sábado, 13 de março de 2010

Uma renovação, sem revolução


A sequência de maus resultados, e, principalmente, o adeus prematuro na discussão de alguns títulos que o FC Porto estava em disputa, tem levantado uma natural onda de insatisfação junto dos simpatizantes azuis e brancos, que tendem sempre nestas situações exigir medidas de acção concretas e imediatas. No caso presente do nosso Clube, uma considerável franja de sócios pede a saída imediata de Jesualdo Ferreira, argumentando que está definitivamente quebrada a base de confiança entre equipa, administração, adeptos e treinador.

Partir para a dispensa imediata do Professor requer, a meu ver, a avaliação ponderada de alguns parâmetros antes de se tomar uma decisão definitiva tão drástica;

1) A saída no momento presente de Jesualdo Ferreira obrigaria quase de certeza a SAD a pagar uma indemnização avultada prevista no contrato (fala-se de 1 milhão de euros), quando daqui a 2 meses, quando a época terminar, a Direcção poderá negociar uma rescisão de forma pacífica e amigável, tendo provavelmente mais possibilidades de conseguir baixar significativamente a compensação a pagar ao treinador.

2) O despedimento imediato do treinador seria uma acusação pública de que o único e grande responsável pela má época da equipa é Jesualdo Ferreira. A meu ver, claramente, não é o único responsável. Aliás, não é sequer o maior responsável. Neste ponto a SAD merece a minha consideração ao não seguir o caminho populista do despedimento, que simultaneamente significaria um sacudir a água do capote.

3) Não estou certo que a saída imediata do treinador traria estabilidade à equipa. Penso até que nos poderia ser prejudicial. Sempre que há trocas de treinadores com as temporadas a decorrer, as equipas tendem em cair num caos táctico e organizacional, que nos poderia por em xeque os poucos objectivos que temos em disputa. Deixar a coisa rolar sem levantar grandes ondas, ainda poderá ser a solução menos má para tentar ganhar a Taça da Liga (onde disputamos uma final com favoritismo dividido) e a taça de Portugal (onde aqui o favoritismo pende claramente a nosso favor).

4) A entrada de um novo técnico ou a substituição interina, poderia levar a nova equipa técnica a tentar desresponsabilizar-se da eventual falha dos objectivos acima referidos, usando o subterfúgio habitual nestas situações de que estão atravessar o fatídico período de adaptação, que mais não passa de um prelúdio ao eventual insucesso obtido.


Dito isto, refira-se que considero o ciclo de Jesualdo Ferreira terminado no FC Porto. O desgaste é muito e a base de confiança do universo portista para com o treinador atingiu um ponto sem retorno. Porem, isso, por si só, não serve de motivação bastante para correr com o Professor pela porta pequena. Da minha parte, pelo menos, merece respeito. Alem do mais, a troca de um treinador é um dossier que deve ser trabalhado em consciência, longe das reacções quentes e emotivas dos adeptos. Da linha a traçar pela administração no pós-Jesualdo depende o futuro do FC Porto. E esse futuro apenas será risonho se esta decisão for tomada em tranquilidade e ponderação.

26 comentários:

Unknown disse...

Ora nem mais Nelson!

E agora deixemos de lamber as feridas e toca a apoiar a equipa, pois ainda temos 2 Taças para ganhar e uma aproximação aos 2 primeiros lugares para conseguir!

Força Porto... rumo ao Penta :)

fiona bacana disse...

De acordo, assino por baixo.

Um off-topic: preocupou-me ler hoje no Jogo que há pessoas da estrutura q defendem que Fucile chegou ao fim do seu ciclo no fcp. Esta gente tem mmo memória curta e quer mandar embora 1 jogador q é dos poucos estrangeiros que parece portista desde pequeno. Junto a isto a qualidade q tem (n sendo 1 fora de série, naturalmente). isto é revelador da mentalidade q está instalada.

Quanto a Farias? Nada que eu já não soubesse. Só os papalvos acham que 1 contusão demora mês e meio a recuperar.

cumps

José Rodrigues disse...

Eu concordo que uma troca de treinador a quente, agora, é desaconselhável. Só mesmo se o JF tivesse perdido toda a autoridade e respeito dos jogadores, algo que só os dirigente saberão (mas estou certo q não será o caso).

