Nasci entre os Aliados e a Trindade mas o único berço que me lembro estava perdido nas filas superiores da velha bancada poente da única igreja das Antas que alguma vez me preocupou. Numa vida que me levou a caminhar por aí, como diria o poeta, sempre encontrei no FC Porto a pátria que me pariu por cima de bilhetes de identidade republicanos, heranças genéticas e lembranças ancestrais de mil e uma gerações desse povo que deu o nome a Portugal.
Como bom português vivo preso à saudade. Das velhas tardes em que de menino passei a homem de azul ao peito. Nascido mas não criado na Invicta paguei o preço de pertencer a uma família que seguia a figura parental pelas escolas desse Minho fora onde era colocado. Quando o destino me devolveu a casa reencontrei-me com uma pátria que visitava de tempos a tempos mas que era ainda como um primo distante. Graças a um tio, um desses sócios da velha guarda que conhecem, ao contrário de mim, as agruras de quando éramos “andrades” complexados, aprendi a saber de cor cada placard publicitário que cercava o tapete verde onde passei a maioria dos sonhos da minha adolescência. Nas Antas aprendi que o futebol é mais do que algo de vida ou morte. Como o vinho do Douro, o por-do-sol em Miramar ou a imagem da ponte D. Luiz, o FC Porto sintetizava toda a minha pátria. Nunca vibrei com a melhor selecção portuguesa como com a pior equipa azul e branca que conheci e agora que há mais de meia década vivo a mais de 700 kms quando me perguntam se sou português lá sou forçado a pontualizar: do Porto.
O FCP ensinou-me a sentir e conhecer uma pátria que me pariu mas que me demorou a amamentar. Nas Antas aprendi a beber as histórias contadas entusiasmante por um velhote sempre carinhoso com quem lhe prestava atenção e entre bifana e rebuçados apaixonei-me pela elegância de Baía, Aloísio e Drulovic, pela dureza portuense de Jorge Costa, Paulinho Santos e André e sonhei em ser o parceiro de ataque de Kostadinov, Domingos, Artur ou Jardel. De azul e branco passei a homem e em vez de limitar-me a cantar o hino emocionado aprendi a senti-lo mais para lá de onde adormece a razão. E como qualquer relação filial senti que mais do que amar a pátria que me pariu estava na hora de a entender também.
Não me perguntem as horas perdidas a reler o velho relicário da biblioteca ás portas dos Poveiros, os filmes sacados a amigos privilegiados com vhs quando isso ainda era utopia e a puxar pela memória de um pai salgueirista e pedrotista que passou como muitos horas nas filas para entrar na arquibancada daquela tarde frente ao Braga onde todos nós nos fizemos homens sem o saber. Descobri, mais do que as razões de ser “nobre e leal”, a minha pátria era, sobretudo, o espelho da resistência transformada em poder, uma realidade que lembrava a aura revolucionária de Castro e Guevara na serra de Santa Maria agora transformada em poder. Não vivi mais do que três anos de misérias e nunca poderei, honestamente, ombrear com quem sofreu de verdade com ser portista numa sociedade acurraladora e estupidamente centrista. Mas não precisei de pensar muito para descobrir que o FCP da minha mitologia infantil se tinha transformado no senhor absoluto de uma nova era que trazia novos desafios, dúvidas e esperanças. Mais do que celebrar com as nossas vitórias aprendi a desfrutar de encontrar um caminho de esperança nas nossas derrotas. Deixei de acompanhar semanalmente os nossos soldados mas em espírito senti-me mais presente do que nunca nessa metamorfose que pode transformar o clube que tantos adoram em odiar numa instituição nuclear no futuro de uma cidade que é mais minha mãe e meu pai que o país que a ocupa e destroça.
