A Taça do Arsenal (II)
III. As comemorações da vitória e a maior taça do Mundo
No jogo contra o Arsenal o FC Porto alinhou com:Barrigana (foto ao lado); Alfredo e Francisco; Joaquim, Romão, Virgílio; Lourenço, Araújo, Correia Dias (cap.), Gastão e Catolino (Sanfins na 2ª parte).
O árbitro foi o escocês Webb, auxiliado pelos bandeirinhas portugueses Vieira da Costa e Avelino Ribeiro.
Os golos do FC Porto foram marcados por Araújo (9’) e Correia Dias (20’ e 28’).
A vitória teve uma repercussão espantosa, tendo chegado centenas de telegramas de felicitações de todo o lado (Brasil, Angola, Moçambique, etc.).
A própria Direcção-Geral dos Desportos (DGD) também decidiu louvar o clube. Assim, na presença de toda a Direcção azul e branca, o Delegado do Porto da DGD, Mário de Carvalho, leu o seguinte louvor,: “Depois do êxito desportivo alcançado pelo FC Porto, cuja vitória sobre o Arsenal, primeiro classificado da Liga Inglesa, fortaleceu o prestigio do nosso futebol no plano internacional e deu relevo ao desenvolvimento da campanha desportiva portuguesa, entendo dever louvar: os jogadores do FC Porto pelo aprumo e lealdade com que se comportaram, aos quais também felicito pelo êxito que reflecte o bom desempenho das funções que exercem”.
a) Pelo Director Geral, o interino António Cardoso
Após o desafio, à noite, realizou-se um banquete dedicado aos dirigentes e jogadores londrinos. Presidiu Júlio Ribeiro de Campos, presidente do FC Porto, que tinha à sua direita o comandante Bones, presidente do Arsenal, e à sua esquerda o Cônsul da Inglaterra, o representante do comandante da 1ª Região Militar e o Delegado da DGD.
“Viemos aqui mais para representar a Inglaterra do que o nosso próprio clube. Contudo, nunca contamos com adversário tão difícil e que se revelou de uma classe muito superior à do Benfica.
Ganharam e ganharam bem. O Arsenal quando vai para o campo procura sempre fazer o melhor e esse melhor está pendente do que o adversário consente. O FC Porto não nos deixou fazer mais, surpreendendo-nos os 3-0 que nos obrigaram a tentar uma recuperação, mas o adversário não consentiu.
Não há desculpas. O FC Porto venceu e venceu bem. Defrontamos uma grande equipa.”
Ganhar aquela que era considerada a melhor equipa do Mundo e, ainda por cima, no timing e contexto em que tal vitória tinha ocorrido, era um feito que, no entender de muitos portistas, tinha de ser imortalizado.
Deste modo, um grupo de seis sócios do FC Porto - Eduardo Soares, José Moreira, Ivo Araújo, Manuel Ferreira, Elói da Silva e Torcato Plácido - decidiram abrir uma subscrição pública para compra de um troféu condigno que perpetuasse aquela tarde de glória portista.A subscrição foi um enorme sucesso. Centenas de simpatizantes aderiram, tendo sido angariado 200 contos, dinheiro suficiente para mandar fazer um troféu majestoso - a Taça do Arsenal -, que seria oferecido ao clube um ano depois.
A Taça do Arsenal é composta por duas peças monumentais: uma peça totalmente concebida em prata e um relicário.
A peça de prata é constituída por três figuras esculturais de mulher, erguendo-se nas pontas dos pés, segurando a taça, circundada por três dragões dominados por três atletas que procuram alcançá-la para beberem dela o vinho da vitória. Na sua construção gastaram-se 130 quilos de prata!O relicário, que tem 2,80 metros de altura e pesa 120 quilos (!), é uma espécie de caixa assente em quatro dragões de prata, com quatro portas de cristal. O relicário é rematado com um grupo escultório constituído por uma figura de atleta, de joelho em terra, dominando um leão, que tem uma bola junto dele. Na mão direita o atleta ergue um facho, enquanto que na mão esquerda segura a bandeira do FC Porto. Por detrás dele, dominando toda a peça, a figura da vitória.
Todo o conjunto, pesando mais de 250 quilos, custou 200 contos, exactamente a importância que se arrecadara ao longo de todo um ano de colectas. Os portistas ofereciam, assim, a si próprios o maior troféu do Mundo.
Fontes:
‘A Vida do grande clube nortenho (2)’, Selecções Desportivas, Dezembro de 1978
‘História de 50 anos do Desporto Português’, A BOLA
‘Glória e vida de três gigantes, A BOLA
MaisFutebol, 2006/09/24
Fotos:
Paixão pelo Porto
Óculos azuis e brancos
2 comentários:
Embora saiba que Roma e Pavia não se fazem num só dia, Museu, Museu, Museu...Precisa-se urgentemente como forma de passar às novas gerações e não só - a grandiosa e gloriosa História do nosso Clube.
É só ir a Barcelona e ao Museu do Barça e isso sente-se à légua, contribuindo para a afirmação de um Clube e uma região.
E de pequenino se torce o pepino.
Imagine-se a sensação de uma visita ao Estádio,uma ida à Loja Azul e depois, terminar em apoteose vendo e sentindo a História do Clube num museu que se pretende moderno e interactivo !!!!!!!
A taça foi executada por meu Avô Filinto Elísio de Almeida, existindo ainda o desenho original na posse do Sr. Nelson Abreu, que foi seu discípulo.
A oficina de meu Avô, portista ferrenho, era no Passeio das Fontaínhas, 36.
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