quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

2009: odisseia para o tetra


Somos tri-campeões. 2009 arranca hoje, o tetra é já a seguir. O FCP reiniciou os trabalhos no princípio da semana. Se foi tempo de fazer um balanço sobre a nossa caminhada neste primeiro terço, há umas semanas atrás, é tempo agora de avaliar as perspectivas futuras, desfolhar algumas ideias e sonhar um pouco.

Neste tempo anunciado de crise, espero que o nosso FCP possa escapar a essa tragédia transnacional, com o mínimo de sequelas. Tenho andado ansioso, sempre à espreita nos jornais sobre as possíveis entradas e as anunciadas saídas, mas só sei que nada sei, a não ser as loas do costume. Continua o silêncio, porque o dito é alma do negócio.

Aliás, pela minha parte cumpri a minha obrigação e pedi ao Pai Natal um defesa esquerdo e um rapaz alto e moreno para o eixo do ataque. Não fui atendido e não pude oferecer ao meu clube a prenda desejada.

Mas, tenho confiança. Com os rapazes novos (Sapu, Rodriguez, Tomás Costa, Guarín e Pelé) a mostrarem e demonstrarem que são mais valias, e os mais afamados (Lucho e Lisandro) a retomarem o alto nível que possuem, vamos ter um reinício cheio de fulgor, neste nosso futebolzinho que gosta da retranca, de estacionar o autocarro junto da grande área, de fechar espaços, de muitas faltas, de muita bola fora, de queimar e gerir o tempo, de enervar o adversário, de jogar no erro, de muito queda para o soalho e a apostar tudo no ataque através de bolas paradas.

O nosso FCP cheio de força, revitalizado pelas mini-férias, vai pressionar, vai desorganizar as tácticas defensivas, vai correr, vai lutar, vai ser guerreiro e vai jogar bem.
Com transições rápidas e ultra-rápidas, com mais posse de bola, em 4x3x3 ou em 4x4x2 a receita está escrita e é só seguir a música. Encurtar linhas, ser letal no último passe e usar a preceito as basculações para desorientar o adversário, são alguns dos ingredientes que empregaremos com jeito e astúcia, prova da maturidade táctica da equipa que gradualmente se consolidará. O caminho é o golo e vamos melhorar substancialmente o nosso ratio de eficácia.


Não tenho dúvidas, que este é o caminho para ser campeão e chegar ao tetra e ultrapassar os oitavos na CL. Não falei com o JF, mas tenho a certeza que, atento leitor dos treinadores de bancada devidamente divulgados em blogs da especialidade, não vai deixar de atentar nos meus simples e sábios conselhos.

Este é o glorioso processo a caminho do tetra: mais uma odisseia a juntar ao glorioso historial FCP. É assim que vai ser, se não for a paixão continua e o FCP sairá incólume - apesar das muitas perseguições - porque não vacilaremos perante o desaire, nem seremos apenas orgulhosos diante das vitórias.

FCP, sempre!

Bom ano desportivo é o meu desejo a todos os adeptos do FCP.

15 comentários:

Nuno Nunes disse...

Um bom ano novo aos membros do Reflexão, aos nossos leitores e a todos os adeptos do FC Porto.

Partilho das preocupações e das expectativas do Mário para o ano de 2009 mas acredito que o FC Porto estará à altura dos acontecimentos e saberá gerir os desafios desta nova era.

José Correia disse...

