Após ter sido jornalista, Carlos Freitas tem feito carreira como director-desportivo em vários clubes: Sporting, Braga e agora no Panathinaikos.
Numa grande entrevista publicada ontem no Record, disse algumas coisas interessantes e outras que me parecem contraditórias. Destaco, por exemplo, as seguintes perguntas e parte das respostas:
[Record]: Hoje olha-se para trás e 15 milhões parece pouco dinheiro na venda de Cristiano Ronaldo ao Manchester United.
[Carlos Freitas]: Não concordo. Foi por muito dinheiro porque só tinha mais um ano de contrato. Foi o negócio possível
[Record]: Um clube como o Sporting precisa de vender, mas vender o Miguel Veloso por 7 milhões não é pouco?
[Carlos Freitas]: Foi, seguramente, a melhor oferta que o Sporting teve naquele momento. Os preços dos jogadores são ditados por aquilo que o mercado oferece por eles. Se o presidente do Sporting entendeu recusar propostas superiores por ele, é porque no momento tinha condições para o fazer. Se o momento em que aceitou os 7 milhões tinha necessidades financeiras, teve de aceitar essa proposta.
[Record]: O Carlos Freitas tinha aceitado vender o João Moutinho para um clube rival?
[Carlos Freitas]: Nunca o fiz em termos de carreira. Desde 99 que nunca tomei uma decisão desse tipo.
[Record]: Mas tomaria neste caso?
[Carlos Freitas]: Se até hoje não o fiz foi por alguma razão, portanto, não venderia o Moutinho a um clube rival.
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Ponto prévio: É sabido que o João Moutinho já tinha manifestado várias vezes vontade de sair do Sporting, inclusive publicamente.
Após o Sporting ter feito uma época muito fraca e não tendo o jogador sido convocado para o Mundial da África do Sul, a pergunta que poderia (deveria) ter sido feita era a seguinte: Qual era o valor de mercado do João Moutinho em Julho passado?
Por acaso, o Sporting tinha alguma proposta para transferir Moutinho melhor que a do FC Porto? Aliás, tinha alguma proposta para além da apresentada pelo FC Porto?
Qual era a alternativa a não ter vendido Moutinho?
Já agora, na Inglaterra, Alemanha ou Itália, por exemplo, não há transferências de jogadores entre clubes rivais?
Seria interessante perceber, porque razão um gestor de activos tem uma visão lúcida e apresenta explicações racionais para os negócios do Cristiano Ronaldo e do Miguel Veloso e, em contraponto, critica a venda do Moutinho.
Numa altura em que a dupla Bettencourt-Costinha é cada vez mais contestada dentro do universo sportinguista, cheira-me que o Carlos Freitas se está a posicionar para o day after.
1 comentário:
Talvez que o day after do sr. Carlos Freitas venha a ser mais político que desportivo, a avaliar pelo modo como se esquivou uma pergunta de resposta muito fácil de dar.
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