Os mais recentes vaticínios de Michel Platini sobre as Seleções
que irão disputar a final do Euro 2012 para além de terem sido, uma vez mais,
um verdadeiro chuto na atmosfera, tiveram o condão de universalizar a ideia de
que o dirigente máximo da UEFA é mesmo um desbocado. Aos adeptos do FC Porto
essa característica do ex-internacional francês já é quase uma redundância
desde as considerações que teceu ao nosso clube no processo que foi alvo na
instância que dirige. Mas a uma personalidade tão cheia de frases feitas e
ideias pré-concebidas, não seria difícil de prever o tropeçar nas próprias palavras
até à desconsideração geral da nação futebolística - mesmo a mais inquinada (como
é o caso da imprensa lisboeta).
Houve quem referisse por estes dias que a inteligência de Platini
ostentadora de um perfume único nos relvados por onde passou, não se coaduna com
o seu discurso de praça enquanto Presidente do organismo supremo do futebol
europeu. Porém, há 30 atrás, um artista da bola tinha tempo e espaço para
pensar dentro da quadra, e atualmente isso não acontece. Nem lá dentro, nem cá
fora. Está visto que o homem ainda não se adaptou aos novos tempos.
De uma forma peculiar, o dirigente francês está ser vítima
da própria estratégia que o levou ao topo da hierarquia da UEFA. Foi com uma
boa dose de demagogia e um discurso populista junto das Federações mais
pequenas (com promessas de entrada direta das equipas de países com rankings
mais baixos na Liga dos Campeões, por exemplo) que juntou votos para chegar ao
cargo que por hora ocupa. Um principio válido e útil para quem se quer erguer à
ribalta rapidamente, mas perigoso quando se está no topo.
Se como atleta Platini terá sido uma figura aglutinadora de
massas, como responsável desportivo tornou-se um repelente. Da boca do
Presidente da UEFA não interessa ouvir apostas – que ele tanto odeia – sobre uma
final, dissertar sermões e opiniões sobre jogadores, ou tecer considerações
acerca de dossiês que não domina e para os quais está manifestamente mal
preparado. Um dirigente com sentido de Estado abstêm-se gravilhar no acessório
para se dedicar ao essencial, não ficando a fazer de Cabra-Cega perante um golo
“fantasma” não validado num torneio em que é organizador e onde previamente já ditou
o seu desfecho.
2 comentários:
Um verdadeiro labrego!
"Se como atleta Platini terá sido uma figura aglutinadora de massas".
A mim nunca me "aglutinou" como jogador, o máximo que conseguiu sempre foi meter-me nojo.
Como dirigente, então...
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