Ao mesmo tempo e como já disse, defendo que os dirigentes encetem já negociações com o próximo treinador e este deve começar a seguir cuidadosamente os jogadores do FCP de forma a q entre ao serviço imediatamente no fim da época e sem surpresas de parte a parte.

Mesmo antes de se concluir negócio o novo treinador, é preciso q haja um diálogo profundo entre ele e SAD: quais serão as linhas direcionais para a composição do plantel no defeso? Quantos/que jogadores poderão sair, e quais são inegociáveis? Até que ponto recuperar jogadores emprestados? Quanto dinheiro estará disponível para contratações? Qual será o processo exacto (papéis de SAD e treinador) nas decisões sobre dispensas e contratações?

Miguel Magalhães disse...

Na recente crise mundial, em todas as empresas que colapsaram, os responsáveis foram os Presidentes Executivos e os Administradores e foram esses que se demitiram ou foram demitidos. Em alguns casos, alguns directores de primeira ou segunda linha também foram demitidos.

Neste caso, felizmente, não estamos a falar de um colapso, mas porque é que no futebol a culpa é de um director, neste caso um treinador?

Ninguém pede responsabilidades à SAD?
- Não é a SAD que contrata os jogadores que não mostram garra?
- Não é a SAD que vende sempre os melhores?
- Não foi a SAD que se transformou num entreposto de jogadores com comissões pagas a empresas com nomes extraordinários sediadas em paraísos fiscais?
- Não é a SAD que tem gerido pessimamente a relação com os media?
- Não foi a SAD que se deixou "comer" na Liga?
- Não foi o presidente da SAD que transformou uma prostituta em primeira dama do Porto, levou-a a visitar o Papa, sentou-a nos camarotes de Sevilha e Gelsenkirchen ao lado das mulheres do Presidente da Republica e do Primeiro Ministro, e com isso deu-lhe a credibilidade necessária para o Apito Dourado?

Pois para mim, quem tem muito que explicar são os responsáveis da SAD e é esses que eu quero ouvir falar a justificarem tudo isto antes de pensar no que fazer com o treinador.

Mas, e quanto a este, alguém que ganhou 3 campeonatos nos últimos 3 anos, passou a equipa sempre da fase de Grupos da Champions, teve sempre um discurso e uma postura exemplares, aguentou as constantes mudanças no plantel e desenvolveu jogadores, merece todo o meu respeito e consideração.

Só pensar em o despedir a meio da época vai contra tudo isso e contra tudo o que eu defendo que o Porto deve ser.

O ciclo do Jesualdo até pode ter acabado (não estou certo disso) mas ele tem que sair pela Porta Grande, ou não fosse ele um dos treinadores com melhor palmarés da história do Porto.

PS - naturalmente que a gratidão para com o Presidente e alguns outros pelo que fizeram ao longo destes 30 anos é enorme e não estará nunca em causa. Mas isso não os torna isentos de ter que dar explicações como qualquer administrador de qualquer empresa

Luis disse...

concordo com o ricaforrica, ja esta ja passou nada a fazer. vamos em frent. sou portista a ganhar e ainda mais dragão a perder. vamos todos lutar e apoiar. vámos lá malta, peço aos bloguistas que usualmente escrevem, alexandre entre outros. vamos escrever um texto de apoio.

ainda temos 2 taças e pontos a conquistar, que bem me lembro o inter á duas semanas atras tava a 7 pontos do milan. ontem ficou a 1 :D
vamos embora força porto.
força sempre vamos malta

Paulo Marques disse...

Sempre que há trocas de treinadores com as temporadas a decorrer, as equipas tendem em cair num caos táctico e organizacional, que nos poderia por em xeque os poucos objectivos que temos em disputa. Deixar a coisa rolar sem levantar grandes ondas, ainda poderá ser a solução menos má para tentar ganhar a Taça da Liga (onde disputamos uma final com favoritismo dividido) e a taça de Portugal (onde aqui o favoritismo pende claramente a nosso favor).
E alguém ainda acha que o FCP como anda ainda pode ganhar alguma coisa? Que sequer acredita na hipótese? Eu não, pelo menos.

Nelson Carvalho disse...

«E alguém ainda acha que o FCP como anda ainda pode ganhar alguma coisa? Que sequer acredita na hipótese? Eu não, pelo menos.»

