Com uma dívida do Estado português superior a 170 mil milhões de euros, o país perto da bancarrota, o rating da República a descer para níveis inimagináveis e os juros dos empréstimos contraídos a subirem em flecha, há muitos meses que o FMI faz parte do dia-a-dia da conversa dos portugueses.
Aproveitando este triste contexto, e no dia seguinte à chegada dos técnicos do FMI a Portugal, recordo um extracto de uma longa entrevista de António Oliveira, publicada no Record de 27/12/2010, onde a Olivedesportos foi comparada ao FMI do futebol português.
R – O mundo do futebol reconhece méritos a Joaquim Oliveira e à Olivedesportos por aquilo que fizeram em prol do futebol. Concorda?
AO – A Olivedesportos foi a primeira empresa em Portugal criada por mim e pelo senhor Joaquim Oliveira que é meu irmão e que impulsionou e desenvolveu a área desportiva através da publicidade estática, direitos de imagem, multimédia e a televisão temática de desporto. Se Joaquim Oliveira tem mérito? Isso é uma infinita evidência. Tem muitíssimos, reconhecidos com justiça por personalidades de diversos quadrantes, nomeadamente pelo ex-Presidente da República, dr. Jorge Sampaio. Quando há anos a empresa era frequentemente atacada, defendi sempre, em diversas entrevistas, que Joaquim Oliveira, mais tarde ou mais cedo, iria ser celebrado com uma estátua pelo futebol português.
R – Há alguma ironia no que diz?
AO – Não, de todo. Quem pode atrever-se a não reconhecer a importância que ele teve e tem no futebol? Há que ser justo. O facto de não falar com ele há muitos anos não me retira o discernimento para avaliar aquilo que ele faz.
R – O que representa a Olivedesportos no futebol?
AO – É o FMI do futebol. É quem tem suportado a modalidade profissional sob o ponto de vista financeiro. Há muitos anos.
R – E há algum lado perverso nessa actuação?
AO – Não me parece. Agora, provavelmente haverá outras formas para sustentar o futebol. E essas terão de ser testadas para se apurar se são melhores ou piores. Não creio, todavia, que se possa dizer que uma empresa que patrocina todos os clubes em Portugal, com contratos de exclusividade com as equipas das duas ligas, estabelecendo o tecto para cada uma delas, sendo que é com o dinheiro desses direitos, televisivos e de publicidade, que os clubes chegam à Liga e apresentam as suas contas em dia, como é que alguém pode dizer que a influência da empresa é maléfica?
R – E acha que pode ser feito algo de diferente?
AO – Tudo no futebol português, pode ser melhor. Mas quando digo tudo é mesmo tudo! Nada há que com análise séria e competente não possa ser melhorado. Mas para isso é preciso que as pessoas queiram…
R – E não querem?
AO – Às vezes dá-me a sensação que as pessoas e os lóbis a que elas pertencem não estão interessadas em mudar coisa nenhuma.
R – E que lóbis são esses?
AO – Os dos poderes instituídos. Se falarmos do mundo das finanças, onde é que eles estão? Na banca.
R – E no futebol, um deles é a Olivedesportos?
AO – É sim senhor.
R – Que pode pôr e dispor no futebol português?
AO – Corrijo: que põe e dispõe.
4 comentários:
Notemos que António Oliveira não faz a comparação entre a Olivedesportos e o FMI em sentido negativo, antes pelo contrário, como se pode ver aqui: "É o FMI do futebol. É quem tem suportado a modalidade profissional sob o ponto de vista financeiro."
Contudo, se queremos encarar a coisa como tendo um sentido crítico, então talvez fosse mais indicado comparar-se a Olivedesportos com o Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que está a cobrar juros mais altos que o FMI à Grécia e à Irlanda, indo o mesmo passar-se com Portugal.
Eu bem sei que é politicamente correcto dizer-se mal do FMI e evitar criticar a "Europa", mas factos são factos.
