No domingo passado fez-se história. Robin Söderling, o tenista sueco n.º 25 do ranking ATP bateu Rafael Nadal, o rei da terra batida, após um reinado de mais de 4 anos sempre a vencer no grand slam de Paris. Nadal perdeu com os parciais de 2-6, 7-6, 4-6 e 6-7 e obviamente saiu frustado e triste do court Philippe Chatrier.
Na conferência de imprensa após a partida, os jornalistas perguntaram-lhe por diversas vezes como é que ele explicava aquela derrota, o que falhou, quais as razões e como se ia preparar agora o número 1 do mundo para o torneio de Wimbledon. O jovem de 22 anos respondeu que não havia muito a analisar, acrescentando que quando se joga mal, perde-se assim como nos últimos 4 anos ele venceu sempre porque jogou bem. Rafael Nadal não deu nem uma desculpa, por mais pequena que fosse, para explicar a derrota no 4º round do torneio onde ainda é Rei. Nem o vento o afectou, como perguntou um jornalista, nem a lesão nos joelhos que o afecta há mais de um ano ou o número elevado de torneios que tem realizado, como perguntou outro, nem mesmo o público que rapidamente começou a torcer pelo sueco Söderling na expectativa de assistir a uma momento histórico no torneio, nem o sol, nem a chuva, nem a raquete, nem a senhora com o chapéu grande nas bancadas. Nada. "Joguei mal e foi isso (...) Tenho de aceitar as minhas derrotas com a mesma tranquilidade com que aceito as minhas vitórias" concluiu Nadal.
A forma como Nadal se comporta no campo e fora dele é um exemplo para qualquer atleta de qualquer modalidade. Rafael Nadal é um autêntico senhor do desporto e, com apenas 22 anos, deve fazer muita inveja a inúmeros agentes do desporto com idade para ter juizinho.
No final da Taça de Portugal, ainda em pleno relvado, o jornalista da TVI interpelou Paulo Ségio, treinador do Paços de Ferreira, cujas primeiras palavras foram dirigidas à arbitragem de Paulo Costa, para a seguir se frisar que não se estava a desculpar com os árbitros. Haja decência intelectual quando num jogo fraco, sem casos, em que o FC Porto a meio gás conseguiu controlar um Paços esforçado, mas incapaz de virar o resultado, o primeiro comentário a uma final inédita do treinador do clube estreante seja sobre a arbitragem.
Saber perder é uma qualidade muito escassa no futebol, em especial em Portugal. Talvez o exemplo de um rapazola de 22 anos e que é um dos maiores atletas do mundo ajude os agentes desportivos a sairem da adolescência mental.
4 comentários:
Quanto ao R. Nadal, assisti pela TV francesa ao jogo e pareceu-me que ele teve mau perder. Ao ficar-se pelo "joguei mal e quem joga mal perde" foi apenas a maneira que ele encontrou para não reconhecer o mérito ao seu adversário que ele claramente detesta como é visívelpela frieza do cumprimento no fim do jogo.
A reacção logo a seguir ao fim do jogo quando saía do court também não foi lá muito exemplar...
Nadal ragiu mal porque entre ele e o Soderling havia uma história antiga, que vinha de Wimbledon 2007. Disputaram uma partida que se estendeu por 5 sets e 5 dias ( devido à chuva ) e, pelo meio, houve algumas picardias, culminadas com Soderling a imitar o puxão de calções típico do Nadal. Este não gostou. Por isso, no love lost entre os dois.
Mas, e de uma maneira quase universal, todos os tenistas demonstram fair-play nas derrotas e vitórias. Excepção talvez para a supremamente irritante Hingis, que, sempre que perdia, era porque tinha jogado mal, nunca porque a adversária tinha jogado bem.E protagonizou ainda várias cenas patéticas, saindo uma vez a chorar debaixo dos assobios do público, em R Garros.
Há uma coisa a considerar. O público Francês é francamente estupido e irritante. O Nadal aguentou-se muito bem, tal como a nossa M.Brito. Quanto a Paulo Sérgio apenas faz o que 90% dos treinadores portugueses fazem na hora da derrota. Falam dos árbitros, muitas vezes nem se recordam de um únic lance em que tenham sido prejudicados... sinto com isto nostalgia de Addrianse que no fianl dum FCP-Setubal a respeito dum penalti por marcar a favor do FCP respondeu ao jornalista "Mas que tem isso a ver com o resultado?". O jogo ficou 0-0....
Concordo com o comentário mas o ténis não é o futebol. O nível médio dos participantes e do público é bem mais alto.
O Paulo Sérgio foi patético e nada à altura de um digno vencido.
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