Reflectir sobre o FCP mais do que um passatempo engraçado é uma obrigação para quem sente essa divida eterna com uma instituição que me deu alguns daqueles momentos que no flashback que dizem que todos teremos me passaram pela memória. A 700 kms de distância ouvi por um passarinho que perdemos contra o Gil Vicente, que o mundo se vem abaixo e a mourama de Almansor vem por aí na ilusão de cercar o dragão ferido. É nestes momentos, no silêncio antes da tempestade, que mais prazer me dá sentar-me, pensar no que temos pela frente, nesses cancros que sempre haverá por curar, lembrar-me dos meus amigos que sofrem aí na pele as injustiças de um país australopiteco. É aí que mais desfruta em sentir-me portista. Sentir-me filho de quem me pariu. Dessa memória azul que não admite verdades absolutas, hermetismos e medos mas que sabe o que é sentir, nas entranhas, como o granito cinzento da velha cidade ressoa a cada grito de “Porto” saído do buraco da alma de todos nós!
Como bom português vivo preso à saudade. Das velhas tardes em que de menino passei a homem de azul ao peito. Nascido mas não criado na Invicta paguei o preço de pertencer a uma família que seguia a figura parental pelas escolas desse Minho fora onde era colocado. Quando o destino me devolveu a casa reencontrei-me com uma pátria que visitava de tempos a tempos mas que era ainda como um primo distante. Graças a um tio, um desses sócios da velha guarda que conhecem, ao contrário de mim, as agruras de quando éramos “andrades” complexados, aprendi a saber de cor cada placard publicitário que cercava o tapete verde onde passei a maioria dos sonhos da minha adolescência. Nas Antas aprendi que o futebol é mais do que algo de vida ou morte. Como o vinho do Douro, o por-do-sol em Miramar ou a imagem da ponte D. Luiz, o FC Porto sintetizava toda a minha pátria. Nunca vibrei com a melhor selecção portuguesa como com a pior equipa azul e branca que conheci e agora que há mais de meia década vivo a mais de 700 kms quando me perguntam se sou português lá sou forçado a pontualizar: do Porto.
O FCP ensinou-me a sentir e conhecer uma pátria que me pariu mas que me demorou a amamentar. Nas Antas aprendi a beber as histórias contadas entusiasmante por um velhote sempre carinhoso com quem lhe prestava atenção e entre bifana e rebuçados apaixonei-me pela elegância de Baía, Aloísio e Drulovic, pela dureza portuense de Jorge Costa, Paulinho Santos e André e sonhei em ser o parceiro de ataque de Kostadinov, Domingos, Artur ou Jardel. De azul e branco passei a homem e em vez de limitar-me a cantar o hino emocionado aprendi a senti-lo mais para lá de onde adormece a razão. E como qualquer relação filial senti que mais do que amar a pátria que me pariu estava na hora de a entender também.
Não me perguntem as horas perdidas a reler o velho relicário da biblioteca ás portas dos Poveiros, os filmes sacados a amigos privilegiados com vhs quando isso ainda era utopia e a puxar pela memória de um pai salgueirista e pedrotista que passou como muitos horas nas filas para entrar na arquibancada daquela tarde frente ao Braga onde todos nós nos fizemos homens sem o saber. Descobri, mais do que as razões de ser “nobre e leal”, a minha pátria era, sobretudo, o espelho da resistência transformada em poder, uma realidade que lembrava a aura revolucionária de Castro e Guevara na serra de Santa Maria agora transformada em poder. Não vivi mais do que três anos de misérias e nunca poderei, honestamente, ombrear com quem sofreu de verdade com ser portista numa sociedade acurraladora e estupidamente centrista. Mas não precisei de pensar muito para descobrir que o FCP da minha mitologia infantil se tinha transformado no senhor absoluto de uma nova era que trazia novos desafios, dúvidas e esperanças. Mais do que celebrar com as nossas vitórias aprendi a desfrutar de encontrar um caminho de esperança nas nossas derrotas. Deixei de acompanhar semanalmente os nossos soldados mas em espírito senti-me mais presente do que nunca nessa metamorfose que pode transformar o clube que tantos adoram em odiar numa instituição nuclear no futuro de uma cidade que é mais minha mãe e meu pai que o país que a ocupa e destroça.