Caro Nigtwish,

É precisamente essa emotividade elevada ao expoente máximo, que devemos por de lado quando se trata de avaliar um assunto tão importante como é o despedimento de um treinador.

Pelas razões que enumerei no artigo, acho que despedir o Jesualdo imediatamente trás mais consequências do que vantagens. Sinceramente, não vejo sequer uma única vantagem.

É certo que a Taça da Liga será um trofeu dificil de conquistar, mas caramba, olhando friamente, achas que a conquista da Taça de Portugal é um título assim tão dificil de conseguir perante os adversários que se apresentam na competição?

É precisamente essa espiral depressionária que se deve controlar.

Nelson Carvalho disse...

José Rodrigues disse: «Ao mesmo tempo e como já disse, defendo que os dirigentes encetem já negociações com o próximo treinador e este deve começar a seguir cuidadosamente os jogadores do FCP de forma a q entre ao serviço imediatamente no fim da época e sem surpresas de parte a parte.

Subscrevo em absoluto. A boa preparação da proxima época passa não só por tentar minorar os estragos que vêem ocorrendo na presente época, bem como desenvolver um trabalho de preparação em antecipação, bem delineado para que a proxima temporada corra de feição.

miguel.ca disse...

Miguel Magalhães, assino por baixo do seu texto naquilo que se refere à SAD. Tem toda a razão. Se a onda é descobrir culpados pela época pobre que realizamos, penso que a SAD tem de vir em primeiro lugar. Pelas contratações que falharam, pela paupérrima politica de comunicação (ainda estou a pensar no Pedroto)e pelas mãos amarradas pelo apito do nosso Presidente.
Quanto ao Jesualdo, reitero o que sempre disse, que teve uma conjuntura muito positiva pela manifesta falta de concorrência interna que lhe permitiu conquistar títulos com naturalidade e preparar a equipa para a champs com toda a tranquilidade.
No primeiro ano que Jesualdo teve de ser melhor que o Benfica, espalhou-se ao comprido a toda a linha, não tendo "cabedal" nem sequer para perseguir o Braga, e o Porto, apesar de tudo, tem melhor plantel que o Braga!

Anónimo disse...

Despedir o treinador nesta altura significaria erigi-lo no único culpado de tudo o que se tem passado. Isto para além do facto de que pouco ou nada isso adiantaria. Sem esquecer, claro, que se trata de um treinador que venceu os três anteriores campeonatos, independentemente da força ou da fraqueza da concorrência.

Anónimo disse...

Luís,

O apoio dos adeptos manifesta-se nos estádios durante os jogos. Os blogues não devem funcionar, a meu ver (pelo menos este não) como uma espécie de claque. Como portistas é evidente que queremos sempre que o Porto ganhe.

Obrigado pela sua participação.

Zefansa disse...

José Rodrigues disse

Só para ilustrar: se eventualmente não comprássemos ninguém nem vendêssemos ninguém esta época (de 1 de Julho a 30 de Junho), iríamos fazer para aí uns 25 a 30 milhões de prejuízo. Sendo assim a maior parte da receita das grandes vendas vai para "tapar o buraco", e o resto vai em novas contratações.

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José vai lá ao relatório semestral e vê o dinheiro gasto em compras e vendas... mas com olhos de ver e depois vem cá rever esses 25M a 30M que falas...

cump


deixo neste post o comentario que coloquei no anterior, para o José rodrigues esclarecer(se assim entender claro)

Mário Faria disse...

Não se pode “despedir” a SAD porque são (duplamente) eleitos : pelos sócios (indirectamente) e pelos accionistas (directamente).

E se não há alternativas, a culpa não pode ser exclusivamente dirigida a quem se sujeita ao escrutínio, oferece um modelo presidencial e uma estratégia desportiva avalizada pelo sucesso e pelos cúmplices institucionais, apesar dos riscos.

Temos que nos sujeitar ao que temos e dividir culpas. Quanto mais não seja por inércia ou falta de coragem. Somos muito passivos e no FCP os sócios estão pouco habituados à diferença de opinião e gostam de acreditar nos homens providenciais, desejando que se eternizem nem que seja por representação.

Obviamente, que também considero que a SAD é a principal responsável pelo que se passa : se não fora como explicar os prémios exorbitantes que são acrescidos aos salários quando o FCP ganha o campeonato. E quando perde ? A remuneração baixa, mas o lugar, esse, continua seguro. Há os treinadores e os jogadores para pagar a factura.

