Por Pedro Miguel Pereira (*)
Para além de um novo treinador para a próxima época também, tudo indica, a equipa do Porto passará a ter um novo capitão. E isto não é uma questão de somenos, porque a liderança em campo e a transmissão de valores, que são os do Porto, aos novos jogadores que chegam é fundamental numa equipa que se quer ganhadora, e um ambiente motivador no balneário é o primeiro passo para ter uma atitude combativa em campo.
Durante a minha vida, ostentaram a braçadeira de capitão, no F.C. Porto, diversos jogadores: Rodolfo, Oliveira (na ausência daquele), Gomes, João Pinto, Jorge Costa e, actualmente, Bruno Alves. É verdade que pelo meio houve outros jogadores que, pontualmente, também ostentaram a braçadeira mas sem a longevidade e a estabilidade dos nomes que mencionei, e sem terem ficado com o “carisma” de capitão e o que este representa: ser o primeiro a dar cara e a enfrentar as balas quando alguma coisa corre mal em campo.
Ser-se capitão na equipa no Porto não é só ser o jogador mais antigo no plantel, tem de ser algo mais: personificar a vontade ganhadora, o espírito que não desiste de lutar no jogo, quando os outros estão a desmotivar tem de transportar em si e transmitir aos restantes o ânimo que ressurja a vontade de ganhar.
Para a próxima temporada, na eventual saída de Bruno Alves e Meireles (nada está definido), a braçadeira passará a ter um novo dono e o ónus da responsabilidade pela personificação dos valores atrás referidos recairá sobre o mais antigo no plantel, que será, salvo erro meu, Helton. Muitos portistas levantarão a questão de se saber se Helton terá o carácter indicado para tal função, pois, temos de ser sinceros, este sempre foi “atacado” por portistas eminentes, nos meios de comunicação, e pela massa adepta em geral, que apontavam as suas insuficiências dentro de campo comparativamente com o seu antecessor, Vítor Baía, uma das glórias do Clube. Ora, logo numa temporada em que o treinador do Porto será um dos mais novos de sempre, em idade, a ocupar o lugar, e em que se exigirá um balneário motivado e respeitador das advertências do Treinador, muitos meditarão se Helton estará em condições de ostentar a braçadeira porque, se todos se lembram do jogo, este ano, em Londres contra o Arsenal, também todos se lembram dos outros jogos de Helton na Europa: algo inseguro e incapaz de transmitir confiança ao resto da equipa quando esta precisa.
Uma nova realidade que estamos a assistir e a antever na equipa do Porto, é que os novos e futuros capitães nem sempre serão um produto da “escola” do Clube, alguém que conhece desde pequeno, ou jovem, os cantos da casa, alguém que passou por algum dos escalões de formação, como foi o caso dos jogadores que mencionei no início. Outro factor novo é que a braçadeira não terá um “ocupante” por muito tempo, isto é, com as ofertas atractivas dos grandes clubes europeus pelos jogadores portugueses, o mais provável é vermos os nossos jogadores a serem vendidos depois de terem brilhado com a camisola do clube, algo que raramente acontecia antes da Lei Bosman. E, mais outro factor novo, a nacionalidade deixará de ser um critério para ser-se capitão, estou-me a lembrar de Lucho, se não tivesse saído para o Marselha e ainda estivesse a jogar no Porto, poucos discordariam do facto de ele ser o “herdeiro” da braçadeira, porque ele encarnava em campo os valores de que o Clube se orgulha e era mesmo “um Comandante”, assim como ninguém questiona o facto de o Inter ter um estrangeiro como capitão na equipa, o Zanetti, que personifica atitude e valores como poucos jogadores no Mundo.
Toda esta análise pode ser mera especulação, porque Bruno Alves e Meireles podem continuar na equipa, mas a confirmar-se a saída dos mesmos, o lugar de capitão no Porto é algo muito importante, a personificação dos valores do Clube em campo, e, na minha opinião, ter um capitão que seja um líder e um lutador pode significar a diferença entre a vitória ou a derrota.
(*) Pedro Miguel Pereira, 33 anos, natural de Paranhos - Porto, formado em Letras, actualmente a residir na Maia. Portista desde sempre, começou a ir às Antas no tempo Hermann Stessl, na companhia do Pai.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Pedro Miguel Pereira a elaboração deste artigo.
7 comentários:
Uma pequena nota: falta aí o Pedro Emanuel. Certo, não foi muitos anos o capitão principal, mas era chave em termos de balneário e foi mais tempo capitão do que o Bruno Alves.
Relativamente à sucessão, penso que existe de facto um problema a resolver. O Helton é o homem com mais anos de casa, mas não vejo nele uma personalidade forte. O Mariano é patético.
Seria importante que não saissem os dois, de forma a dar mais algum tempo de casa a alguns potenciais candidatos.
Quando Mourinho esteve no Porto reconheceu que o ciclo vitorioso que teve se deveu, em parte, ao facto de ter na equipa um capitão como Jorge Costa e um "vice-capitão" como Baía, ora logo na altura em que se vai iniciar um novo ciclo com o André V.B. provavelmente vamos ter como fomentadores, no balneário e no campo, de um clima lutador o Helton e o Mariano, ora parece-me que não são as personalidades mais capazes para tal. Na eventualidade de Bruno Alves e Meireles continuarem (se não surgirem as propostas requeridas), ou algum deles continuar, pode ficar desanimado e contrariado por não ir para um outro campeonato, e trazer para o balneário um clima de desânimo e destabilizador, o que não será apropriado para um novo ciclo vitorioso.
O lugar de capitão é algo que me preocupa... mas acho que tem sido mt bem entregue... não sei bem se o Helton terá o perfil... mas talvez nos surpreenda... quanto ao mariano, não acho nada patético...pode não ser o jogador mais brilhante do plantel, mas o carácter dele é a Porto!! Da tudo pela camisola... não é isso que se pretende?... raça???
Não sei se será o Helton o joagador com perfil para capitão..mas só quero deixar uma nota: o Helton este ano em Londres (contra o Arsenal) foi o melhor jogador do FCP em campo, se bem me recordo, não fosse ele a humilhação teria sido bem maior..sofremos 5 golos (4 à custa do Fucile e um em fora de jogo) em nenhum o Helton teve cupla.
O Bruno Alves vai ficar..o paizinho já fez marcha-atras nas declarações!
FCPorto SEMPRE
Segundo a lei "Co Adriaansen" tal como foi aplicada ao Baía, e sufragada por muito boa gente o Helton nunca será capitão.
O Helton até pode ter o perfil para ser capitão porque já leva 5 anos de Porto e é um excelente profissional. No entanto, para mim, já perdeu o perfil para ser titular.
Eu sinceramente já não sei quantas saídas em vão, quantas más reposições de bola e quantos frangos o homem tem que dar mais para que haja uma certa unanimdade na nação portista em torno da sua não-titularidade. Sobretudo quando temos o Beto no banco que sempre que teve oportunidades não comprometeu. Já em relação ao Helton basta ver o último jogo que fez contra o Chaves para me arrepiar de medo dos pés à cabeça.
MARIANO GONZALEZ com a braçadeira já.
Voces devem estar esquecidos.....!
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