quarta-feira, 15 de abril de 2015

Melhor que a melhor equipa do Mundo

Tenho inveja.
Tenho genuína inveja de quem hoje esteve no Dragão. Há noites que nunca se esquecem. Tive a sorte de viver muitas ao vivo. Hoje houve 50 mil afortunados que jamais se vão esquecer da noite em que o FC Porto foi - como contra o Dinamo de Kiev em 1987 - melhor que a melhor equipa do Mundo. Que jogadores que estavam lesionados até há dois dias correram como búfalos. Que egos imensos foram encolhidos para encaixar no coração da equipa. Em que ninguém poupou uma gota de oxigénio a pensar no amanhã. A noite em que o Dragão engoliu o Bayern como poucas vezes alguém sonhou ser capaz. A noite em que Julen Lopetegui mostrou a Pep Guardiola que com menos ovos podia fazer uma omelete melhor. A noite, enfim, em que se demonstrou porque é que o FC Porto é a melhor equipa da Europa fora dos grandes das grandes ligas. E que de vez em quando até a esses mostramos que não andamos nisto para fazer número.

A primeira parte foi uma das maiores delicias futebolísticas da última década.
A entrada da equipa resume-se numa palavra: Avassaladora.
Julen Lopetegui tinha a lição bem estudada. Pode entender pouco do que significa jogar na Madeira mas o Bayern conhecia-o á perfeição. Sabia o que era preciso fazer. Asfixiar o processo de posse de bola roubando todas as opções de passe aqueles que sabem jogar. A equipa marcou á zona todos aqueles jogadores em quem Guardiola confia - Alonso, Lahm, Thiago - e deixou aos centrais, aos desastrados centrais, a tarefa de criar jogo. Com isso ganhou a partida. Forçou erro atrás de erro. E, por uma vez, o FCP soube aproveitar o erro alheio com precisão de cirurgião. Jackson - esse imenso avançado que vai deixar muito mais saudades do que deixou Falcao e que não devia ser vendido por menos de 50 milhões de euros - esteve imenso. Para quem vinha de uma lesão muscular parecia um tigre, um mamute de outras eras. Correu, correu, defendeu como o primeiro gladiador, ajudou nas compensações e não deixou respirar Xabi Alonso. Nos instantes iniciais roubou a bola ao ex do Real Madrid e frente a Neuer driblou o guarda-redes caindo de imediato. Penalti claro.
Neuer devia ter visto o cartão vermelho. O árbitro espanhol Vellasco Carballo no entanto deve ter ficado a pensar que Jackson fizera falta sobre Alonso (se fosse ao contrário, eu teria pedido falta) e para não condicionar os 180 minutos de eliminatória que faltaram quis ser diplomático. Fez mal. O FC Porto foi prejudicado nesse momento chave e o Bayern salvou-se de um cataclismo. Quaresma, que tinha estado naquela eliminatória dolorosa com o Schalke 04 quando Neuer se fez famoso pela primeira vez, tinha contas a ajustar e não perdeu a oportunidade. Estes foram os melhores 45 minutos de Quaresma desde que deixou o Porto. A confiança de Lopetegui - esteve impecável o basco no alinhamento inicial - foi recompensada. O numero 7 fez tudo para merecer ser titular. Não havia réstia do "velho Quaresma". Havia malabarismos e classe, sim, mas também recuperações ao sprint, desarmes, ajudas a Danilo, linhas de passe oferecidas a Herrera e Oliver e uma constante pressão sobre Bernat (que devia ter sido expulso no inicio da segunda parte depois de mais um baile quaresmiano) e Dante. Graças a esse exercício "sachianno", chegou o segundo golo. Outra recuperação, outro vendaval de ataque e Quaresma, frente a Neuer, define com a classe dos génios. Não tinham passado dez minutos e o Dragão já se tinha levantado duas vezes para fazer tremer os cimentos da Terra.

