O Porto de Jesualdo: um artigo indefinido

"Os artigos definidos (o, a, os, as), de modo geral, indicam seres determinados, conhecidos da pessoa que fala ou escreve."

"(Nós) somos Porto."
Falta um artigo definido a esta frase. Os mais sarcásticos diriam mesmo tratar-se de uma cópia do hino dos UHF "Sou b...", também este um título em mau Português. Porém, na realidade, faltava mesmo algo a este "grito de revolta" do nosso plantel. Este tem sido um Porto muito pouco consistente. Ou seja, nunca foi, verdadeiramente, um artigo definido.

Alguns, ainda irão ao fundo do baú buscar desculpas: "Que falta fez Fernando!". Qual? O Fernando da mesmíssima (fraca) exibição da Luz? O Fernando do penalty, no último minuto, contra o Leiria?
O que faz realmente falta é termos um "trinco" por inteiro. Nos últimos largos anos, só temos tido direito a "meio-trinco". Ou seja, "trincos" que apenas fazem uma parte do seu labor; que apenas defendem, deixando-nos em permanente défice numérico no plano ofensivo.

Que nada. Perderíamos, igualmente, mesmo com Fernando em campo.
Os males de fundo são outros.
Teríamos, aliás, que mergulhar nas profundezas dos mistérios do cérebro humano para entendermos o que leva alguém a acreditar que jogadores como Mariano e Guarín poderiam alterar, o que quer que fosse, numa partida como aquela de Domingo à noite.

O que nos resta, então?
Bem, na Champions, quem viu a forma como, mesmo perdendo, um desfalcado Arsenal, dominou quase por completo a partida no Dragão, não pode acalentar muitas esperanças.
Quanto muito, com fortuna, chegaremos aos "quartos" e por lá ficaremos. Na Europa joga-se a uma intensidade e ritmos tais, que até um Braga parece ser, em contraste, um adversário dócil.

E como provam ser ilusórias estas goleadas caseiras a scp e bracarenses...
Bem espremidas, pouco reflectem do nosso valor. Foram duas goleadas tão inexplicáveis, como inexplicável foi a derrota por três em Alvalade.
FCP, Braga e scp têm, todos, debilidades tais que resultados estapafúrdios como estes tanto podem suceder a favor como contra.


A nossa única oportunidade de vingarmos qualquer coisa, até final desta temporada, será mesmo na final da Taça da Liga.
Sim, essa taça tão erradamente desprezada, até aqui. Quem, agora, tem coragem para falar em "não comparências" e de "jogarmos com os juniores"? Sim, foi uma competição feita para os clubes de Lisboa ganharem alguma coisa. Contudo, a melhor forma de a combater será sempre vencê-la. Não existe outra forma. Só assim lhes dói.

Quanto à Taça de Portugal, encontramo-nos numa posição "sui generis": somos de tal forma favoritos que temos tudo a perder e pouco a ganhar. Ou seja, se a vencermos ninguém nos creditará grande valor. Pelo contrário, se perdermos, será uma vergonha das antigas.

Nuno, desculpa a subtileza, mas nós "somos o Porto" com todas as letras. Ou, pelo menos, deveríamos sê-lo.