sábado, 15 de novembro de 2008

Assembleia Geral da SAD


A AG começou à hora aprazada. O Pr. AG depois das palavras da ordem, deu início aos trabalhos, passando a palavra à Administração. Só, hoje, me lembrei que o Pr. da AG esqueceu-se de informar qual a percentagem de capital representado na dita Assembleia. Desconheço, portanto, qual foi o valor da sua “presença”.

Não houve discussão na especialidade para que a assembleia decorresse com maior fluência, tendo sido ultrapassada essa rotina por todos os participantes, que a aceitaram ab initio. A intervenção do Presidente da AG foi sempre serena, paciente e equilibrada, contribuindo para que os trabalhos corressem satisfatoriamente.

Passada a palavra à Administração, o Dr. Fernando Gomes, com meia dúzia de quadros, explicou e defendeu sucintamente o que consta do R&C, prometendo e garantindo que a Administração continuará a pautar o seu trabalho pela procura determinada do sucesso desportivo, provando, na acção, que é possível aliar o sucesso desportivo à eficiência económica.

Intervieram três accionistas, sendo um deles eu próprio (MF), um velho amigo, sócio tão antigo quanto eu, o Sr. Joaquim Vieira (JV) e o Dr. Lourenço Pinto (LP). Segue o resumo das diversas contribuições na AG:

(MF) - A intervenção, na generalidade, foi mostrar (e tentar demonstrar) a minha justa preocupação face à actual situação financeira. Perante os ratios obtidos, concluí que a estrutura de custos está consolidada e as suas variáveis mais importantes tenderão a crescer, pois já neste exercício o aumento dos custos operacionais cresceram 19%, enquanto os proveitos se mantiveram ao mesmo nível do exercício anterior. Referi, ainda, que:

· o lucro foi obtido à custa da alienação de alguns dos activos mais importantes do plantel;

· a previsão de proveitos e de resultados futuros será de quebra, em função da crise económica e financeira;

· adiantei, ainda, que a saúde da SAD está demasiado dependente do apoio da Banca, da presença na CL e da venda de jogadores.

Em suma: o retrato feito foi de inquietação, relevando a dúvida que a eficiência económica e financeira possa acompanhar o sucesso desportivo, pois este é um bem escasso, não é certo e não dura sempre. Ou seja a certeza do agravamento dos custos, e o previsível decréscimo das receitas (face à crise latente) torna expectável que a situação financeira conheça novas derrapagens nos próximos exercícios.

Num âmbito mais especializado, e em síntese, passei pelos seguintes temas: formação, contratação de jogadores, aumento do passivo, Porto Seguro, negócio TV, valor do plantel e custo de aquisições, empréstimos bancários e política de remuneração do Conselho de Administração.

(JV) – Depois de sublinhar, simpaticamente, para desanuviar um pouco o ambiente, que (MF) era sócio há mais de 60 anos, manifestou alguma preocupação relativamente à situação financeira e precisou essa preocupação com o facto de não ter sido ainda convocada uma AG Extraordinária para analisar e votar as propostas para reforço dos capitais próprios, como “obriga” o artº 35 do Código Comercial.


Sobre estes temas, passo a citar as respostas que foram dadas pelo Dr. Fernando Gomes, que disse, resumidamente: estão preocupados, há uma crise, mas os resultados têm sido positivos; a situação financeira não é um mar de rosas, mas apesar das dificuldades estão convencidos ser capazes de fazer chegar a nau a bom porto; sobre o artº 35 declarou que a lei permite alguma flexibilidade, até porque tem havido nos dois últimos anos alguma recuperação dos capitais próprios.

Disse, ainda, que estão a estudar as várias hipóteses para a recomposição do capital, que levarão a AG Extraordinária quando estiverem devidamente avaliadas e prontas para ser postas à discussão; confirmou que a dívida do Dínamo de Moscovo foi totalmente cobrada e que os letras em desconto foram passadas pela Olivedesportos e pelo Real Madrid; quanto aos direitos televisivos consideram que a SAD recebeu um valor justo, pois sendo o diferencial para o mercado inglês de 1 para 18, a verba recebida anda lá muito próxima (em proporção) do que recebeu o Manchester United; o mesmo vale para cálculo semelhante que foi feito em relação ao Real Madrid; relativamente a um canal próprio de TV, a Porto Comercial tem vindo a estudar essa possibilidade, que não é exequível de momento, pois não há massa crítica; o seu arranque custará uma verba entre 4 a 5M€; sobre a Porto Seguro – integrado nas contas consolidadas – é para continuar e tem sido rendível; quanto ao custo de aquisições é o que consta do R&C (é só fazer bem as contas, repetiu) e contempla: o custo do passe + comissões + luvas.

Foi nesta altura que interpelei o Dr. Fernando Gomes e expliquei que pelas contas que tinha feito, as aquisições de Farias, Stepanov, 75% de Tomás Costa e 60% de Bollati teriam custado 22.921M€ o que me parecia excessivo, e essa era a questão. Não ficou muito agradado e endereçou-me um remoque do género “se quiser vir para o meu lugar (para fazer as contas)...” a que respondi: “se algum dia quiser não lhe vou dizer...”

