quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Parabéns amargos

O FC Porto está hoje de parabéns. A instituição. Os adeptos. E mais ninguém.
Em Leicester, contra uma equipa que viveu um sonho mas que não é nem será nunca um top10 do futebol inglês, manteve-se a maldição em ilhas britânicas. O FC Porto nunca ganhou na Velha Albion e se muitas vezes teve a desculpa, lógica, de enfrentar-se a grandes equipas, ontem não foi o caso. O Leicester não é uma grande equipa. Mas é uma equipa com um bom treinador, finalmente reconhecido. É uma equipa que se move pouco, mas bem, no mercado de transferências (com o plus de que, qualquer clube inglês da 2º Divisão gasta mais do que um clube português) e é uma equipa que tem um plano. O objectivo do Leicester não é atacar o título nem sequer o top4. É ganhar a Champions. Ou pelo menos tentar. Viu-se isso claramente no jogo contra o Manchester United de Mourinho, com um resultado muito enganador. Nuno viu esse jogo? Pelo visto no King Power Stadium, há que ter dúvidas.

Mourinho foi muito claro na sua análise ao Leicester. É uma equipa extremamente previsível, tanto nos processos defensivos como nos ofensivos mas é difícil de bater na sua previsibilidade. O FC Porto também tem sido uma equipa previsível neste mandato de NES - que vai com um 50% de maus resultados entre derrotas e empates em jogos oficiais - mas previsível pela sua falta absoluta de ideias e princípios. O FCP defende mal. O FCP ataca mal. O meio campo do FC Porto não cria. O meio campo do FCP não destrói. É confrangedor ver como Danilo nunca corrige os centrais. É confrangedor ver como os centrais não sabem sair a jogar e ora optam pelo passe lateral - que asfixia imediatamente a equipa - ou o lançamento em largo, que entrega o ouro ao bandido especialmente se esse bandido é inglês. Felipe tem o sindrome Maicon do passe largo, passe lateral. Marcano é, Marcano, um jogador mediano mas que nunca será a solução. Entre ambos o FC Porto não tem um bom central, quanto muito uma dupla. E esqueçam a opção Boly. Tempo ao tempo. No lance do golo, tão fácil de antecipar de Slimani, os erros defensivos são evidentes, desde a forma como Marhez - o melhor jogador do Leicester e que devia estar vigiado pelo interior esquerdo mas se encontrou só frente a um Telles que é um dos maiores enigmas do mercado de transferências - rompe sem problemas e encontra tempo e espaço para centrar até ao momento em que Slimani parece superar a defesa como se estivesse a jogar contra iniciados. Um golo que o FCP sofreu tantas vezes de Slimani nos últimos dois anos mas que teima em continuar a sofrer. Se isso não é falta de preparação é, seguramente, falta de qualidade. Nada de bom, portanto. Já agora, Marhez e Slimani tinham sido jogadores perfeitos para contratar, há cinco anos atrás, se o scouting do FC Porto - tão bom, tão elogiado - tivesse primazia sobre a direcção desportiva do FC Porto - tão má, tão interessada.



O Porto podia ter tido um melhor resultado na segunda parte. Podia. Mas quando os projectos desportivos não funcionam ás vezes a própria sorte decide assobiar para o lado. O que não teve, nem nos primeiros nem nos segundos quarenta e cinco minutos, foi futebol. A dificuldade de jogar entre linhas é pasmosa. Raramente os sectores conectam uma jogada pelo corredor central. Não há triangulações, não há passes que encadenem jogadores e permitam á equipa subir em bloco. Como num exercício de treinos, cada linha vai até a um ponto limite entregar a bola e de aí não passa. Raramente o FCP consegue empurrar os seus rivais como um grupo unido e raramente André Silva tem companhia. E se á esquerda ou á direita se continua a insistir em usar Adrian Lopez - e nenhum extremo porque nem Oliver nem Otávio o são - então os problemas aumentam exponencialmente. A profundidade que deviam dar os laterais é inócua e fica-se pelo apoio no último terço. Danilo não varre. André André não distribui e entre Oliver e Otávio há futebol e boas ideias, mas que podem fazer dois jogadores asfixiados entre seis contrários se ninguém se oferece, ninguém verticaliza o jogo? Herrera, o mal amado, tentou oferecer algo mais mas foi remar contra a maré. Esse era já um Porto sem ideias, a valer-se do individual e descurando, ainda mais, o colectivo. Podia ter provocado um golo, mas nunca gerado futebol.

