Foto actual de Bruno Paixão (Record)
Na época 1999/2000, um árbitro filiado na Associação de Futebol de Setúbal, de apenas 25 anos, emergiu como um "grande talento" da arbitragem portuguesa. O "talento" era (é) tanto, que deu logo nas vistas.
Vou relembrar três desafios em que o seu "talento" veio ao de cima e em que as suas intervenções foram absolutamente decisivas para o desfecho desses jogos.
1. Belém, 4 de Outubro de 1999
Logo no segundo minuto do jogo, quando Jardel ia procurar posição para cabecear, o defesa do Belenenses Wilson agarrou-o pela camisola, fazendo-o cair na área e impedindo-o de ir à bola.
A análise ao lance feita por três ex-árbitros (António Garrido, Miranda de Sousa e Rosa Santos) foi unânime: falha grave do árbitro Bruno Paixão, tendo ficado um pénalti claro por assinalar.
Mas Bruno Paixão não ficou por aqui. Na 2ª parte expulsou o médio portista Peixe com um vermelho directo, por uma falta cometida em “zona perigosa”... à saída da área do Belenenses.
A imagem de marca deste árbitro (falta de critério disciplinar, arrogância e sorriso irónico) foram patentes durante o jogo mas, claro, como o FC Porto foi espoliado em dois pontos (o jogo terminou empatado), só os portistas é que repararam nisso...
2. Alvalade, 16 de Janeiro de 2000
Aos 17 minutos do Sporting-Salgueiros, o árbitro Bruno Paixão sonegou um pénalti claríssimo ao Salgueiros, por derrube inequívoco de Schmeichel sobre Basílio, o qual daria o 0-1 a favor da equipa de Paranhos.
Mais tarde, aos 51 minutos, inventou um pénalti numa falta "virtual" de Carlos Ferreira sobre Delfim, permitindo ao Sporting chegar ao 2-0 e resolver o desafio.
No final do jogo, o presidente do Salgueiros, José António Linhares, verdadeiramente revoltado, afirmou o seguinte: "a única coisa que me apetece dizer é que foi uma escandaleira e não é possível branquear uma situação gritante e que foi observada por toda a gente". Sobre o lance entre Schmeichel e Basílio acrescentou: "Eu vi-o a ser rodeado e empurrado pelos elementos do nosso adversário e a sua reacção foi de total submissão. Estava de braços no ar a tentar estabelecer tranquilidade e quase a pedir desculpas com medo, como quem diz, tenham lá calma que eu não vou marcar, não se preocupem".
3. Campo Maior, 19 de Fevereiro de 2000
Na sequência dos jogos anteriores e de outras arbitragens verdadeiramente escandalosas efectuadas nessa época (recordo o Benfica – Braga, um Alverca - Boavista para a Taça Portugal e um Freamunde - Paços Ferreira da 2ª Liga), a "jovem promessa" Bruno Paixão foi escolhido para arbitrar o jogo Campomaiorense – FC Porto.
Aquilo que se passou durante os 90 minutos, ficou registado nos anais do futebol português como a maior roubalheira desde o célebre Benfica - CUF de finais dos anos 50, e que levou à irradiação do árbitro Inocêncio Calabote.
No mínimo ficaram quatro penalties por assinalar – um sobre Domingos (Rogério Matias derruba-o), mais três sobre Jardel (agarrado por José Soares) –, um golo limpo anulado a Mário Jardel, e várias agressões de José Soares a Jardel, que também ficaram impunes.
O seguinte vídeo não mostra tudo, mas é, por si só, elucidativo.
No final do jogo, Mário Jardel desabafava da seguinte maneira: "Sinceramente, não sei por onde começar para falar desta arbitragem. Desde que estou em Portugal nunca vi o FC Porto ser tão prejudicado por um árbitro. A marcação de José Soares? Mas que marcação? Fui agredido por ele do primeiro ao último minuto do jogo! Nunca fui tão agarrado por um defesa. No mínimo, este árbitro devia ter marcado três penalties a nosso favor. E marquei um golo limpo que não contou! Se um jogador me agride constantemente e o árbitro não marca faltas, o que terá de acontecer para isso acontecer? Têm de me matar?"
4. A ressaca do jogo de Campo Maior
O jornalista do Record destacado para fazer a crónica do jogo de Campo Maior (se bem me lembro, José Manuel Delgado), considerou a arbitragem de Bruno Paixão positiva...
«Isto é impossível!" Ainda meio perplexo, meio revoltado, Fernando Santos repetiu esta frase uma boa meia dúzia de vezes, enquanto ao seu lado a televisão da sala de imprensa do Estádio das Antas debitava um resumo do jogo de sábado com o Campomaiorense. O FC Porto perdeu por 0-1 e a liderança isolada da I Liga, mas, segundo o treinador, um dos grandes responsáveis do desaire chama-se Bruno Paixão: o árbitro sonegou um golo limpo e várias grandes penalidades ao FC Porto, fruto de um critério desigual na avaliação das faltas, especialmente as que envolveram Jardel, constantemente agarrado por José Soares. "Se foi esta a forma que descobriram para travar o Jardel, então mais vale despachá-lo, porque não podemos jogar com ele", disse Fernando Santos.
