domingo, 1 de julho de 2012

Pedro e os elefantes orelhudos

No final do último slb x FC Porto, após mais uma vitória dos “dragões” em pleno estádio da luz (algo que, para os benfiquistas, começa a ser dolorosamente habitual), Luís Filipe Vieira fez questão de descer do camarote presidencial e ir falar com os jornalistas para, indignado, dizer o seguinte:

Pedro Proença faz um grande favor ao futebol português e ao Benfica se nunca mais apitar um jogo nosso. Ele, coitado, sente-se condicionado.

Como é óbvio, estas declarações, como muitas outras proferidas por Vieira ao longo dos últimos anos, nada têm a ver com a realidade da arbitragem deste jogo, nem de outros jogos entre encarnados e azuis-e-brancos arbitrados por Pedro Proença. No entanto, servem para justificar uma nova época desastrosa do futebol benfiquista e, quiçá, para consolar alguns espíritos atormentados, ao estilo “nós somos os maiores e só perdemos campeonato após campeonato porque os árbitros estão todos comprados pelo Pinto da Costa”.

Claro que nem todos os adeptos encarnados engolem facilmente estas patranhas e o problema agudiza-se quando um dos principais alvos desta mais recente campanha de “lavagem ao cérebro” é o árbitro Pedro Proença.

Então um árbitro que é assumidamente benfiquista (“Seria uma desonestidade intelectual dizer que não tenho clube. Tenho as minhas preferências políticas, religiosas, clubísticas, sexuais. O meu pai fez-me sócio do Benfica em pequenino”, declarações de Proença, em 2010, ao blogue do Núcleo de Árbitros da Amadora) quer, propositadamente, prejudicar o clube de que é adepto e sócio desde pequeno?

Não sendo de propósito, será que Pedro Proença é incompetente para o desempenho da função de árbitro?
Os responsáveis da arbitragem europeia entendem que não, como o atesta o facto de, desde 2003, quando Proença atingiu o estatuto de internacional, o terem nomeado para 59 jogos europeus!

Numa altura em que tudo isto estava a ser ignorado pela comunicação social e o choradinho benfiquista contra a arbitragem portuguesa a fazer o seu caminho nas televisões e jornais lisboetas, surgiu o primeiro abalo quando, logo após o final do campeonato, Pedro Proença dirigiu (e bem!) a final da Liga dos Campeões (foi o primeiro árbitro português a apitar uma final neste formato da prova). Como se isto não bastasse, e precisamente na véspera de FC Porto, benfica e sporting iniciarem a preparação para a nova época, Proença foi nomeado para arbitrar a final do EURO 2012, a disputar hoje no Estádio Olímpico de Kiev.

Por estes dias, os "cérebros" que engendraram e, com o apoio militante de alguma comunicação social lisboeta, alimentaram a campanha benfiquista contra a arbitragem portuguesa, devem andar com uma azia… É que, neste caso, não se trata de engolir pequenos sapos. Isto é mais parecido com engolir elefantes orelhudos…

P.S. Se a final de hoje correr bem a Pedro Proença, ainda se arriscam a ver um árbitro português a ser eleito o melhor europeu de 2012. E, por aquilo que pude ler, já também está pré-designado para o Mundial de 2014. Isto sim, é um autêntico pesadelo para algumas estratégias de comunicação.

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