segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Inspiração, procura-se!

O jogo de hoje acabou com um forte trago amargo. Não só pelo resultado, como também pela exibição perante uma equipa bem arrumadinha mas perfeitamente acessível; e por um erro capital de arbitragem que quase certamente nos custou os 3 pontos.

Começando pelo último ponto: o penálti não assinalado aos 80 mins por mão de Gaspar (deliberada, já que abre os braços de forma a pará-la) é um erro capital. Não vou afirmar que foi deliberado, já que o lance é rápido e havia muitos jogadores a tapar o ângulo de visão (para além do árbitro ter estado razoavelmente bem no resto do jogo); mas o facto é que não deixa de ser um erro que nos pode ter custado muito caro. Erro que certamente vai ser minimizado e/ou ocultado na comunicação social (ai se fosse ao contrário...).

De resto, parece-me que oferecemos uma hora de avanço, com uma boa reacção (tardia) na última meia-hora, ainda que algo atabalhoada. A primeira hora de jogo em termos exibicionais ofensivos foi confrangedora, tal a falta de inconformismo e inspiração. Fio-de-jogo até houve algum (a estabilização gradual do onze titular, ou quase, a isso ajuda); mas as dinâmicas ofensivas foram de uma previsibilidade deprimente, resultando num único lance de perigo, num lance de inconformismo de Sapunaru a subir muito bem. Transpiração até houve alguma, mas em futebol correr por correr nunca levou a lado nenhum.
A equipa demonstra uma grande incapacidade para conseguir criar desequilíbrios ofensivos. O expoente deste tipo de jogo é o Mariano: mesmo quando não joga mal é totalmente incapaz de criar desequilíbrios ofensivos. Trabalha, trabalha, mas naquilo em q um jogador ofensivo mais tem de contribuir, é quase zero: a tal criação de desequilíbrios ofensivos (seja com cruzamentos bem tirados, seja com uma finta, seja com um passe bem rasgado a deixar a defesa contrária em maus lençóis). Olho para o banco, e o q vejo? Médios predominantemente ofensivos e que saibam tratar a bola por "tu" não existe, por exemplo. Depois temos o Ernesto "este-ano-é-q-vai-ser-ai-afinal-já-não-é-bem-assim" Farias, o Incrível Hulk q está mais verde do q o super-herói a q foi buscar o pseudónimo, um Candeias ainda de cueiros (mas q apesar disso trouxe acutilância à equipa) e mais nada.

O próprio Rodriguez na primeira hora de jogo passou muito mais tempo em terrenos recuados, qual formiguinha, do que aparecendo na zona onde poderia criar desequilíbrios.

Este é um plantel como o Jesualdo o quis, em que o coeficiente individual de inspiração é extremamente limitado do meio-campo para a frente; e quando apanhamos pela frente uma equipa bem arrumadinha atrás ou o golo surge cedo, ou então acabamos por ter bastantes dificuldades em "abrir a lata". O único jogador capaz, individualmente, de criar desequilíbrios (e não é pelas fintas) é o Lucho, e em menor medida Rodriguez (e eventualmente Tarik, quando e se regressar). Espero que apesar deste défice de inspiração o plantel nos dê muitas alegrias - o plantel tem, apesar deste ponto, certamente capacidade para tal.

Destaque positivo:

1) Sapunaru (dos mais inconformados e certinhos, e com a marca de ter disfrutado - por mérito próprio, sendo um defesa - de metade das melhores ocasiões de golo).
2) Reacção na última meia-hora, demonstrando finalmente que queríamos encostar o Rio Ave às cordas e tínhamos trunfos suficientes para tal

Destaque negativo:

Falta total de inspiração da equipa para criar desequilíbrios, excepto em ocasiões isoladas na última meia-hora

Fotos: ASF, Lusa

18 comentários:

Nuno Nunes disse...

O jogo o FC Porto foi deprimente e fez-me lembrar outras deslocações aos Arcos que também terminaram em empate. Na primeira parte fomos completamente inofensivos, incapazes de criar lances de perigo na área do Rio Ave.

O Rodriguez está desinspiradíssimo ou então está a ressentir-se da posição em que está a jogar (no slb descaía mais para as zonas interiores sem ser extremo puro). O Mariano pode ser muito esforçado e pode lutar muito mas em termos de construção ofensiva é uma autêntica nulidade. Os seus passes são bruscos e com força demais o que dificulta a recepção da bola aos colegas. É trapalhão e faz passes errados ou perde a bola porque a adianta demais. É incompreensível que seja titular do FC Porto.