Dito isto, não creio que JF e os jogadores possam ser reduzidos a vítimas pelo insucesso da época em curso. JF, não sendo um treinador muito estimulante, é um profissional competente e que ganhou um espaço que deveria ter usado melhor. Primeiro aceitou ser uma segunda escolha e só renovou porque JJ preferiu o SLB, segundo porque terá aceitado continuar, possivelmente, olhando mais para a folha salarial que para as responsabilidades acrescidas . JF firmou um crédito e ganhou um respeito que lhe permitiriam fazer exigências, em defesa do seu passado recente e do grupo que iria trabalhar. Não entendo que um treinador com o seu prestígio tenha de se submeter aos dictates de qualquer direcção ou presidente.

Aos jogadores é quase sempre imputado o motivo do sucesso : vestem a camisola, dão o litro, marcam os golos, fecham os espaços entre linhas, são estrelas e a representação no campo do nosso orgulho. Quando perdem, como têm perdido, não podem ser desresponsabilizados como se fossem uns coitadinhos, vítimas de um treinador pouco sagaz e de uma direcção pouco assertiva.

Pensando com alguma frieza e crueldade, não sei se para o FCP é melhor ou não a continuidade de JF até ao fim da época. Não sei o que se passa naquele balneário, mas não descarto a hipótese de JF ser o principal problema. Todos repetem que o ciclo se fechou. Em ciclos fechados pouco se renova e as motivações estão pelas horas da morte.

Com tantas guias de marcha passadas o que poderemos esperar desta época. Porque não acabar a presente época e preparar a próxima com o FCP já liberto de um treinador que não vai continuar. A não ser que não tenha sido possível um acordo que honrasse ambas as partes. O que é uma penas, a meu ver.

ben-u-ron79 disse...

Meus caros..já pensaram que se calhar o novo treinador já foi escolhido em 2006? e que apesar de ter que ser o nosso treinador com um ano de antecedencia ele conhece como ninguem toda a estrutura do FCP? refiro-me com isto ao nosso "laboratorio" da constituiçao. ele melhor que ninguem conheçe o potencial de rui pedro, ukra , castro, bura, andre pinto, sergio oliveira entre outros...Sim estou a falar de Luis Castro.
O homem tem postura e sobretudo e mesmo muito bom tacticamente.
O projecto 611 foi um fracasso? falem com os comicionistas...

Penta disse...

estou de acordo com a análise feita pelo Nelson Carvalho.
aliás, a História recente do FC Porto demonstra que é impensável uma substituição a meio da época - no caso da presente, no seu último terço. é que a última vez que tal aconteceu, não produziu quaisquer resultados e as consequências foram péssimas...
e, como bem salienta o artigo de opinião, ainda há a disputa de dois troféus e a tentativa de chegar ao segundo lugar - para além do Essencial: a representação do prestígio e do bom-nome do clube nos jogos que faltam.
saudações PENTACMAPEÃS

Miguel Magalhães disse...

Mário Faria disse: "Não se pode “despedir” a SAD porque são (duplamente) eleitos : pelos sócios (indirectamente) e pelos accionistas (directamente)."

É uma verdade irrefutável mas isso não quer dizer que:
1. não tenham que dar explicações aos sócios e aos accionistas. E não dão.
2. não se possam demitir. E não demitem

E há uma preocupante ausência de alternativas. Este sistema presidencialista e seguidista suportado nos fantásticos resultados das últimas décadas faz com que não se vislumbrem alternativas. E, apesar da idade já avançada e do dano causado ao clube pela escritora Carolina, o nosso presidente continua, qual eucalipto, a secar todas as árvores que surgem à volta.

Há duas coisas (esta é uma teoria discutível mas é a de muita gente) que caracterizam um grande líder:
1. a capacidade de ganhar, de agregar vontades, de fazer emergir o melhor das suas equipas de forma a ultrapassarem objectivos de forma consistente
2. a capacidade de se tornarem dispensáveis, de fazerem a máquina funcionar sem estar dependente deles e de prepararem dois ou três possíveis sucessores que assegurem a transição de poder sem qualquer impacto na organização em termos de resultados.

Pinto da Costa indiscutivelmente é 1. mas não me parece que seja 2. ;
e isso vai ser muito mau a curto prazo.