Com ar grave, o treinador do FC Porto comentou a sucessão cronológica das faltas da partida, indignando-se pelo facto de "quatro entradas de maca, a falta de apanha-bolas e quatro substituições, uma das quais já nos descontos, só terem dado três minutos de compensação". (...)
Confrontado com a notícia de que Bruno Paixão estava a ser acompanhado por um especialista em psicologia, Fernando Santos quis fazer um esclarecimento prévio: "Como sabem, respeito toda a gente e não é a pessoa que está em causa. Mas, depois dos problemas no Freamunde-Paços de Ferreira, em que [Bruno Paixão] esteve 2h30 sem poder sair do estádio, e uma semana depois vai apitar um jogo da I Liga em que intervém o primeiro classificado... é como alguém que tem tendências suicidas e lhe dão uma pistola. Não quero ser beneficiado, mas não admito falta de isenção contra o FC Porto." (...)
Mordaz foi o comentário ao lance da estalada de José Soares a Jardel: "Nem digo mais nada."
Mas disse e voltou à carga, para afirmar a sua convicção de que "houve, pelo menos, um penalti sobre o Domingos e se [o árbitro] mandou seguir o lance, tinha de lhe mostrar o segundo amarelo por simulação... se calhar estava a olhar para a baliza, a ver se não entrava nenhum golo. Como é possível estar a quatro ou cinco metros do lance e não ver a falta [de Rogério Matias]? Se calhar devia ter marcado falta ao contrário, porque o Domingos estava a estorvar o adversário."
Quanto ao golo anulado a Jardel, Fernando Santos afirmou que "a única falta que existe é a do Rogério Matias a agarrar o Capucho. O árbitro apitou porque o guarda-redes se lembrou de levantar os braços. A incompetência tem limites".»
in PUBLICO, 22/02/2000
Umas semanas depois, através do jornal O JOGO, soube-se que o observador do árbitro lhe atribuiu uma nota altíssima, muito perto do máximo possível (145 pontos). Parafraseando um ex-presidente do Sporting, Dias da Cunha, foi o “sistema” no seu esplendor!
(continua, Uma enorme paixão com alguns arrufos (II) )
4 comentários:
Bons dias, depois de ler este post e concordar com tudo que é escrito, a unica coisa que vejo possivel para uma pessoa que comete tantos erros, é ser irradiado do futebol, a incompetencia é tanta que este senhor já devia a muito ter descido de escalão, mas como deve ter bons padrinhos na APAF e nas comissões que os classificam ele se vai mantendo e até internacional é, muita coisa está mal no nosso futebol.
Saudações
Zé Correia, conseguiste surpreender-me!
Essa do Belenenses-Porto não me lembrava, nem por sombras. Não sei a razão, mas não devia estar por cá quando isso sucedeu. Seria para mim impossível esquecer tão indigna arbitragem.
Já o Sporting-Salgueiros esse eu lembro e ainda hoje o evoco num post sobre Bruno Paixão e as razões de ele, como muitos outros árbitros, terem ascendido dessa forma na arbitragem.
Não me lembrava se foi o Basílio, o Nandinho ou outro derrubado pelo Schmeichel, mas ainda estou a ver a jogada a que assisti pela TV. Creio bem, contudo, que já estava 1-0 nesse jogo e possivelmente daria 1-1 nesse penálti mas o Schmeichel teria de ser expulso.
E o penálti fantasmagórico que deu o 2-0 final tambémr recordo, não me lembrava era dos protagonistas do lance.
Desse Campomaiorense-FC Porto de que nunca mais esquecerei o dia 19/2/2000, sei que não consegui dormir nessa noite de tão exaltado fiquei.
Nessa noite o FC Porto, se vencesse como deveria ter acontecido com 4 (talvez até 5) penáltis por marcar e o golo anulado ao Jardel da forma mais arbitrária possível, aumentaria a vantagem para o Sporting, que antes se vira e desejara para empatar 1-1 em Alvalade com o Gil Vicente e só porque o g.r. Paulo Jorge deu um brinde ao Acosta, perdeu a bola e cedeu penálti.
O curioso, recordo hoje no meu post, é que, tal como no domingo pela TVI, o relatador da RR foi o mesmo balde mar Duarte, que em Campo Maior, contou-me um amigo que lá esteve, se ria a cada penálti assinalado, a ver no estúdio do Porto pela TV, pelo Manuel Queiroz que fazia os comentários à partida.
Portanto, todo o nojo que isto nos mete hoje remonta há muitos anos...
Zé Luis disse: «Não me lembrava se foi o Basílio, o Nandinho ou outro derrubado pelo Schmeichel, mas ainda estou a ver a jogada a que assisti pela TV. Creio bem, contudo, que já estava 1-0 nesse jogo e possivelmente daria 1-1 nesse penálti mas o Schmeichel teria de ser expulso.»
Caro Zé Luis, não tenho a certeza absoluta, mas anda lá perto, de que o penalty cometido pelo Schmeichel daria o 0-1 a favor do Salgueiros.
Quanto ao resto, fica registado para memória futura e para que possa ser consultado por quem tiver interesse em relembrar estas escandaleiras.
Um abraço
Já Pôncio Monteiro, a seu devido tempo, depois do escândalo de Campo Maior, tinha referido que este BP não tinha condições psicológicas para arbitrar. Em suma: é maluquinho, mas mais maluco é quem o nomeia. Só para não ser antipático.
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