A notícia da semana em Madrid foi a renovação – até 2020 –
de Diego Pablo Simeone.
É uma renovação com matizes (todos os anos, até 2020, ambas
partes podem chegar a um acordo amigável que basicamente quer dizer que quando
Simeone quiser aceitar uma das muitas ofertas que tem, pode sair sem prejuízo financeiro)
mas que consolida definitivamente a sua presença como máxima figura no
Calderón. Tudo gravita à sua volta e a sua obsessão – ganhar a Champions League
com os “colchoneros” – vai ser o motor dos próximos anos. O clube assume que a
38 jogos é difícil ombrear com Real Madrid ou Barcelona para repetir o titulo
da liga do ano passado mas sabe que na Europa, com jogos a eliminar, a conversa
é outra. E essa é também uma noticia importante para o FC Porto.
O clube está desde Janeiro a falar com os principais
responsáveis desportivos do campeão espanhol, Gil Marin (filho do mítico
presidente Gil y Gil) e Caminero, director desportivo e a voz de Simeone nas
reuniões. O que tínhamos adiantado na altura parece confirmar-se cada vez mais e a
renovação de Simeone reforça-o. Muito dificilmente Oliver Torres voltará a
jogar no Atlético de Madrid enquanto o argentino for treinador. Em equação – e fundamental
para a renovação – entrou outra variável. O investimento de um milionário
chinês Wang Jianlin, que adquiriu um pack importante de acções da SAD colchonera, cerca de 20%, sob a
promessa de sustentar financeiramente o clube na sua corrida à Champions,
correspondia às exigências do treinador que quer que o Atlético deixe de ser
uma equipa vendedora e possa atrair ao Manzanares jogadores de topo. Na lista
de exigências do argentino há três nomes escritos em letras maiúsculas: o
avançado uruguaio Edison Cavani, o médio argentino Javier Pastore e o extremo
Marco Reus. São os principais objectivos do novo Atlético e é altamente
provável que, pelo menos dois deles, sejam contratados para o próximo ano.
O clube de Madrid vai estar muito activo no próximo defeso.
Com ordem de saída no plantel estão Siqueira, Mandzukic, Miranda e Oblak. Arda
Turan tem ofertas importantes e poderá sair. Tiago ficará apenas mais uma
temporada e o capitão Gabi – debaixo de um processo de corrupção desportiva –
vai ter cada vez menos protagonismo. Simeone quer montar uma estrutura de
meio-campo e ataque onde Reus, Koke e Griezzman sejam o apoio a Cavani, com
Saul e Tiago ou Gabi no apoio medular. Seria um onze muito mais forte do que
o actual e, sobretudo, um onze sem espaço para Oliver Torres.
Simeone já deixou claro que não conta com o jovem criativo
no seu esquema de jogo. O clube não se
quer desprender de uma das suas maiores pérolas nem o jogador que quebrar o
vinculo com o Atlético mas se essas movimentações taparem qualquer
possibilidade de jogar de Oliver, a saída parece inevitável .O Atlético vai
comprar muito mas também vai ter de vender para respeitar o Financial Fair Play
e é importante cortar o máximo de pontas soltas no plantel. Um novo empréstimo
só é opção se for o FC Porto. Nem o jogador quer ir para outro lugar emprestado
nem o clube está disposto a ter Oliver noutro clube sem sacar algum tipo de
rendimento ou emprestá-lo a um rival directo em Espanha (Sevilla e Villareal são
os interessados) não é opção para o clube. Oliver tem mercado – e muito especialmente
depois deste ano – e a sua recuperação para posterior venda é neste momento o
cenário mais provável. O Atlético guardaria uma opção de recompra sobre o
jogador no período de dois anos para onde quer que vá por um valor nunca
superior aos 20 milhões de euros. O médio tem mercado em toda a Europa mas as necessidades
de Simeone são prioridade. E aí entra o eventual duelo que pode ditar o seu
destino. Um FC Porto vs Borussia Dortmund.
