quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lucho queria ficar, mas aceitou sair

2 de Junho de 2009, Lucho de partida para férias na Argentina

«O médio dos dragões partiu ontem à tarde para a Argentina, onde vai passar as férias, mas tem bilhete de regresso comprado. Aliás, Lucho confirmou a notícia dada por O JOGO de que pretende ficar no Dragão, pelo menos até ao final do contrato.
"Com esta idade, [28 anos] estar a mudar de cidade e de clube seria quase como começar outra vez do zero, ainda para mais depois do esforço que o FC Porto fez para que eu ficasse", referiu, em entrevista à SIC.»
in O JOGO

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22 de Junho de 2009, extractos de uma entrevista de Lucho González publicada em O JOGO

[O JOGO]: Olhando para a época que acabou, e depois de ter dito há cerca de um ano que queria sair, está arrependido de ter ficado?

[Lucho]: Claro que não, porque o FC Porto é um clube que tem sempre grandes objectivos, e a carreira de um jogador deve ser construída com títulos. Este clube aspira todos os anos a grandes conquistas, por isso não estou nada arrependido.

[O JOGO]: Há muitas dúvidas no plantel para a próxima temporada. O Lucho é um dos jogadores que vão ficar?

[Lucho]: Sim. Sempre disse que me sinto muito cómodo e satisfeito no FC Porto, clube com o qual tenho contrato. Se não houver nada que seja benéfico para o clube e para mim, não é minha intenção neste momento sair.

[O JOGO]: Mas, há um ano, o discurso era diferente: dizia que o ciclo no FC Porto tinha terminado...

[Lucho]: De facto é algo que pode parecer contraditório. Tenho crescido, e os objectivos a nível pessoal e futebolístico também se vão alterando. Sinto-me muito confortável na cidade do Porto, as pessoas tratam-me realmente bem, e isso também faz com que não tenha tanto desejo de me ir embora. Obviamente gostaria de jogar noutra liga, sempre o manifestei, mas actualmente o meu pensamento passa por outras coisas.

[O JOGO]: Com 28 anos, se não sair agora as portas podem começar a fechar-se?

[Lucho]: Estou consciente disso, mas pode nem ser bem assim. No futebol, nunca se sabe, o futuro de um jogador é incerto. Quando cheguei ao FC Porto, nunca imaginei ficar quatro temporadas, e a verdade é que ainda aqui estou e muito contente por tudo o que consegui alcançar. A idade pode ser um entrave, mas não é uma questão que me desespere.

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Convenhamos, o Marselha não é propriamente um clube de sonho, principalmente para um jogador que é habitualmente convocado para a Selecção Argentina e que é (era) capitão de uma equipas com melhor curriculum na Liga dos Campeões.

Mas então os jogadores não são "mercenários" e o Lucho não irá ganhar mais do que aquilo que auferia no FC Porto?

Naturalmente, embora em termos líquidos não pareça ser muito mais. Segundo o JOGO, o salário de Lucho em Marselha será de cerca de três milhões de euros anuais (o DN de 1 de Julho fala em quatro milhões de euros anuais, mas com 42% a serem retidos pelo Fisco francês), mas há que também levar em conta a componente variável, indexada aos prémios por objectivos e, realisticamente falando, as hipóteses de apuramento para a LC, bem como, de ganhar campeonatos e taças, são muito maiores no FC Porto do que no Marselha.

Quer isto dizer que o Lucho sai do FC Porto contrariado?

Não, evidentemente ninguém lhe apontou uma arma à cabeça para o obrigar a aceitar a transferência para o Marselha, mas se às declarações acima transcritas juntarmos o facto de, recentemente, Lucho ter mudado para uma casa maior, é mais do que evidente que, nesta altura, não foi do jogador que partiu a iniciativa de sair do FC Porto.

15 comentários:

Pedro disse...

Se o Lucho algum dia disser que foi "convencido" a sair... a SAD está em apuros. De qualquer das formas é evidente que o Lucho estava confortável aqui, e que não se importaria se o FCP recusasse a proposta do Marselha. Esta entrevista era de quem estava a pensar em jogar aqui quase até ao fim da carreira.

Ps: Ganhamos 3 milhões com o Paulo Assunção, estamos a 4 milhões do objectivo de 25 milhões. Ena...

Anónimo disse...

Esse objectivo dos € 25 M (Fernando Gomes) era genérico e não especificamente para este ano, e referia-se a mais-valias. Este ano de 2009 a SAD tinha de pagar € 50 M relativos à dívida.

eduardo disse...

Acho desnecessário nesta altura estar a especular/insinuar que Lucho foi empurrado pela Direcção para fora do clube. O jogador vai dar uma entrevista após ser apresentado oficialmente pelo Marselha e talvez os contornos da transferência sejam conhecidos.