No final de contas estamos ás portas de Outubro num ano com pré-época que começou em Abril. Supõe-se que este projecto leva já, na prática, meio ano. Que o treinador leva ao comando quatro meses. E no entanto, o futebol continua a não aparecer. Salvo lances de bola parada - uma das habituais armas do Nuno treinador - há pouco para oferecer em esquemas colectivos de jogo. NES pode não ter responsabilidades no desastroso mercado, afinal o FC Porto sempre foi um clube onde o treinador tem pouco que dizer nesses assuntos quando há interesses superiores. Mas o que NES tem, como responsabilidade, é procurar fazer com o que tem uma equipa de futebol. Mais de 100 dias depois está por se ver se é capaz mas o atraso com os competidores domésticos é evidente - o FCP não tem só pior plantel mas tem muito pior treinador, onze e estilo de jogo que Benfica e Sporting, não se tendo melhorado absolutamente nada do que já existia há um ano atrás - e corre o risco de cair na Champions League com o grupo mais fácil de que há memória na história do clube. Seis pontos contra os debeis belgas do Brugge são obrigatórios mas, ainda assim, é preciso ir a Copenhague pontuar e esperar que o Leicester faça 6 de 6 antes do jogo final no Dragão contra os ingleses. São muitos "ses" para duas jornadas disputadas. Sinal, mais do que evidente, de que muitas coisas estão longe de correr bem.

O FC Porto faz hoje anos. Os adeptos estão de parabéns. O clube está de parabéns. Quem permitiu que o clube esteja nesta situação e que vive em silêncio cúmplice não. Quem é assalariado do clube e é incapaz de demonstrar estar á sua altura em princípios básicos de jogo, também não. Infelizmente os primeiros terão de cantar os parabéns com uma lágrima de tristeza nos próximos tempos se os segundos continuarem a somar anos ao curriculo histórico do clube em vez de títulos e ambição.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Trocar o sofá por uma cadeira de sonho

«Na terça-feira, há outro encontro europeu muito importante para o FC Porto. Trata-se da primeira mão da eliminatória de acesso à nova Liga dos Campeões da FIBA, entre os Dragões e os lituanos da Juventus Utena (terça-feira, 21h30, no Dragão Caixa, com transmissão em direto no Porto Canal).»
in ‘Dragões Diário’, 26-09-2016


Amanhã, a partir das 21h30, os atuais campeões nacionais de basquetebol vão receber a equipa lituana da Juventus Utena, para a primeira mão da eliminatória de qualificação da nova Basketball Champions League.

Para além da pouca sorte que o FC Porto teve no sorteio (o nível do basquetebol lituano é conhecido), Moncho López não pode contar com o principal reforço da equipa para esta época (Jeff Xavier estará ausente por lesão). E, previsivelmente, também não deverá contar com o apoio de um Dragão Caixa cheio.

A razão é simples: à hora a que se vai iniciar o FC Porto x Juventus Utena, ainda a equipa de Futebol estará a jogar em Leicester para a UEFA Champions League.
E, embora os três grandes clubes portugueses sejam, historicamente, clubes ecléticos, os respetivos adeptos são, cada vez mais, adeptos do Futebol.

Como, ainda por cima, os dois jogos vão dar na televisão (ambos em canal aberto), a tentação de escolher o sofá para “telever” o Leicester x FC Porto (na RTP), logo seguido do FC Porto x Juventus Utena (no Porto Canal) será, para muitos, quase irresistível.