Simeone quer Reus. Já tentou de tudo neste último defeso – o
jogador esteve mesmo a ponto de assinar mas as exigências do Dortmund
(pagamento a pronto da cláusula) impediram o negócio – e vai voltar à carga. O
jogador também está interessado em jogar em Espanha. Klopp já assumiu que vai
perder Reus – o último pilar da sua grande equipa com Gotze e Lewandowski no
ataque – mas em troca quer Oliver. É um admirador confesso do médio, acredita
que pode ser importante para impor ordem no meio-campo do Dortmund e sabe que
incluir o jogador pode baixar o preço a pagar por Reus. Por dez milhões de
euros teria um jogador de uma enorme projecção que taparia uma vaga na equipa e
ainda deixava dinheiro para reforçar outras áreas. O Atlético está disposto a
ir por esse caminho – o jogador não acha tanta piada – e a operação já teve luz
verde de Simeone mas o FC Porto voltou à carga explorando a grande debilidade
dos colchoneros este ano: o lateral esquerdo.
Depois da venda de Filipe Luis, jogador fundamental nos anos
anteriores, o Atlético foi ao mercado buscar Siqueira (num negócio mediado por
Mendes com Quique Pina) e conseguiu, por empréstimo, o argentino Ansaldi.
Simeone está insatisfeito com ambos. Ao primeiro considera pouco profissional e
aplicado e ao segundo, a situação de empréstimo, o elevado salário que recebe e
a falta de rendimento por contínuas lesões parecem descartar a sua contratação.
Tanto que é Jesus Gamez, lateral direito, quem tem ocupado a posição. Assinar
com um lateral é a prioridade máxima da equipa e o Atlético tem tentado
convencer Mendes a persuadir o Chelsea a emprestar de novo um
Filipe Luis que não tem tido minutos em Londres. Tudo depende desse negócio. Se
Mourinho se mantiver inflexível, o Atlético vai ter de ir ao mercado. E aí
aparece Alex Sandro. O lateral acaba contrato no próximo ano (como Danilo), tem
mercado e o rendimento desportivo, ainda que bom, tem baixado esta época em
relação à anterior. No Dragão a opinião geral – que partilho – é que é a melhor
altura para vender o brasileiro e se essa venda incluir Oliver no negócio (com
um empréstimo com opção de compra ou, cenário mais improvável, compra
definitiva imediata), todos saíam a ganhar. O jogador, claramente, prefere esta
segunda opção. Está com o seu “pai” futebolístico, perto de casa e num clube
que já conhece e que o valoriza.
Neste cenário o destino de Oliver está nas mãos de muita
gente. Uma equação complicada que envolve Jorge Mendes, José Mourinho, Jurgen
Klopp, Marco Reus e Alex Sandro. Um cenário assim é sempre imprevisível e tudo
pode suceder até Julho. O que é certo é que Simeone não quer Oliver, o jogador
prefere o FC Porto a qualquer outro cenário longe de Madrid e o clube tem feito
de tudo para garantir o seu concurso para o próximo ano. As cartas estão na
mesa mas o jogo ainda está longe de acabar.
5 comentários:
São muitos pressupostos e probabilidades cruzados para se poder ter uma noção exacta do que poderá acontecer. Todavia, centrando-me no que nos é mais próximo, não me importaria com a saída do Alex Sandro (a versão mais recente, não o jogador fulgurante dos tempos do Vítor Pereira), desde que incluísse o Óliver na equação. Seria até um negócio muito vantajoso, tendo em conta que temos substituto na forja para a posição de defesa esquerdo (José Ángel - que precisa de evoluir, naturalmente). No caso da mais do que provável saída do Danilo (tudo aponta nesse sentido), a situação já será mais preocupante: não me parece que o Ricardo possa assegurar com tranquilidade a sucessão, pelo que o Porto deverá ir ao mercado (tem-se falado em Mayke e Marcos Rocha). Acho é que o Porto não pode dormir na forma e deve preparar a constituição do plantel da próxima época com antecipação, à semelhança do que aconteceu este ano, se quiser ter uma equipa competitiva.
O porto ja fez investimentos fortes no passado e a maioria rendeu, este Oliver decerto que iria render, é um jogador fenomenal
O Atlético não quer antes um médio super intenso, que se farta de correr, como o Herrera? :)
Oblak de saída? Custa-me a crer. Seria bom conseguirmos um empréstimo do Oliver por mais dois anos.
Muito importante manter Óliver no plantel.
Enviar um comentário