Jackson e Neuer (foto: UEFA.com)
O FC Porto foi nesses primeiros vinte minutos a melhor equipa do Mundo.
Com bola fez maravilhas. A visão periférica de Brahimi e Oliver e o trabalho do colectivo manteve o Bayern atónito, como se tivesse subido ao ring e estivesse a ponto de cair por K.O. Na recuperação a equipa esteve tremenda. É provavelmente o maior mérito de Lopetegui a forma como a equipa ocupa os espaços para haver sempre alguém a recuperar a bola. Naturalmente houve a reacção do Bayern. Os alemães continuam a ser a melhor equipa do mundo e encontraram a bola quando o ataque, como era inevitável, baixou ligeiramente o pressing. Não há equipa que aguente noventa minutos o que o FCP fez em vinte. Nesses seguinte quinze minutos o Bayern teve mais a bola mas não o controlo. O FC Porto mantinha-os longe da sua área, recuperava bem a bola e sai-a a jogar. Alex Sandro teve o terceiro nos pés - Neuer evitou um golo olímpico - e Casemiro podia também ter marcado de cabeça depois de um centro de Quaresma num livre indirecto. O Bayern raramente criou perigo real mas conseguiu marcar numa jogada onde a defesa estava totalmente fora de sitio. Casemiro foi fechar um centro de Boateng mas não chegou a tempo. Sandro estava na direita, Danilo na esquerda e Maicon perdeu a marcação a Thiago que apareceu a desviar na pequena área. Era um golo evitável, o unico erro colectivo em toda a primeira parte. O nível Champions é assim. Não se podia dizer que era imerecido - a reacção do Bayern foi positiva - mas doeu tendo em conta o imenso esforço que a equipa estava a fazer para reduzir ao mínimo o erro. Com esse resultado chegou-se ao intervalo, uma sensação de superioridade emocional tremenda mas com esse golo fora a pesar na consciência.

E o que faz uma equipa depois de 45 minutos assim? Quando se chama FC Porto a resposta é fácil: faz-se melhor.
A segunda parte foi isso. Melhor, em todos os sentidos menos no marcador. Só entrou um (golaço de um Jackson divino) mas o Bayern foi engolido pelo jogo de posse do Porto. Se na primeira parte havia a estratégia de pressionar, morder e contragolpear, na segunda parte os Dragões quiseram e tiveram a bola. Pautaram o ritmo, levaram o esférico para longe da sua área (onde tinha rondado muito na primeira parte), criaram lance atrás de lance e esmagaram a resistência escassas que o Bayern parecia oferecer. Herrera e Jackson conectaram para o 3-1 e pouco antes, numa jogada "a la Brasil de 70", o esférico rodou entre o colombiano, Oliver, Brahimi e Quaresma para Herrera forçar Neuer á defesa da noite. Uma jogada perfeita que o Bayern jamais soube emular. O momento mais simbólico da noite deu-se precisamente quando um Guardiola claramente superado - Lopetegui é, a partir de hoje, um nome em qualquer lista de um grande europeu e que "cojones" teve o basco ao encarar de frente o Bayern e ganhar-lhe no seu próprio jogo - tirou a Gotze e colocou Rode. Queria não sofrer mais, não sofrer mais golos, não sofrer mais sem a bola e para isso abdicava de atacar. O todo poderoso Bayern do mágico e melhor treinador do Mundo Pep Guardiola rendia-se á evidência. O Porto era superior. E assim foi durante todo o jogo. Um jogo que podia não ter acabado nunca.

Quaresma (foto: UEFA.com)

Pouco me importa hoje do que vai passar na terça-feira que vem em Munique. Não estão Danilo e Alex Sandro (mas sim Marcano) sendo que Ricardo e Indi nas laterais são a única opção que sobra. O Bayern seguramente terá outro ritmo, outra pressão e tocará sofrer, sofrer muito. Mas ninguém no seu perfeito juízo podia pensar noutro cenário que não fosse esse. O Bayern continua a ser o Bayern, o Porto continua a ser o Porto. Em noites assim é extremamente importante por tudo em perspectiva. Sonhar sim, sempre, sempre, mas sem esquecer que tudo o que se consiga, tudo é bónus, resultado de um grande trabalho colectivo desenvolvido desde o Verão. Resultado de uma politica de jogo recuperada depois do desastre do último ano, do talento de muitos jogadores que chegaram agora ou se têm consolidado e que sabem que hoje são a conversa de ordem dos maiores clubes mundiais. Depois da noite de hoje todos saem reforçados. A SAD que apostou forte, o treinador que muitos - eu incluído - duvidavam estar á altura mas também os jovens jogadores que alguns grandes da Europa descartaram ou que outros não tiveram o engenho de pescar. Todos eles são o baluarte desta noite, desta mágica noite europeia á moda do Porto.
O FC Porto até pode ganhar a Liga dos Campeões. Também pode sair goleado do Allianz. Não me interessa nada. Hoje nada interessa. Em noites assim, com chuva ou céus iluminados pelas estrelas, não há outra coisa a fazer senão sentir um imenso orgulho em ser portista. Um imenso orgulho em ser da equipa que sabe ser melhor que as melhores equipas do mundo.

