segunda-feira, 6 de julho de 2009

Agostinho Homem e o "Apito Salgado"



Agostinho Homem, vice-procurador-geral da República, foi encarregue por Pinto Monteiro de uma das investigações paralelas ao ‘Apito Dourado’, nomeadamente das diversas declarações e acusações feitas pela irmã gémea de Carolina Salgado, Ana Maria Salgado.

Recentemente jubilado, este beirão (tal como Pinto Monteiro), deu uma entrevista ao 'Correio da Manhã' (a quem havia de ser?), de que reproduzo algumas das perguntas e respostas mais significativas.

----------

[Correio da Manhã]: Acabou de ser jubilado e o último caso que investigou, nomeado pelo Procurador-Geral da República (PGR), Fernando Pinto Monteiro, tem a ver com a condução do caso ‘Apito Dourado’, falou-se que o senhor é benfiquista. Quer comentar?

[Agostinho Homem]: O facto de eu ser benfiquista nunca prejudicaria alguém que estivesse ligado a qualquer outro clube. Se quer que lhe diga, acho que nos últimos anos o FC Porto nem tem precisado de comprar os árbitros – se é que algum dia comprou – porque tem sido, de longe, a melhor equipa.

[CM]: Enquanto teve este processo nas mãos, recebeu ameaças?

[AH]: Nunca. Sou um ilustre desconhecido: fui ao Porto à vontade.

[CM]: E acreditou nas declarações dela [Ana Maria Salgado]?

[AH]: Eu nem acredito, nem deixo de acreditar. Quando ela [Ana Maria Salgado] prestou as primeiras declarações, devo dizer que, eu vi logo que a maior parte das coisas eram mentira. Mas também havia algumas verdades. O que fiz depois foi a análise, ouvi várias pessoas a quem ela se referia e fiz a investigação de modo a nem sequer confiar plenamente nas declarações em que ela se retratou.

[CM]: Como é que reage ao facto de ela agora ter vindo alterar novamente as declarações?

[AH]: Não sei. Acho é que conforme ela disse que se tinha vendido, quando prestou as primeiras declarações, se calhar agora também lhe pediram para prestar estas – deduzo eu. Eu já tinha feito o relatório final quando as declarações me chegaram, portanto, li “en passant” e não lhes liguei muito.

----------

Esta entrevista é mais uma peça interessante para se perceber como, por quem e com que pressupostos foi conduzida a investigação do Ministério Público no processo 'Apito Dourado'.

Quanto às declarações da irmã gémea de Carolina Salgado, fica razoavelmente claro da entrevista de Agostinho Homem, publicada pelo 'Correio da Manhã de 5 de Julho, que só foi considerada credível a parte em que acusa Pinto da Costa. Tudo o resto, como é evidente, são mentiras que ela disse porque "se tinha vendido"...

Fotos: Correio da Manhã

5 comentários:

Zé Luís disse...

Alertado para isto, também ontem fui ler online a entrevista do correio da manha. E vi as fuças do homem, um Homem que há 3 anos andava com um processo de que não mais se ouvira falar nem alguém o tinha questionado, até agora, sobre isso.

Já há dois anos eu me questionava como é que não se apurava nada do que tinha originado o Processo Avermelhado das revelações do dossiè "Tu, Luís".

Também percebi que para este homem só o que alguém disser contra Pinto da Costa será verdadeiro.

Enfim, como tudo isto cheira mal desde o início, fica mais uns dias até à conclusão e divulgação das contas finais do processo. O homem reformou-se, mas chamar-lhe jubilado tem outra pompa. E todos os outros que andaram anos a aturar estas merdas continuam com o cheiro por mais uns tempos.

Boa merda, bastou soltar-se a tampa.

nobigdeal disse...

Zé Luís:
embora para o caso não tenha qq interesse, reforma e jubilação são realmente coisas diferentes (têm efeitos diferentes).

cumps. :)

Unknown disse...

