sábado, 27 de setembro de 2008

A Paços de tartaruga...

Cumpre-me em primeiro lugar pedir desculpa aos leitores pelo título de mau gosto escolhido para esta crónica mas de vez em quando apetece-me tentar usar o inconfundível estilo jornalístico desportivo nacional.



O FC Porto venceu o jogo por 2-0, de forma justa, mas acabou por fazer uma fraca exibição ontem à noite no Dragão. A equipa até começou bem (como no jogo contra o Fenerbahçe) e jogou 20 minutos de bom futebol, pressionando e criando oportunidades de golo. Primeiro Farías falhou uma recarga depois de um remate de Lisandro. Em seguida, na sequência de uma jogada de insistência de Lisandro pelo lado direito, Raul Meireles aparece sem marcação e remata forte à entrada da área para a bola entrar no canto superior esquerdo da baliza do Paços. Um bom golo. Logo a seguir Lisandro ganha a posição à entrada da área e só com o guarda-redes pela frente “manda bomba” para a bancada, desperdiçando uma oportunidade flagrante para marcar. Farías, em todo o tempo que esteve em jogo, quase se pode considerar o homem invisível.

Na segunda parte entramos mais lentos. Aconteceu o mesmo que no jogo contra os turcos: com vantagem mínima no marcador a equipa desorganizou-se e concedeu o domínio do jogo ao adversário que cresceu e começou a criar mais lances de perigo. Uma vez ganha a posse de bola a equipa parece não saber ainda o que fazer com ela, os passes começam a sair para trás e é o Fernando que acaba por faze-la circular, em zonas difíceis, notando-se-lhe ainda pouca destreza e alguns toques a mais. Ao mesmo tempo os defesas do Paços marcavam em cima Rodriguez e Lisandro o que retirava capacidade ofensiva pelas alas.

Com a entrada de Guarín e Candeias a equipa pouco ou nada mudou. O colombiano não foi feliz enrodilhando o seu futebol em fintas até perder a bola por várias vezes. Tomás Costa, que já estava a fazer uma boa exibição foi para defesa direito e continuou bastante bem nessa posição. Depois, aos 70 minutos, entrou Hulk para substituir Farías e passados apenas 3 minutos marcou o segundo golo do FC Porto tendo feito o passe para a esquerda onde estava Meireles que lhe devolveu a bola com uma excelente assistência.

Os laterais não me pareceram bem, principalmente o Sapunaru que perdeu a bola e fez passes errados vezes sem conta e ainda se demitiu das subidas no terreno. O Lino esteve bastante bem nas combinações atacantes e centros para a área mas não recuperava rapidamente a posição deixando por vezes caminho livre às investidas do adversário. Sinceramente estava à espera de muito mais por parte do Cristian Rodriguez no FC Porto. Para já tem feito exibições apagadas e algo intermitentes. Que ganhe melhor forma e mais autoconfiança para os combates que se seguem.

Continuo a achar que se perdeu a pré-época para se testarem todas as alternativas e é agora, em pleno campeonato, que se fazem os ajustamentos para melhorar as performances da equipa, num processo claramente atrasado. Esperemos que ainda a tempo de recuperar o atraso para o primeiro na Liga e de conseguir o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões.

fotos: fcporto.pt

Destaque positivo:

A polivalência e a visão de jogo de Tomás Costa, o golo de Meireles e a entrada de Dragão do Hulk.

Destaque negativo:

A exibição no geral, o apagão da equipa depois dos 20 minutos, o "divórcio" entre adeptos e equipa.

12 comentários:

miguel87 disse...

Tendo em conta que apenas 3 dos 10 jogadores de campo habituais da epoca passada terem jogado (Alves, Meireles e Lisandro) acho que foi uma exibição bastante razoável que pecou por alguns adormecimentos momentaneos a partir dos 20 minutos e ao longo do jogo.

Não esquecer que a certa altura da 2ª parte, com alguma habilidade, o arbitro empurrou o Paços para o ataque, e isso dificultou a busca de traquilidade que o Porto tentava.

Meireles esteve muito bem e decisivo, mas voto entre Fernando e Tomas Costa para melhor em campo.
O primeiro vai a passos largos tornando-se tão eficaz como era Assunção e tem caracteristicas que o podem fazer um jogador ainda melhor.
O Argentino enche-me as medidas, é inteligente, trabalhador, joga simples e rápido. Promete muito.

José Correia disse...

«O FC Porto venceu o jogo por 2-0, de forma justa, mas acabou por fazer uma fraca exibição ontem à noite no Dragão.»

De acordo. Sem dúvida que o resultado foi muito melhor que a pobre exibição.

José Correia disse...

«Farías, em todo o tempo que esteve em jogo, quase se pode considerar o homem invisível»

O Farias teve mais uma boa oportunidade para mostrar o que vale (foi titular, num jogo em casa, contra uma equipa que sofre muitos golos) e, mais uma vez, foi uma absoluta nulidade.

José Correia disse...

«O colombiano não foi feliz enrodilhando o seu futebol em fintas até perder a bola por várias vezes. Tomás Costa, que já estava a fazer uma boa exibição foi para defesa direito e continuou bastante bem nessa posição.»

O Guarin foi uma aposta forte do Jesualdo durante toda a pré-temporada, mas tem vindo a perder espaço dentro da equipa.
Ao contrário, o Tomás Costa tem aproveitado as oportunidades que lhe são dadas, com uma entrega ao jogo que agrada ao treinador e aos adeptos.