Reflectir sobre o FCP mais do que um passatempo engraçado é uma obrigação para quem sente essa divida eterna com uma instituição que me deu alguns daqueles momentos que no flashback que dizem que todos teremos me passaram pela memória. A 700 kms de distância ouvi por um passarinho que perdemos contra o Gil Vicente, que o mundo se vem abaixo e a mourama de Almansor vem por aí na ilusão de cercar o dragão ferido. É nestes momentos, no silêncio antes da tempestade, que mais prazer me dá sentar-me, pensar no que temos pela frente, nesses cancros que sempre haverá por curar, lembrar-me dos meus amigos que sofrem aí na pele as injustiças de um país australopiteco. É aí que mais desfruta em sentir-me portista. Sentir-me filho de quem me pariu. Dessa memória azul que não admite verdades absolutas, hermetismos e medos mas que sabe o que é sentir, nas entranhas, como o granito cinzento da velha cidade ressoa a cada grito de “Porto” saído do buraco da alma de todos nós!
16 comentários:
Esta prosa é um autêntico poema que não só expressa os sentimentos do amigo Miguel Lourenço, mas de certa forma todos aqueles que são portistas e fazem ou fizeram parte da diáspora!
A 1ª vez que vi o FC PORTO ser campeão nacional tinha 17 anos e vivia na... Amadora! O meu pai sócio nº noventa e poucos, pegou na minha mãe e em mim e disse: vamos ás Antas! E viemos! Assisitir ao jogo contra o clube do regime e lembro-me da ver a minha mãe chorar quando o Simões fez auto-golo e o meu pai abraçar-me quando Ademir fez o grande golo que haveria de renascer este Dragão profundamente adormecido!
Hoje vivo no Porto, sou Dragon Seat e sou Dragão, mas quando me chamam "andrade" em vez de repulsa sinto... felicidade!
Afinal, SOMOS PORTO!
Conheço essas histórias, esses locais, esses gostos e desgostos muito bem...
Graças a ti sou sócio do Futebol Clube do Porto. O bichinho como tu sabes estava lá, foi apenas preciso o empurrãozinho.
Passamos grandes tardes nas Antas e no Dragão, com muitas mais alegrias do que tristezas, momentos que irei sempre recordar.
Devido às voltas da vida deixamos de ver os jogos como quase sempre víamos... juntos. O teu lugar ainda lá está...
São estes momentos que fazem uma grande amizade.
Um grande abraço e parabéns por mais um excelente texto.
Vitor Zenha
Esta magnífica crónica do Miguel faz-nos deslizar às raízes da nossa paixão pelo Porto. Ainda que em cada um de nós hajam alguns percursos variantes, no fundo somos "filhos" das mesmas influências e causas, que nos levaram ao fascinío e sonho de adolescente em admirar e crer neste Clube com uma identidade muito própria e invulgar.
Este texto é para guardar e reler sempre que o ânimo não esteja nas melhores horas. De quando em vez é bom relembrar que temos algo em nós que nos destingue, e que estamos ligados umbilicalmente a algo que nos faz deter uma identidade pessoal ímpar.
Obrigado Miguel, e bem vindo a esta casa!
De facto, o FC Porto é muito mais que um clube de futebol. Ser do Porto é um estado de alma, é um sentimento profundo que vai muito para além da bola entrar ou não na baliza. Ser do Porto é, atrevo-me a dizer, ter uma visão do país e do Mundo muito própria e, seguramente, diferente da que têm os adeptos do slb ou do SCP.
Grande artigo! Parabéns.
Traduz a forma de sentir o Porto por parte de uma geração que é a minha.