O ponto 1 e 2 da OT tiveram um voto contra e uma abstenção. Em termos de votos estimo que - um e outro - estarão pouco acima de zero.

O nosso Presidente falou sobre a política de vencimentos, deixou claro que a proposta foi feita pela comissão de vencimentos com total independência : “somos sérios nunca interferiríamos no seu trabalho”.

Tal como a CS noticiou, a SAD não aceita que este critério seja extensivo quando o FCP ficar em 2º ou 3º lugar, “pois isso seria um péssimo sinal dado aos atletas, que tem de lutar para serem sempre primeiros”. A comissão de vencimentos, apesar desta posição, manteve a sua proposta.

(LP) – Referiu que esta administração é excepcional, lembrou a importância da formação e a obra realizada no campo da Constituição.
Não esteve de acordo com a recusa da SAD quanto à aceitação na globalidade da política de remunerações, pois ela é conforme a regra e os estatutos, não havendo, portanto, qualquer, violação à lei nem à ética.
Propôs um voto de louvor ao trabalho de todos os órgãos sociais da SAD. A proposta recebeu duas abstenções.

O nosso Presidente, no fim do votação, pediu a palavra para mostrar o seu desagrado face a esta votação, e disse mais ou menos “que se sentiria muito mal, pessoalmente, se tivesse votado dessa maneira (abstenção)”, pois nesta votação estava englobado o Dr. Adolfo Roque, entretanto falecido e que exerceu com enorme competência e dedicação o cargo para que tinha sido eleito.

Antes da intervenção de (LP) já o nosso presidente tinha mandado algumas farpas, a alguns comentaristas que segundo disse “são pagos para dizer mal do FCP”. Entendi que foi excessivo, mas era importante que essas vozes críticas, faladas por personalidades com notoriedade na sociedade portuguesa e portistas de eleição, fossem ouvidas em sede própria, animando o debate com coragem e sujeitas ao contraditório. O FCP ficaria agradecido.

Foi eleito (por unanimidade) o CF que passou a ter como Presidente, José Paulo Sá Fernandes Nunes de Almeida, mantendo-se os restantes elementos que faziam parte deste órgão.

O Orçamento que prevê de Proveitos: 83,4m€, de Custos: 75,7m€, de Custos Financeiros: 5m€ e como Resultado: 2,4m€ , foi aprovado por unanimidade.

Acho que reproduzi os acontecimentos com fidelidade, mas repito: muita matéria que escrevi teve ajuda de alguns (POUCOS) apontamentos feitos á velocidade da fala, outra parte foi reproduzida de memória e, por isso, poderá estar um pouco fora do contexto, aqui e acolá. Nada de grave, tenho a certeza.

7 comentários:

HULK 11M disse...

Obrigado Mário Faria por nos ter dado conhecimento do que se passou na AG da SAD.
Infelizmente não estive presente por me encontrar ausente no estrangeiro.
Do seu relato, o que mais uma vez feriu a minha atencão, é a forma como o Presidente trata todos quantos tenham a ousadia de tecer críticas. Simplesmente lamentável!
Sugiro que se mobilizem os muitos "minúsculos" accionistas, como eu, de forma a que numa próxima AG da SAD, não aparecam só uma ou duas vozes discordantes.
Estou disponível para ajudar a organizar esse movimento.
Embora a "forca" dos votos continue a ser minuscula, a forca da razão será outra.
Não nos podemos esquecer que: "uma grande caminhada comeca com um pequeno passo"

Nuno Nunes disse...

Obrigado Mário pela descrição daquilo que se passou na última AG da SAD.

Pelas suas palavras depreendo que o Dr. Fernando Gomes acabou por não lhe responder à questão do custo (aproximado) de 23 M€ dos passes dos jogadores Farías (100%), Stepanov (75%), Tomás Costa (60%) e Bolatti (100%) tendo preferido enviar-lhe remoques do que propriamente esclarecer alguns negócios que sabemos agora (depois da leitura do R&C) terem sido afinal bastante superiores àquilo que tinha sido divulgado na imprensa. Lamentável.

Parece que afinal o Presidente nunca iria aceitar prémios salariais em caso de classificação final em 2º ou 3º lugar no campeonato. Quem fica exposto ao ridículo agora são aqueles que gastaram argumentos frouxos para tentar explicar o inexplicável, como Pôncio Monteiro ou o jornalista Manuel Tavares.

Pinto da Costa, hábil politicamente, afirmou que se teria sentido mal se se tivesse abstido na votação do voto de louvor aos orgãos sociais devido à presença de Adolfo Roque. Pois discordo desta opinião. Provavelmente essa abstenção deveu-se ao respeito a pessoas como Adolfo Roque porque se se levasse em conta apenas a administração da SAD a abstenção poderia perfeitamente ter-se transformado num voto contra.

Zé Luís disse...

Obrigado pela descrição possível da AG da SAD.