«Temos consciência de que somos candidatos às quatro provas que existem no nosso calendário: Liga dos Campeões, Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal. Somos o único clube em Portugal nessas condições e, portanto, o que está para trás já é passado e aquilo que nos interessa neste momento são os cinco meses de 2009 que nos faltam para terminar uma época que, para já, nos proporcionou a possibilidade de atingirmos um dos nossos objectivos que era chegar aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. De resto, estamos posicionados em todas as competições de maneira a podermos discutir as vitórias finais.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«iniciámos a construção de uma nova equipa com a entrada de vários jogadores que projectam o FC Porto como um clube que tem uma filosofia clara: é um clube formador.
(...) nenhum jogador formado teria facilidades para chegar ao FC Porto e jogar de imediato, assumindo a filosofia, o processo e os princípios de jogo do FC Porto. Acho que é mais fácil fornecermos esses dados a jogadores novos, com potencial e com qualidade. Por outro lado, os atletas completamente formados com qualidade e capacidade para se imporem de imediato, esses estão muito para além das capacidades financeiras do FC Porto. Que fique claro, então, que o FC Porto é um clube formador, como demonstra a aproximação do plantel principal à equipa de Sub-19 e a criação por nossa iniciativa da Liga Intercalar. Aliás, atendendo à dimensão do nosso mercado, não vejo muito bem que outra forma o FC Porto tenha de competir com as grandes potências mundiais com as quais se confronta na Liga dos Campeões.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«[O FC Porto] É uma equipa que perdeu alguma profundidade ao nível do jogo exterior, perdeu também alguma capacidade para gerir o jogo em relação ao ano anterior, mas em compensação é uma equipa com muito mais potência do que a anterior. É uma equipa que não defende tão bem como a anterior, e não me estou a referir apenas à defesa, mas a toda a equipa. Mas esta equipa não está a defender tão bem como a outra por questões que têm a ver com a adaptação de alguns jogadores e com o enquandramento dos equilíbrios defensivos, que ainda não estão perfeitamente alcançados. É uma equipa que, pela sua potência e capacidade de aceleração do jogo, quando conseguirmos que ela toda o faça em uníssono, acredito que será tão ou mais eficaz do que a equipa do ano passado.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«ao fim destes quase três anos de FC Porto, percebo que é mais difícil recolher críticas positivas aqui do que noutros clubes. Também percebo que, aqui, para ter reconhecimento e merecer críticas positivas, temos de ganhar muitas vezes seguidas, demonstrando a nossa capacidade para lá de qualquer dúvida razoável ou, às vezes, nada razoável. Em caso de dúvida, o FC Porto, o seu treinador e os seus jogadores são criticados. Apenas quando a qualidade é demasiado evidente, quando os resultados não deixam margem para dúvidas, apenas nessa altura é que pronto, vá lá, com algum esforço, se reconhece qualidade e mérito a esta equipa. E não me digam que não sei do que falo e que não conheço quem são as pessoas que estão na comunicação social. Somos gente que se conhece.
(...) numa determinada altura desta temporada, o facto de o FC Porto estar mal deu muito jeito e serviu para esconder outras coisas. Quando a equipa começou a ficar melhor, começou a ser um pouco mais aborrecida e eu passei a ser um treinador agressivo. Porque quando perco, até sou um tipo simpático.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«É evidente que anda meio País a fazer força para que o FC Porto não seja campeão. Não sei se é cansaço pelos três títulos do FC Porto, não sei se é por haver só um lugar na Champions, não sei se é porque se fizeram investimentos demasiado ambiciosos ou se é porque algumas pessoas novas têm qualquer coisa para provar, mas sei que há aquilo que posso descrever como uma grande preocupação com a necessidade de alternância democrática no primeiro lugar.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«Não posso dizer que o Stepanov ou o Bolatti falharam ou que não têm capacidade suficiente para jogar no FC Porto porque não tiveram oportunidades suficientes para o demonstrar. Bolatti não falhou. Na última época, o Bolatti não jogou por culpa do Paulo Assunção e este ano, quando entendíamos que o Bolatti poderia jogar, surgiu o Fernando que lhe retirou novamente essa possibilidade. O Stepanov passou por um processo semelhante. Agora, jogadores com as qualidades que ambos têm, precisam é de jogar o que podem fazer com mais frequência noutras equipas. Não são, por isso, jogadores que damos por perdidos.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

-----

Percebe-se que Jesualdo via com bons olhos a saída destes dois jogadores, de modo a jogarem com mais frequência noutras equipas.

José Correia disse...

«para mim, como o nome indica, um defesa-lateral é, antes de mais, um defesa. A sua primeira função é defender bem. A maior parte das pessoas, costuma avaliá-los pela sua capacidade para atacar, mas eu não faço isso. Na minha concepção de jogo ofensivo, é importante que os laterais também consigam ser jogadores com capacidades ofensivas. Ora, defender bem e atacar bem não é fácil para jogador nenhum. Depois há mercados, como o Brasil e a Argentina, que potenciam um determinado tipo de lateral que só sabe atacar. E esses não me servem. É verdade que somos mais sensibilizados por alguém que ataca bem, até porque defender é muito aborrecido, mas a verdade é que há defesas que não gostam de defender e isso não pode ser. Aliás, para uma equipa atingir a maturidade precisa de perceber que só consegue atacar bem defendendo bem.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

-----

100% de acordo com esta opinião de Jesualdo.
É por isso que me custa a perceber as contratações de defesas-laterais como Lino e Benitez.