Caros Portistas, resistam ao sofá!
Quem morar no Grande Porto e puder, dê um salto ao Dragão Caixa (nem que cheguem um pouco atrasados).
Superar a equipa lituana neste jogo será muito difícil e no conjunto da eliminatória ainda mais, mas este treinador, estes jogadores, esta EQUIPA, já demonstraram que não há impossíveis e merecem todo o nosso apoio.

Amanhã, a partir das 21h30, a minha cadeira de sonho é no Dragão Caixa!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Um FCP melhor que precisa de crescer





Entrámos a perder, mas reagimos bem. Tivemos bola, circulação bem ritmada, intensidade e boa reacção a perda de bola. Até ao primeiro golo, reproduzimos um futebol que contagiou os sócios. Do melhor que vi deste FCP. Com um 4x4x2 versátil, mexemo-nos bem e depressa. Abrandámos um pouco no fechar do primeiro tempo, mas Octávio cavou bem a grande penalidade e chegamos à vantagem de um golo, que pecou por diferença.

 Na segunda parte o FCP esteve mais abúlico. O Boavista subiu as linhas, recuámos, perdemos muitas segundas bolas e alguns jogadores baixaram o ritmo. Deixámos de comandar e não controlamos com segurança os movimentos do adversário. Layun teve problemas no controlo do seu adversário directo e esteve muito irregular. O jogo ficou mais dividido e perdeu a graça. Ficou chato. Alguns jogadores quebraram fisicamente e só depois das alterações retomámos a iniciativa e criámos problemas aos axadrezados. Gostei particularmente de Diogo Jota que mostrou atrevimento e velocidade. A rever. O guarda-redes do Boavista deu um frango monumental e sossegou os que já adivinhavam que nos ia sair caro não matar o jogo como competia à equipa do FCP, muito superior à do BFC.

Se este jogo mostrou alguma vivacidade e um bom desempenho colectivo, deixa-me alguma preocupação a quebra da segunda parte. Contra adversários mais fortes, mais rápidos, intensos e que não têm peias em jogar directo, temos de ser capazes de durar mais. Os treinadores (o nosso incluído) esperam habitualmente pelos 60 minutos para mexer na equipa. Face a alguma quebra na equipa, acho que André André e Octávio deveriam ter saído mais cedo. E o Adrián Lopez, logo a seguir.

 Na terça há mais. A bola pincha e a vida continua.


terça-feira, 20 de setembro de 2016

O futebol de facebook

Fosse o futebol jogado pela internet e o nosso clube seria, desde já, o campeão nacional.
Sejam os jogadores (Casillas, aqui, é mais rei do que nas balizas), o treinador ou, pasme-se, a própria "estrutura", rara é a semana em que não dão uso ao facebook e afins.
Para a maioria dos adeptos, porém, é no relvado que mais os queríamos ouvir.


Sim, o FCP tem quase sempre razão nos casos arbitrais que aponta - finalmente acordamos depois de demasiado tempo adormecidos, enquanto os outros berravam - mas queixas no facebook não chegam praticamente a lado algum. Os nossos adversários - scp e slb - andam, hoje em dia, a gladiarem-se entre si e já praticamente nem respondem a provocações vindas do nosso lado. É este o grau de insignificância a que chegamos nos últimos anos. Assim, todo este palavreado nas "redes sociais" chega às páginas d'O Jogo e pouco mais. É mais para consumo interno do que para outra coisa qualquer. Se a SAD tem algo a dizer sobre arbitragem - e há anos que não faltam justificações para tal - deve dar a cara e fazê-lo de uma maneira formal. Se preciso for, junto das autoridades competentes. Por muito que, por esta via, possam cair em saco roto, não existe, porém, outra forma digna de lidar com tais assuntos.