Não foi o FC Porto que propôs a venda do jogador. Foi o Marselha que apresentou uma proposta ao clube e ao jogador. Ambos podiam ter recusado, mas aceitaram. Se Lucho anuiu foi porque, na sua perspectiva, as condições que lhe ofereciam eram vantajosas. Segundo o jornal Público (02/07/2009), vai receber dois milhões de euros por ano, livres de imposto. O montante a receber pelo FC Porto poderá ascender a 24 milhões de euros, dependendo do desempehno da equipa francesa.

Anónimo disse...

Por essa lógica, caro Eduardo, já o tínhamos vendido antes. Há dois anos o Everton ofereceu por ele € 17 M, o que obrigou o FCP a comprar os restantes 50% do passe. E nessas alturas o Lucho manifestava muito mais vontade de sair do que agora.

Mas a questão nem é tanto quem quis ou quem não quis: será que a SAD tem sempre acedido aos pedidos de jogadores para sairem? Será que todos os jogadores que compramos têm de acabar por ser vendidos? Já sabemos que a SAD não sobrevive sem negócios chorudos, mas aquilo continua a ser um clube de futebol e não uma agência de compra e venda de jogadores.

Mário Faria disse...

O FCP, ou melhor a SAD, tem conseguido levar a carta a Garcia, apesar de alguns erros de percurso.
Desperdício e uma carteira enorme de jogadores para colocar todos os anos, reclamam muita venda para suprir as exigências financeiras.
Apesar disso, os sucessos continuam. Na época passada, a muita glosada compra de um craque acabou por ser protagonizada na contratação de Hulk que deu muito que falar, às vezes em tom quase acintoso, por ser um ilustre desconhecido.
Afinal o HUlk é , hoje, um jogador com enorme potencial que vale bem o investimento feito e promete boas valias.
A pergunta que me incomoda é o esgotamento deste processo : esta bolha de jogadores que não pára de crescer pode rebentar-nos quando a época correr mal e ou o mercado nos virar as costas. Esta é a política de gestão de recursos humanos no FCP que tem sido sufragada e saído sempre vitoriosa. Contém, obviamente alguns riscos, mas só ficou iludido quem vive na ilusão que poderia ser de outra maneira. Há muito que as vendas de Lisandro, Bruno e Cia., estavam agendadas. Alguns casos deveriam ser tratados de uma forma mais cuidadosa, como provavelmente a de Lucho, mas seguem rigorosamente a política da SAD.
Brevemente daremos volta à agulha, e passaremos a estar atentos para saber quem vai ser vendido realmente (e por quanto) e que reforços vamos contratar. É parte do jogo : não é uma política de casino é a estratégia da SAD, que repito foi amplamente caucionada pelos accionistas e pelos sócios. Amanhã, estaremos todos a discutir as novas estrelas que vão aportar, para substituir os que nos vão deixar, e ouvir um treinador a desculpar-se com a equipa em construção e um dirigente a relembrar que as críticas que agora lhes estarão a ser feitas ficam para memória futura.
Rui Barros ao fim da 1ª época na equipa principal do FCP foi vendido à Juventus. Fiquei indignado. Mas, aprendi depressa que este é o modus faciendi do nosso presidente e dos outros dirigentes, por arrasto.
Protestar está bem, desistir nunca.FCP sempre.

Pedro Mota disse...

Por curiosidade o imposto sobre o rendimento dos jogadores em Portugal(42%) é superior ao praticado em França(40%),logo Lucho irá financeiramente ter um rendimento muito superior no Marselha do que auferia no Porto...Convêm não esquecer que alguns clubes francêses,dos quais faz parte o Marselha,pagam ordenados elevadissimos...Eu como adepto portista estou-me nas tintas se o negócio é bom para o Lucho ou não,o importante é se foi benéfico para o Porto e,nesse aspecto ,penso que foi um negócio muito bom...

dragao vila pouca disse...

Este blog é um blog de referência para mim, está entre os meus favoritos, sou visitante assíduo e muitas vezes comento. Para além disso, as pessoas responsáveis deste blog, estão como eu, de peito aberto na blogosfera, com os nomes próprios.
Porque aparecem aqui, pessoas de perfil desconhecido, que aparecem só para dizer mal...faço o que me ensinaram quando era pequeno: quem não está bem, muda-se!

Um abraço

Pedro disse...

Se perder o jogador mais importante da equipa por 18 milhões é bom negócio... então de facto o FCP já não é clube de futebol. É uma empresa, que ainda por cima vende activos para compensar uns 30 jogadores emprestados.

eduardo disse...

Caro V.R., há dois anos o FC Porto optou pela venda de outros jogadores que não o Lucho.

A questão é simples:

1) Quanto custa ter uma equipa a competir internacionalmente ao mais alto nível com relativo sucesso?
2) O FC Porto tem capacidade de gerar o montante necessário com as quotizações dos sócios, receitas de bilheteira, direitos televisivos, patrocínios, merchandising, direitos de "naming", etc?

