sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cegos, surdos e mudos

Primeiro foi a agressão de Jorge Jesus ao jogador do Nacional Luís Alberto, de forma ostensiva e à vista de toda a gente, mas que quer o árbitro Rui Costa, quer os restantes três árbitros, disseram que não viram.

Depois foi a descarada negação dos factos, que toda a gente viu, por parte de Jorge Jesus, habituado como está à impunidade de que gozam as pessoas que estão ao serviço do slb.

A muito custo, mas após o campeonato já estar decidido, lá saiu um castigo cirúrgico de 11 dias, o qual terminou na véspera do slb x FC Porto correspondente à segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal.

Finalmente, anteontem, Rui Costa e os dois assistentes (Serafim Nogueira e Tomás Santos) foram suspensos por dois jogos pela Comissão Disciplina da Liga, por o árbitro não ter feito, no seu relatório, menção alguma aos incidentes do final do slb x Nacional da 17ª jornada de 2010/11. Estas punições foram decretadas ao abrigo do artigo 159º do Regulamento Disciplinar, que determina que "os árbitros e assistentes que omitam deliberadamente nos seus relatórios factos ocorridos antes, durante ou depois do jogo (...) serão punidos com suspensão de 1 a 6 jogos".

Eu percebo perfeitamente que os árbitros tenham medo de escrever nos relatórios o que vêem e ouvem no relvado e túneis do estádio da Luz, mas há limites. E, de facto, este caso foi demasiado óbvio para poder ser ignorado.
Pode ser que sirva de lição e aviso para o resto da classe.

2 comentários:

meirelesportuense disse...

O problema é que "estes factos não ocorreram nos túneis da Luz" porque se tivessem acontecido, por certo não teria havido quaisquer consequências...Seguiriam o caminho do caixote do lixo!
-Mas como aconteceram à vista de toda a gente, durante uma transmissão pública televisiva, não pôde ser escondida para sempre, porque existem gravadores e qualquer um ainda pode tê-los, senão recompunham completamente a história.

José Correia disse...

«Nas últimas 48 horas andou para trás o nosso fraco conhecimento de como funciona o globo ocular do árbitro de futebol. Pensava eu que já todos tinham concordado, embora em ocasiões diferentes e contraditórias, que é um mistério a incapacidade demonstrada pelos indivíduos da espécie para descortinar correntes de ar entre dois jogadores, mesmo sendo elas evidentes para um adepto com 32 dioptrias, sentado uma fila atrás de dois concorrentes do Peso Pesado, a 150 metros de distância do lance. Por força das reacções ao castigo aplicado pela Comissão Disciplinar da Liga ao árbitro Rui Costa e respectivos colegas de equipa, sabemos agora que é igualmente intolerável que se exija aos mesmos quatro árbitros - ou seja, oito olhos - que vejam vinte marmanjos aos empurrões no meio do relvado. Indiagnosticável a entrevista da RTP ao presidente da APAF, Luís Guilherme, sobre a penalização de Rui Costa por não ter anotado no relatório do Benfica-Nacional nada que se parecesse com a barafunda entre o jogador Luís Alberto e o treinador Jorge Jesus, ocorrida logo depois do último apito e transmitida em directo pela TV. O choque e a indignação dos dois parceiros da referida entrevista foi tão grande, nas perguntas e nas respostas, que levanta uma nova questão científica: se um árbitro não é obrigado a ver aquilo, é obrigado a ver o quê?»
José Manuel Ribeiro
O Jogo