Assumindo este jogo importância acrescida para que não se perdessem mais pontos para o primeiro classificado não entendo como é possível entrar em campo de uma forma tão irresponsavelmente inofensiva.

Estamos sem capacidade ofensiva e de finalização. 3 jogos = 3 golos (1 de penalty). A reflectir.

José Correia disse...

«De resto, parece-me que oferecemos uma hora de avanço, com uma boa reacção (tardia) na última meia-hora, ainda que algo atabalhoada. A primeira hora de jogo em termos exibicionais ofensivos foi confrangedora, tal a falta de inconformismo e inspiração.»

100% de acordo e a culpa não foi só dos jogadores, foi também, e muito, do Jesualdo.

Perante a forma como a equipa estava a jogar (ao nível do que vimos de pior nos últimos dois anos), como é possível que o treinador tenha demorado 60 (sessenta!!) minutos a reagir?

Quado percebi que a equipa regressou do intervalo com o mesmo onze nem queria acreditar.

Era óbvio que a equipa precisava de alargar a frente de ataque e jogar mais pelas alas. Ora, issso foi conseguido com a entrada do Lino, que sendo um mau defesa, é bom a atacar e a cruzar.

Não foi por acaso que foi pelo lado esquerdo que o FC Porto criou a maior parte dos desequilibrios nos últimos 30 minutos.
Aliás, com a entrada do Lino, o próprio Rodriguez viu o seu rendimento subir em flecha.

José Correia disse...

«A equipa demonstra uma grande incapacidade para conseguir criar desequilíbrios ofensivos. O expoente deste tipo de jogo é o Mariano: mesmo quando não joga mal é totalmente incapaz de criar desequilíbrios ofensivos. Trabalha, trabalha, mas naquilo em q um jogador ofensivo mais tem de contribuir, é quase zero»

Mais uma vez 100% de acordo.

Aliás, o próprio Candeias, apesar de jovem, inexperiente e sem rotinas com o resto da equipa, criou mais desequilibrios na defesa do Rio Ave em 10 minutos, do que o Mariano em 60.

José Correia disse...

«Este é um plantel como o Jesualdo o quis (...) Espero que apesar deste défice de inspiração o plantel nos dê muitas alegrias - o plantel tem, apesar deste ponto, certamente capacidade para tal.«

Há vários jogadores novos do plantel sobre os quais ainda não tenho formada uma ideia definitiva. Vou aguardar mais uns meses.

Contudo, relativamente ao onze-base, parece-me óbvio que é inferior ao da época passada.

José Correia disse...

«Começando pelo último ponto: o penálti não assinalado aos 80 mins por mão de Gaspar (deliberada, já que abre os braços de forma a pará-la) é um erro capital. (...) Erro que certamente vai ser minimizado e/ou ocultado na comunicação social»

É incrivel como este penalty não foi assinalado.
O penalty é clarissimo e nem os jornalistas adeptos do SLB (Carlos Daniel, Cruz dos Santos, Paulo Catarro) têm dúvidas sobre isso.

Também incrivel é a forma como os dirigentes e treinador do FC Porto reagiram a este ROUBO.

Os dirigentes, como é habitual, nem abriram a boca.
O treinador reagiu ao penalty roubado no meio de uma outra declaração, fazendo uma leve referência, num tom baixo e monocórdico, sem demonstrar qualquer indignação perante o facto.

L-A-M-E-N-T-Á-V-E-L!

José Correia disse...

Já agora, convém lembrar que não foi só no penalty ROUBADO que o árbitro mostrou a sua habilidade.

Na 2ª parte houve 6 substituições, a equipa médica do Rio Ave entrou 5 vezes em campo para assistir jogadores supostamente lesionados (um dos quais o guarda-redes) e ainda houve um jogador do Rio Ave que foi assistido pelos colegas devido a caimbras.

Perante isto, como é possível o árbitro dar apenas 4 minutos de prolongamento?
No mínimo teria de dar o dobro.

José Correia disse...