41 comentários:

Pedro Jesus disse...

Tirando o jogo com a Lazio em 2003 este deliciou me!!!

antonio oliveira disse...

Parabéns Porto, pela exibição e pelo resultado. Parabéns Reflexão Portista pelo texto.

Mefistófeles disse...

Belo texto, Miguel ! E não podia estar mais de acordo: hoje nada mais interessa senão gozar o momento e sentir um imenso orgulho.
E claro, dedicar um pequeno pensamento apenas aos que não vão conseguir dormir de raiva esta noite e adormecer com um sorriso nos lábios :-)
Viva o Porto !!!

Penta disse...


@ Miguel

excelente, Miguel.
eis um texto no qual me revejo do início ao fim.
é simplesmente brilhante.
e, sim!, sinto uma pontinha de inveja por não ter sido eu a escrevê-lo - e este é simplesmente o maior elogio que tenho para ti. quando "abres só livro" ao portismo que habita em ti e esqueces aquelas questiúnculas estéreis, ganhamos todos: tu, pela realização de um excelente texto, e nós, leitores, pelo desfrutar da sua leitura.

abr@ço
Miguel | Tomo III

José Correia disse...

M-E-M-O-R-Á-V-E-L

José Correia disse...

Independentemente do que acontecer daqui a 6 dias, no Allianz Arena, hoje escreveu-se uma das páginas mais gloriosas do FC PORTO europeu.
Que orgulho!

José Correia disse...

Danilo e Alex Sandro fizeram grandes exibições (vão fazer muita falta em Munique).

Casemiro é um jogador fundamental, pela intensidade (alta) e pela agressividade (no bom sentido) que coloca na disputa de cada bola.

Mas, Óliver, Quaresma e Jackson estiveram a um nível perto do estratosférico!

Miguel Lourenço Pereira disse...

É preciso aplaudir de pé a Julen Lopetegui.

Foi ele o artifice do que passou hoje.
Pelo que transmitiu com o onze (sem recuar, sem medos), pela pressão desde o primeiro segundo, pelo estudo perfeito dos defeitos do Bayern, pela capacidade de motivação constante durante o jogo (nunca o vi parado, calado, sempre em acção) e pela forma como ao intervalo empurrou a equipa para a frente para uma segunda parte ainda maior que a primeira.

Pode e terá muitos defeitos mas a noite de hoje confirma que a SAD não se enganou e Lopetegui foi um acerto!

rbn disse...

Só uma coisa me preocupa para 3ª feira é: quem vai jogar de lateral direito, porque Indi joga excelentemente bem na lateral esquerda na seleção holandesa. Contra o Basiléia no Dragão, o homem fez um jogão.

Olhando o plantel, Ricardo ainda está muito verdinho na marcação.
Deslocar Maicon para ali é muito arriscado, pois a dupla de zaga ficaria muito baixa com Reyes e Marcano, que ainda por cima raramente jogam juntos.
Herrera, Casemiro ou Ruben ali nem pensar...

Não sei como Lopetegui vai descalçar essa bota da lateral direita...

Quanto ao jogo, por razões profissionais e sem computador ou tablet, tive que ouvir aos bocadinhos pelo rádio do telemóvel quando tinha chance, e só quando cheguei a casa é que vi as imagens...

Vitória justa pela tremenda eficácia, e principalmente pelo "fragilizado" Bayern ter tido apenas 2 chances reais de golo em 93 minutos, uma de bola parada e a outra foi o golo meio fortuito de Thiago...

Todos estão de parabéns, mas Quaresma e Jackson estiveram impecáveis...

O problema agora é quem vai jogar de lateral direito na 3ª feira...neste momento, não consigo visualizar o quarteto defensivo...

Outra coisa que me chamou a atenção foi que em 1987, nos dois jogos com o Dínamo que na época era a melhor equipe da europa, pelo mesmo placar de 2 x 1, o Porto marcou em casa e em Kiev os dois golos muito cedo...como hoje...será um sinal?:-)

José Correia disse...

