Começaram os JO com um espetáculo deslumbrante. No futebol, a Espanha de Rodrigo, como se lê na nossa imprensa, já se foi e o Brasil confirmou o seu estatuto de favorito, sem deslumbrar. O Japão mostrou a sua força e constitui, até ao momento, a boa surpresa do torneio. Mas, não só de futebol, vivem as olimpíadas. A natação domina e os portugueses ficam longe dos seus recordes pessoais. Os nossos atletas andam por lá, batem-se, perdem e choram. É o nosso fado.
Ao nível da nossa comunicação social, tomei nota do entusiasmo dos comentadores com Labyad e fiquei enjoado porque, de tanto falar no moço (muito interessante como jogador), esqueceram-se que havia futebol para comentar. Uma tristeza. Cá no burgo, a RTP transmitiu o jogo SLB-Real Madrid, e ninguém notou a diferença entre os comentários da televisão estatal e da Benfica TV, o que significa que está no bom caminho porque, honrar e favorecer o SLB, situa-se no estrito âmbito da prestação de um serviço público de qualidade. Definitivamente, a vergonha não mora lá!
Enquanto isso, o FCP vai-se preparando: integra os novos recrutas, avalia os regressados, espera pelos olímpicos e que o mercado se mexa e não se fique pelos sinais. Todavia, nada acontece por acaso. A demora é estratégica: os emblemas europeus, com maior poder de compra, esperam, pacientemente, que os clubes vendedores os libertem a valores substancialmente mais baixos do que as cláusulas de rescisão impõem. A urgência aprendeu a simular a pressa e os clubes que vivem do encaixe de receitas extraordinárias sofrem amargamente este tempo cheio de incertezas a que acresce, no nosso caso, o fecho da torneira da Banca e a inevitável pressão da tesouraria. Já aconteceu algo semelhante na época passada e vai ser pior no próximo futuro. A austeridade veio para ficar e algumas das principais ligas europeias não lhe vão poder escapar: ninguém gosta, nem admite, depois entranha-se e faz-se regra.
O FCP tem privilegiado o recrutamento de jogadores jovens, alguns dos quais demasiado caros para a nossa bolsa, a meu ver. É bem provável que se torne mais regular a fuga que os jogadores podem usar para contornar o bloqueio contratual que a cláusula de rescisão implica para os seus interesses. Cristian Rodriguez apontou o caminho: saber esperar. Um jogador que não seja impaciente e tenha como agente um profissional competente, pode servir-se do clube como uma montra e esgotar o seu vínculo até ao termo contratual. Têm tempo para crescer, ganhar experiência e notoriedade para atrair interessados e multiplicar os proveitos que o seu esforço potenciou. Ganham todos, menos os investidores de talentos à procura de mais valias. Sapu e Belluschi podem sair prejudicados por não poderem competir ao mais alto nível em 2012/13, mas creio que têm valor para que possam constituir bons reforços para muitas equipas de nível médio alto e, desta forma, negociar exclusivamente segundo o seu interesse, no futuro.
O FCP tem contratado pouco a “custo zero” (Sereno e Djalma) e com excepção de Bracalli (para suplente), Lucho (um regresso) e de Janko (um remedeio) poucos atletas foram recrutados entre os 25 e os 30 anos, com curriculum, maduros, estáveis, disponíveis, com experiência e menos dispendiosos (em princípio) porque têm menos procura e muitos deles “jogam com a carta na mão”. Será que poderemos ajustar o modelo ou é pouco rendível em termos desportivos e financeiros?
O FCP naturalmente estará muito atento e sabe da poda. Porém, nas últimas duas épocas as dificuldades de colocação têm sido maiores. Os sócios e adeptos impacientam-se, quer entendam que vivemos um tempo complicado para o negócio, quer expludam em críticas generalizadas onde se mete tudo: o arrastamento negocial, a formação do plantel, a má prestação da equipa, o treinador, os jogadores, o modelo, a tática, a ocupação dos espaços, a defesa, o meio campo, a avançada, as bolas paradas em geral e as grandes penalidades em particular. Salvo o tom e o excesso, considero que uma boa parte dessa crítica é pertinente. À direção cumpre-lhe comandar, aos sócios apoiar, aplaudir e criticar. Se não lhe é conferido o direito de falar nas AG’s do clube, compete-lhes fazer chegar a sua voz, pelos canais que têm mais à mão. Se o fizerem de forma equilibrada, tanto melhor.
Pela minha parte, perguntei ao vento norte, notícias do meu clube. O vento pouco me disse. Avisou-me que os sócios do FCP, amantes do basquete, se movem e estiveram em Valência. E isso é bom!
5 comentários:
Se não lhe é conferido o direito de falar nas AG’s do clube, compete-lhes fazer chegar a sua voz, pelos canais que têm mais à mão.
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Sempre falei nas AGs completamente à vontade.
Mas claro o tema tem que ter oportunidade e o comentário algum sentido e o devido respeito.
oS Carneiros falam sempre à vontade, até são recompensados por fazê.lo!
Quando escrevi : “Se não lhe é conferido o direito de falar nas AG’s do clube…” pretendia referir que o sócio não o pode fazer para comentar temas relativos ao futebol profissional. Só isso. Expliquei-me mal.
Que me lembre apenas Alexandre Magalhães (AM) rompeu o bloqueio, mas apenas lhe foi permitido discutir sobre o valor contabilístico das acções que o FCP detém na SAD, por ser um dos principais activos do clube. AM defendia que deveria a ser a preços do mercado, a direcção defendeu e mantém o seu critério de manter a avaliação ao custo nominal por acção.
Caro Mário Faria
Infelizmente Alexandre Magalhães que não conheço pessoalmente, neste ponto teve razão. O valor nominal (custo) das Acções é uma coisa. O valor real (de mercado), é outra.
Contabilisticamente as Acções são debitadas na Conta Capital (55). Devia haver uma sub-conta (521) com o valor nominal, e outra (522) chamada Descontos e Prémios, com o valor real. A diferença entre os 2 valores é que devia estar no Activo.
Nunca entendi isto, mas os outros clubes lançam da mesma forma.
Repare que ouvi, o senhor Rui qualquer coisa da Silva quando interpelado no programa Dia Seguinte acerca do valor monumental do Passivo da "instituição": -"pois! Mas o Activo é superior"! Se isto não fosse demasiado grave era caso para o comentador se atirar ao chão às gargalhadas. Infelizmente, o nosso "representante" e o outro coveiro dos Calimeros nada comentaram.
Vou analisar o caso, pode estar a escapar-me qualquer coisa, "o futebol é um mundo à parte" (Ih!Ih!Ih!) depois informo.
Abraço
E' um facto q nao deixam falar de futebol nas AGs do clube.
O q e' ridiculo (bem, desde q nao se entre em detalhes de gestao, como por ex a continuacao ou nao de um treinador) - nas reunioes de accionistas de grandes empresas os dirigentes nao se recusam a falar de empresas-satelites quando estas tem um grande peso/impacto na empresa-mae, como e' aqui o caso (alias ainda mais do q e' normal no mundo empresarial).
Mesmo quando essas empresas-satelites tem as suas proprias reunioes de accionistas.
Ponhamos as coisas nestes termos:
Os dirigentes do clube sao supostos defender os interesses do clube na SAD.
Os dirigentes do clube respondem (prestam contas) aos socios, basicamente os seus "patroes" de certa forma.
Como e' q os dirigentes do clube podem falar em nome dos socios na SAD se nao auscultam os socios em qualquer assunto q diga respeito 'a SAD?
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