Há quem diga que sim, mas, como sabemos, a Direcção da SAD é de opinião contrária e assumiu deliberadamente uma estratégia de risco calculado que pressupõe a valorização e posterior venda de jogadores.

Não se trata de transformar o clube num entreposto de jogadores ou arranjar verbas para custear as despesas com jogadores emprestados, como o Pedro afirma. O objectivo, segundo a Direcção, é gerar receitas que permitam a construção de equipas competitivas internacionalmente.

É claro que este modelo de gestão comporta riscos. A saída de jogadores influentes é sempre um rombo para a equipa. Os treinadores do FC Porto são invariavelmente obrigados a repensar e reconstruir equipas. Não é uma desculpa, é um imperativo (de gestão).

Pedro disse...

Será um imperativo de gestão, ou um erro de gestão? Naturalmente o FCP não tem a capacidade de ser competitivo internacionalmente só com receitas próprias sem vendas. No entanto as despesas com os quadros profissionais são fortemente influenciadas pelas dezenas de jogadores emprestados. Não pelos ex-juniores, ou jogadores jovens, mas pelo Ibson, Kaz, Bolatti, Pitbull, João Paulo, Renteria, Leandro Lima, Bruno Moraes, Vieirinha, Bruno Gama, Bruno Vale, Leandro ( que renovou 1 ano para ser emprestado novamente ), Ivanildo, etc etc. Sabemos que nenhum destes volta ao FCP, e isto sim não é boa gestão.

eduardo disse...

O FC Porto optou por ter numa base alargada de jogadores com potencial de um dia ingressarem na equipa principal. É um investimento que o clube faz e, obviamente, nem todos serão bem sucedidos. Para alguns adeptos esses jogadores representam um custo desnecessário que penaliza o clube.

Se os jogadores emprestados são apenas um custo, quanto custa ao FC Porto os empréstimos de Ibson, Kaz, Bolatti, Pitbull, João Paulo, Renteria, Leandro Lima, Bruno Moraes, Vieirinha, Bruno Gama, Bruno Vale, Leandro e Ivanildo? Muito? Pouco? Há alguém fora da administração que possa quantificar? Alguém conhece os termos dos contratos de empréstimo? É seguro que o FC Porto paga a totalidade dos salários? É certo que o FC Porto jamais poderá recuperar o investimento feito, por meio de uma venda ou utilizando-os como moeda de troca numa futura aquisição? Por quantos clubes passou o Bruno Alves antes de se afirmar na equipa? O Paulo Assunção não foi contratado e depois emprestado antes de monopolizar a posição 6? O Carlos Azenha afirmou que com Mourinho o Boswinga nem calçava as botas!

Há muitos dados que é necessário conhecer e conjugar para se poder avaliar se a política de empréstimos do clube tem sido um acto de boa ou má gestão.

Jorge Mota disse...

Concordo plenamente com o post do Eduardo.
Outra coisa:o Lucho em 4 anos desempenhou brilhantemente o seu papel de jogador,com a grde vantagem de ser vendido com mais valias.
Quem me dera comprar 1 bom carro,usufruir dele e depois vende lo quase ao dobro do preço.
Este e o preço a pagar para continuarmos a ter as alegrias q temos tido(mto acima do q seria expectavel para a realidade nosso Pais).Espanta me q se falem de milhoes de contos como se se estivesse a falar de trocados.

José Correia disse...

Pedro Mota disse...
o imposto sobre o rendimento dos jogadores em Portugal(42%) é superior ao praticado em França(40%)


Não é o aspecto mais relevante desta transferência, mas tenho ideia que em Portugal os profissionais de futebol têm uma fiscalidade especifica, mais favorável que os restantes trabalhadores.

José Correia disse...

dragao vila pouca disse...
Porque aparecem aqui, pessoas de perfil desconhecido, que aparecem só para dizer mal...faço o que me ensinaram quando era pequeno: quem não está bem, muda-se!


Caro dragao vila pouca, de vez em quando a malta entusiasma-se e, no meio de discussões mais acaloradas, excede-se. Faz parte da coisa, embora eu pense que no 'Reflexão Portista' não temos razão de queixa.

Ainda bem que há portistas que pensam de maneira diferente e que o expressam em artigos ou comentários colocados em blogues.
No caso do 'Reflexão Portista', desde que não sejam excedidos os limites da urbanidade e da educação, todos os comentários são bem vindos.

Não deixe de aparecer por cá e de comentar sempre que lhe apetecer.

Um abraço

José Correia disse...

Caros V.R. e eduardo, gostava de vos lançar um desafio. Se não tiverem problemas nisso, enviem-nos um e-mail (reflexao.portista@gmail.com) que eu terei todo o gosto em explicar do que se trata.