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Esta saída deixa-me três dúvidas no ar e três certezas.
É óbvio que a razão para a rescisão terá sido a falta de acordo financeiro na renovação do contrato. Pergunto-me quais terão sido as exigências de P. Assunção e se estas teriam sido assim tão incomportáveis para a SAD, ou se não terá havido pelo contrário uma certa teimosia exagerada e/ou bluff e/ou até mesmo um menorizar da importância do jogador na equipa.
Penso que se P. Assunção não pediu (muito) mais do que o jogador mais bem pago ganha neste momento (Quaresma?), a sua vontade devia ter sido satisfeita no limite. Isto porque desportivamente é um jogador difícil de substituir, e financeiramente irá ficar-nos certamente mais caro o passe de um substituto do que 100mil euros/mês que seja de aumento salarial (o que seria equivalente a não mais de 2 ou 3 milhões ao fim de 2 ou 3 anos).
E de um ponto de vista de "justiça", bem... isso não existe no que diz respeito a salários no mundo do futebol. Quaresma ganha certamente muito mais do que um Pedro Emanuel, e é questionável se essa diferença é justa. Idem para C. Ronaldo vs. alguns colegas de equipa. Ganham mais porque negocialmente têm mais margem de manobra, tão simples como isto.
Outra dúvida coloca-se no que diz respeito a eventuais ofertas ao FCP pela aquisição do passe de P. Assunção. Se a renegociação de contrato estava muito mal parada, é questionável se não se terá perdido uma boa oportunidade de ao menos encaixar alguns milhões com a sua venda (contra umas centenas de milhar de euros de indemnização).
Outra dúvida coloca-se no que diz respeito a eventuais ofertas ao FCP pela aquisição do passe de P. Assunção. Se a renegociação de contrato estava muito mal parada, é questionável se não se terá perdido uma boa oportunidade de ao menos encaixar alguns milhões com a sua venda (contra umas centenas de milhar de euros de indemnização).
A terceira dúvida prende-se com o preenchimento desta vaga no plantel e da conquista da titularidade: Bolatti parece estar ainda algo verde, e para além dele temos Castro (certamente muito verde) e Fernando (também certamente verde). Parece-me que vamos acabar por ir ao mercado...
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A segunda é que abriram as hostilidades na Europa no que diz respeito ao Webster ruling. Até agora nunca tivemos um clube com "nome" na Europa envolvido num caso destes; presumo que haja um acordo "tácito" entre os grandes clubes (digamos ex-G14) para não usar esta arma atómica. Vamos a ver quem é o clube por detrás disto, mas esse clube merece que cortemos relações com eles e será, se não ostracizado, certamente olhado de soslaio no panorama europeu. Será mesmo um alvo legítimo para a mesma arma da parte de clubes ainda mais ricos, já que perdeu autoridade moral.
A terceira é que, mesmo que a atitude de P. Assunção seja compreensível no caso de ter ofertas milionárias de outras paragens, não é certamente desculpável. Não gosto de quem rasga contratos que assinou de livre vontade - não é minimamente ético (para mais quando o "Webster ruling" não tem sido sequer usado por outros jogadores). Sendo assim, goodbye and good riddance.
8 comentários:
Quanto ao facto em si, não me surpreende minimamente.
Não sabendo os valores oferecidos e/ou pedido é dificil dizer quem deveria ter cedido.
Mas há uma variável que não tem sido falada e que não sei até que ponto não influenciou as negociações: O facto de 50% do passe do P. Assunção ser do Nacional da Madeira. Será que o FCP ao renovar com o jogador não teria de comprar ao mesmo tempo os 50% do Nacional?
A traição tem sempre um sabor amargo e no futebol os adeptos têm maior tendência para reagir com emotividade. É apenas um jogador, mais um que jogava para a equipa.
Agora provavelmente vai acontecer-lhe o mesmo que a Zahovic e Drulovic: não terá 1/4 do sucesso e das prestações que teve no FC Porto.
Esta tomada de posição é curiosa. Agora quero ver quem é o clube que lhe vai dar guarida e que ficará 'marcado' connosco (FC Porto) para o futuro. Sim, porque se não houver ética e solidariedade entre os clubes muitos mais jogadores já teriam feito isto e as compras/vendas de jogadores passavam a ser uma selvajaria. Não me acredito que hajam muitos clubes na Europa disponíveis para contratar jogadores desta forma.
