sexta-feira, 26 de junho de 2009

"De rastos"?!

“A ruptura nas negociações entre o FC Porto e o Milan para a transferência de Cissokho poderá ter consequências catastróficas para o jogador a nível psicológico. Neste momento, o lateral está de férias e encontra-se de rastos com o insucesso da sua transferência para os rossoneri (…)”

“Cissokho continua de férias no país onde nasceu, o Senegal, agastado com tudo o que se passa e Roger Boli (empresário) está bastante preocupado com os efeitos psicológicos que poderão, inclusive, afectar a carreira do jogador. "Por mais que se diga que vai passar, seria importante que as pessoas se colocassem cinco minutos no lugar dele para tentarem perceber o que está passar, sobretudo depois de ter estado em Milão e de ter surgido este problema. Criou-se uma ilusão muito forte na cabeça dele e isso pode ter consequências dramáticas e imprevisíveis", alertou.”



Ainda antes do “episódio Milan” o Cissokho já andava a falar demais mas agora estas afirmações do seu empresário confirmam as minhas certezas de que, regra geral, os empresários de jogadores prejudicam mais o futebol do que aquilo de bom que lhe acrescentam.

Então a ruptura nas negociações “poderá ter consequências catastróficas para o jogador a nível psicológico” deixando-o, inclusivamente, “de rastos”? Está a brincar, só pode. Que mania a dos empresários de dramatizarem e hiperbolizarem os seus próprios sentimentos nos dos seus representados. O Cissokho deveria estar de rastos se vivesse uma situação de desemprego prolongado como muitos milhares de portugueses estão a viver actualmente, ou se tivesse passado o ano a jogar futebol mas sem receber um tostão como os seus colegas do Estrela da Amadora. Assim, jogando a titular no melhor clube português e depois de um ano em que conquistou a dobradinha e fez uma excelente campanha na Liga dos Campeões o Cissokho deve é dar graças a Deus pelo que já conseguiu alcançar. Estar “de rastos” e com “possíveis consequências psicológicas que lhe afectem a carreira” só pode ser brincadeira de mau gosto. Que se ponha fino rapidamente que aqui no Porto temos pouca paciência para "afectados".

“Pinto da Costa assegurou que as negociações com o Milan por Cissokho estão encerradas e não admite conversar por menos de 15 milhões de euros porque pretende manter o jogador na próxima temporada. Se, entretanto, os italianos voltarem ao assunto terão de oferecer um valor superior. "Não há a mínima abertura para rever as negociações. É inaceitável pensar num empréstimo quando o próprio médico do Milan disse que o problema não era impeditivo. Pode haver bons dentistas em Milão, mas no Porto também há. A garantia que tenho é que ele vai continuar os tratamentos, que já o puseram muito melhor, sem ter de deixar de jogar", frisou. O presidente portista criticou ainda quem tem alimentado o assunto nos jornais. "Há pessoas que, para defender pretensas comissões que receberiam de alguém, têm necessidade de encontrar soluções. Por menos um euro do que aquilo que foi acordado ele não sai. Contamos com o jogador e temos a certeza de que vai estar ainda melhor do que na época passada. Quando chegar a altura de sair, de certeza que se o Milan vier cá com 15 milhões, nessa ocasião não o levará", assegurou.”


Discordo totalmente do tom usado pelo Presidente do FC Porto relativamente à proposta por Cissokho. Se o Milan (ou qualquer outro clube) voltasse à carga pelo jogador e oferecesse “apenas” 14 milhões de euros, como é óbvio o FC Porto aceitaria sem pestanejar.
Já na novela que envolveu a transferência de Quaresma para o Inter de Milão na época passada Pinto da Costa foi infeliz quando afirmou que o jogador não sairia por valor inferior ao da cláusula de rescisão, que era de 40 milhões de euros, tendo na altura gracejado dizendo que se fosse preciso ele próprio colocaria do seu bolso o euro que faltasse ao comprador para completar tal cifra. No final, como se sabe, o FC Porto acabou por vender Quaresma ao desbarato por 18 milhões mais o passe de Pele avaliado em 6 milhões (que hoje nem metade vale…).

Este tipo de afirmações, se não forem acompanhadas de um escrupuloso cumprimento de tal inflexibilidade no negócio, só retiram credibilidade e poder de negociação ao clube e ainda permitem que este seja alvo da chacota dos adversários. Prefiro definitivamente o Pinto da Costa silencioso mas implacável nos negócios. As palavras, essas, que as guarde para as alturas em que o clube é alvo de ataques baixos e a sua defesa é deixada ao Prof. Jesualdo Ferreira que devia ser apenas o treinador da equipa de futebol.

4 comentários:

Capitão Bacalhau disse...

Post mt bem rematado.

O empresário quer transferir o jogador e é o tipo de pressão que fazem. O mesmo está a fazer o pai do B.Alves.

Se calhar devem na mercearia...

Paulo Marques disse...

Não dá para banir estes spammers revolucionários?

Quanto ao empresário, estar "em baixo" e estar "de rastos" são coisas completamente distintas. É questão de lhe fazer ver que dificilmente passaria imediatamente a titular do AC Milan...

Jorge disse...

E normal que o jogador fique temporariamente em baixo mas nao sera dificil levantar-lhe a moral.
Quanto ao Pinto da Costa percebo a sua posicao e concordo. O Milan acordou pagar 15 milhoes pelo jogador e tentou usar o problema medico do jogador como desculpa para baixar o preco. Se o Porto aceitar a renogiciacao do contrato desta forma estara porventura a sinalizar ao resto do mercado que este tipo de subterfugios funcionam. Por isso eu aceitaria vender o jogador por menos do que 15 milhoes e nunca ao Milan, alias incluiria no contrato uma clausula especifica sobre uma possivel revenda do jogador ao Milan.

Rui disse...

O empresário deve estar deprimido de pensar a fabulosa comissão que vai perder de um jogador que nunca imaginou sacar um 1€