sexta-feira, 5 de março de 2010

O treino, as indisposições e a recuperação

O FCP empatou com o Leixões, jogou a meio da semana com o Arsenal e logo a seguir cumpriu o jogo da Liga com o SCB, tendo feito o melhor jogo da época, apesar de ter contado com apenas 3 dias para preparação do jogo.
O SCP depois de uma série miserável de resultados, apareceu em grande com o Everton e apesar das 72 horas que mediou o jogo com o FCP, cilindrou-nos e venceu por 3-0, quando o FCP parecia estar em vantagem, pois teve uma semana inteira para preparar cuidadosamente o jogo.
Ambos os treinadores se queixaram, aquando de desaires anteriores, da falta de tempo para preparar as equipas tacticamente, tal a sucessão de jogos. Diziam que apenas lhes ficava tempo para recuperar os jogadores.

Estes dois exemplos relevam um aspecto curioso: que afinal a táctica pode ser menos importante que o bom trabalho de recuperar os jogadores, que hoje se realiza com uma grande sofisticação de meios. Poder-se-ia até concluir – se quiséssemos ser irónicos – que as prelecções e os exercícios tácticos são enfadonhos e contra indicados, e mais vale jogar, jogar e jogar que depois o trabalho de recuperação faz o milagre e põe os homens a jogar com uma temível gana competitiva. Que o diga o SCP.

Di Maria antes do jogo com o Hertha de Berlim teve uma indisposição gástrica no aquecimento. Recolheu aos balneários antes dos colegas. Recuperou e jogou, e fez um jogo de encher o olho. Os olheiros comprovam-no. A recuperação demorou breves momentos, ao que consta. Aimar não jogou com o Leixões e regressou mais cedo a Lisboa, devido a uma indisposição gástrica. Deve ter sido mais grave, porque não foi possível debelar com os cuidados médicos a ministrar no local.

Izmailov passou a véspera do jogo com o FCP no hospital por causa de uma gastroenterite. Em 24 horas recuperou, fez um jogo em cheio e sempre em alto rimo.

As principais equipas do pelotão mundial, são acompanhadas de autênticos laboratórios móveis na recuperação dos ciclistas. A ciência anda ao ritmo da exigência da competição e um passo à frente dos vampiros das forças anti-dopagem.

No mundial, diferentes observadores puderam testemunhar o nível altamente sofisticado usado na recuperação dos jogadores. A FIFA já prometeu uma mais próxima supervisão desses meios, porque teme que a dopagem esteja lá ou ande muito próxima.

6 comentários:

Luís Carvalho disse...

Quando se abordam estes temas, existe, quanto a mim, um erro de base: as pessoas tendem a falar do cansaço apenas de um jogo para o outro.

Ora, jogadores profissionais, com a preparação física que actualmente existe, um pouco por todo o lado, não têm grande problema em realizar dois jogos quase seguidos.

O problema do cansaço, a existir, deve ser avaliado e estudado ao longo de meses e não dias ou semanas.
Isto é, ele normalmente só se torna real e visível após um certo número de meses, em atletas que passem por grandes cargas competitivas nesse mesmo período. Estágios e viagens incluídos, não apenas os jogos em si mesmos.

De um jogo para outro, mesmo num espaço curto de dias, o cansaço praticamente não se reflecte.

Anónimo disse...

A "recuperação" é o grande objectivo dos novos feiticeiros ao serviço (?) do desporto. Infelizmente o combate aos feiticeiros tem-se concentrado essencialmente no ciclismo, ficando os ciclistas com a má fama de serem os principais utilizadores das mezinhas dos feiticeiros. Aquando da famigerada "Operação Puerto" falou-se que entre os nomes de desportistas constantes dos ficheiros do Dr. Eufemiano Fuentes estariam os de futebolistas do Real Madrid e do Barcelona, mas um manto de silêncio caíu sobre o assunto. As autoridades espanholas, tanto desportivas como judiciais, têm tido um vergonhoso comportamento nesse caso, sendo o exemplo mais notório o encobrimento e descarada protecção do ciclista Alejandro Valverde, o qual, se não fora a tenacidade do Comité Olímpico Italiano, ainda a esta hora andaria por aí a rir-se - e mesmo assim ainda vamos ver o que sai do processo a decorrer no TAS.

É em Itália que os feiticeiros atingiram maior fama e maior sofisticação, e é por isso também que é no mesmo país que o combate aos feiticeiros e seus clientes tem sido mais implacável, sem olhar a nomes, como se viu nos casos do malogrado Marco Pantani e de Ivan Basso. Ora é em Itália, em certos centros de "treino" de certos famosos clubes, que alguns aprendizes de feiticeiro do nosso rectângulo estarão a inspirar-se, na busca do elixir da longa vida, já que a pedra filosofal dificilmente aí a encontrarão.

Mas deixo uma reflexão final: por que razão terá o AC Milan entrado em colapso desportivo nos últimos anos, sem que tenha havido quebra da qualidade do seu plantel?

eduardo disse...

Off-topic:

Lendo a imprensa desportiva e visitando com relativa frequência o Reflexão Portista comecei a pensar que o FC Porto era um clube pessimamente gerido. Não imaginam a minha surpresa quando hoje li que o FC Porto é o clube português mais rico, segundo um estudo da Deloitte que avalia a capacidade dos clubes de gerar receitas.

Prevejo que na blogosfera azul-e-branca surgirá uma discussão centrada em duas locuções prepositivas: "graças a" e "apesar de".

Para os interessados aqui está o endereço:
http://www.maisfutebol.iol.pt/superliga-geral/fc-porto-ricos-deloitte-maisfutebol/1144713-1676.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%253A+iol%252Fmaisfutebol+%2528maisfutebol%2529

Unknown disse...

Não será que o teste rápido à urina dá muitas indisposições?

eumargotdasilva disse...

Artigo muito oportuno, e de facto há algumas coisas que deveriam ser investigadas com mais afinco, a saber: esse milagre italiano dos jogadores mais velhos de repente ficarem mais energéticos; a questão que tem andado a ser levantada na net de 3 jogadores da águia terem sido desviados do xixi num jogo com o guimarães; e, também de um clube (o mais melhor bom) que não teve nenhum jogador na selecção...será que uma coisa está relacionada com a outra?
Quanto puramente à questão do cansaço, ele nunca é só físico, como é óbvio, e certas coisas desgastam mais do que andar a correr uma maratona cada mês...

FlashGordo disse...

O não saber perder tem limites...se em vez de andar a fazer conjecturas com "pseudo boatos" procurar perguntar "internamente" a verdadeira razão pelo qual o Varela esteve "lesionado".

Este facto foi-me comunicado por um grande amigo meu, portista ferrenho com um ódio pelo Benfica talvez superior ao seu. A diferença está em que a clubite não lhe deturpa a razão....