Hoje, saí do Estádio do Dragão quase sem voz.
À minha volta, vi a alegria na cara das pessoas.
Os motards a acelerarem as motas que estavam estacionadas junto às escadas.
Os carros a buzinarem.
Os cachecóis azuis-e-brancos.
E o sonho, o sonho nos olhos de todos...

Unknown disse...

Caro rbn.
Só se jogarmos com 3 centrais?
Mas por outro lado acho que o Ricardo conseguia superar qualquer dificuldade.

Unknown disse...

Se por um lado não pude ver a final de 87 |por ainda não ter nascido|, acho que esta exibição hoje foi quase uma réplica dessa memorável noite.

Agora é fazer desses alemães uns verdadeiros cachorros e comer a Allianz Arena toda por completo.

Avante FC Porto!!!!!

Luís Vieira disse...

Deixo a análise táctica para amanhã. Hoje é dia de celebrar a melhor noite europeia no Dragão desde a vitória sobre o Manchester em 2004 no caminho para a vitória na Champions. O ambiente no estádio foi indizível, a loucura estava ao rubro. Houve alturas em que o speaker foi completamente abafado. Um apoio ensurdecedor, extraordinário. Palavra apenas para 3 grandes dragões desta noite: Lopetegui, o estratega, Jackson, o lutador, e Quaresma, o mágico. Obrigado. E agora vou dormir descansado com a banda sonora deste jogo que não me sai da cabeça: la-la-la-ra-la-la pooorto allez, la-la-la-ra-la-la pooorto allez!!!

Miguel Teixeira disse...

Podemos almejar o caneco, e se isso acontecer de facto, vamos estar daqui a 30 anos a ver reportagens em que o Jackson, o Quaresma e outros que hoje foram GRANDES a referir a importância da palestra de Lopetegui ao intervalo. Ao fim de 45 minutos disse que era preciso uma palestra à moda de Artur Jorge em 87. Ora se não foi, foi parecido ou melhor porque o FC Porto da segunda parte conseguiu cuspir com labaredas de fogo intenso o caudal do Bayern da primeira parte e que já me obrigava a suster a respiração a cada passe dominador da 'Mannschaft de Munique'. Este Bayern é de outro planeta e vencer esta equipa foi um daqueles momentos que ficam para a história.

Grande Porto.

DJ Louro disse...

Menos sorte teve aquele defesa do Shakthar (1\8 avos final) que aos 10 minutos placou o avançado bávaro (com o GR na baliza) mas foi logo expulso...coincidências!
Na Alemanha vai ser dificílimo. Temos de marcar primeiro!
Esta noite foi inesquecível. Deixem-nos sonhar!

meirelesportuense disse...

Talvez seja mesmo adequado pensar que o Neuer e o Bayern beneficiaram de algum complexo arbitral...Eu próprio admiti que o árbitro iria marcar falta a Jackson. Depois, a sequência pôs a nu as incapacidades e os espartilhos, em termos de mentalidade, dos árbitros.
Mas foi uma noite excelente e a realidade a entrar por dentro do sonho...
E o Porto agora pode continuar a sonhar com a Champions.
Espero que Lopetegui encontre forma de substituir os laterais em Munique. Um seria coisa relativamente fácil, dois é mais complicado, mas não inexequível. Boa noite.

meirelesportuense disse...

Penso que com Indi na lateral esquerda e Reyes na direita, estará a solução.
Com três centrais Maicon, Marcano e Indi, mais um lateral de raiz o Porto estará em Munique perfeitamente capaz de ombrear com o Bayern pela eliminatória. Depois aquela linha média que já referi várias vezes.Casemiro, Rúben, Óliver e vá lá, Herrera. Mais à frente, Jackson e Quaresma.

miguel.ca disse...