Aposto na titularidade do Tomás Costa para o jogo com o Arsenal, como vertice direito de um meio-campo em losango.

José Correia disse...

«Os laterais não me pareceram bem, principalmente o Sapunaru que perdeu a bola e fez passes errados vezes sem conta e ainda se demitiu das subidas no terreno. O Lino esteve bastante bem nas combinações atacantes e centros para a área mas não recuperava rapidamente a posição deixando por vezes caminho livre às investidas do adversário.»

O Sapunaru é um jogador muito irregular. Num jogo pode ser dos melhores e, passado uns dias, no jogo seguinte, ser dos piores.

Quanto ao Lino, já desde os tempos da Académica que é sabido que ataca muito melhor do que defende. Aliás, se bem me lembro, na Académica jogou mais vezes a médio esquerdo do que a defesa-esquerdo.

José Correia disse...

«Continuo a achar que se perdeu a pré-época para se testarem todas as alternativas e é agora, em pleno campeonato, que se fazem os ajustamentos para melhorar as performances da equipa, num processo claramente atrasado.»

100% de acordo com esta observação critica.
Três meses depois do início da época, a equipa continua em obras, com muitas indefinições, quer de jogadores, quer em termos do posicionamento no terreno.

José Correia disse...

Miguel87 disse: «Tendo em conta que apenas 3 dos 10 jogadores de campo habituais da epoca passada terem jogado (Alves, Meireles e Lisandro)»

Pois, mas conforme escrevi no comentário anterior, isso é um dos aspectos que eu considero mais preocupantes. Isto é, quase 3 meses depois do arranque da época, continuarmos com uma equipa em obras.

Mário Faria disse...

Foi um jogo, predominantemente fraco, com dois golos excelentes.
Não temos colectivo, e faz-me alguma confusão o adversário ter, demasiadas vezes, mais jogadores perto da bola.
Raras vezes conseguimos vantagens, o que denuncia, a meu ver, um défice físico, incompreensível nesta fase do campeonato.
Guarin foi uma decepção, Candeias falta-lhe consistência, e Sapu parece a versão romena de Stepanov. Ambos, com enorme potencial, mas que não conseguem fazer explodir. Muitos erros do defesa direito, que às vezes parece distante do jogo. Se calhar tem a namorada longe…
Encontramo-nos em Londres, para ver como vai sair o confronto com o Arsenal. Até lá, esperemos que os clubes da 2ª circular percam, que haja muita tareia, muitos casos de arbitragem, muitos erros, muita chuva e muitas expulsões.

HULK ONZE MILHAS disse...

Durante o jogo muitas vezes recordei o quente diálogo que neste blogue se verificou acerca da utilidade de encostar o Adriano e dar uns não sei quantos milhões pelo Farias...
Gosto muito do Lisandro, mas neste início de época tem falhado golos incríveis. Continua o mesmo lutador. Espero que seja apenas uma crise de confiança passageira e que isto nada tenha a ver com as declarações do seu Empresário acerca dum reclamado aumento de ordenado...
Gosto do Guarim... mas não jogou nada ontem.
Enfim... perdemos não sei quantos meses a experimentar Bollatis, Stephanovs, etc, e agora continuamos ainda a não ter a equipa base definida...
Também estranho a aparente falta de capacidade física.
Enfim: haja confiança!
A arbitragem pareceu-me com tendência para nos prejudicar, o que me surpreende tratando-se de um novo árbitro, e que deveria estar empenhadíssimo em fazer um bom trabalho.

Paulino Freitas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulino Freitas disse...

A meu ver, novamente Jesualdo esteve mal. Ganhou mas não teve o mérito no lado dele.

O Porto até ao primeiro golo jogou com postura, garra e bom futebol.

Depois, não percebo como é que um treinador não impõe para dentro das quatro linhas que a garra, a mentalidade e a postura seja uma constante até que o resultado à posterior justifique já uma gestão colectiva do esforço da equipa.

Com um pouco de sorte o Porto esperou que o segundo golo surgisse, mas a ver pelo Paços se os dois habituais titulares que ficaram isentos devido ao jogo anterior, penso que poderiam causar problemas de maior ao Porto.

"Sem dúvida que o resultado foi muito melhor que a pobre exibição." .... exactamente, a pobre exibição verifica-se pela pobre estratégia de jogo de Jesualdo.

Um dos melhores jogos desde que o Lino jogou a titular no Porto, e boa exibição de Rodriguez.

Unknown disse...

Apesar de exigente (como Portista que o sou, não o poderia ser de outra maneira), apelo à reflexão.
Não acham estranho , que de repente tenham deixado de falar nas equipas jovens???
Na juventude das equipas???
Ora, vamos lá.
Neste última jornada (4)

F.C. PORTO - 26,46 média de idade
Sporting - 27,62 média de idade
Benfica - 27,92 média de idade

Por sectores

F.C. PORTO - Defesa - 27 média de idade
- Meio Campo - 22,75 média de idade
- Ataque - 23,6 média de idade

Sporting - Defesa - 25,8 média de idade
- Meio Campo - 23,6 média de idade
- Ataque - 27,62 média de idade

Benfica - Defesa - 24,4 média de idade
- Meio Campo - 25,5 média de idade
- Ataque - 27,75 média de idade

...

Quanto à falta de A, B e C.
Ainda não ouvi ninguém falar, naquele que sinto que está a fazer muita falta - CARLOS AZENHA.