«A primeira parte foi um longo bocejo, praticamente sem jogadas de perigo nas duas áreas. A responsabilidade é, obviamente, dos tricampeões nacionais, que neste período foram uma equipa lenta, sem ideias, que passou largos períodos atrás das bolas que o meio-campo do Rio Ave ia trocando. (...) Mariano e Rodriguez não foram os extremos que os dragões precisavam e quase que se ouviram suspiros por Quaresma e Tarik na bancada em que se encontravam os adeptos portistas. O argentino deu mesmo mais alguns argumentos a quem o considera a mais no onze de Jesualdo…

(...) Contas feitas, o F. C. Porto perdeu quatro pontos nas primeiras três jornadas do campeonato, sendo que o empate anterior se registou na Luz, quando na temporada passada ganhou oito jogos consecutivos no início da prova, cedendo o primeiro empate à nona ronda. Dar uma hora de avanço ao adversário não é a melhor aposta para quem diz querer recuperar o mais depressa possível a liderança.»

in JN, 22/09/2008

José Correia disse...

«Quarto ponto perdido pelo FC Porto em três jogos de campeonato, um braço polémico de Gaspar a justificar reclamações, mas, acima de tudo, uma pergunta óbvia, depois de colada a primeira à segunda parte: que bicho lhes mordeu? Num inesperado golpe de magia, os portistas apostaram tudo na invisibilidade. Chegaram mesmo a desaparecer de campo, deixando um rasto de passes errados e a ideia de um aparente cansaço. (...) Lisandro, isolado e pouco acompanhado, não passava de uma miragem. Sapunaru tentava subir, Mariano procurava acelerar, mas sempre contra a muralha da casa. Pior do que isso: na esquerda, Fucile e Rodríguez juntaram-se numa prolongada soneca, acompanhados por Raul Meireles e Lucho. Assim se chegou ao intervalo no jogo e ao ponto final do dragão alheado.

(...) Na ponta final, já com Candeias, os portistas carregaram a fundo no acelerado, esbarrando no poste. Normalmente, acontece a quem adormece.»

in O JOGO, 22/09/2008

José Correia disse...

«Os adeptos do FC Porto não assobiaram, mas podem queixar-se de a sua equipa ter iniciado o jogo com uma hora de atraso. (...) Com mais responsabilidade de vencer, o FC Porto foi um conjunto lento, sem ideias e sem capacidade de pressão na primeira parte (ou nos primeiros 60'), o que resultou em muitas perdas de bola e passes para o adversário.»

in PUBLICO, 22/09/2008

miguel87 disse...

Ninguem tinha um very-light para o carro do Jesualdo ontem á noite??

Mais um jogo igual a tantos outros desde que temos este treinador, mas ontem não houve uma bola que entrasse...

E não me parece que a culpa tenha sido dos "novos" jogadores:
Sapunaru foi o mais perigoso (!!); Rolando impecável; Fernando teve duas falhas mas que não comprometeram (uma por acaso, outra porque o próprio rectificou); Hulk entrou com pouco tempo e para o meio da confusão, tá certo que exagerou na queda, mas que foi tocado isso foi; Candeias num ou dois cruzamentos criou mais perigo do que em todas as iniciativas anteriores de Mariano; apenas Rodrigues esteve trapalhão e inofensivo em relação ao que se espera dele.

Já os "antigos" não estiveram tão bem: Fucile e Meireles fizeram provavelmente o pior jogo que me lembre de ver desde que cá estão, Lucho uns furos abaixo, Lisandro passou o tempo a ir ao meio campo buscar a bola; Mariano foi o complicado que já se viu vezes demais.

Só o treinador manteve a habitual bitola: mediocre! Equipa mal escalada (quantas vezes mexe no 11 sem que haja castigos ou lesões?), e apesar da gritante exibição desde o inicio do jogo, achou por bem que podia aguardar até a hora do costume para mexer na equipa...

Nelson Carvalho disse...

A crónica do Zé Rodrigues enumera todos os pontos que levaram o FCP a não ir alem de um empate em Vila do Conde;

- Temos uma equipa que vive muito da transpiração, mas tem uma grande falta de inspiração.

- Desperdiçamos cerca de 60 minutos do encontro numa construção lenta e inconsequente, que facilmente foi anulada pelo adversário.

- Varios jogadores que actuaram de inicio, estiveram uns furos abaixo do seu normal (Meireles, Fucile, Rodriguez e Lucho) e outros mantiveram a bitola mediocre habitual (Mariano).

Mário Faria disse...