Já o nosso técnico poderia aproveitar o tempo gasto em discursos, pela internet ou na sala de imprensa, a estudar melhor os nossos jogadores e a equipa adversária também.
Ou então, aproveite esta exposição pública e aborde temas concretos. Por exemplo, quais, para si, são as vantagens do 4-4-2 em relação ao tradicional 4-3-3 e em que situações pretende utilizar uma ou outra.
Mais útil, ainda: que explique em quê, exactamente, Depoitre é melhor que Aboubakar ou Adrián López superior a Bueno.
Isto sim seria utilíssima informação para todos os adeptos.
É que, depois de 21 jogadores já utilizados em apenas 5 jornadas, as dúvidas são mais que muitas sobre as opções até ao momento tomadas.
"Ser Porto" não basta. A qualidade tem que vir sempre em primeiro lugar, só depois é que vêm o "ADN" e a "mística". Estes são os "extras" naqueles jogos em que a qualidade, por si própria, não é suficiente. Aliás, se "garra" e "intensidade" fossem a razão pela qual certos jogadores ficaram e outros tiveram que sair, fica então difícil explicar como um Suk foi arrumado para canto. Corre menos que López e Depoitre? Marca menos golos que estes dois? Não defende? Não disputa com raça cada lance? Até tem praticamente a mesma altura do belga, se a justificação fosse esta...

Mas comecemos com algo mais simples: se, como tanto se apregoa (twitters, facebooks e instagram incluídos), a "identidade" é realmente um valor superior, deixemos, então, e de uma vez por todas, de desrespeitar os nossos símbolos. Jogar de azul-e-branco, o maior número de vezes possível, já seria uma ajuda. Basta de exibições "amarelas" e "negras" (mesmo que com estrelinhas).

O símbolo do facebook até é da nossa cor e tudo...

domingo, 18 de setembro de 2016

Não "Somos Porto" nem somos nada


E ao fim de oito jogos oficiais, eis que NES já experimentou praticamente todas as combinações possíveis de jogadores. Qualquer uma delas sem grandes resultados.
Ele anda completamente confuso e o caso não é para menos.

Mais uma primeira parte em que ninguém se irritou muito com a completa falta de oportunidades de golo para tanto domínio. O treinador só dá murros nos minutos finais. E o que verdadeiramente falta são murros na mesa pois a mobília não tem culpa alguma.
Voltamos à posse de bola com números de ordem de grandeza Lopeteguiana e isso nunca pode ser um bom sinal.
Alguém faz a mínima ideia qual o sistema favorito de NES? E qual o seu trio de meio-campo preferido? Ou esquecem tudo isso e teremos antes um meio-campo a 4?
Não se preocupem, pois ele hoje saberá tanto quanto cada um de nós.

Teremos, agora, um Adrian Lopez, que saltita entre a bancada e o terreno de jogo, certamente como titular na próxima sexta-feira. É que no FCP actual basta um bom cabeceamento...
Depoitre voltará a não servir e irá, novamente, para o banco. Corona e Óliver (que ninguém tem a mínima ideia por que não foram hoje titulares) farão o caminho inverso. É apenas mais uma experiência, a enésima. E não levem a coisa tão a sério, pois daqui a uns dois jogos tudo isto será revertível.

Meus amigos, já nada disto resulta pois a cultura de vitória há muito se foi.

A única táctica que efectivamente resta é chegar à sala de imprensa e dizer que no próximo jogo é que vai ser. E há sempre uma próxima partida, não é? Porto é que já não.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

A vida continua!



Não fizemos um bom jogo. Nem contra dez. A equipa não foi intensa, nem rápida e deixamos o adversário ter demasiado a bola. Nem pressão alta capaz de atrapalhar, nem boa reacção à perda da bola, nem boa circulação, nem profundidade, nem jogo interior ou exterior. Ao nível individual uma boa parte dos jogadores teve um comportamento modesta. Danilo e Layun estiveram razoáveis e Brahimi tentou desequilibrar o que raramente conseguiu. A defesa mostrou alguma desarticulação no jogo aéreo: o golo do adversário é apenas um momento igual a outros mas que acabou mal.

A nossa equipa foi (aparentemente) surpreendida pela qualidade técnica e táctica dos dinamarqueses e nunca foi capaz de encontrar um antídoto para reverter a situação, ou seja impedir que o adversário comandasse, de facto, o jogo e impusesse os ritmos que lhe convinham. Em vantagem numérica, conseguimos remetê-los à defesa, mas as nossas investidas raramente tiveram fogo. Entrincheiraram-se e não sofreram muito. Foi um jogo um pouco decepcionante e não somos mais contundentes porque há que reconhecer que a equipa adversária esteve muito bem e mereceu amplamente o resultado.

