sexta-feira, 2 de maio de 2008

Maldade ou Mediocridade


Somos campeões, mas a azia continua. Compreendo perfeitamente os adversários, mais uns que outros, porque não ganham tanto como nós, porque as frutas e outros vegetais pouco representaram no mérito das nossas vitórias, como a superioridade esmagadora deste ano, indirectamente, comprova.

Entidades públicas e privadas, escritores, realizadores, delatores, censores, carpideiras e outras prestadoras de serviços, conjuntamente com as recicladas instituições que gerem o futebol e sob os superiores auspícios do aparelho repressivo do Estado, formataram um regime em que o melhor iria ganhar apenas à custa de mérito próprio, garantidamente. Foi esse sistema que acabaria por confirmar como novo campeão o velho campeão, a 5 jornadas do fim e com 23 pontos de avanço, para já.

Já prometeram o dream team. Este ano tinham o melhor plantel de sempre. E o que aconteceu? Ganhámos o campeonato, fizemos o tri e deixámos os nossos adversários vazios de acusações e enfartados de tanta inveja; os êxitos passados e a farpela de maior clube do mundo, não validam o direito à vitória por decreto: não é possível, por muito que se multipliquem as ajudas. É na luta que se provam os melhores. E os melhores temos sido nós.
Com pecados? Provavelmente alguns, mas estes três últimos anos provaram (definitivamente) porque somos melhores e qual a génese da nossa superioridade.
Os nossos adversários directos vão-se guerreando pela direito à participação na CL. A Polícia já foi chamada e o MP convocado. A CS continua o seu trilho de favorecimento aos clubes da 2ª. Circular.

Ficámos a saber – António Pedro Vasconcelos em entrevista ao Público - que a SIC patrocinou Vale e Azevedo e a TVI o candidato da altura, Dr. Manuel Vilarinho, que levou a Presidente. É um direito que lhes assistirá, mas deontologicamente muito discutível. Não é especular demasiado, pensar que as TV’s privadas mantêm ligações privilegiadas com o SLB, que é favorecido de forma descarada. E a estação pública, como não quer ficar atrás, segue a tendência dominante.

O FCP foi eleito em tempos diferentes, pela Comunicação Social sediada em Lisboa, para ser objecto de repúdio máximo, e paradigma do “separatismo” informativo que praticam, de forma sistemática. Foi a SIC, com o programa os Donos da Bola, que patrocinou o modelo que continua a vigorar, de forma soft ou hard, conforme o perfil (e o posicionamento) do meio de comunicação.

O Jornal CM, tem estado à altura dos Donos da Bola, na sua versão jornalística. Sempre com chamada na capa se o assunto, ainda que remotamente, possa ser incómodo para o FCP. Com direito a capa e a títulos sensacionalistas para revelar a gravidade do tema, a indignidade dos escribas e humilhar os inimigos de estimação, ainda que a notícia seja de pouca relevância. Não tem, arranja-se, como manda o jornalismo “caceteiro”. Tenho a certeza que os editores jurarão que é o espírito de missão que os faz agir assim. Para mim, tenho ideia que é o prazer de humilhar que os faz correr.
No caso em apreço, têm poder e usam-no da única maneira que sabem: para crucificar o FCP e o seu Presidente, por tacticismo a que acresce o mau gosto e a péssima qualidade. Agem na mera condição de ressabiados, pela estrondosa vitória do FCP na presente época. Não têm vergonha? Não são capazes de um pequeno gesto de auto-crítica. Nunca gostei do CM, mas acho que nunca foi tau mau como agora.

Mas, não é só o CM. Há um défice de qualidade e uma submissão imperdoável aos impulsos das audiências. Há casos incompreensíveis: na Sportv quase todos os seus comentadores são pessoas que estiveram ligadas ao SLB que frequentemente se equivocam e falam como benfiquistas; o Jorge Coroado tem o monopólio da crítica sobre a arbitragem. Como é possível? Pobreza de recursos disponíveis ou a insustentável atracção pela mediocridade?

