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É bem certo que Pedroto diplomou-se com um afamado curso técnico em França e Artur Jorge andou pela Alemanha de Leste para se enriquecer para a profissão que haveria de seguir. Antigos jogadores de nomeada, inteligentes e cultos, sabiam que precisavam de aprofundar conhecimentos e confrontar-se com outras experiências, teóricas e práticas mais evoluídas.
Aliás, essa cultura do conhecimento já vigora em Portugal. Hoje os técnicos de futebol são “obrigados” a cumprir os diversos patamares do curso de treinadores para acederem à respectiva carteira profissional. Não sou capaz de valorar a qualidade dos ditos cursos, mas mal não devem fazer.
Apesar disso, há uma certa rivalidade que se mantém, não obstante essa separação entre a “ciência” e o “pragmatismo” tender a estreita-se porque o conhecimento e a informação são de muito mais fácil acesso, hoje.
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Com um certo declínio de ambos – pelo insucesso das equipas que treinaram – foi o regresso dos homens com tarimba: Toni, António Oliveira, Octávio, Manuel José, Cajuda, Inácio, Fernando Santos, José Mota e Jaime Pacheco, entre outros.
Com o regresso de José Mourinho e o seu recrutamento pelo FCP algo mudou. JM comandou, inovou e doutrinou. Pelo caminho aproveitou para pôr em causa metodologias e práticas dos velhos técnicos que não conheciam o modelo integrado de treino. O êxito alcançado no FCP em dois anos, transportou-o para o cume da fama que o Chelsea internacionalizou. As suas virtudes e os seus conhecimentos serviram a uns quantos que apareceram por essa altura, para se posicionarem como promissores seguidores da escola que fundou, mas não duraram.
Azenha terá sido o expoente máximo do insucesso, pois a sua carreira como treinador principal parecia ter tudo para vingar, mas o que fez ou não fez naqueles meses no Setúbal poderão ter acabado de vez com o seu propósito de fazer carreira como treinador principal.
Neste momento, apenas 5 equipas do escalão maior são comandadas por treinadores/mestres. Os misters parecem ter voltado a ter preferência. Vingada não vingou, e os maiores parecem ser: Jorge Jesus (o novo Messias do SLB), Domingos, Paulo Sérgio e Paulo Bento. Com Queirós na selecção e JF em fim de carreira, restam Carvalhal e Machado para mostrar serviço.
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Não creio nem um bocadinho que Guardiola tivesse reinventado um novo conceito de futebol. Este Barça tem muito do estilo de Cruyft, Van Gaal e Rijkaard, numa nova versão ainda mais atraente, uma vez que a mistura é melhor condimentada e mais apetitosa.
Além disso, demonstra uma certa tendência do futebol espanhol, nomeadamente das suas selecções que têm um padrão de jogo com muitas semelhanças. Uma questão de estilo, tal como o Milão com o seu dream team ou o Dinamo de Kiev que vi a jogar a bola de forma deslumbrante.
Misters ou mestres é indiferente desde que a qualidade prevaleça.
Guardiola aí está a mostrar o caminho, sem medo e indiferente ao número que lhe cabe como special.
5 comentários:
Dinamo de Kiev em 1987. O melhor futebol que algum dia vi no estádio das Antas.
Valeu-nos a grande equipa que tinhamos, alguma sorte, e muito engenho do Artur Jorge.
Era uma equipa 20 anos á frente do seu tempo.
portista desde que me lembro nessa altura dava valor apenas ao tenis, mas a maior liçao tatica que tive ate hj foi aquando do unico campeonato ganho pela raposa velha do futebol, num jogo em que o benfas estava a perder e qd todos os adeptos e comentadores esperavam que o homem tirasse 1 defesa para meter 1 avançado, ele tira 1 avançado para meter outro medio...acabam por dar a volta ao jogo e no fim aquando da pergunta dos jornalistas sobre o pq de nao ter posto mais avançado mas sim tirar 1 para meter um medio, trappatoni, responde-lhe com a maior simplicidade do mundo: para que por mais avançados la a frente se a bola nao lhes chega?
quem me dera que o nosso treinador pegasse nestas palavras e percebesse que o segredo do jogo e encara-lo com a maior simplicidade do mundo...gostava que o nosso treinador em vez de aproveitar os seroes para ver benfas e sportings a jogar que obrigasse os jogadores a alimentarem-se de jogos do barça...ou da seleçao espanhola...o passe e o movimento mais basico do futebol e e o que claramente menos se treina...
é off-topic
Viram o golo de Lisandro de livre directo ?
Excelente golo, muito bem executado.
Porque razão não fazia o mesmo enquanto atleta do Porto ?
Porque não aproveitaram essa característica ?
Porque é que actualmente não temos ninguém que garanta uma taxa de sucesso deste tipo de situações ?
Já o Pedroto dizia: "O futebol não é para teóricos. Os professores de ginástica servem para isso mesmo, para dar ginástica". : -))
Zé Correia: O Carvalhal será um misto de mister e de mestre, pois além da sua formação académica foi profissional de futebol.
Ah, o Mourinho também "jogou", no Rio Ave quando o pai treinava o clube, mas parece que a bola o atrapalhava um bocado. : -)
A melhor equipa que eu vi jogar foi a selecção holandesa de 1974 e 1978, a" Laranja Mecânica", treinada por um "mister", o grande Rinus Michels.
Nas Antas foi o Milan de Fabio Capello a melhor equipa que vi: aquilo parecia bilhar. O Capello é outro "mister". Os "mestres" com sucesso são poucos, e Portugal tem uma percentagem de "mestres" superior à média europeia. Em Inglaterra, por exemplo, é coisa que não existe. Todos os treinadores britânicos são antigos jogadores e mesmo o Wenger e o Ancelloti também o foram.
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