Não ganhámos por termos sido ineficazes, como disse NES, no final de jogo. Não vencemos porque não estivemos ao nível que a CL obriga. Sem qualquer intenção de maldizer o trabalho do nosso treinador, acho que a equipa pareceu impreparada e espantada com a qualidade e os pontos fortes do adversário e não soube superá-los. É assim o futebol. A vida continua.
   

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Falar quando devemos


A arbitragem do FC Porto vs Guimarães, de responsabilidade de Jorge Sousa, deveria ter sido uma oportunidade aproveitada pela estrutura do nosso clube para chamar a atenção para a falta de respeito a que o FC Porto tem sido votado.

Seria fácil falar do golo ilegalmente anulado ao André Silva que, como se percebeu no estádio, e se comprovou na TV, não só não teve qualquer intenção de jogar a bola com a mão como, na realidade, não é ele que toca com mão, mas antes o jogador do Vitória, fazendo penalti não assinalado.
Seria fácil também falar sobre essa jogada, e compará-la com as duas jogadas de Alvalade, em que a mão dos jogadores do Sporting serviu de pé, com a total complacência dos homens do apito.

Seria fácil falar, mas não é isso que pretendo abordar.

A arbitragem de Jorge Sousa foi muito pior do que resultaria duma análise desse lance e da comparação com outros lances piores, com decisão diferente.

Abaixo explicarei porquê, mas antes uma nota sobre o momento: perante arbitragens escandalosas e - desde o início - tendenciosas, é nas vitórias que mais devemos fazer ouvir as nossas críticas.

De facto, perante um jejum de anos sem sentir o sabor do títulos, os nossos adversários procuram defender as injustiças acusando-nos de atacarmos as arbitragens apenas como forma de justificar derrotas.

Ora, todos sabemos que assim não é, e que a arbitragem nos tirou pontos decisivos em épocas passadas.
No entanto, a melhor forma de afastarmos essa acusação é, perante arbitragens vergonhosas em jogos que tenhamos ganho, apresentarmos um rigoroso mas duro trabalho de denúncia.
Não nos poderiam, assim, acusar de estarmos apenas a justificar o insucesso.


Mas onde esteve a vergonha da arbitragem de Jorge Sousa?

A meu ver, esteve em todo o lado.

Esteve, em primeiro lugar, na gestão dos tempos de jogo.
Desde o primeiro minuto de jogo que os jogadores do Vitória mostraram ao que vinham: gastar o mais tempo possível com o jogo parado. Não o esconderam, nem dissimularam. Não disfarçaram.
Dei-me ao trabalho de cronometrar as diversas paragens em pontapés de baliza e cantos, onde os jogadores do Vitória perdiam entre 20 e 30 segundos (o tempo que se dá de desconto a uma substituição). Só com esta brincadeira foram mais de 9 minutos, só na primeira parte do jogo.
Perante esta autêntica palhaçada (o exagero foi patente…), a um árbitro experiente e imparcial seria exigível uma atitude consequente: deveria dirigir-se aos jogadores do Vitória, assim que disso se apercebesse, informando-os de que procederia a descontos e que, se nisso persistissem, sairiam amarelos do bolso.
O que fez Jorge Sousa? Nada. Absolutamente nada. Nem avisos, nem amarelos, nem descontos.
Dos 9 minutos perdidos, nem um foi descontado antes do intervalo.

Esteve mal Jorge Sousa - também tendencioso - no aspecto técnico.
Ao mínimo contacto nosso (mesmo quando legal), logo virava o jogo contra nós. Mas, quando os adversários nos atingiram, pouco ou nada assinalou.
Esta dualidade introduz, por um lado, um enorme desequilíbrio na força com que cada uma das partes decide abordar um lance (o que é muitas vezes essencial para nele se poder ganhar vantagem). E, por outro lado, enerva de forma muito séria a equipa que sofre dessa desvantagem.
O objectivo do Vitória era, manifestamente, o de procurar enervar-nos e o árbitro, também aqui, quis participar na festa.

