terça-feira, 28 de abril de 2009
Os árbitros que não escrevem o que vêem e ouvem
Extractos de uma recente entrevista de Luís Guilherme (presidente da APAF) ao Record/Antena 1.
Record - Vamos a um caso concreto: esta semana o árbitro Bruno Paixão deu ordem de expulsão ao treinador do Sporting, em Guimarães, mas depois, no relatório não mencionou os insultos de que foi alvo e são perceptíveis nas imagens da televisão. Por que é que isto acontece? Os árbitros têm problemas de afirmação, subalternizam-se, ou, por outro lado, compensam no relatório os erros que cometem em campo, apresentando uma versão suave dos factos?
Luis Guilherme - O que está a dizer não pode acontecer. O árbitro tem de descrever no relatório o que observa...
R - O árbitro escreveu que o treinador do Sporting "gesticulou e mostrou desacordo", mas ficou-se por aí...
LG - Se o árbitro Bruno Paixão não se apercebeu das injúrias que eventualmente lhe tenham sido feitas, e o mesmo aconteceu com o 4.º árbitro, não tem de inventar. Mas é preciso esclarecer que ao árbitro não preocupa a punição que é dada a quem é expulso. O árbitro tem de interpretar as leis e os regulamentos. Não interessa se o treinador é punido com multa ou dias de suspensão, o que nos preocupa é se são omitidos factos nos relatórios, e por que é que demora tanto tempo a ser feita justiça, com processos pendentes, como acontece com o treinador do Sporting, que tem dois, um que é quase da época passada. Isso é que nos preocupa, porque com a não resolução desses casos não se cria justiça. Em relação aos árbitros isso já não acontece.
R - Ao não escreverem nos relatórios o que vêem e toda a gente vê, os árbitros não estão a contribuir para a sua própria descredibilização?
LG - Se assim for, é evidente que sim. Mas não me passa pela cabeça que eles não descrevam o que vêem e ouvem. Porque se não o fizerem estaremos perante um caso disciplinar grave. Só que as imagens que nós temos nas nossas casas, através da televisão, não são as que os árbitros têm, nomeadamente com grande planos salteados de treinadores a proferirem alguns impropérios. Mas é preciso dizer que a APAF não pactua com situações de omissão de factos, se acontecerem e forem verdadeiras.
R - Mas quando se vê o árbitro Lucílio Baptista ser abalroado por Pedro Silva, do Sporting, na final da Taça da Liga, e depois não escreve no relatório, porque "não se passa nada", não fica preocupado?
LG - Fico preocupado, mas eu falei com o Lucílio Baptista sobre essa matéria e outras, e ele explicou-me que não interpretou a situação como tendo sido uma investida do jogador. O ano passado houve um caso idêntico, com o Olegário Benquerença, mas foi ele, com a sua movimentação, que acabou por provocar o contacto com o jogador. O Lucílio não inferiu que tivesse sido uma atitude agressiva, mas o jogador a tentar explicar que jogou a bola com o peito e não com a mão. E eu aceitei a explicação. Mas volto a afirmar que os árbitros têm de escrever pormenorizadamente no relatório o que vêem e ouvem.
R - Os árbitros têm receio de o fazer, acredita que isso possa acontecer?
LG - Se isso acontecer, o árbitro não pode ser árbitro. Claramente. O árbitro está ali para decidir. Se o árbitro não tiver a coragem para dizer o que se passou não pode ser árbitro.
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Alguém sabe o que aconteceu aos processos disciplinares do Paulo Bento, Pedro Silva e João Moutinho, decorrentes das afirmações e cenas tristes que todo o país viu, na final da Taça da Liga?
É que esse jogo já foi há mais de um mês!
Tão célere para outras coisas, de que está à espera Ricardo Costa?
Será que as inevitáveis punições ao treinador e jogadores sportinguistas irão ser cumpridas durante o defeso?
É que já só faltam quatro semanas para o campeonato terminar...
Fotos: Record
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5 comentários:
A pergunta que coloco sempre é: Imaginem que era o treinador do Porto?
Enfim, é a justiça que temos.
Uma palavrinha: há já algum tempo que acompanho este blog, e devo dizer que é de excelência. A qualidade da escrita, a relevância dos artigos e o nível com que tudo é tratado é verdadeiramente excepcional para um blog sobre futebol. Muitos parabéns.
A Comissão Disciplinar da Liga está muito preocupada com o estado de saúde mental do Paulo Bento e não quer nesta altura desestabilizar a família sportinguista, que parece padecer de um estado de histeria generalizada.
O Paulo Bento está claramente a descompensar e um castigo nesta altura não será a melhor ajuda.
Sinceramente, alguém espera alguma coisa decente da parte do palhaço-pavão-costa ?
Caro Pacheco, agradeço em nome dos autores deste blogue as simpáticas palavras que nos dirigiu.
Contudo, também serão bem vindas criticas e comentários que nos permitam melhorar o que vamos publicando diariamente.
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