimo passe) e um remate a resvalar na trave.
Eu que lhe chamo brahimizito nao me custa nada mas mesmo nada dizer que a jogar para o colectivo como jogou o BRAHIMI sera sempre um jogador que o PORTO tem que por a jogar.O seu a seu dono.helder oliveira
Em definitivo : ou limpamos toda a porcaria que temos no plantel ou viveremos de ilusoes geradas pela onda comunicacional gerada nos media pelos respectivos empresarios. Kelvin, Varela, Depoitre e esse inenarravel Adrian Lopez nao têm qualidade nem perfil para serem jogadores do FCP. Como ja nao tinha maicon, aboubakar ( estamos agora a ver isso...marega ou suk). Se ha uma coisa a que sempre me habituei foi a ver oa adeptos do Porto como implacaveis e para o mal mas tambem para o bem nao sendo o nosso clube a atraccao dos media sempre estivemos um pouco protegidos desse sensacionalismo. Que saia uma noticia do kelvin a dizer que está a caminho do Porto e logo os carneiros todos do Jogo venham dizer que ele vai ser incorporado no plantel em Dezembro é uma coisa. Que isso seja verdade já é outra.
A questao das arbitragens pode ser importante, mas nao é a razao pela qual estamos na posiçao que estamos. Talvez se nao tivessemos empatado com o SLB e com os restantes , nao tivessemos falhado os penalties contra o Chaves ...etc...talvez pudessemos ter outra argumentaçao. Sejamos exigentes, Implacaveis mas acima de tudo o que temos é que ter qualidade tecnica , tactica e mental. So assim conseguiremos ultrapassar tudo o resto. Choradinhos sobre as arbitragens? Vejamos o que tem sido a historia recente do SCP e ao que isso tem levado. Contratemos bons jogadores e criemos uma onda forte que os arbitros temam de facto. Porque a verdade é esta: quanto mais fraca é uma equipa mentalmente e futebolisticamente menor é o respeito de todos os players do sector do futebol ( sejam opinion makers, dirigentes, jornalistas ou mesmo arbitros). No entanto se futebolisticamente e enquanto equipa evidenciar um forte perfil de grupo consegue impor se e mais dificil se torna intimidá la. Seja da forma que for
Um jogador com a idade do Brahimi e a sua personalidade dificilmente se consegue mudar ( veja se o caso do Quaresma). Este jogador terá sempre uma relaçao de amor-odio com as bancadas porque s natureza dele é individualista e isso nao o ajuda a proteger se. Se as coisas correm bem como foi o caso ontem tudo é magia. Mas se pelo contrario nao se alcança o objectivo este tipo de jogador é o primeiro a ser crucificado. Será sempre assim. Portanto , o Brahimi que é claramente um talento nunca será um jogador top porque o seu adn futebolistico ja nao vai a tempo de ser alterado e nao será um treinador como NES a conseguir faze lo. Resta nos aproveitar esta " lua de mel" com os adeptos, potenciar o maximo possivel e rentabilizá lo assim que possivel e buscar um jogador como Jota por exemplo que alia 2 coisas essenciais: classe e definiçao ou seja influencia constante sobre o jogo de equipa. Penso que uma das prioridades da Administracao deveria ser assegura lo em definitivo. Até porque sendo um jogador jovem , de equipa e com um grande talento é um pé quente e faz me lembrar um jogador como Derlei que sempre tinha criterio na hora de passar , chutar e acima de tudo era muitissimas vezes decisivo
Não sei como está o Kelvin, a crítica brasileira fala bem dele mas sabemos que não dá para comparar. É um jogador jovem e se o NES assim o entender acho bem que seja integrado. A Direcção nem revelou o preço para assegurar o Jota -.-". Não sabemos se estamos a potenciar um jogador que para o ano nem estará cá. Mas se puderem manter quer Oliver quer Jota acho excelente
Absolutamente de acordo. Mas é sintomático este facto.
O kelvin com a idade que veio para Portugal e sendo como a imprensa dizia um fora de serie nunca deu o passo definitivo. Teve o seu momento de gloria e mesmo indo com a rotacao europeia para um campeonato lento mas onde o virtuosismo tem muito mais espaço nunca se assumiu verdadeiramente como jogador decisivo. Vejam se os golos, estatisticas...fraquinho. mais um dos muitos que prometem ( iturbe foi outro) mas que na verdade de bom so têm a corja de jornalistas corruptos e comissionistas de empresarios que os promovem e vendem nos jornais. NAO NOS ILUDEMOS! TEMOS QUE ESTAR ATENTOS A ISSO E ANALISAR FACTOS!
Porque que a os jornalistas andariam a promover um jogador do Porto? Eles querem é vender jornais com os craques do Seixalovic
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