Adoro esta capacidade inacreditável que está equipa tem para me surpreender. Sim, assumo o meu pessimismo relativamente a esta eliminatória e acho que até tive dificuldade em festejar os golos porque fiquei tão aturdido que cheguei a pensar que estava a sonhar e não queria acordar ninguém a meio da noite, mas.... não! Era mesmo verdade! O Porto estava a dar uma tareia monumental e a todos os níveis ao todo poderoso Bayern de Munique.
É espantoso verificar o que a motivação gerada por uma competição deste nível provoca nestes jogadores e por outro lado concluir que mais do que as arbitragens e os andores, o Porto pode eventualmente perder este campeonato devido a lapsos provocados por manifesta falta de motivação.
Foi uma noite de glória, uma exibição brilhante que nos enche o peito de orgulho e nos permite acreditar que de facto está equipa é capaz de fazer coisas fantásticas, desde que devidamente motivada, incluindo dar mais uma tareia aos nossos velhos amigos em pleno estádio da luz e num último esforço sacar-lhes o mais do que pré anunciado título 2014/2015.

José Correia disse...

"...mais do que as arbitragens e os andores..."

As arbitragens e os andores contribuíram, objectivamente, para que o SL Andor tenha 8 a 10 pontos a mais e o FC Porto 4 pontos a menos.

Isto é factual e, aconteça o que acontecer até ao final da época, não irei permitir que este FACTO seja branqueado e irei repeti-lo as vezes que forem necessárias.

Unknown disse...

O porto de ontem fez-me lembrar o grande porto europeu de Mourinho podemos não passar podemos até ser goleados na alemanha mas ninguem nos tira o mérito de com um orçamento francamente menor e sem tantos bons jogadores como o bayern termos conseguirmos ombrear e até "esmagar".

Quando pensava que o FCP já não me poderia surpreender eis que acontece isto.

Sempre tive, terei e continuarei a ter ORGULHO de ser adepto deste clube!

jnporto disse...

Bom Dia. Mais uma vez o Porto fez história com uma exibição memorável a um nível e patamar ao qual os seus concorrentes nacionais não conseguem chegar, embora façam passar a mensagem de serem até superiores, com a ajuda maciça dos inacreditavelmente vendidos da comunicação social portuguesa. Para o segundo round ainda mais difícil sem Danilo e Alex Sandro, Lopetegui encontrará soluções. Recordo-me de um menino [Reyes] que nos dará certamente grandes alegrias o que poderá acontecer já em Munique... E assim o Porto, do "velho" Pinto da Costa, que desde ontem para os seus detractores portistas e não só deverá ter rejuvenescido vinte anos, reinventou-se, provando à saciedade que as notícias sobre a sua morte eram manifestamente exageradas.Finalmente para os que passam a vida a falar de fruta e nos apoucam sistematicamente "pues que me la sigan chupando", como dizia o outro. Viva o Porto. Cumprimentos

Quid disse...

Nem oito.. nem oitenta. Que tal 69?! Eh pá, também não exageremos na dose. Nós portistas não somos assim. É preciso pôr gelo, arrefecer.

Por ex., na 1ª parte, a seguir ao 2-0 a equipa esteve mal. Herrera e Oliver não apareciam, escondiam-se. Quase que parecia estarmos a jogar 9 contra 14.
Depois sim, na 2ª parte sim, aí já jogamos como equipa, e destaco só que Bhraimi saiu muito cedo do jogo. Má opção de JL. Meter Ruben Neves num jogo destes também não. Foi como que convidar o Bayern a cair-nos em cima. E se eles fazem o 2-3, lá se ia a festa..

De resto sim, tudo bem, gozar o momento, festejar a grande vitória e não esquecer a arbitragem facciosa e tendenciosa a deixar, a permitir que os alemães fizessem o que queriam.. E, se aqui, em nossa casa foi assim, imaginem só como será no Arena da Bavária. Vai valer tudo, tudo.. com árbitros encomendados pela UEFA do Platini.

Não joga o Danilo e o Alex Sandro?! Jogarão o Indy e o Reyes. Um é da Selecção da Holanda e outro da Selecção do México. Para defender são bem melhores até (em teoria) que o Danilo e o Alex. É que em Munique importa primeiro é defender bem. E Reyes e Indy são defesas!!!
Ou seja, não será por aí que o gato virá às filhoses.

Importa sim, é jogar em equipa, como um todo, tal como vimos ontem na 2ª parte. Jogarmos unidos, solidários e com os dentes cerrados. E, sobretudo não mostrar medo, pois os alemães são homens como nós, não têm 3 pernas ou 2 cabeças. E aí, sim, mérito ao Quaresma pois jogou de igual para igual, olhos nos olhos e sem temer os nomes sonantes!!
Respeito sim, medo não!!!

