«O actual mandato de Pinto da Costa só termina no próximo ano, mas a Comissão de Apoio à Recandidatura do presidente do F. C. Porto já reuniu, até ao momento, 8875 assinaturas junto da massa associativa (...)
"Em todas as recandidaturas, temos recolhido sempre mais assinaturas do que nos processos anteriores. Na última, por exemplo, conseguimos 15 mil, agora pretendemos chegar às 20 mil", explica, ao JN, Fernando Cerqueira, líder da Comissão de Apoio. (...)
"Eu e a Comissão acreditamos, convictamente, que Pinto da Costa se vai recandidatar. Estas assinaturas são uma prova de carinho e ele não ficará indiferente". (...)
Por curiosidade, na primeira recandidatura de Pinto da Costa, na década de 80, a Comissão de Apoio recolheu 683 assinaturas. Agora, em quatro meses já foram asseguradas 8875 subscrições!»
JN, 22/04/2009
Em 23 de Abril de 2009, Pinto da Costa comemorou o 27º aniversário da sua tomada de posse como presidente do Futebol Clube do Porto e, tal como Fernando Cerqueira, não tenho dúvidas que daqui a um ano, em Abril de 2010, se irá recandidatar a mais um triénio à frente dos destinos do clube. Aliás, na cabeça de Pinto da Costa essa decisão parece já estar tomada ("...não me deixo abater, nem tenho medo. Mesmo no país em que estamos, podem estar tranquilos e contar comigo") e, para isso, será completamente irrelevante o número de assinaturas que a Comissão de Apoio à Recandidatura vier a reunir.
Pinto da Costa é o dirigente com o melhor palmarés do desporto português e, seguramente, um dos de maior sucesso no futebol mundial. O desempenho do FC Porto nas competições europeias, dispondo de meios muito inferiores aos “tubarões” que por lá andam, é já um case study. Perante tanto sucesso, é cada vez mais difícil manter a bitola e cada vez há menos coisas novas para ganhar. Contudo, Pinto da Costa não parece estar cansado de ganhar e estou convencido que os ataques de que foi alvo nos últimos anos, mais do que o deitarem abaixo, funcionam como um doping e reforçam a sua vontade de continuar. Além disso, e apesar de já ter 71 anos, Pinto da Costa aparenta estar em excelente estado de forma e de boa saúde. Assim sendo, não lhe faltam motivos para se recandidatar, senão vejamos:
1º) Uma vida dedicada ao FC Porto
Nos últimos 33 anos, a vida de Pinto da Costa e do FC Porto confundem-se. Tenho sérias dúvidas que o Jorge Nuno conseguisse viver se o Pinto da Costa decidisse retirar-se de cena. Ao fim de dois ou três meses ia-lhe “faltar o ar”, o convívio diário com jogadores e treinadores, o cheiro dos estádios, as viagens com a equipa, os amigos do futebol, os bajuladores e toda a “corte” que rodeia o poderoso presidente do FC Porto.
Evidentemente, um dia Pinto da Costa terá de sair mas, como ele próprio afirmou, largos dias têm 100 anos...
2º) Unificador de sensibilidades
O Grupo FC Porto abrange centenas de pessoas e ao nível da estrutura dirigente estamos a falar de algumas dezenas. Apesar de haver uma liderança forte, indiscutível e inquestionável, é normal que ao longo de todos estes anos se tenham formado algumas sensibilidades, com perspectivas diferentes sobre determinados aspectos da vida do clube e da SAD. Ora, Pinto da Costa tem sido o elo unificador destas sensibilidades e, não havendo um delfim consensual (é cedo para a hipótese Vitor Baía), seguramente que não gostaria de as ver a degladiarem-se entre si no day after à sua saída.