Desculpem o à parte.
Boas Amigos
vejam lá isto:
"No Name sem castigo por fogo em autocarro
Caturna estava condenado por incendiar veículo dos Super Dragões.
As cinco escutas ao telemóvel de Hugo Caturna, pouco antes de um autocarro de adeptos do FC Porto ter sido "pasto das chamas" ao lado do Estádio da Luz, não deixaram dúvidas ao juiz Renato Barroso. "O autocarro vai ao ar hoje"; "isto é regar pneus"; "tá ali, é roxo [autocarro]..."; "ainda só acertei a tampa disto, a do garrafão"; "era pôr já tudo a arder"; são frases gritadas por telefone a amigos, na tarde de 21 de Junho de 2008, que levaram a oito anos de cadeia. Agora, o Tribunal da Relação libertou o membro dos No Name Boys por "falta de provas".
Caturna estava em escuta como outros cúmplices – acabaram detidos 37 membros da claque do Benfica por vários crimes. É um dos 29 condenados em primeira instância, porque, no caso em que foi incendiado o autocarro dos Super Dragões, antes de um jogo de hóquei, o juiz concluiu que "poucas vezes se esteve perante escutas tão concludentes de que o arguido dirigiu a operação criminosa".
Agora, a Relação só conclui que "há uma razoável probabilidade" de Caturna "ter desempenhado um papel" no incêndio. Fica só provada a "intenção genérica" – apesar de referências à "garrafa, ao cheiro [combustível] e à tampa".
ABSOLVIDO POR UM DOS CRIMES MAIS GRAVES
Os 37 elementos dos No Name Boys foram detidos em 2008 na operação ‘Fair Play’, por associação criminosa, tráfico de droga, incêndio (Hugo Caturna), roubo, dano ou ofensas à integridade física. Acusados pela Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP, conheceram a sentença a 28 de Maio do ano passado – depois de julgados na 5ª Vara Criminal de Lisboa, presidida pelo juiz Renato Barroso: 13 penas efectivas, 16 suspensas e oito absolvições. Só a associação criminosa ficou por provar. Caturna estava já a cumprir oito anos e meio por um dos crimes mais graves, mas a Relação absolveu-o agora: "Indubitavelmente ele esteve nas proximidades do local onde foi chegado fogo ao autocarro e manifestou propósito de lhe causar estragos, ainda que não a intenção específica de incendiar".
ONZE JULGADOS PELA VIOLÊNCIA ANTES DO BENFICA - FC PORTO
Onze dos 13 detidos pela PSP junto do Estádio da Luz no domingo, antes do Benfica-FC Porto, vão ser julgados sumariamente no Tribunal de Pequena Instância Criminal, no Campus de Justiça, em Lisboa, nos dia 12 e 13. Para além dos detidos – entre eles sete por agressão e incitamento à violência, um por agressão a agente da PSP e dois por posse de artigos pirotécnicos – foram identificadas mais cinco pessoas pelos distúrbios. Recorde--se que quatro polícias ficaram feridos e duas viaturas foram danificadas. A PSP apreendeu tochas e petardos, bolas de golfe e cavilhas de ferro das obras. Além destes casos, há outros dois processos em que o Ministério Público propõe que os suspeitos sejam impedidos de entrar em estádios por seis meses."
Fonte: CM
Um abraço !
Já agora, alguém tem informação, se possível sucinta, sobre quais os motivos pelos quais os irmãos Oliveira não se falam?
Pedro Carriço
Nunca gostei dos irmãos Oliveira e do poder pernicioso da Olivedesportos no futebol portugues.
Teve condições de fazer o que a empresa do Murdoch fez com a Premier e em lugar de trabalhar para desenvolver o futebol luso, asfixiou-o totalmente, como o FMI brevemente fará com Portugal.
E lamento que este grande jogador esteja na lista de futuros presidentes, nunca lhe vi caracter suficiente para chegar tão longe.
um abraço
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