(Kelvin e Atsu, jogadores do FC Porto que estiveram emprestados ao Rio Ave na época 2011/12)
«A Liga Portuguesa de Futebol Profissional aprovou, esta quinta-feira [28 de Junho], uma nova norma que visa impedir os empréstimos de jogadores entre clubes da mesma Divisão, para entrar em vigor já na época 2012/13. A decisão foi tomada na Assembleia-Geral extraordinária do organismo e resultou de uma iniciativa do Nacional da Madeira. O Sporting também tinha intenção de fazer uma proposta idêntica. A revelação, de resto, veio da boca de Rui Alves, presidente do Nacional, que adiantou, à saída da reunião, que a proposta teve o voto favorável de 19 emblemas, uma abstenção e nove votos contra.»
Maisfutebol, 28/06/2012
Numa entrevista publicada no jornal PÚBLICO de hoje, quando questionado se tinha ficado surpreendido com a decisão de acabar com os empréstimos de jogadores entre clubes que disputam o mesmo escalão, o presidente da Liga de Clubes, Mário Figueiredo, respondeu assim:
“Muito surpreendido e a medida coloca-me grandes reservas, até pela rapidez com que foi aprovada [durante uma assembleia geral extraordinária, de quinta-feira passada]. Acho que fazia mais sentido limitar o número de empréstimos. Passámos do oito para o 80.”
É raro estar de acordo com o atual presidente da Liga, mas neste caso estou. Faria muito mais sentido limitar o número de jogadores que um clube pode emprestar a outro (para evitar casos como o União de Leiria da época passada, que era quase um benfica B, tantos eram os jogadores emprestados pelo clube da “verdade desportiva”).
No imediato, quais são as consequências desta medida radical, em que nem sequer houve o cuidado de definir um período de transição (prevendo casos como os Ukra e Ruben Amorim, cujos empréstimos abrangem a época 2012/13)?
«A inesperada e surpreendente decisão, tomada por maioria na última assembleia geral da Liga, de impedir os empréstimos de jogadores já a partir da época de 2012/2013, deu cabo da planificação de muitos clubes. Alguns deles ontem ainda tinham esperança de ver a FPF não ratificar esta decisão, mas o Record sabe que não há volta a dar.»
in record.pt
«A regra aprovada pela Liga, que impossibilita os empréstimos entre emblemas do mesmo escalão, veio atrasar a construção do plantel do Rio Ave. Os vila-condenses terão de procurar outro guarda-redes que não o jovem Oblak, que seria cedido pelo Benfica, a exemplo do que poderia acontecer com Roderick e Diego Lopes, entre outras possibilidades que estavam a ser estudadas. A chegada de Soares, do FC Porto, também fica sem efeito. Pelo menos por empréstimo.»
in record.pt
Que o SCP e os clubes da II Liga tenham votado a favor, percebo perfeitamente. Mas, alguém sabe quem foram os clubes da I Liga que votaram a favor do fim dos empréstimos entre clubes do mesmo escalão?
P.S. Entre outros casos parecidos, será que o FC Porto consegue convencer o guarda redes Fabiano (contratado ao Olhanense mas que iria permanecer mais um ano no Algarve a título de empréstimo) a ir jogar para a II Liga?
9 comentários:
Sou a favor desta medida por várias razões:
- Acaba-se assim o comprar por comprar só para satisfazer favores de empresários que excedentam o plantel e sobrecarregam as finanças do clube.
- Acaba-se tambem com a "mama" que alguns clubes tem com os empréstimos e que fazem muitas vezes adulterar o jogo (regra geral o atleta emprestado lesiona-se sempre na véspera de jogar com o clube-mãe!)
- Na Inglaterra país do fair-play empréstimos entre clubes do mesmo escalão não são permitidos.
Tal como as abordagens a jogadores a meio da epoca, ou mais precisamente antes de confrontos diretos, que ainda é mais grave que os empréstimos!
Felisberto Costa
Isto é uma palhaçada! Fazem tudo em cima do joelho, sem qualquer tipo de debate, a curto prazo!
Cada vez mais me convenço que o futebol português está entregue a um monte de gente que nem deve ter a capacidade para tirar a carta de condução sem "luvas".
Não haverá aí outro desporto com gente menos reles que possamos comentar? Xadrez ou damas?
transfere-se para um clube de outro escalão, e este empresta-o ao do mesmo.
@anónimo:
- não não acaba, os empréstimos são maioritariamente de jovens jogadores abaixo dos 22 anos, muitos deles da formação que entram no ciclo de empréstimos até serem dispensados.