3º) Luis Filipe Vieira e o SLB
Ao longo do seu consulado, Pinto da Costa tem derrotado, e em alguns casos humilhado, todos os adversários que se têm atravessado à sua frente. De João Rocha a Vale e Azevedo, passando por Gaspar Ramos, Pedro Santana Lopes, Dias da Cunha ou José Veiga, todos têm saído de cena pela porta pequena, apesar da gritaria e dos anúncios tantas vezes repetidos de que iriam remeter o “clube regional” à sua insignificância. Luis Filipe Vieira poderia ser apenas mais um desta já longa lista de “cadáveres desportivos” mas, no caso do ex-negociante de pneus, a coisa saltou da esfera desportiva para a pessoal e, por isso, não estamos a falar de um mero adversário. É um inimigo, que tudo indica irá ser reeleito presidente do SLB em Outubro deste ano e que será a última pessoa a quem Pinto da Costa quererá estender uma passadeira vermelha para o sucesso.
4º) O Processo Apito Dourado
Pinto da Costa apresta-se para ganhar em Tribunal todos os processos desencadeados pela equipa especial liderada pela Drª Maria José Morgado, com origem e/ou apoiados na troika SLB – Carolina – Comunicação Social. Contudo, a vitória em Tribunal, mesmo sendo por KO, não é suficiente. Falta a vingança e, como todos sabemos, la vendetta è un piatto che viene servito freddo.
5º) Museu e outros pormenores
É provável que a construção do Museu, juntamente com “a constituição de uma equipa de ciclismo e a criação de um espaço de convívio para os sócios e simpatizantes do clube” (conforme anunciou Fernando Cerqueira na entrevista ao JN) venham a ser referidos como pretextos para a recandidatura mas, sinceramente, penso que não passarão de pormenores, com um peso pequeno na decisão que, acredito, já está tomada.
Por tudo isto, e conforme se constata, na perspectiva do próprio Pinto da Costa não faltam motivos para se recandidatar. Estou 99,9% certo que é o que irá acontecer.
7 comentários:
Como escrevi há mais de 2 anos (http://blogs.tripanario.com/js/archive/2007/02.aspx)
Não tenho dúvidas que PdC não será minimamente beliscado em termos criminais no "Apito Dourado", mas sinceramente isso não me basta. Uma coisa são questões criminais, outra coisa são questões de dignidade e imagem do clube, e aquilo que é público das escutas, não deixa boa imagem. E nisto não acho que se possa passar um cheque em branco a PdC, por muito que o FCP lhe deva - PdC tem que se explicar aos sócios e não basta lançar insinuações que outros fazem o mesmo ou pior - para comícios desportivos já me bastou o "comício" contra o Record (na época da história da viagem do Calheiros ao Brasil), Record com quem mais uma vez PdC fez as pazes sem uma palavra aos sócios.
Pela minha parte continuo à espera de uma explicação aos sócios.
2º) Unificador de sensibilidades
O Grupo FC Porto abrange centenas de pessoas e ao nível da estrutura dirigente estamos a falar de algumas dezenas. Apesar de haver uma liderança forte, indiscutível e inquestionável, é normal que ao longo de todos estes anos se tenham formado algumas sensibilidades, com perspectivas diferentes sobre determinados aspectos da vida do clube e da SAD. Ora, Pinto da Costa tem sido o elo unificador destas sensibilidades e, não havendo um delfim consensual (é cedo para a hipótese Vitor Baía), seguramente que não gostaria de as ver a degladiarem-se entre si no day after à sua saída.
Este é o ponto, mas tenho a certeza, quando P.Costa deixar o F.C.Porto, o continuador já estará maduro, será aglutinador de sensibilidades e terá tal apoio, que ninguém aparecerá a contestá-lo.
Na quinta-feira, os sinais nesse sentido, foram óbvios.
Um abraço
Caro João Saraiva não podia estar mais de acordo consigo!!
Cumpz
Eu não disse que estou de acordo, ou em desacordo, com a recandidatura de Pinto da Costa a mais um mandato. Limitei-me a expor a minha convicção de que o irá fazer e a apresentar um conjunto de argumentos que, na perspectiva de Pinto da Costa, o irão “empurrar” para mais um mandato à frente do Futebol Clube do Porto.