Carrela disse...

Excelente texto!

UM ORGULHO SER PORTO!

Antonio disse...

comparar este jogo contra o D. Kiev de 87 sim, mas o jogo de Kiev, n=ao o das Antas em que a jogar contra 10, embora ganhando 2-1, levamos uma lição de bola do Belanov e C.a.
As equipas da ex-URSS eram frequentemente prejudicadas, como nos por ca.

Paulo Marques disse...

Não vi ninguém referir, mas acho que é importante realçar que ficou provado de que o melhor a fazer na Champions é jogar como sabemos. Não só pela entrada em jogo a jogar de igual para igual, mas também pela tentaiva (natural) dos jogadores de tentar defender o resultado. Não costumam jogar assim, e provavelmente também não o devem treinar, pelo que o regresso do que sabiam na segunda parte foi essencial para evitar um 2-3... A sorte dos primeiros golos não acontecia com um treinador que quisesse mostrar o autocarro à espera do contra-ataque.
Quanto ao Carballo, concordo com o artigo seguinte, que já me apareceu em RSS. Chegou ao ponto de a meio da segunda parte deixarmos de ter lançamentos no lado direito em decisões inacreditáveis.

Pueertô disse...

Obrigado!

Unknown disse...

na altura do sorteio escrevi aqui:
"não conheço as estatísticas mas acho que o Porto neste tipo de jogos se tem dado melhor a começar a eliminatória em casa.
no primeiro jogo as duas equipas entram em campo com alguma calma, expectantes porque ainda há muito tempo para jogar e... pimba, aproveitar para fazer 1-0, 2-1...
no segundo jogo, fora, tudo a defender o resultado da primeira mão e a espreitar uma abertazinha"
é mais ou menos isto :)

Luís Vieira disse...

Agora mais a frio e recuperado da afonia, depois de tanta gritaria, numa noite inesquecível, a análise ao jogo. Entrámos muito bem na partida. A capacidade de pressão em zonas adiantadas, num aparente bloco médio-baixo foi a pedra de toque dos primeiros 15 minutos. Muito bem o Jackson a roubar a bola ao Xabi Alonso e a ganhar o penálti para o 1º golo (frieza concretizadora do Quaresma, aqui, a enganar o Neuer) e muito bem o Quaresma a pressentir o erro do Dante (os 7-1 no Mundial não foram por acaso), partindo numa cavalgada fulminante para o 2º golo, a vingar, frente ao mesmo Neuer, o falhanço no prolongamento contra o Schalke, em 2008, que nos daria o apuramento para os quartos. Embalada por um público inebriado e inebriante, a equipa estava muito confiante e tremendamente eficaz. A partir daí, contudo, o controlo do jogo esmoreceu. O Bayern refez-se do embate e tomou as rédeas da posse de bola. O Porto continuava o seu trabalho de pressão, agora em zonas mais recuadas, obrigando a perdas de bola e passes disparatados pouco habituais na equipa alemã. O Bayern trocava a bola, dominava, mas sem conseguir criar real perigo, apenas frisson, exceptuando a cabeçada a rasar a barra do Lewandowski. No entanto, adivinhava-se que o Bayern conseguisse fazer estragos, atendendo ao domínio territorial e à incapacidade do Porto para se libertar da pressão. Assim foi, numa jogada em que a defesa do FCP estava toda descompensada, com Casemiro a fechar à esquerda e Alex Sandro no centro da área, perante um clínico Thiago Alcântara (que qualidade técnica) a fazer o 2-1. Até ao intervalo o cariz do jogo não mudou muito e muita gente pedia o descanso para refrescar ideias. Oportunidades só em bolas bombeadas (um remate do Jackson para o galinheiro, uma fífia do Neuer para a barra e uma cabeçada do Casemiro). O 2-1 ao intervalo afigurava-se justo, mas o perigo era real. A 2ª parte trouxe um grande Porto, um Porto europeu de grande qualidade. Entrámos com vontade de aumentar a vantagem, ao invés de preservá-la. E isto é dedo do treinador: um treinador ambicioso que quis, mais do que ganhar o jogo, ganhar a eliminatória. Libertámo-nos das amarras e dividimos verdadeiramente o jogo com o Bayern. Olhámo-lhes nos olhos e fizemos uma grande exibição, coroada com o 3º golo (e não fora o Neuer e uma fantástica defesa e podia ter havido mais um). Enfim, foi um regalo assistir a um Porto à Porto, com qualidade táctica e técnica e muito espírito, muita alma, muita abnegação (a prova disso é que os jogadores estavam extenuados no fim). O Dragão estava como já não o via há muito tempo e a cereja no topo do bolo foi o hino cantado a plenos pulmões no fim do jogo. Arrepiante. A equipa está toda de parabéns, sem excepção, e como já frisei, o mister merece o nosso aplauso e gratidão. 3ª-feira há mais. Vai ser um jogo de muito sofrimento, de esforço redobrado. Depois de ontem, acredito que sejamos capazes de regressar às meias da Champions!