- Não, não adultera o jogo, tens o caso do Atsu contra o porto e o Adrien contra o sporting entre outros inumeros casos em que o jogador emprestado acaba por ter uma motivação extra para mostrar serviço.
- Não, não é assim em inglaterra, onde são permitidos empréstimos entre jogadores do mesmo escalão, há é uma limitação no numero de jogadores que cada clube pode ter emprestados.
Alguém tem que me explicar como o Bendtner foi jogar por empréstimo para o Sunderland se em "Inglaterra país do fair-play empréstimos entre clubes do mesmo escalão não são permitidos".
Concordo com a medida mas não concordo com a forma tão repentina como a querem aplicar.
acho que os empréstimos entre clubes da mesma divisão não fazem sentido pela questão da subserviência a que os clubes que recebem jogadores ficam perante quem empresta.
já não vou ao caso do jogador estar ou não motivado mas não tenho dúvidas que os presidentes desses clubes tenham uma palavrinha com o treinador antes desses jogos de modo a evitar lixar a vida a quem lhes empresta jogadores pelas conseqüências que isso poderá ter.
«A deliberação que proíbe os empréstimos entre equipas do mesmo escalão é, na forma e no conteúdo, um retrocesso para o futebol português. Esta é a posição do FC Porto, que votou contra a proposta apresentada pelo Nacional. "É um claro atentado ao jogador português", resume Antero Henrique, diretor-geral da SAD, que explicou, a O JOGO, as razões do voto portista. "É um grande retrocesso no que diz respeito à necessidade de desenvolver o jogador português, que assim vê o seu espaço diminuído. As equipas B são uma excelente medida, mas é preciso um nível intermédio", sustenta o responsável, que cita Atsu, Kelvin, Cédric, Adrien ou Pizzi como exemplos de um modelo que deu frutos.
"Isto caminha num sentido muito escuro, porque o que se defende é a solidariedade no futebol português, sobretudo num contexto de dificuldades financeiras", lembra Antero Henrique, que lamenta que se tenha adbicado de uma discussão ampla: "Não acredito em sucesso sem planeamento. Uma decisão destas tinha de ser discutida com tempo, porque há vários modelos para a questão e basta ver o que aconteceu na liga mais comercial do mundo, a inglesa, onde as regras foram amplamente debatidas."
Criticando ainda o "timing" para a apresentação da proposta (a três dias do arranque oficial da época e com contratos de cedência assinados), o diretor-geral da SAD questiona-se sobre o que terá levado algumas das equipas que mais beneficiavam dos empréstimos a votar favoravelmente à sua proibição: "Muitos clubes andam hipnotizados, não sabemos muito bem com o quê. No fim deste hipnotismo vamos perceber como é que isto está..."
O FC Porto regista uma tendência que, na leitura dos seus responsáveis, não favorece a competitividade nem a saúde financeira do nosso futebol. "Na última assembleia geral, por exemplo, propôs-se a retirada de espaço publicitário nos estádios para dar visibilidade aos patrocinadores da Liga. Isto só pode ser a necessidade de financiar a sua pesada estrutura", entende Antero Henrique.»
in ojogo.pt
«"Foi uma derrota dos projetos aglutinadores de alguns grandes clubes. Com esta medida, trava-se a tentativa de domínio de clubes que, devido à maior capacidade financeira, compram sul-americanos a granel. Depois, os atletas portugueses veem a sua carreira prejudicada e são impedidos de se desenvolver. Esta medida vem libertar o jogador português", assegura Rui Alves a O JOGO. Aliás, o dirigente fala de uma "nova era". "A II Liga vai melhorar imenso, com os jogadores a deixarem de ser escravos. Pode ser que deixe de haver Melgarejos, Caballeros, Abdoulayes, Jaras e outros", ataca, sem nunca nomear... Benfica ou FC Porto.»
in ojogo.pt
«Partindo do princípio de que "a verdade desportiva poderia sair beneficiada com o fim dos empréstimos de jogadores a clubes do mesmo escalão", Carlos Pereira votou a favor da proposta do rival Nacional. Mas tem reservas sobre a eficácia da mesma. "Não acredito que vá mudar, pois vão arranjar-se outros mecanismos para ludibriar ou ultrapassar essa dificuldade. A montanha vai parir um rato", referiu, a O JOGO, o presidente do Marítimo, que até apresentou algumas das opções que os clubes podem vir a utilizar para tornear a questão. "Vão rescindir-se contratos, fazer-se novos e vai colocar-se nas mãos dos clubes os direitos económicos, estabelecendo um preço mais baixo como opção de recompra", alertou o dirigente, que, na AG que antecedeu a de quinta-feira, tinha apresentado uma proposta que "limitava o número de contratos".»
in ojogo.pt
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