Para terminar,
- o treinador não está isento de culpas mas não deve sair pela porta pequena
- os jogadores têm muita culpa pois podem não ser grandes estrelas mas não comem a relva

Daniel disse...

Ana, os Portistas são gratos ao Fucile por tudo que ele deu ao Clube. Mas a sua mudança de atitude é lamentável, e a mesma já se nota desde que o Bosingwa deixou o clube. A partir desse momento ele encara os jogos com baixíssimos níveis de concentração e himildade. Julga-se melhor do que realmente é. E este ano há 3 jogos decisivos em que Fucile é nitidamente humilhado: na Luz, em Alvalade e agora em Londres. É claramente o "menino bonito" do Jesualdo que só agora deu conta do enorme buraco que tem sido aquele lado direito.

Unknown disse...

E, de repente, deixou de se falar no túnel da Luz. Confesso que estou preocupado. Talvez valesse a pena as autoridades competentes lançarem o alerta do costume: «Desapareceu das colunas de opinião o túnel da Luz. Da última vez que foi visto usava uma estrutura de metal coberta por uma lona branca com a marca dos pitons do Fernando. Se alguém possuir informações que nos possam levar ao seu paradeiro, por favor contacte a Polícia de Segurança Pública.» O mais chocante neste desaparecimento é o facto de serem precisamente as mesmas pessoas que mais lembraram o túnel da Luz aquelas que agora o esquecem. Foram meses de análises, lamentos, acusações, queixinhas, vigílias, comunicados — tudo em nome do túnel. Subitamente, depois de duas goleadas e um empate em casa com o 13º classificado, o túnel desapareceu. De repente, as opções do professor Jesualdo são duvidosas, o plantel é pobre, os reforços são fracos, a estratégia falhou e o modelo de gestão morreu. E o túnel? Com que desumanidade se descarta assim uma infraestrutura que, ao longo de tantas semanas, cumpriu com brilhantismo o seu papel de bode expiatório de todos os fracassos? Houve vigílias contra o modelo de gestão? Não. O plantel uniu-se para emitir um comunicado a condenar a sua própria falta de qualidade? Claro que não. Foi tudo feito sempre a pensar túnel, no mesmo túnel que é agora injustamente esquecido. A ingratidão é muito feia.

Mesmo tendo feito uma época menos boa, o clube da estrutura — ah, a estrutura! — continua a dar lições. No Benfica, onde a organização é fraca e a estrutura inexistente, dirigentes e adeptos têm celebrado o bom futebol, as goleadas e a liderança do campeonato. Um erro, evidentemente. São entusiasmos que não se admitem numa gestão altamente profissionalizada. No Porto, a estrutura — ah, a estrutura! — é sólida e não embarca em euforias. O presidente olhou para a tabela, verificou que se encontrava num prometedor terceiro lugar e, com toda a sensatez e realismo, prometeu o título de campeão a vivos e a defuntos. É assim que se gere um clube. Temos muito a aprender.

À chegada de Londres, Pinto da Costa não aproveitou a presença das câmaras e dos microfones para fazer uma das suas habituais e divertidas ironias, ou para atacar o centralismo, ou para declamar José Régio. Na verdade, Pinto da Costa nem sequer apareceu. O gesto, como sempre, foi mal interpretado. Não há, na atitude de Pinto da Costa, a mais pequena falta de solidariedade nem de coragem. Na verdade, foi um gesto de verdadeiro portista: a equipa tinha acabado de fazer história na Europa, e Pinto da Costa não quis roubar o protagonismo aos jogadores e treinador. Quando os jogadores são contratados, é ele que os descobre, que os negoceia, que tem a argúcia de os roubar ao Benfica. Quando levam cinco de um Arsenal desfalcado de Fabregas, Van Persie, Gallas, Djourou, Ramsey e Gibbs, é altura de se reconhecer o mérito ao professor Jesualdo. Há um tempo para tudo.

André disse...

a história do porto mostra que é adversa a mudanças a meio da época?

mas esqueceram-se todos do Mourinho? teve meia época sem pressão para preparar a equipa, ver as falhas desta e como a corrigir, organizar a pré época, modelo de jogo. etc...

quando a mudança é feita com o final da época mais a seguinte, numa linha de continuidade - não como o sporting está a fazer com o carvalhal ou como fizemos com o couceiro (não que o quisesse a treinar o porto, mas treinadores a prazo não) isso sim não funciona, agora se coisa que a história nos mostrou é só temos a ganhar caso a aposta no novo treinador seja a certa em despacharmos o jesualdo com uns bons meses de atraso- e a acontecer já que o "professor" não tem nível para sair pelo seu pé, depois da taça da liga.