(Aquelas tardes nas Antas onde se chegava duas horas antes de o jogo começar, aqueles jogadores a quem era oferecido um guarda-chuva Pluma ou um pneu Kleber se marcassem o primeiro golo do jogo, aquele empate 1-1 (Ademir) com o slb que significou o título ao fim de 19 anos, o LP do Quadrante Norte com o relato de todos os golos do Porto feito pelo Adelino Amaro ouvido até à exaustão, aquelas duas vitóras seguidas sobre o Sporting (3-1 e 4-0) para o Campeonato e Taça em que o Oliveira partiu a louça toda, o Verão quente, o primeiro Tri(naranja), a caminhada épica para a final da Taça das Taças de 84, e tudo aquilo que se seguiu até hoje...)
Ainda ontem estava a ver o Porto Vintage e a explicar aos meus filhos o lugar que cada um daqueles jogadores tem na história do Porto. Muito bonito.
Costumo dizer que ser do Porto é muito mais do que gostar de um clube de futebol, hóquei, básquete, etc ou gostar apenas que o Porto ganhe. Ser Portista é uma forma de ser e de estar na vida que só os portistas entendem. E este artigo mostra isso muito bem.
Muito obrigado por me fazer reviver muitas das minhas memórias. afinal não sou único! Somos é todos únicos!
"ser do Porto é muito mais do que gostar de um clube de futebol, hóquei, básquete, etc ou gostar apenas que o Porto ganhe. Ser Portista é uma forma de ser e de estar na vida que só os portistas entendem. E este artigo mostra isso muito bem."
absolutamente...concordo e sublinho!
Olá boa tarde queria saber se era possivel voces colocarem o nosso site aqui na vossa barra lateral. O site é o http://www.lusofans.com e nós temos uma redacção exclusiva para o FCPorto. À espera de resposta, cumprimentos
Excelente texto do Miguel Pereira.
Exprime bem uma certa forma de ser do portista, e como realça o Miguel Magalhães, a alma da minha geração, quando comecei, acompanhando o meu Pai, a ser um assíduo nas Antas, com o "segundo regresso" do Pedroto em 82/84 e depois vibrando com as - brilhantes - épocas lideradas por Artur Jorge.
E nos jogos fora, longe da cidade, onde não era logísticamente possível ir, ouvindo os relatos do Gomes Amaro.
Fantástico!
Parabéns pelo texto bem lindo e com tons poéticos escrito por terras de Espanha.
Nota:
Talvez o “Reflexão Portista” pudesse abrir um esquema de “marcadores” , iniciando o primeiro pela designação “Tempo que Passa” para aonde eram vertidas as histórias das mais simples às mais elaboradas de cada um aderente ao Blog na sua relação gradual com a Cidade e o Clube. Iríamos ler coisas giras, interessantes, pedaços de história e muito diferentes, sobretudo daqueles que sendo portistas, não são nascidos nesta Invicta Cidade.
Ângelo Henriques
@Felisberto
Sentimentos e histórias como essa são as que verdadeiramente reforçam a nossa singularidade. Ser do FCP sempre foi algo que nem todos conseguiram entender porque obriga a uma politica de resistência, seja á distância de kms ou nas proximidades da nossa própria casa! Um abraço
@Vitor
Poucas pessoas no mundo entendem melhor as razões por detrás deste texto do que tu. Muitos anos, muitas viagens juntos nessa peregrinação, muitas horas perdidas a falar sobre o que haveria de passar, sobre os sonhos que poucos sequer imaginavam que alguma vez fossem realidade. A força do futebol, a força do nosso FCP, passa também por unir por toda a vida quem compreende a força deste amor. Os lugares guardados são apenas uma memória fisica, o sentimento e o sonho são inseparáveis para toda a vida ;_) um grande abraço
@Nelson,
Obrigado por tudo. Não há casa onde me possa sentir melhor do que aqui, entre todos nós!