Têm, sim senhor. Ao reformado é, por norma, paga uma pensão de valor muito inferior à do jubilado, aposentado, retirado, passado à reserva, etc, nomes que são apanágio de titulares de empregos públicos, os portugueses de primeira, os tais que acham que a crise não lhes diz respeito, é com os outros. Mas, e quanto ao caso vertido na notícia, sempre direi que este Homem, sendo benfiquista (e mesmo não o sendo) devia estar calado e não falar de processos que ainda correm os seus trâmites. Mas se até os velhos estão a perder a compostura, o que poderá esperar-se da juventude que com eles devia aprender boas maneiras e correctos procedimentos? Isto está mesmo a ficar estragado... Completamente!

José Correia disse...

«A gémea de Carolina Salgado apresentou uma terceira versão no Apito Dourado. Após ter acusado Pinto da Costa de a subornar, alega, agora, ter sido pressionada para mentir em favor da irmã. E envolve um procurador numa queixa.

Aparentemente de forma voluntária, a 15 de Maio passado, Ana Salgado deslocou-se ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Ministério Público do Porto para apresentar a referida "queixa", segundo a qual, ao denunciar, a 4 de Março passado, que foi paga por Pinto da Costa em envelopes mensais de cinco mil euros em notas para mentir, pretendeu apenas beneficiar a irmã.

Ana diz, agora, que aquela denúncia é falsa e foi feita por pressão de Carolina, que estaria preocupada com o processo dos incêndios dos escritórios do presidente portista e do advogado Lourenço Pinto, cujo julgamento está marcado para o próximo mês. A ideia seria desacreditar Pinto da Costa, preparando assim caminho para a sua absolvição. Sobre o dirigente recairia, também, a suspeita de crimes de suborno e instigação a falso testemunho.

Na queixa, segundo informações recolhidas pelo JN, Ana Maria descreveu como, alegadamente, reatou relações com Carolina e combinou a versão incriminatória para Pinto da Costa apresentada num inquérito da Procuradoria-Geral da República (PGR) que averigua o "teor e circunstâncias" do depoimento que, em Junho de 2007, prestou do DIAP do Porto (ver coluna ao lado).

Descreveu, também, a forma como, na madrugada de 4 de Março passado - no primeiro dia do julgamento do caso "envelope", em Gaia, no qual Pinto da Costa acabou absolvido -, foi levada e recebida na PGR pelo procurador-geral adjunto, Agostinho Homem, após contactos com os advogados de Carolina. Ana afirma que este magistrado lhe disse que nunca acreditou na sua primeira versão. E diz, ainda, que assinou o auto com as declarações contra o presidente do F. C. Porto sem o ler.

Contactado pelo JN, Agostinho Homem, jubilado desde o passado dia 3, admite ter conhecimento da nova versão de Ana. "Não merece comentários. Fiz tudo com toda a legalidade. Em 40 anos de trabalho, dei sempre a ler as declarações às pessoas inquiridas e advogados", frisa.

O ex-vice-procurador-geral da República acrescenta que não se sente "atingido" pelas declarações de Ana e que, para já, não apresenta queixa-crime: "Se vier a esclarecer o que diz, poderei participar dela na devida altura".»

in JN, 26/06/2009

José Correia disse...

«O Labaredas registou uma entrevista interessante durante um fim-de-semana de leituras. Num periódico que os Portistas conhecem pelas imprecisões, destaque para as declarações de um antigo vice-procurador-geral da República, naturalmente sobre o tema mais querido do Correio da Manhã: o Apito Dourado.

Uma análise atenta isola de imediato a pró-actividade do agora jubilado que, a verificar-se em casos menos… mediáticos, colocaria a justiça portuguesa num patamar bem mais abonatório. Não é que o então vice-procurador assume que esperou por uma testemunha até à meia-noite e meia e prontificou-se a deslocar-se a Famalicão para a interrogar?

Fossem todos assim tão solícitos...»

in Labaredas, www.fcporto.pt, 06/07/2009