Pedia.lhe dois esclarecimentos, sendo eu leigo na matéria mas sem deixar de ler (li de facto) o R&C:

1) li algures no R&C que os 141 milhões de passivo teriam sido reduzidos posteriormente às contas terem sido fechadas, fruto de encaixes com dinheiros recebidos de transferências passadas e que não foram a tempo de abater ao passivo declarado - verdade ou mentira?

2) Será, penso eu, perceptível que os custos com pessoal aumentam em virtude dos prémios pela conquista de títulos e em que, obviamente, obter um "tri" terá um custo percentual superior ao do feito precedente - é assim ou não?

Já agora, para terminar, uma dúvida sobre os vencimentos da Administração.

- deveria ser em função dos lucros ou dos títulos (sendo que o objectivo é ter títulos, se possível com lucros ou pelo menos em equilíbrio económico-financeiro)?
- porque tempos recentes indicaram que era pelos resultados... financeiros, e não os desportivos
- essa questão dos prémios por 2º ou 3º lugar eram uma proposta da Comissão de Vencimentos mas nunca estiveram contemplados, seriam postos agora à consideraçao da assembleia?
- é que muita gente deu aquilo por adquirido, nomeadamente pensando até que a assembleia já tinha sido realziada. E o pressuposto, para a CV que fez a sugestão como bem entendeu e decerto por achar merecida compensação da Administração, era de que, como até à época passada, o 3º lugar dava acesso à pré-eliminatória da Champions (passar ou não era outra história). Isto tudo é que ajudou à confusão e polémica fruto de reflexão apressada, não acha?

Mário Faria disse...

Caro José Luís, passo responder às três questões que levantou, segundo o meu critério :
1) É verdade e o R&C refere na pág. 18 que o passivo de curto prazo iria ser reduzido, à data da elaboração do relatório, no valor de 31,2M€. Não me esqueci de referir isso e ter perguntado a FG, uma vez que o R&C também refere que já depois da data de 30 Junho 2008 tinham feito um empréstimo ao Milleniun no valor de 13.400M€ - que a venda do QUARESMA caucionava -, se esse facto, não denunciava que a redução passivos de curto prazo tinha que ser satisfeita – directa ou indirectamente – por novos empréstimos da banca. Acho que não me respondeu directamente à questão.
2)O relatório e contas não o refere, nem houve declaração nesse sentido. O Presidente o que falou é que os aumentos tiveram a ver com o perigo que a lei Webster representa e que tiveram que proceder a ajustes (extraordinários) para anular os estragos que podia produzir. De resto aos aumentos com pessoal variaram, conforme segue : Órgãos sociais – 30% ; Atletas – 21 % e Técnicos e Administrativos : 15%, sendo que os 18 técnicos receberam a parte de dragão, relativamente aos 91 trabalhadores do quadro administrativo, o que foi confirmado por FG ;
3) A AG não tem que avalizar o que a Comissão de Vencimentos decidiu. A AG anterior elegeu a Comissão de Vencimentos o que é o mesmo que lhe conferir as funções que lhe competem estatutariamente, com toda a liberdade e independência.
A regra está estabelecida e não foi alterada. A Administração é que recusa a vencer prémios no caso da equipa ficar em 2º ou 3º lugar, porque isso seria um péssimo sinal dado aos jogadores. Mas a regra mantém-se e só pode ser alterada pela comissão de vencimentos (que a manteve, apesar da recusa parcial da SAD) ou por assembleia geral extraordinária convocada para o efeito.

Espero ter respondido, mas como está quase na hora da bola ficarei por aqui.

José Correia disse...

«Disse, ainda, que estão a estudar as várias hipóteses para a recomposição do capital, que levarão a AG Extraordinária quando estiverem devidamente avaliadas e prontas para ser postas à discussão»

Espero que esteja completamente fora de hipótese a possibilidade, que já ouvi, de o Estádio do Dragão passar para a órbita da SAD.
Se esse cenário se colocar, terá a minha feroz oposição.

José Correia disse...

«quanto aos direitos televisivos consideram que a SAD recebeu um valor justo, pois sendo o diferencial para o mercado inglês de 1 para 18, a verba recebida anda lá muito próxima (em proporção) do que recebeu o Manchester United; o mesmo vale para cálculo semelhante que foi feito em relação ao Real Madrid»

Relativamente ao FC Porto, o Joaquim Oliveira pode estar descansado.

urtigao disse...

Foi nesta altura que interpelei o Dr. Fernando Gomes e expliquei que pelas contas que tinha feito, as aquisições de Farias, Stepanov, 75% de Tomás Costa e 60% de Bollati teriam custado 22.921M€ o que me parecia excessivo, e essa era a questão. Não ficou muito agradado e endereçou-me um remoque do género “se quiser vir para o meu lugar (para fazer as contas )

È a coutada...
È uma vergonha que o administrador tenha este tipo de resposta para com um accionista...
Quando não existe interesse em explicar os numeros, e se passa para a arruaça...esta tudo dito.
Já não é de hoje...mas resposta como estas só na colectividade da nossa rua, aquando da discussão das contas...
È uma tristeza

Uma vez mais muito obrigado ao Mario Faria, pelo feed back, e principalmente demonstrar a esses pseudo-gestores, que no nosso clube não existem carneiros...