Unknown disse...

Boa tarde Sr. Miguel Lourenço Pereira
Sobre o jogo vou falar pouco, apenas dizer que anida na segunda feira, neste mesmo blogue, disse que era melhor jogar com Evandro em vez de RQ, e assim ter mais bola. Ainda bem que não sou treinador do FCPORTO.
Vou exprimir aquilo que sinto. Não sinto orgulho por ontem ter ganho, o orgulho é sempre o mesmo, mesmo que tivese sido goleado, iria usar a camisola do FCPORTO no ginásio em Braga que frequento depois do trabalho. Iria usar tal o fiz nas derrotas contras as equipas lá de baixo. O orgulho é sempre o MESMO a cara é que pode mudar, as vezes trsite muitas vezes contente.
Durante o jogo de ontem fui realista, criança, realista e a aprtir dos 60 minutos criança. Sim, já vi o FCPORTO ganhar tudo, mas lembro-me dos anos até 2003. Tenho 31, não me lembro de Viena nem Tóquio. Durante esses anos, quando chegavama s eliminatórias era uma ansia muito grande, ano após ano sonhava em ver na final o FCPORTO. Vi as finais da Taça das Taças, a final da Taça UEFA ( ainda a duas mãos) e a final mais desejada a da Taça com as orelhas grandes.
Em 91 ( Bayern) em 94 ( Barcelona) , em 95 ( Sampdória) em 97 ( Manchester) em 2000 ( Bayern) em 2001 ( Liverpool), todos estes anos o sonho terminava, as vezes por erros de arbitragem, outras vezes más decisões táticas. Sonhei muito mas também julgo que todos, sofremos e de que maneira. Desilusões que deram uma alegria enorme em 2003. Sevilha ficará para sempre na minha memõria.
Ontem após o 3-1., só a aprtir daí ( sou um fraco portista, não acrdito na minha equipa), voltei a sonhar e estou a sonhar.
Não quero acordar, quero voltar a minha infância, voltar ao tempo em que a ansiadade tomava conta de mim quando vinham as eliminatórias decisivas. Não sei o desfecho desta, o meu péssimismo diz-me que nem 10 minutos aguentamos, que vamos levar 7-0. Que todo este sonho vai virar um enorme pesadelo. Não vou dizer táticas, não vou imaginar jogadas, vou sonhar todos estes dias , vou imaginar tocar o céu, dormir com um sorriso, acordar com um sorriso, contar os minutos todos até terça-feira. Disfrutar deste sentimento ( de criança que existe em cada um de nós) que estava perdido.
Agradeço ao cha cha cha, que tantas vezes já o insultei que já pedi para ir embora, estes momentos o ter feito regressar a minha infância que já a tinha esquecido.
Bruno Miguel Guedes - 28061

Unknown disse...

O prazer do jogo de Ontem já ninguém nos tira, e estamos em vantagem para a 2ªmao, e é isso que levamos para Munique, e temos de a defender com unhas e dentes...prevejo uma defesa a 3 do bayern...com os 2 laterais bem subidos..

Mário Faria disse...

É um orgulho ser do Porto, sempre. Tenho a tendência de vir a terreiro quando a coisa não corre bem, o treinador é um malandro e os jogadores não vestem a camisola. Vencemos e foi óptimo. Um privilégio estar no Dragão e participar, como ontem aconteceu. Não ouvi assobios. Estamos a melhorar. Houve bons momentos e outros nem tanto. No futebol como na vida é quase sempre assim. Acção e reacção. A equipa saiu cansada. Gerir esse cansaço é tarefa primeira para o que nos resta cumprir. Em termos financeiros estão cumpridos os objectivos. Falta o resto e não é coisa pouca. Faço votos que a rapaziada portista não esqueça os bons momentos quando a bola não entrar ou achar que a substituição do fulano ou do beltrano foi um erro e não ridicularize o que é normal em futebol. Passe a redundância a equipa precisa de nós e não nos dispensa nos maus momentos. Vamos a isso.