Esteve mal Jorge Sousa, finalmente, no campo disciplinar. O cúmulo deu-se quando sancionou com o mesmíssimo cartão amarelo um derrube a um jogador do FC Porto que se isolava e um derrube no meio campo, sem qualquer perigo ou relevância.

Acabou por correr tudo bem para todos: o FC PORTO ganhou; o Vitória perdeu apenas por três; e o árbitro pode justificar a quem pretendia que "fez o que foi possível".
Mas, especialmente por - aparentemente - estar tudo bem, não podemos deixar de denunciar o que esteve à vista de todos.

Temos que procurar fazê-lo nas vitórias e não nas derrotas.

Pela minha parte, será principalmente em vitórias como esta, com este tipo de arbitragens, que criticarei.
Espero ter muitas vitórias para o poder fazer.
   

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O que vale uma sondagem sem ficha técnica?


Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Grupo Cofina, a 32 de Julho de 2016. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos e com notório subdesenvolvimento cognitivo (vulgo "leitores do Correio da Manhã") e residentes em Portugal Continental, especificamente na área de Lisboa, nas zonas da Quinta das Conchas e do Restaurante "O Barbas". Os inquiridos foram seleccionados por preferência clubística, sendo que 68,6% dos inquiridos identificaram-se adeptos do SLB, 28,4% como adeptos do SCP e os restantes 3% como associados da APAF. Todos os resultados obtidos foram trabalhados de acordo com os interesses comerciais do Grupo Cofina, e a distribuição da população com 18 ou mais anos residentes no Continente por sexo, escalões etários e nenhum grau de instrução, na base dos dados do Grupo Cofina e nos ficheiros pessoais do Paulo Pereira Cristovão - nota: sem qualquer relação com a SCP SAD!!!. A taxa de resposta foi de 101%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 12 inquiridos é de -10,7%, com um nível de confiança de 252%.

As "sondagens" do Grupo Cofina, podem não ter vestígio de credibilidade, mas que alegram qualquer um (até numa manhã de segunda-feira), ninguém o pode negar.

domingo, 11 de setembro de 2016

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Antero, o mal menor

Depois dos rumores, a realidade. Há vários meses que se especulava com a saída - voluntária - de Antero Henriques do organograma da SAD e da direcção desportiva do clube. A saída está agora, no final do mais lamentável mercado de transferências de que há memória, oficializada. Antero sai e quem acompanhou os seus anos como Director Desportivo sabe que, na prática, a perda é relativa mas também que a sua saída é um mal menor tendo em conta um problema mais grave e que se vai, progressivamente alastrando desde o clube.

Antero era um Director Desportivo ausente. Alguém ouviu Antero falar nestes três anos de desgraças? Pois não. Nos anos das vacas gordas, Antero era um homem com o ego inchado que dava entrevistas á Marca a gabar-se do modelo do Porto como algo seu e deixando cair, aqui e ali, que era alvo da cobiça de grandes clubes europeus. Curioso que sempre se tenha resistido a uma oferta milionária, caso tenham realmente existido. Nesses anos Antero falava no final do ano para colher os louros. Nos anos das derrotas, nem pio. O papel de Director Desportivo no FC Porto de Pinto da Costa sempre foi ingrato porque o clube nunca teve um maior Director Desportivo do que o actual Presidente, na etapa de Américo de Sá. O que veio depois foi, simplesmente, uma extensão da sua liderança brilhante e activa, sobretudo até meados dos anos 2000. Parecia que o Porto tinha um Presidente-Director Desportivo e que não fazia falta mais ninguém. Talvez por isso não se exigisse muito a Antero. Mas Pinto da Costa envelheceu, silenciou-se, perdeu a noção do mundo que o rodeava, o novo mundo do futebol, e cada vez mais, no mercado actual, ter um grande Director Desportivo tornou-se fundamental. Vejam os mais de dez anos de êxito de Monchi no Sevilla e comparem. Antero nunca foi um Monchi. Nunca foi um Director de comprar barato, desconhecido e bom e saber vende-lo caro. Não. Antero foi o responsável porque, ano sim, ano também, o Porto fosse comprando mais caro e salvando o modelo com negócios in extremis sempre com suspeitos parceiros no mercado. E quando se passou a pagar tanto como se vendia a principio do modelo, ficou claro que o "modelo" era treta e o negócio é que era importante. Sobretudo o negócio paralelo que foi envolvendo a SAD em manobras mil. Umas mais claras do que outras.


