terça-feira, 21 de julho de 2009

A montra


Em Abril passado, após a eliminação nos quartos-de-final perante o Manchester United, O JOGO fez as contas e chegou à conclusão que o FC Porto tinha arrecadado cerca de 18 milhões de euros na Liga dos Campeões, divididos nas seguintes parcelas:
- 5,4 milhões de prémio de participação;
- 2,4 milhões correspondentes ao desempenho desportivo na fase de grupos (4 vitórias - Fenerbahçe (2), Dínamo de Kiev e Arsenal);
- 2,2 milhões pelo acesso aos oitavos-de-final;
- 2,5 milhões pelo acesso aos quartos-de-final;
- 2 milhões do market pool televisivo (o valor exacto é 1,992 milhões);
- 3,5 milhões de receitas de bilheteira (total aproximado para os cinco jogos realizados no Dragão, sem contar com os dragon seats).

Este valor – 18 milhões de euros – representa mais seis milhões em relação ao previsto no orçamento da FCP SAD para 2008/09 e é o segundo mais alto de sempre, atrás apenas das receitas garantidas em 2003/04, época em que os dragões conquistaram a Liga dos Campeões.

Confrontado com estes números, o Dr. Fernando Gomes foi ainda mais longe referindo que o FC Porto tinha ganho "muito mais que os 18 milhões de que se tem falado nos últimos dias". Segundo o administrador da FCP SAD responsável pela área financeira, os proveitos eram "difíceis de quantificar", acrescentando que "não é fácil avaliar com exactidão a valorização que sofreram os nossos jogadores depois de estarem expostos naquela que é a maior montra do futebol europeu e Mundial, mais ainda quando foram capazes de demonstrar todas as competências técnicas que são reconhecidas nacional e internacionalmente".

Três meses depois, já se consegue ter uma ideia aproximada do impacto que as exibições na Liga dos Campeões tiveram na valorização dos jogadores do FC Porto. Os números envolvidos nas transferências do Lucho, Lisandro e, principalmente, do Cissokho são elucidativos, tendo ainda sido referido o interesse de diversos clubes em Bruno Alves, Raul Meireles e Fernando (o mercado continua aberto até 31 de Agosto).
Mas se a Liga dos Campeões serve para valorizar alguns "activos" também é impiedosa, funcionando em sentido contrário quando as equipas/jogadores desiludem e chumbam neste autêntico teste do algodão. Foi o caso do Sporting, que teve desempenhos desastrosos perante o Barcelona e Bayern Munique. Apesar da necessidade premente que a Sporting SAD tem em vender, o mercado parece ignorar os seus principais jogadores e não há quem se chegue à frente para contratar os supostamente apetecidos Miguel Veloso, Moutinho ou Liedson.

Questionado no JOGO de ontem se seria possível avaliar que efeitos teria tido a eventual ausência do FC Porto na última edição da Liga dos Campeões, Fernando Gomes respondeu:
"É quase impossível fazer uma avaliação dos custos que teria tido essa ausência, porque estamos a falar de efeitos directos e indirectos. Em termos de efeitos directos, entre receitas de bilheteiras, direitos e prémios de performance, estaremos a falar de qualquer coisa como 15 a 18 milhões de euros. Depois teríamos os efeitos indirectos que se reflectem na valorização dos jogadores. Se pensarmos que o Cissokho, por exemplo, nunca teria jogado em Madrid e em Manchester, se considerássemos que o Lisandro e o Lucho também não teriam essas montras ao seu dispor, estamos a falar de um efeito que podia facilmente atingir as dezenas de milhões de euros."

Percebe-se, pois, a ânsia do SLB em afastar o FC Porto da Liga dos Campeões e o desespero que os invadiu após a derrota estrondosa que tiveram no TAS.

Foto: Loja da Gucci na 5ª avenida, a rua comercial mais cara do mundo

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