segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A aliança entre Evangelista e Vieira


«Eu não acredito em coincidências, mas que as há, há. Os jogadores do Estrela da Amadora, que têm os respectivos ordenados em atraso desde o início da temporada, admitem ao fim de oito jornadas fazer greve no próximo jogo, por sinal uma deslocação ao Estádio da Luz. Fazem-no incitados por Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores. Ora, parece-me justo que os jogadores defendam os seus direitos e que o façam por todos os meios ao seu alcance, reconhecendo que, em última instância, o recurso à greve não pode ser excluído como justa forma de luta. Registo apenas a coincidência depois de quase três meses de competição, com sete jornadas disputadas e depois de várias intervenções bem mais moderadas, Joaquim Evangelista surgir agora tão empenhado na marcação de uma greve. Um empenho semelhante ao demonstrado em 2005 quando estavam em causa os salários em atraso no Vitória de Setúbal, embora aí o presidente do Sindicato dos Jogadores tenha esperado até à 14ª jornada para forçar a apresentação do pré-aviso de greve. Coincidentemente, antes de um jogo com o Benfica.
Ele há coisas...»
Jorge Maia
in O JOGO, 13/11/2008


Em Agosto de 2005, quando Luis Filipe Vieira e o jogador Miguel travavam um braço de ferro (o jogador queria sair para o Valência), de que lado ficou o presidente do Sindicato dos Jogadores de Futebol Profissional (SJFP)?

Relembro que Miguel, por imposição do SLB, foi obrigado a ler um comunicado onde, de forma humilhante, teve de pedir desculpa aos adeptos encarnados pelo seu comportamento em todo o processo, e acusou os seus representantes de tentarem fazer dinheiro à sua custa (por acaso, ao lado dele, estava precisamente o seu representante Paulo Barbosa...). Teve ainda de agradecer aos dirigentes encarnados a forma como agiram e como possibilitaram a sua transferência para Valência.

Alguém ouviu uma única palavra de repúdio de Joaquim Evangelista perante este comportamento de Luis Filipe Vieira?


Em 8 de Fevereiro de 2008, Evangelista veio a público dizer que a situação de Bruno Moraes no FC Porto era “anormal”. E porquê? Porque o avançado se considerava apto para a competição e que, segundo a douta opinião de Evangelista, estava a ser vítima de um “expediente” que alguns clubes usam para “afastar jogadores do plantel”.


Em 8 de Maio de 2008, horas depois de Joaquim Evangelista ter incluído o Sporting entre os clubes que ainda não tinham pago os salários de Abril aos seus jogadores, Filipe Soares Franco deu uma conferência de imprensa onde afirmou o seguinte:
"O presidente do Sindicato de Jogadores de Futebol tem o dever de conhecer integralmente estas datas. E se as conhece, só pode ter utilizado o nome do Sporting por estar de má fé. Se não conhece, publica o nome do Sporting relacionado com esta lista por ignorância. Por ignorância ou por má fé, não deve ser presidente do Sindicato. A partir de hoje, o presidente do Sindicato, enquanto não apresentar desculpas ao Sporting, não terá qualquer tipo de diálogo connosco".

Na mesma altura, Joaquim Evangelista aproveitou a oportunidade para desvalorizar o mérito da vitória do FC Porto no campeonato, afirmando que "com o devido respeito, o vencedor não é um verdadeiro vencedor, porque havendo concorrência desleal, não há verdade desportiva."


Olhando para aquilo que tem sido o comportamento e declarações públicas de Joaquim Evangelista desde que é presidente do SJFP, verifica-se que, ao contrário do que acontece com FC Porto e Sporting, não há memória de ter tomado uma única posição que ponha em causa Luis Filipe Vieira ou o SLB.

Já o disse e repito: os dirigentes do FC Porto têm de estar muito atentos ao poder e influência de Joaquim Evangelista, particularmente agora, em que a representatividade do SJFP na AG da FPF é reforçada com a nova Lei de Bases do Desporto.

Nota: Os negritos são da minha responsabilidade.
Fotos: Record

6 comentários:

Nuno Nunes disse...

O Evangelista não está a ajudar os jogadores, antes procura servir-se deles e servir alguns interesses que lhe possam mais tarde amparar a continuação da carreira ligado à parasitice. O problema é que a classe profissional tem défice de pessoas com nível de educação aceitável e, talvez por isso, depois se deixam representar por parasitas como este, dando-lhe oportunidade de difundir soundbytes.

Menphis disse...

Já agora apenas um acrescento, penso que o Boavista também teve um pré-aviso de greve num jogo contra o slb, isto foi perguntado ontem ao Evangelista pelos jornalistas da Antena 1 e do Record na entrevista da semana e ele apelidou de "estupidez". O jornalista respondeu " desculpe, estupidez não é, pode ser coincidência, mas estupidez não é" e o Evangelista mudou o rumo da conversa.

Mário Faria disse...

No SJFP mandam ou é suposto mandarem os jogadores. Evangelista é o presidente do Sindicato e goza, até prova em contrário, da confiança dos associados.
Percebo a posição (e intenção) do José, mas não creio que o FCP possa e deva fazer qualquer coisa.
Pode tentar influenciar, mas isso é um jogo "perigoso" : não vale a pena e não convém.
Quanto ao sindicalismo, as suas força e fraquezas são conhecidas. No futebol - em função das características de classe e das condições laborais dos seus associados - as dependências de uma figura tutelar, paternalista e autoritária são maiores. O Evangelista prega o evangelho como lhe dá mais jeito e quando dá mais jeito. A classe passiva aceita. Infelizmente, é assim em muitas organizações.
É isso que se passa e é isso que a Classe tem de resolver. Pelos seus próprios meios.

Anónimo disse...

O Evangelista é um sindicalista. Palavras para quê?

Anónimo disse...

E eu pergunto: não terá o adiamento do jogo Estrela - FCP algo a ver com esta estranha saga? Não terá esse adiamento funcionado como um antídoto à táctica Evangelista?

José Correia disse...

v.r. disse: «não terá o adiamento do jogo Estrela - FCP algo a ver com esta estranha saga? Não terá esse adiamento funcionado como um antídoto à táctica Evangelista?»

Penso que não, porque a decisão do adiamento foi tomada há várias semanas.