Alguém acredita que Antero, como Director Desportivo, está detrás das chegadas de jogadores chave dos últimos anos (Hulk, Moutinho, Falcao, Jackson), de jogadores relevantes no mercado (Casillas) ou de jovens promessas (James, Danilo)? Não. Antero foi recolhendo os louros de um trabalho alheio e procurando cimentar, á base de títulos, a sua posição internamente com um só objectivo, a sua particular cadeira de sonho. Não importava a sua afiliação clubística original nos seus tempos de jovem nem o seu trabalho na sombra, o que contava era fazer-se importante dentro da estrutura. E por isso o clube foi caminhando rumo a um abismo onde está actualmente. Antero presidiu a pior janela de transferências da história recente do clube. Mas também todas as anteriores. Foi incapaz de encontrar um central desde Abril que não o mesmo, referenciado originalmente pelo próprio Peseiro. Foi incapaz de colocar os excedentários com vendas tão necessárias que vão levar o clube a repetir uma operação que se disse ser de uma só vez. Foi responsável pelo cardápio de dezenas de empréstimos que são marca da casa da última década. Antero demitiu-se? Bolas, com o seu CV, o estranho é que Antero não tenha sido demitido.

Claro que Antero nunca seria demitido quando paralelamente a sua influência abraça personalidades do clube noutras áreas. São muitos anos, muitas histórias, muitas vivências para serem resolvidas com uma carta de despedimento. O que é certo é que Antero perdeu a sua guerra particular. Não é por casualidade que a decadência do seu modelo coincidiu com o regresso do filho pródigo, momento a partir do qual cada um dos dois se esforçou a convencer o timoneiro de que o seu modelo era o melhor para lhe suceder. Cada um por um lado foram cozendo negócios e negociatas, aliando-se a bancos, fundos, agentes, procurando impor os seus treinadores e jogadores, tudo para sair vencedor de algo que, para eles, é mais importante do que o Futebol Clube do Porto, o cargo máximo. E sob o olhar atento e, imagino, desesperado e desalentado, de quem devia ter antecipado há muitos anos que isto viria a suceder mas que não soube nem como o evitar nem como contornar. Antero já não está mas a sombra de Alexandre segue, mais presente do que nunca, ainda que a saída da SAD não é o fim de nada e sim o início de muito.

Ninguém espere uma rendição fácil de quem tanto lutou para chegar ao topo e mais num clube que está mais preocupado, por dentro, com tudo menos com o êxito em campo e o sentimento dos adeptos. Antero viu negócios seus abortados, viu vendas suas abortadas, viu como o seu trabalho era substituído pelo trabalho alheio mas com as consequências a pesar sobre o seu nome e saiu. Fez o que tinha a fazer e demorou um defeso em fazê-lo porque esta realidade já tem alguns anos. Mas a sua saída é um mal menor. O seu substituto é um homem ligado ao scouting mas sem peso político dentro do clube e portanto o cargo que oficialmente ocupa será controlado fora do seu escritório. Nunca valeu tão pouco ser Director do FC Porto quando as decisões, cada vez mais, se cozem desde fora do clube. Pinto da Costa entrou no clube e baniu os sócios de opinarem sobre os treinos e os directores das modalidades e de contas de opinar sobre o futebol. Está perto de sair deixando que as decisões sejam tomadas fora das portas do clube. Antero, pelo menos, tinha um cargo dentro do clube.