Unknown disse...

Compartilhei no meu FB pela qualidade do texto e para memória futura.

Vale sempre a pena ser portista e afrontar,
- A inveja dos medíocres,
- A maledicência dos impotentes,
- As calúnias dos incapazes.

Unknown disse...

Uma noite perfeita, que fizemos por merecer, sem dúvida.

Para Munique, Indi e Ricardo nas alas, quase de certeza. Mas com Danilo em risco para o jogo com o 5lb, caso veja amarelo frente à Académica, vamos ter Ricardo a fazer dois jogos em 3 dias (com o segundo presumivelmente de uma intensidade muito elevada) ou avança Danilo e corremos o risco? Apenas me sobra essa dúvida.

Mefistófeles disse...

Quaresma foi de facto gigantesco ! Ui, que unhas tão afiadas que tem este sapo para alguns o engolirem...lol. Definitivamente um jogador que será sempre recordado no Dragão como um dos nossos...ainda que não tenha "nascido" assim. Mas que é dragão de alma, ninguém duvide. Um exemplo. Embrulhem.

miguel.ca disse...

Concordo absolutamente contigo mas penso que mesmo assim estaríamos na frente se fossemos menos imaturos.

Unknown disse...

Mas o defesa direito que terá de jogar em Munique tem de jogar no mínimo 60min contra a Académica..

ALBINO disse...

Belo e sentido texto. Comungo-o a 100%. Parabéns.

José Rodrigues disse...

Sem dúvida, mas há outra vantagem pratica: os cartões (e suspensões para o segundo jogo). Jogando primeiro fora a probabilidade é maior de estar desfalcados na 2a mão.

Bem sei q ficámos sem Danilo e A Sandro na mesma, mas poderia ter sido ainda pior se fosse fora - e o handicap seria ainda mais pesado tendo q correr atrás do prejuízo na 2a mão.

Unknown disse...

Pois, não me parece que haja outra alternativa... A não ser que no sábado o Maicon descaísse para a direita e jogassem Reyes e Marcano no centro. Indi descansava para 3ª.

Unknown disse...

Um grande jogo! As bancadas um mar feliz, o 11 praticou um futebol pragmático- no fundo o que se pede em vários sectores da nossa sociedade (*)- a exponenciar as qualidades dos seus interevenientes mais talentosos, no fundo uma grande preparação feita pela equipa técnica. Todas as outras histórias e narrativas que enfeitaram a partida, são isso mesmo, enfeites. Há quem goste, há quem nem lhes preste atenção, seja azul ou vermelho ou até alemão é uma questão de adequação (que fique subentendido), uma questão de interesse. Não temos títulos esta época, temos de jogar jogo a jogo, ser humildes. Há resultados sonhados mas há também exibições de encher o olho, aliás, são vitórias que não escapam a reação dos dirigentes benfiquistas, sportinguistas, braguistas e por aí fora- quando o FCP apresenta este nível de competitividade todo o país se junta à dança do Dragão. Jogo a jogo, tamos juntos! (e que bom nos sentirmos uno com o resto da cidade!)


(*) como o Governo e as negociações com Frankfurt e a Europa (veja-se hoje!)

Unknown disse...

Por muito que faça sentido dar alguma rotatividade nessa posição penso que o Lopetegui já mostrou que a rotação é feita nos treinos e não nos jogos, veja-se a aposta no Jackson nesta partida. Ele previligia o modelo de jogo e a actuação do onze e os jogadores são adaptados à circunstância. Por outro lado se aposta de início na possível solução para 3ª feira e dá mau resultado, vai colocar pressão em toda a equipa de forma escusada. Penso que ele está mais interessado em manter os níveis de concentração, motivação e auto-confiança afinados do que perceber se tem um bom lateral direito à altura, que o tem, ou não tivesse o plantel sido construído à 8 meses. Para além do mais mantém o efeito surpresa para o Guardiola e os seus scouters. Eles não conhecem o nosso plantel é notórios, que continue assim ;)