Já gostei muito do PA como jogador, fazia-me lembrar a formiga trabalhadora Makelele. Ultimamente fui-me apercebendo das suas limitações e até acho que as saudades não vão durar muito tempo.
"Penso que se P. Assunção não pediu (muito) mais do que o jogador mais bem pago ganha neste momento (Quaresma?), a sua vontade devia ter sido satisfeita no limite. Isto porque desportivamente é um jogador difícil de substituir, e financeiramente irá ficar-nos certamente mais caro o passe de um substituto do que 100mil euros/mês que seja de aumento salarial (o que seria equivalente a não mais de 2 ou 3 milhões ao fim de 2 ou 3 anos)."
Isso seria abrir um precedente gravíssimo para a manutenção da estabilidade no plantel. Ainda que o raciocínio tenha toda a lógica economista e prática, os custos que daí pudessem resultar no futuro poderiam ser bastante elevados ("pior a emenda que o soneto"). A mensagem passada ao plantel (e pior que isso, aos seus empresários, sempre prontos a abrir a boca) seria a de que a sociedade cede a pressões dos seus futebolistas no sentido de elevar os salários. Depois teríamos os jogadores prestes a fazer 28 anos prontos a lançar ameaças de rescisão unilateral se as suas exigências não fossem satisfeitas.
Assim, até é melhor. A mensagem é que o clube sabe até onde pode ir e é intransigente.
Estou como o outro: só faz falta quem cá está! Embora tenha sido um jogador que contibuiu decisivamente para os nossos êxitos, tenho a certeza que daqui a uns tempos já não me recordarei dele. Os mercenários raramente ficam na memória de alguém. Suspeito que vai jogar num clube de Lisboa...
Caro Zé,
Com desculpas pelo pedantismo, o nome do clube é Heart of Midlothian (alcunha: "Hearts") e "modestíssimo" não me parece ser um adjectivo adequado, já que se trata de um dos historicamente principais clubes escoceses. Não estamos a falar de Celtic ou Rangers, claro, mas também não se trata de Clyde ou Stranraer!:-)
Abraços
No panorama *europeu*, o Heart *é* um clube modestíssimo. Quantas presenças têm na Liga dos Campeões? O q é q já fizeram na Europa? Zero.
Quer o clube que está por detrás desta operação (Atlético de Madrid? Fiorentina? Benfica?), quer o empresário do jogador (Rui Neno?), devem entrar para a nossa lista negra.
Relativamente ao clube, esperar pela melhor oportunidade para lhes responder na mesma moeda, ou pior (lembram-se de como o FC Porto reagiu à investida do Sporting, quando eles vieram cá buscar o Jaime Pacheco e o Sousa?).
Quanto ao empresário do Paulo Assunção, corte de relações totais.
«O dia seguinte à bomba lançada por Paulo Assunção, ao ter rescindido, sem justa causa, o contrato que o ligava ao FC Porto, foi aproveitado pela imprensa espanhola para apontá-lo ao Atlético de Madrid.
O antigo camisola 6 do FC Porto até fez manchete num dos principais jornais desportivos do país vizinho. O “Mundo Deportivo” aproveitou a sua primeira página para escrever que Assunção “é o escolhido para reforçar o meio-campo” colchonero.
“Assunção, atado” ficou escrito em letras grandes no referido órgão de comunicação social, que acrescenta que o brasileiro “chega livre do FC Porto e assinará por três temporadas”.
Recorde-se que Paulo Assunção foi observado pelo Atlético em diversos jogos ao longo da temporada que agora terminou, motivo pelo qual este interesse do clube espanhol não surpreende. Em todo o caso, a Fiorentina também está na corrida, num desejo assumido muito antes de Assunção ter invocado a Lei Webster para se tornar num jogador livre...
De resto, refira-se que o médio continua sem se pronunciar sobre a sua decisão e mantém-se incontactável. O mesmo acontece com o seu advogado, o conhecido Ilson Visconti, o mesmo que garantiu que Assunção nunca se serviria da Lei Webster para deixar o Dragão.»
in Record, 31/05/2007
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