26 de Agosto de 2007, Porto-Sporting no Dragão. Um corte/atraso de Polga e a bola a ser agarrada pelo guarda-redes dos leões, Stojkovic. Pedro Proença assinala o que, em qualquer parte sã do mundo, seria uma falta inequívoca e incontroversa. Rebenta o escândalo! Longas prosas se lavraram, e no programa da RTP-N "Trio de Ataque", o representante sportinguista Rui Oliveira e Costa sacou de espesso dossier e, com ar douto a fazer lembrar aquele juíz do programa "O Juíz Decide", largou umas valentes postas de pescada em defesa da tese de que se tratara de um inócuo corte, não havendo, portanto, lugar a qualquer livre.
O relógio andou para a frente: 15 de Novembro de 2008, Alvalade XXI, Sporting-Leixões: já no ocaso da partida um jogador leixonense esgueira-se pela direita e faz um cruzamento rasteiro que, a ter chegado ao seu destino, teria sido mortífero. Mas não chegou: um jogador do Sporting interceptou a bola e, tal como Polga 15 meses antes, cortou/atrasou a bola na direcção do guarda-redes, desta vez Rui Patrício. Até aqui tudo normal. Mas eis que Patrício, talvez para demonstrar que, até nisto, é tão bom quanto o seu colega eslavo do sul, agarra a bola. Proença vê o incidente e, imagina-se, num repente passa-lhe pela mente o lance do Dragão e desabafa consigo próprio: "Outra vez! Estes gajos hão-de fazer isto sempre comigo a arbitrar!?" E prefere fazer de conta que nada de anormal se passou. A histeria sportinguista de há um ano fez efeito.
Decerto que o lance será analisado nos programas futebolísticos de falatório desta semana, e Rui Oliveira e Costa dirá talvez, com o mesmo ar douto, que Proença aprendeu as regras.
Eu acho que a questão se resolve com uma simples pergunta: se Rui Patrício não estivesse ali o seu colega teria cortado à mesma a bola naquela direcção, assim, muito provavelmente, marcando um golo na própria baliza?
Então - segunda pergunta - a bola foi ou não passada ao guarda-redes, mesmo que num misto de corte/passe?
Quanto a Pedro Proença, terá ainda dito com os seus botões, lembrando-se do "escândalo" do ano passado: "Homem prevenido vale por dois".
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