segunda-feira, 5 de março de 2012

Um golo em fora de jogo?

O pessoal gosta muito de discutir os lances polémicos e já sabemos que durante dias, semanas e meses vamos ouvir falar do golo do Maicon em fora de jogo.

Para esse peditório não dou, porque como já escrevi aqui algumas vezes, é bom que antes chorar os erros dos árbitros se olhem para os erros próprios. Foi isto que o tempo nos ensinou: nós ganhamos mais porque somos melhores. Felizmente, outros, não pensam assim. Ainda bem, é sinal que continuam com a cabeça enterrada na areia. É deixá-los andar assim.

Não quero dizer com isto que não se discutam erros de arbitragem, e que estes não têm influência no resultados dos jogos, claro que o têm. Mas num campeonato isso é diluído. 

Mas devem-se discutir lances de arbitragem, pelo enquadramento do jogo e tentando despir as camisolas. Só assim a discussão é útil.

Por isso no exemplo de que a seguir vou falar esqueçam as cores das camisola, aqui só interessa discutir o enquadramento com a lei e a pedagogia que quem tem um microfone à frente deve fazer.

Para quem seguiu o jogo pela SportTV e não desligou o som, ouviu certamente o Luís Freitas Lobo elogiar a jogada de "laboratório" que deu o 2º golo do ben7ica. 

Mais palavra menos palavra disse isto: Vê-se que é uma jogada estudada, o Luisão coloca-se em posição de fora de jogo, para depois não se fazer à bola mas fazer de barreira ao jogadores do Porto e assim libertar o Cardozo.

Repetiu isto umas 2 ou 3 vezes e se virmos as imagens grande parte é verdade, o Luisão quando o livre é marcado está em posição de fora de jogo, bloqueia o Rolando e o Cardozo aparece sozinho.


Ora o que eu acho lógico é que ao defender esta visão, o LFL deveria ter concluído:
Pelo que o árbitro deveria ter anulado o golo e marcado fora de jogo ao Luisão.

É que a lei 11 diz o seguinte:
Um jogador na posição de fora-de-jogo só deve ser penalizado se, no momento em que a bola é tocada ou jogada por um colega de equipa, o jogador toma, na opinião do árbitro, parte activa do jogo:
intervindo no jogo ou
influenciando um adversário ou
tirando vantagem dessa posição

sendo que “influenciando um adversário” significa impedir um adversário de jogar ou de poder jogar a bola, obstruindo claramente a linha de visão ou os movimentos do adversário, ou fazendo gestos ou movimentos que, no entender do árbitro, engane ou distraia o adversário

Ora se é verdade que o Luisão no intervém no jogo, nem tira vantagem da posição, já quanto à terceira condição é claro que influencia o forma como o Rolando se faz à jogada, pelo que no estrito cumprimento da lei e volto a referir na lógica apresentada pelo LFL de que isto é uma jogada ensaiada e que o bloqueio é propositado, este lance deveria ter sido pura e simplesmente anulado.

Volto a referir que esta é uma discussão meramente académica das leis do jogo, em que a cor das camisola é irrelevante, e é uma análise de sofá após visionamento das imagens por n vezes. Tivesse o jogo ficado 2-2 e certamente não era por causa disto que o Porto não tinha ganho.

Mas quase que aposto que este lance não vai passar em nenhum programa, e em termos teórico - do entender as leis de jogo, acho-o muito mais interessante do que tudo o resto de que se vai falar.

15 comentários:

José Correia disse...

"ao defender esta visão, o LFL deveria ter concluído: Pelo que o árbitro deveria ter anulado o golo e marcado fora de jogo ao Luisão"

Sim, se fosse um comentador sério e que não visse os jogos com uns óculos vermelhos, era isso que o Luís Freitas Lobo deveria ter concluído.

MBC disse...

Na mouche!

HULK 11M disse...

Infelizmente não foi só nesse lance que a lei não foi respeitada.
Existem muitos iguais, em quase todos os jogos, em que jogadores, em posição irregular, se movimentam, influenciando assim a acção dos defensores, e os assistentes não assinalam a respectiva infracção. Umas vezes dá golo, outras não dá, mas é certo que se trata dum erro de arbitragem!
Outro tema que seria interessante discutir aqui é a questão dos penalties por "mão na bola" ou "bola na mão". Em minha opinião marcam-se muitas faltas que não deveriam ser assinaladas.
E não estou a referir-me ao Cardoso, que esse gosta muito de andebol!...

Pedro M. disse...

tem toda a razao.

este lance faz-me lembrar aquilo que o benfica fazia há uns tempos (penso que ja nao faz) de nos livres do adversario darem as maos uns aos outros dentro da area, nao deixando desse modo os adversarios passarem entre eles. Assim, qualquer adversario que tentasse passar entre eles teria ali uma barreira.
Penso que depois da bola partir eles se largavam mas acho que mesmo com o jogo parado não é permitido amarrar/bloquear os adversários.

Moura Bessa disse...

muito muito bom, parabéns

LC disse...

Finalmente VP mudou e acertou em cheio, ja não era sem tempo. Adorei estar no estadio e perceber o medo que os benfiquistas tem do grande FCP!!!

JOSE LIMA disse...

Esses truques são do carroceiro que (ainda) treina a equipa da treta.
Também está a acabar o seu reinado. Também já repararam que os laterais já não fazem os 100 metros?
Parece que o senhor Luis Horta os "avisou"... acerca da "coca-cola.
braço

ℕℯℓsση ℳαcℎα∂σ disse...