Não basta ao treinador saber fazer uma leitura correcta do que se passou num jogo. Espera-se de um treinador que seja activo e que tudo faça para que não aconteça o “pior”. O treinador não pode ser desresponsabilizado pelo desempenho colectivo. Mão empatámos por detalhes ou por este ou aquele jogador terem esbanjado oportunidade de golo às carradas.
Na 1º Parte : jogámos mal, devagarinho e parados. Faltavam espaços, bem sei, mão se não formos capazes de pressionar e subir as linhas, acho que vamos ter muitos desgostos. O Rio Ave na 1ª. parte teve muita bola. Fazer transições rápidas, perdendo sistematicamente as 2ªs. bolas e sem velocidade para os contra-golpes, não há como pô-lo em prática.
JM costumava dizer que o FCP não precisava de sprinters, pois as equipas normalmente jogavam contra nós com o autocarro estacionado junto da grande área e não havia espaço para meter a velocidade.
Na 2ªparte, com o Rio Ave cansado, fomos capazes de os encostar às cordas e poderíamos ter ganho. Aí fizemos quase tudo que havia fazer, só que já tínhamos permitido ao Rio Ave níveis de confiança e serenidade que o FCP, ao invés, tinha perdido.
Foi um castigo merecido, este empate. Não mostrámos classe.
Quanto ao árbitro veio ao de cima a vaidade do costume e a insustentável tendência para “prejudicar”, o FCP e que já vem dos tempos em que impedia o special one de ganhar os jogos por ele arbitrados.
Pedro Proença é muito vaidoso – está convencido que é bom - e a forma como amarelou o Hulk mereceria uma reprimenda. Os árbitros gerem a disciplina segundo os seus códigos, mas não tem que exibir o prazer que esse poder lhes confere. Além disso, ao contrário do que disse a TV, acho (não tenho a certeza) que Hulk foi mesmo tocado, antes de cair de uma forma exuberante.

Paulino disse...

Em resposta ao Pedro Reis e Dragon4 pelos seus comentários no artigo "Uma boa estreia num jogo atípico", espero que compreendam agora o motivo do descontentamento dos adeptos. Não se assobia ou reclama por tudo e por nada, apenas a quem assiste ao jogo dum FC Porto exige-se qualidade, disciplina e boa exibição.

O jogo contra o Rio Ave veio a provar isso mesmo, que ainda falta a química no seio do grupo de trabalho, e infelizmente perdeu-se 2 pontos.

Na minha opinião, aponto novamente o dedo para o tipo de estratégias que Jesualdo cria.
Esta será também uma temporada atípica para o FC Porto

Metz disse...

"100% de acordo e a culpa não foi só dos jogadores, foi também, e muito, do Jesualdo.

Perante a forma como a equipa estava a jogar (ao nível do que vimos de pior nos últimos dois anos), como é possível que o treinador tenha demorado 60 (sessenta!!) minutos a reagir?"

Roubo-vos as palavras, ainda hoje disse exactamente isto!

A culpa é dele por nao reagir, por isso devia ter vergonha de criticar os jogadores... É que não podemos esquecer a forma sofrida ocmo batemos o Fenerbahce....

Cumpz

O Caçador disse...

Mais uma vez o Sr Pedro Proença disse ao que veio.

Porque será que foi o 1º a época passada?

Exactamente por isso, por prejudicar o FCP.

Já agora dêem um livro sobre como jogar futebol ao CEBOLA.

O Caçador disse...

"Já agora dêem um livro sobre como jogar futebol ao CEBOLA."

Corrijo :

Ele sabe jogar à BOLA, falta-lhe agora saber jogar FUTEBOL.

HULK 11M disse...

Tenham calma que a nossa Exma. Administração da SAD já está a tratar dos novos reforços de Janeiro. Devem vir aí uma meia duzia deles. Mas claro, iremos ter que fazer "mais valias" pelo que teremos que proceder a algumas vendas...
Os proximos serão Bruno Alves e Lucho...

PMF disse...

Concordo inteiramente com o post. Também, desde o princípio da época (e desta equipa) senti que faltava um pequeno "plus" à equipa, em termos de criatividade.

Até acho que este plantel, basicamente, tem condições para evoluir e tornar-se numa boa equipa, porém, sem o "abridor de latas", sem o jogador que, de repente, surpreenda o adversário ou saque um penalti, estaremos sempre a correr o risco de fazer jogos como o de ontém....Sem conseguir entrar na área do adeversário.

É que a falta de inconformismo e de rasgo, na 1ª parte, resultou, também (estou convencido) do facto de os jogadores sentirem que eram impotentes para rasgar a defesa adversária!

Não tenhamos ilusões, um Bosingwa pode-se substituir (mal ou bem), o P. Assunção, também (Fernando lá está); agora, um Quaresma (ou alguém com as suas características : 50% das assitências para golo) é mais difícil. Os três ao mesmo tempo, é o que se viu neste plantel.