@Zé Correia
Como sempre, partilhamos da mesma ideia!
@Miguel,
Belissimo comentário que partilho plenamente e que em reforça a alegria de saber que pertence a esta "tribo" única que sabe valorizar tudo aquilo que significa sentir-se azul!
@TNT,
Obrigado, sem dúvida, somos todos únicos, somos todos apaixonadamente únicos ;-)
@Reine,
De acordo, obrigado ;-)
@Daniel,
Fico feliz que o que sentia enquanto escrevia este simples texto tenho chegado ás pessoas. um abraço!
@Eng. Custoias
Obrigado ;-)
@Angelo,
Muito obrigado, qualquer ideia ou iniciativa é sempre bem vinda para dar mais vitalidade ao RP.
@Azul,
Não, obrigado eu!
um abraço a todos
Muito obrigado por este maravilhoso texto!!Acho que todos os portistas se revêem um pouco nele.
Felizmente, ou não, nasci no ano da nossa primeira final europeia e por isso não atravessei o deserto como muitos outros...era novo mas digo com orgulho que vi jogar jogadores como Gomes,Lima Pereira e Madjer(só para citar alguns))ao colo do meu pai. O mesmo que me levava nas tarde de sábado para ver tudo o que acontecia nos pavilhões ou no relvado atrás da arquibancada/bancada e onde aprendi a gostar e a viver o clube como vivo hoje.
Gostei muito da referência ao seu pai salgueirista pois também eu tenho um enorme carinho e respeito pelo grande salgueiral :)
Está fantástico! E acredito que está tão bom porque tudo foi sentido em cada parte do corpo e da alma. Curioso é ver como cada um de nós se reconhece neste texto recheado de lembranças tão pessoais e íntimas. Poder-se-á então concluir a existência da Nação Portista, nação física e espiritual que nos acolhe todos nós, poetas da vida que decidimos viver o sonho portista e sonhar uma vida de azul e branco.
Parabéns!
PS:Posso colocar o post no meu blog? com o teu nome obviamente!!
Obrigado por este texto. Fez-me lembrar momentos unicos. E embora eu nao tenha tido o previlégio de ver muitos jogos nas Antas enquanto miudo, os poucos que vi (aos quais se seguiram imensos anos depois), trazem todos esses sentimentos à memoria.
Ja estou longe, muito longe, ha alguns anos, mas a minha identidade é sempre a mesma e como alguém aqui escreveu, sem duvida que o verdadeiro Portista tem uma visao do mundo muito mais clara e profunda do que a superficialidade centralista.
@André,
Nasci no ano da nossa primeira final, a perdida de Basileia, e tenho vagas memórias de ver o jogo de Viena e de ir receber a equipa ao estádio de madrugada numa cidade em delirio. Esses momentos são impagáveis mas cada geração tem direito aos seus, a nossa - pela proximidade etária - foi Sevilla e Gelsenkirchen, o prazer de crescer com um Penta e fazer-nos adultos com um Tetra. Muito mais do que a velha guarda, sempre bem representada aqui, pode dizer ;-)
Obrigado pelo apontamento salgueirista, um dos meus avós foi dirigente da equipa de andebol de 11 muitos anos e muitas tardes passei também no Vidal Pinheiro!
@YoGa
Não tenho a minima dúvida que o sentir-se portista é algo profundamente real e mágico, provavelmente um prazer único no futebol em Portugal. Está á vontade para reproduzir o texto completo ou excertos. Boa sorte com o blog ;-)
@Soren,
Sempre nos trataram como tripeiros regionalistas fechados, mas é precisamente essa nossa força que nos permite sentir igual ou maior paixão á medida que nos afastamos da pátria que nos pariu. Os que amam os clubes do centralismo quando saem do seu umbigo percebem que vivem num mundo de fantasia e a paixão esmorece-se!
um abraço a todos
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