Como não sou perito em regras do futebol não disse nada sobre este lance fora da minha casa e só o fiz com as pessoas que comigo estavam a ver o jogo, porém fiz-lo logo na altura e sem precisar de repetições. As repetições em minha casa serviram apenas para os outros perceberem o que eu lhes estava a tentar explicar. Explicar mas apenas para que me tirassem a duvida que eu tinha: "Não é falta aquilo que o Luisão fez?".
Quase todos, dos 4 que me acompanhavam, disseram que não e que achavam algo normal e legal... provavelmente.
Pois eu afirmei que com um pouco de incerteza achava que uma obstrução é sempre obstrução seja em que situação for.

Já para nem falar da inexistência da própria falta que dá azo a esta discussão. O vídeo do post, aliás, tira qualquer duvida pois vê-se perfeitamente o corte limpo de Djalma.

Mas também ninguém fala das agressões a Lucho quando este estava no chão após sofrer uma falta de Miguel Vítor. Ninguém fala das constantes entradas violentas dos jogadores encarnados que milagrosamente acabaram apenas com um jogador a menos, aliás, Cardozo podia nem ter tido tempo para marcar o segundo golo se o critério do arbitro tivesse sido mais coerente. Os toques na bola com os braços por Cardozo também só na boca dos portistas é que se vai ouvindo falar. E a incoerência do senhor jasus então... disso é que ninguém fala mesmo. O tipo é um autista de tal ordem que até dá ideia que é mesmo benfiquista desde pequenino.

Adaptando à musica: " Se outros calam, gritemos nós."

littbarski disse...

Em temos teóricos, sim. Na práctica, não. Pelo menos, eu não me lembro de ter visto um fora-de-jogo assinalado nestas circunstâncias. Mesmo quando a lei é clara, há sempre um espaço (demasiado grande, na minha opinião) para a interpretação da equipa da arbitragem. E neste caso basta que o árbitro assistente interprete que o Luisão se alheou da jogada e que o choque foi fortuito ou que foi provocado pelo Rolando para não assinalar. A verdade é que, vendo a repetição, percebe-se que o Luisão tira partido da posição de fora-de-jogo para bloquear um adversário. E aplicando a lei...

Os chamados peritos de arbitragem contribuem para estas confusões. Por exemplo, eu ouvi o Pedro Henriques dizer que só o Maicon é que estava em fora-de-jogo. Eu vejo a jogada e vejo o Maicon e o Otamendi a sairem de posição irregular para se fazerem ao lance. Como é que só um deles está em posição irregular, é algo que eu não consigo compreender.

O lance do Cardozo é daqueles lances que o árbitro marca se quiser. Ponto. Não há mais discussão. Porque a lei deixa à interpretação do árbitro a deliberação do lance. E o que para uns não é deliberado, para outros é. O que para uns é a posição natural de um braço, para outros não é. E por aí fora...

Quanto mais espaço houver para a interpretação dos árbitros, pior.

littbarski disse...

* na práctica e na prática...

Vitor Zenha disse...

Aos meus conhecidos benfiquistas, quando vêm com essa conversa do 3º golo em fora de jogo (que está) respondo-lhes lembrando-lhes este video de à 2 épocas atrás (eles 1 - FCP 0):

http://www.youtube.com/watch?v=4CKkxVLi3aE

Nesta altura ainda não falavam de arbitragens... E pedem o favor do Lucilio Baptista apitar muitos mais jogos!

Mário Faria disse...

Littbarski explicou bem, a meu ver, porque não deve ser marcado fora de jogo nestas situações. Julgar factos é uma coisa, intenções outra e, na dúvida, deve favorecer-se o (eventual)prevaricador.
É um pouco como os bloqueios no basquete: ganha a posição, mantendo-se a imobilidade, quem bate é que faz falta.

Maria Da Fonte disse...

Concordo de uma forma geral com o conteúdo do poste,a excepção é:
Não é freitas lobo,é freitas cão.
PORTO PORTO PORTO

Franco Baresi disse...

Reflexão teórica sobre regras:
Pois eu penso que é obstrução e não fora-de-jogo. Um jogador impedindo a progressão de outro, sem se fazer à bola, incorre em obstrução. Neste caso, se o jogador se fizesse à bola não seria obstrução, mas seria fora-de-jogo (porque se fez à bola...). É uma "no win situation". Que, pela aplicação comum que os árbitros fazem da lei, se transforma em "win-win situation".
Reflexão teórica sobre carácter e "Achievement":
Este expediente também revela algo sobre quem o usa: É "chico-esperto". E revela algo sobre o seu futuro: Não vai ter sucesso. O "chico-espertismo" é usado por quem não tem mérito nem valor. O futebol, a este nível, é suficientemente competitivo para que só os que têm mérito e valor sejam vencedores. Infeliz o clube que tem líderes que seguem pela via do "chico-espertismo", como se isto se tratasse de uma competição distrital...

MBC disse...

Com o devido respeito, a posição acima manifestada pelo Caro Litbarski não me parece que seja a mais adequada às regras em vigor:

Facto 1. O Luisão está adiantado em relação ao penúltimo jogado do Porto:
Facto 2. O Luisão não se alheia da jogada; pelo contrário, coloca-se ostensiva e inequivocamente no caminho de Rolando, impedindo-o de se dirigir à bola.
Conclusão: Não sendo as regras do Futebol de aplicação arbitrária, nem sequer discricionárias, o Luisão estava em fora de jogo, que não foi assinalado.

Facto 3. O Cardoso salta à bola como se fosse um pardal esbracejante;

Facto 4. No seu esbracejar próprio de aves engaioladas, mas alheio ao comportamento humano, toca e retoca a bola com a mão.

Conclusão: O Cardoso cometeu pénalti, que não foi assinalado!

Cumprimentos,

Miguel Cunha