Bernini disse...

Daniel, e a essas fraquissimas exibições do Fucile podes acrescentar aquela brincadeira dentro da área no Nacional que só não resultou em penalti porque foi salvo pelo árbitro... É verdade que nalguns momentos mostrou ser um jogador disponível e com vontade, mas é um jogador displicente, comete muitos erros, cruza mal, inventa muito, atitudes que não são próprias de um jogador com a sua experiencia. A sua melhor época no Porto foi em 2007/08 que curiosamente até a fez como defesa esquerdo. Aí ele mostrou ser mais inteligente, jogava pela certa e não cometia os mesmos erros. Não é por acaso que posteriormente o Porto contratou o Sapunaru, porque já havia a noção que nesse sector não estavamos bem servidos...
De resto quero aqui sublinhar a análise do Miguel Magalhães que me parece objectiva e precisa!
Cumprimentos.

Daniel disse...

Bernini fizeste uma caracterização perfeita daquilo que tem sido o Fucile. Mas há também um jogador que tem passado despercebido pela crítica e que também está a fazer uma época miserável: Rolando. Rolando nunca me convenceu muito: na época passada conseguiu fazer uma temporada sem muitos erros auxiliando bem a grande época que fez o Bruno Alves. Este ano tem-se visto um jogador que claramente não tem qualidade para ser titular no Porto, quanto mais para ser chamado à selecção - macio, muito pouco flexível, lento a atacar a bola, desconcentrado e com incríveis dificuldades de coordenação.

Azulantas disse...

Há responsabilidades a distribuir por todos, desde os adeptos aos directores desde os jogadores aos técnicos. Estamos todos juntos nisto.

Mas agora não é altura para mudar. JF e JG têm que levar o barco até ao fim da época e sair com a sua dignidade.

Obviamente que a preparação da próxima época já está em curso e provavelmente o treinador já estará escolhido.

No entanto só em Maio, após Final da Taça de Portugal (se lá chegarmos, como penso que chegaremos) se deve desfazer o Tabu da equipa técnica para 2010-11.

Pessoalmente gostava que escolhessem um treinador que soubesse por a equipa a jogar futebol de ataque apoiado, pressionando o adversário logo à saída da sua área, em vez das gastas "transições rápidas" vulgo "contra-ataque", que resultam em grandes dores de cabeça quando jogamos contra equipas fechadas que também exploram as "transições rápidas", o que acontece em 75% ou mais dos jogos que jogamos.

José Correia disse...

Na minha opinião, não faz qualquer sentido despedir o treinador a dois meses do final da época e a uma semana da final da Taça da Liga. E muito menos um treinador que é Tri-campeão e que foi a única voz que defendeu a equipa perante os estilhaços do Apito Dourado.

Bernini disse...

Daniel, sobre o Rolando já me fartei de bater no ceguinho... Àquele homem só lhe falta um cadeirinha para se sentar lá na grande área. É a molenguice feita pessoa! Nada a ver com o grande espirito empreendedor que caracterizou os nossos grandes centrais do passado... Mas o problema está na alternativa, o Maicon prometia mas nas poucas oportunidades de que dispõe comete erros inacreditáveis. Só nos resta ver o NAC, que já merece a oportunidade, ainda por cima depois da maldade de que foi alvo em Londres...

Paulo Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Marques disse...

Despedir o treinador nesta altura significaria erigi-lo no único culpado de tudo o que se tem passado. (e outros)
Nessa perspectiva, tenho que me retrair e dizer que têm razão...
Fucile
Pareceu-me que ele esteve claramente desapoiado nesses jogos. Alguém que me desminta...
o túnel
Estrategicamente adiado para dia 24.
Não há, na atitude de Pinto da Costa, a mais pequena falta de solidariedade nem de coragem. Na verdade, foi um gesto de verdadeiro portista: a equipa tinha acabado de fazer história na Europa, e Pinto da Costa não quis roubar o protagonismo aos jogadores e treinador.
Anda a passear a namorada, dá trabalho...
Rolando...
Pois...