Com a devida vénia acabo, citando Eduardo Cintra Torres, porque entendo que o que escreveu em 15 de Março de 1999, no jornal O Público, se mantém actual: ”Terminou ingloriamente o pior programa da TV portuguesa. Os Donos da Bola. Terminou vítima de si próprio. Não tenho uma única palavra positiva a dizer destes seis anos de maledicência, veneno, líquidos figadais, maldade, sordidez, tendenciosismo, má-criação, gritaria, insultos e intolerância. Os casos jornalísticos que o programa revelou eram tratados tendenciosamente, visavam a defesa de uns contra outros e nunca visaram o bom jornalismo, o esclarecimento do público. Aquele “jornalismo” estava exclusivamente ao serviço da maldade, da cizânia, de interesses clubísticos e de grupos, e nunca ao serviço da verdadeira informação e esclarecimentos públicos”.

Como nada mudou, desde então! Mais palavras, para quê? Nada se cria, nada se transforma, na nossa informação desportiva, para mal de todos nós.

2 comentários:

José Correia disse...

Os Donos da Bola, da dupla Emídio Rangel - Jorge Schnitzer, foi o programa mais nojento de sempre da televisão portuguesa. Basicamente, o programa existia para atacar e denegrir o Pinto da Costa e o FC Porto.
Houve imensas reportagens verdadeiramente inqualificáveis do ponto de vista jornalístico. Uma dessas reportagens foi emitida a 2 de Maio de 1997 e ficou conhecida como o “Caso Paula”.

Nessa reportagem, uma prostituta brasileira, Angélica Cristina Ribeiro, apresentada com o nome fictício de Paula, relatou um alegado caso ocorrido num estágio da Selecção Nacional (em finais de 2005), em que supostamente vários jogadores se teriam envolvido num bacanal com ela e outras prostitutas brasileiras, e que teria culminado em cenas de pancadaria.

Alvos desta reportagem da SIC?

O seleccionador nacional, António Oliveira, acusado de ter “apadrinhado a operação”, o seu adjunto, Joaquim Teixeira, que teria “recrutado” as prostitutas num conhecido clube nocturno da capital, e os jogadores Secretário, Fernando Couto e Vítor Baía.
Por coincidência, evidentemente, tudo elementos ligados ao FC Porto...

A exibição do programa foi na altura recorde de audiências (um milhão e duzentas mil pessoas) e levantou um enorme celeuma a nível nacional.

Em pleno directo, estalou o verniz nos estúdios da SIC, com uma enorme confusão envolvendo Pôncio Monteiro, Gaspar Ramos (ex-chefe do departamento de Futebol do Benfica, a quem o Pôncio chamou "parvo" em directo), Jorge Schnitzer, editor de desporto do canal e Avelino Ferreira Torres, convidado naquela edição do programa.

Na sequência das declarações efectuadas no programa, resultaram vários processos em tribunal. Secretário, vítima de humilhação pública com insinuações de natureza sexual pouco abonatórias por parte de “Paula”, avançou com uma queixa-crime contra a SIC.
Joaquim Teixeira reclamou uma indemnização elevada, argumentando ter sido ofendido na sua dignidade e bom-nome, bem como ter sido vítima de prejuízos de natureza material, psicológica, familiar e profissional.
António Oliveira também moveu um processo judicial contra a estação de Carnaxide, que seria julgado em 2000. Oliveira exigiu na altura 500 mil euros de indemnização mas o tribunal acabou por condenar a estação a uma pena simbólica de 25 mil euros.

Digam lá se neste país de bananas o crime não compensa?

José Correia disse...

Pinto da Costa processou o Correio da Manhã, por este jornal ter noticiado que ele foi o mandante das agressões ao Ricardo Bexiga.
http://jn.sapo.pt/2007/03/14/ultimas/Pinto_da_Costa_processa_Correio_.html

Não se sabe qual será o resultado deste processo, mas mesmo que o CM seja condenado, não tenho dúvidas que o crime irá compensar.