sábado, 23 de fevereiro de 2008

O perito do Apito Dourado

Na rubrica “O árbitro d’O JOGO”, assinada por Jorge Coroado no jornal O JOGO de 19/02/2008, este ex-árbitro de Lisboa e actual comentador de arbitragem em vários órgãos de comunicação social, analisou em detalhe a arbitragem de Pedro Henriques no Marítimo – FC Porto, tendo seleccionado os seguintes quatro lances duvidosos:

- um vermelho que terá ficado por mostrar a Lisandro, por suposta conduta violenta sobre Mossoró;

- em vez de um lançamento lateral, deveria ter sido assinalado um livre directo contra o FC Porto (no mesmo local do lançamento), por o Quaresma ter dado um pequeno toque em Djalma;

- uma mão na bola de Raul Meireles, que o árbitro não viu, no início de um contra ataque do FC Porto;

- rigor a mais do árbitro na mostragem do 2º cartão amarelo a Djalma, porque o “remate/cruzamento feito pelo portista foi potente, desferido praticamente à queima-roupa”.

Na opinião de Jorge Coroado, foram estes os quatro erros mais relevantes de Pedro Henriques e, conforme se constata, não há um único em que o árbitro de Lisboa tenha ajuizado em prejuízo do FC Porto.

Assim, ao contrário da opinião dos dois elementos da SportTV (Rui Orlando e José Gomes, os quais, seguramente, não podem ser acusados de serem portistas) e da generalidade dos comentadores desportivos (entre os quais destaco a opinião de Rui Santos no ‘Tempo Extra’ e de Rui Oliveira e Costa no ‘Trio d’Ataque’), Jorge Coroado não viu que, com o resultado ainda em branco, Bruno fez uma falta por trás sobre Ernesto Farias, a qual deveria ter dado origem a um penalty a favor do FC Porto e cartão amarelo para o jogador do Marítimo.

Jorge Coroado também não terá visto, ou pelo menos não considerou um erro grave, que uns instantes antes de Tarik ter concretizado o segundo golo do FC Porto, Evaldo comete um penalty claríssimo sobre Lisandro, quando este estava isolado, o que, para além de penalty a favor do FC Porto, deveria ter motivado a expulsão do defesa do Marítimo.

Mas há mais.

Na 1ª parte, num lance de ataque rápido, o Raul Meireles é completamente ceifado por um jogador do Marítimo, o árbitro deu a lei da vantagem (e bem), mas quando o jogo parou deveria ter mostrado o cartão amarelo a jogador do Marítimo. Não o fez, ao contrário do que posteriormente faria em lances semelhantes, mostrando cartões amarelos aos portistas Raul Meireles e ao Kaz.
Jorge Coroado terá visto?

Ainda na 1ª parte, o Djalma teve uma entrada por trás sobre o Fucile, perto da área do Marítimo. O árbitro viu, marcou a falta, mas deixou o cartão amarelo no bolso (seria o 2º cartão amarelo para o Djalma, que acabaria por ver, mas na 2ª parte, quando cortou um cruzamento com o braço).
Mais um lance que Jorge Coroado ignorou.

Ou seja, quem não viu o jogo e se limitou a ler as análises de Jorge Coroado, ficou convencido que o lisboeta Pedro Henriques apenas errou a favor do FC Porto, quando a realidade dos factos é bem diferente.

Mas porque razão pretendeu Jorge Coroado transmitir a ideia de que o árbitro errou muito e sempre a favor do FC Porto?

É este tipo de “isenção” que poderemos esperar de Jorge Coroado quando, no âmbito do processo Apito Dourado, for chamado a prestar declarações em tribunal, como perito de arbitragem?

3 comentários:

Mário Faria disse...

O Jorge Coroado trabalha para Antena 1, para a TVI e para O Jogo.
Em tempos, participou no programa da RTPN. Acho que já não faz parte da equipa.
Não entendo como este homem tem tanto tempo de antena, e como os medias não exigem que essa participação tenha carácter de exclusividade.
O Jogo dedica-lhe não sei quantas páginas por semana. Considero essa participação excessiva. O JC tem um tipo de escrita muito próxima do estilo "Octávio Machado" : é vulgar, julga-se um iluminado e é de um facciosismo irritante.
É um sportinguista envergonhado e sonha com o poder. Para já tem um poder que não é despiciendo que é o poder da influência, que tão magnanimamente lhe oferecem os diversos media com quem colabora, ávidos de contar com a sua sabedoria extraordinária. O homem tem o monopólio da crítica da arbitragem em Portugal. É obra !
Ao, invés, desde que Tavares Teles se "incompatibilizou" com o SLB faz entrevistas a personalidade com alguma notoriedade cívica, cultural ou política. Foi para o índex, em questões desportivas.
Estou cheio d’ O Jogo e só o compro porque é o único jornal que a minha Mãe lê e não dispensa.

José Correia disse...

Caro Mário, o Jorge Coroado é sócio do Belenenses há muitos anos e inclusive faz parte dos actuais órgãos sociais do clube do Restelo.
Contudo, é natural que também tenha uma costela sportinguista.
O que eu tenho a certeza é que ele não nutre qualquer simpatia pelo FC Porto. Isso é óbvio.

Pedro Vale disse...

Como disse o Mário, e bem, o J.Coroado faz análises para a Antera 1, para a TVI e para O Jogo. Para quem tiver tempo, basta analisar as análises que faz nestes três orgãos de comunicação social: é incapaz de manter a coerência das análises...
É este o perito que a justiça precisa?