Paulo Rangel, o portuense de 41 anos cabeça de lista do partido vencedor das eleições de ontem para o Parlamento Europeu, é um dos grandes protagonistas da política portuguesa da actualidade, mas é também adepto e, presumo, sócio do FC Porto.
Há uns dias atrás, numa coluna de opinião em O JOGO designada 'Conversas do Tetra', escreveu o seguinte sobre o seu/nosso FC Porto:
«Ver o Porto ganhar um campeonato é sempre um momento único e singular. Um momento de alegria, de reforço da confiança e de realização pessoal. Um momento de alegria pelo gozo individual da vitória, pela partilha colectiva entre adeptos, pelo projecto do clube e da cidade. Um momento de reforço da confiança pelo ânimo interior resultante da vitória, pela consciência de um objectivo atingido, pela força que transmite aos desafios vindouros. Um momento de realização pessoal pelo conforto da alma, pelo prazer quase físico da vitória, pelo sentimento de lealdade reafirmada.
Ver o Porto ganhar pela quarta vez consecutiva e conseguir o segundo tetracampeonato da sua e da nossa história é tudo isso multiplicado por quatro. O Porto, este Porto de tetracampeonatos, é a melhor prova de que o Porto (futebol, cidade e região) é capaz. A prova de que os portugueses, com determinação e mobilização, são capazes de grandes feitos e resistem às mais desafiantes provas e provações. Nestas alturas de euforia e celebração, vale sempre a pena tirar e comunicar lições. Tirar lições desta aplicação, desta vontade, deste querer portista e nortenho. Comunicar lições e passar mensagens a todos quantos sonham realizar um objectivo, atingir uma meta, marcar um golo.
É disso que se trata, no futebol como na vida: marcar golos. Fazê-lo com espírito de equipa, com disciplina de vida, com capacidade de sacrifício. Marcá-los sem vedetismos individuais, sem arrogância pesporrente, sem individualismos inférteis. Marcá-los com ambição de vitória, com humildade de jogador, com respeito pela fé e pela sorte. Numa palavra, Porto - Futebol Clube do Porto.
Marcados os golos, importa ganhar jogos. E ganhar jogos obriga a esforço defensivo, a sentido estratégico, a prudência humana. É essa mais uma diferença do Porto: a capacidade de defender, a paciência de esperar, a resiliência ao caudal adversário. Saber encontrar o balanço e o equilíbrio entre o atrevimento atacante e o realismo defensivo, eis a equação que abre as portas do sucesso. Ganhar jogos ainda é também saber começar a perder, saber dar a volta ao resultado, saber virar a mesa e contrariar a sorte do jogo. Esse suplemento de alma e de energia é outrossim o segredo dos vencedores. Nunca desistir, nunca desesperar, dizendo "não" à resignação, gritando "não" ao conformismo. Esse é o jeito do Porto, esse o sal do seu tempero, o traço do seu feitio, o carácter do seu temperamento.
E quem ganha jogos, arrisca-se a ganhar campeonatos. Para isso, tem de ser corredor de fundo, tem de ser atleta da consistência e da solidez. Há que aprender a digerir derrotas, aprender a gerir polémicas, aprender a lidar com a hostilidade. Há que viver com o mundo mediático, há que conviver com a rivalidade clubística, há que não sucumbir à provocação. E, de jogo em jogo, de estímulo em estímulo, ir desenvolvendo uma cultura de campeão. Uma cultura que reclama todos os atributos já vistos e mais ainda o da humildade, o do realismo, o da simplicidade. Só se vence no fim do torneio, só se ganha no final do dia.
Este o Porto que vence tetracampeonatos, este o Porto que nos enche a alma. Este e só este: o meu Porto, o nosso Porto.»
2 comentários:
Foi meu professor de Ciência Política na Católica, na fase do Penta... a tanga que dava aos vermelhos era tal, que eu até chegava a ter pena dos mouros!!
Valia sempre a pena ir às aulas dele... nem que fosse por esses momentos de brilhantismo portista ao mais alto nível!!
De uma forma muito simples, direi que o Paulo Rangel é uma pessoa muito acima da média. Um portuense e um portista daqueles que a cidade do Porto precisa, e que o país não desdenharia.
Tenho pena que vá para o parlamento Europeu mas isso será apenas um ponto de passagem a caminho de mais altos cargos no futuro.
Um que seguramente lhe ficaria muito bem desde já seria o de presidente da Câmara do Porto.
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