José Correia disse...

«O Sapunaru tem condições físicas óptimas, apesar de não ser muito rápido. Não é um jogador de explosão, mas é um jogador de ritmo elevado. Tem ainda algumas dificuldades no posicionamento defensivo e é um jogador que, sob o ponto de vista emocional, se desestabilizou em determinada altura. Mas tem todas as condições para vir a ser um grande lateral. No entanto, o Sapunaru está resguardado, porque tinha de ser protegido. Como outros estão resguardados para poderem escapar às críticas e análises negativas que se fazem permanentemente aos jogadores que entram no FC Porto e não conseguem imediatamente comer a bola.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

-----

Se o Sapunaru recuperar dos problemas psico-emocionais, poderia ser uma boa "contratação" de Janeiro.

José Correia disse...

«[O Hulk] Está muito longe de ser um jogador definitivo e nem sequer é muito fácil prever o que vai ser. Agora, tem todas as condições para se tornar num fenómeno, num verdadeiro fora-de-série. Vamos ver como as coisas vão correr.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«No ano passado o Lucho jogava por trás de uma linha de três avançados e, a dada altura da época, em Novembro, passou a ser um jogador de entrelinha, entre o meio-campo e o ataque. Como é um jogador muito inteligente, que percebe o jogo muito bem e que faz tudo o que lhe pedem - e não conheci muitos jogadores deste nível com essa humildade - ganhou uma série de rotinas que a própria equipa lhe permitiu ter. Ora, este ano, o Lucho nunca teve uma equipa estável e essa intranquilidade da equipa transmitiu-se a ele, sendo acentuada depois pela necessidade de uma reorganização táctica. E ele passou a jogar mais como médio interior, com um futebol muito vertical, mais parecido com o que tinha feito no meu primeiro ano de FC Porto. Uma readaptação que lhe custou e que ainda se ressentiu dos maus momentos da equipa, porque ele é um jogador muito sério, que não gosta de perder e que se fortalece com os bons momentos da equipa e enfraquece com os maus. Admito que com o crescimento da equipa registado nos últimos tempos, ele volte ao seu melhor rendimento.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«[2009] É um excelente ano para tentar ir mais longe [na Liga dos Campeões], sim. Não me parece que a filosofia do Atlético seja a mesma do FC Porto. Eles investiram muito forte na equipa enquanto nós temos uma filosofia de formação, como já referi. Eles jogam muito no campeonato, mas dificilmente o ganharão, pelo que parte da sua aposta para esta temporada passa por uma boa carreira na Liga dos Campeões onde não é certo que possam jogar na próxima época.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

José Correia disse...

«Este ano as críticas foram de facto muitas, foram muito fortes e não pouparam ninguém. Atingiram os jogadores que já cá estavam, os que chegaram de novo e, como é costume, também atingiram o treinador. Quem perceber o que é o FC Porto, e é importante que pelo menos os adeptos do FC Porto percebam isso, porque os críticos têm as suas próprias agendas, mas a família, a nação portista deve perceber o que é o FC Porto e que o FC Porto é isto, é a formação constante. Quando os assobios e a instabilidade se manifestam devem ter uma base pedagógica diferente, porque são jogadores novos que se querem afirmar e que precisam de ambiente para o fazer. O ambiente de exigência competitiva neste clube já é alto, se lhe juntarmos um ambiente hostil social e emocionalmente, não vamos conseguir ter jogadores. E a nação portista precisa de perceber isso.»

Jesualdo Ferreira
in O JOGO, 01/01/2009

Jorge Aragão disse...

Para os responsáveis do Blog e para todos os que por aqui aparecem, um 2009 feliz.

Mefistófeles disse...

Governasse Pinto da Costa o País, com o nosso apoio, e estávamos longe do lodo em que nos meteram.

O FCP é um motivo de reflexão séria pois representa tudo o que é contra a mediocridade instalada a todos os níveis da sociedade civil.

Mesmo os adeptos, críticos como são, são um exemplo a seguir. Isso é que fez e faz de nós uma força imparável.