Nota-se, principalmente nos nossos jogos caseiros, um agravar das dificuldades em tornear sistemas defensivos cada vez mais "cultos".
Ora, abordar tal questão debruçando-nos na maior ou menor qualidade do técnico/jogadores actuais é algo redutor e, portanto, apenas explicará parte deste problema muito mais abrangente. Até mesmo um Barcelona sente crescentes dificuldades em furar "autocarros" naqueles dias em que Messi se torna mais "terreno".
Ora aqui está: sem um Messi ou, na nossa escala, um Falcao, cada vez a "coisa" (ou seja, tornear defesas "inteligentes") está mais complexa.
No caso concreto do presente, o nosso jogo está de tal forma previsível que começa a ser cada vez mais fácil, para defesas com a tal "cultura", anularem-nos quase por completo.
Qual é a nossa jogada-tipo (aquela que acontece a uma cadência de uns míseros 5 minutos)?
É aquela em que o Hulk é lançado na direita.
3 em cada 4 vezes, a jogada não terá sequência e lá fica o homem a reclamar falta (metade das quais com razão). Quando, na tal quarta vez, consegue finalmente chegar à área, estão lá tantos adversários que raramente a bola chega aos pés de um dos nossos.
E esta nossa típica jogada é habitualmente intercalada por apenas mais duas:
- Aquela em que o James ou o Hulk vão pelo miolo (normalmente em diagonais) e são carregados à entrada da área, sem que do respectivo livre-directo algo resulte;
- E os esforços do A.Pereira pela esquerda que, invariavelmente, terminam num cruzamento para um corte fácil de um adversário;
Ora, num cenário destes, creio que um primeiro passo para alterar este estado (sonolento) das coisas seria aumentar o grau de imprevisibilidade dos nossos ataques.
Por outras palavras, fazer algo de que ninguém esteja à espera.
Mesmo não sendo de bom-tom e tendo até má-fama, um "chuveirinho" para a área adversária, se feito de quando em vez, creio que só poderá trazer vantagens, ainda para mais com um jogador como o Janko na área.
Não fazendo disto norma, como é lógico, também não se transforme em algo tabu no futebol moderno. Aliás, para os 2 ou 3 minutos finais de uma partida (quando em desvantagem) ainda estará para ser inventado algo melhor...
Contra o actual progresso das defesas, um certo "retrocesso" de parte ofensiva poderá ser parte da solução.
Com sorte, num ressalto, o adversário lá mete a mão à bola ou, aflito, tem uma falha que num ataque mais planeado dificilmente aconteceria de tão rotineiros que se tornaram.
Foi (apenas) assim que criámos algum perigo contra a Académica...
Trata-se apenas de uma ideia para resolver esta (nova) equação E o decisivo jogo contra o Nacional está mesmo aí (e, tal como em Barcelos, sem Hulk...).
Há quem opte (o Inter de Mourinho ou, mais recentemente, o scp contra o City, etc, etc) por entregar a bola ao adversário e esperar.
Todas as soluções são válidas num jogo de futebol.
Apenas que algumas fazem mais "confusão" que outras.