Mesmo que se recandidate aos próximos 10 triénios, o maior projecto do Presidente Pinto da Costa é preparar sériamente a sua sucessão.
O Museu, o Futsal e o Ciclismo são fait-divers que a seu tempo serão resolvidos.
Da minha parte tenho medo de 2 coisas: a primeira é a de ver um "Juan Gaspart" à frente do clube/SAD; a segunda é ver o nosso Porto transformado num saco-de-gatos "à lá Sporting".
hmocc: "Mesmo que se recandidate aos próximos 10 triénios, o maior projecto do Presidente Pinto da Costa é preparar sériamente a sua sucessão."
Completamente de acordo.
Penso que as 2 maiores prioridades do Presidente deveriam ser a de preparar, muito bem, alguém para que a sua sucessão seja feita sem grandes turbulências e o equilíbrio das contas, de forma a invertermos esta situação de caminhar "alegremente" para o abismo.
Ainda agora mesmo passei pela caixa de comentários do Rascord on line e lá estava um frustado a debitar, a propósito da doença do LFV que o impede de assistir aos jogos: "Preocupem-se é com a saúde do PdC porque quando ele morrer o Porto deixa de ganhar seja o que for!"
«(...) Acompanhei o presidente do FC Porto durante muitas das suas iniciativas, de Toronto ao país profundo, em dias de alegria e outros (poucos) de tristeza, dele já mereci as maiores atenções e também algumas raivas que entendo.
Ele sabe, e eu sei também, que nunca houve contrapartidas nesta relação sobretudo consubstanciada quando trabalhei no jornal "A Bola", onde a direcção e a chefia de redacção fazia questão que fosse eu a acompanhar o presidente portista quando este viajava pelo país e pelo Mundo.
Não esqueço, pois, o dia em que fui surpreendido por alguém que nadava nas águas do Mussulo, em Luanda, ao encontro do nosso grupo e que era ele mesmo. Ou a viagem quase frustrada até às cataratas do Niagara, onde posou durante largos minutos sob um lampião para que o Paulo Santos conseguisse uma imagem decente do presidente nas célebres quedas de água.
Nunca estive em sua casa e nunca viajei no seu carro, embora nele me tivesse sentado um dia quando ele preparava uma entrevista na TVI com o Henrique Garcia.
Dele recebi dez volumes encadernados da revista "Dragões" - com o primeiro número assinado - aos quais retribui com uma singela oferta de um livro sobre a vida de José Régio, que sei ser um dos seus poetas preferidos.
Sempre e disse, e nunca de tal duvidei, que Pinto da Costa é o que um dia António Oliveira classificou como um "adiantado mental". É um homem que vive para o seu clube e que sabe muito de futebol. Alguém que, apesar de muitas vezes mal rodeado, sabe gerir as tensões e que se faz respeitar na creche que é sempre um balneário. Um dirigente que respeita os seus treinadores se estes respeitarem não apenas o presidente.
Nos últimos anos, a vida de Pinto da Costa conheceu algumas atribulações. A relação com Carolina Salgado - pela qual esteve perdidamente apaixonado - não lhe deu muito saúde mas a verdade é que não lhe tolheu o juízo nem o comprometeu seriamente. Ou seja, Pinto da Costa conseguiu sobreviver ao furacão que foi a passagem pela sua vida da jovem Carol.
A caminho dos 72 anos, o presidente do FC Porto continua a coleccionar títulos. Mas isso não é o mais importante, ao contrário do que as últimas crónicas indicam. Importante mesmo é, para ele e para o FC Porto, manter viva a chama e nunca baixar os níveis de lucidez.
Pinto da Costa, meus amigos, fez há muito tempo o que só agora Hugo Chavéz se lembrou de fazer: adiantou o fuso horário portista e a concorrência ainda não reparou.
Agora, por favor, não façam é tanto barulho para nada. O herói desta história não merece ser já embrulhado em ruído fútil. Até porque os seus inimigos provavelmente vão ter de esperar muito pelo dia do seu funeral.»
Eugénio Queirós
in 'Bola na Área', 24/04/2009
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