sexta-feira, 28 de maio de 2010

Os alicerces frágeis da Visão 611


No último domingo, o FC Porto recebeu o SLB para a segunda jornada da Fase Final do Campeonato Nacional da I Divisão de Juniores A, tendo empatado 2-2.
O FC Porto alinhou com os seguintes jogadores: Tiago Maia; David Bruno, Ricardo Ferreira, Abdoulaye, Katalin; Renato Alves (João Amorim 75'), Christian (Filipe Barros "Pipo" 62'), Ricardo Dias (C); André Claro, Sérgio Oliveira e Alexandre Freitas "Alex" (Ramón Cardenas 78').
Suplentes não utilizados: Rafa, Bacar, Gilmar dos Santos e Flávio Moreno.

Não pude ir ao estádio, mas vi a transmissão televisiva feita pela TVI24 e é de enaltecer terem estado quase 10 mil pessoas a assistirem a um jogo de juniores, mesmo sabendo que os sócios do FC Porto tinham entrada grátis.

Quanto ao jogo em si, a exibição da equipa do FC Porto foi pobre e serviu para confirmar a ideia que eu já tinha, isto é, nenhum destes jogadores tem qualidade suficiente para, daqui a pouco mais de um mês, integrar o plantel principal do FC Porto no arranque da época 2010/11. E neste lote estou a incluir os jogadores a quem Jesualdo tentou dar oportunidades, como são os casos do capitão Dias e do "senhor 30 milhões" - Sérgio Oliveira. Pura e simplesmente não há ninguém que apresente um nível comparável ao que, por exemplo, permitiu a Domingos e Vítor Baía a transição directa dos juniores para os seniores.

Cada vez é gasto mais dinheiro na formação, mas os resultados práticos desse investimento são poucos. E, já agora, para quê a contratação de um treinador holandês - Patrick Greveraars - e de N jogadores estrangeiros (brasileiros, senegaleses, costa marfinenses, canadianos, etc.)? Que mais-valias trouxeram aos escalões de formação portista? São estes os alicerces do projecto Visão 611?

Que saudades dos tempos de António Feliciano e Costa Soares, em que não havia milhões para desbaratar, nem projectos com "visão", mas havia dedicação e um trabalho de base que produzia juniores como Gomes, João Pinto, Quinito, Jaime Magalhães, Rui Barros, Fernando Couto, Baía, Domingos, Sérgio Conceição e tantos outros jogadores com uma qualidade acima da média e cultura portista garantida.

16 comentários:

Pedro disse...

Sérgio Oliveira e Christian são 2 excepções num vazio muito grande.

É preciso destacar que esta equipa de juniores do FCP tem imensos juniores de 1º ano, ao contrário do SLB. O próprio Sérgio só tem 17 anos...

Por isso não estou tão pessimista. E... temos uma equipa de juvenis muito boa.

A prospecção sim tem sido fraca, e muito pouco exploratória do mercado europeu.

André disse...

"A primeira grande decisão de Luigi Del Neri no comando técnico da Juventus foi mudar o «capitão». O treinador retirou a braçadeira a Alessandro Del Piero e apontou Claudio Marchisio como o novo «capitão» dos “bianconeri”"

Li isto no site do jornal abola, realmente o del neri é um treinador... upa upa, o del piero é um gajo que pouco ou nada deu à juve, depois foi culpa do jorge costa, do baia e do pedro emanuel que nos privaram de um treinador genial

Quanto ao post em questão, eu discordo no caso do Sergio Oliveira, vi-lhe bons toques de bola -de crack- principalmente no jogo com o sertanense, assim como pontualmente vi potencial em outros jogadores que vieram da formação - o caso que tenho em mente neste momento é o do Paulo Machado, alguma vez tiveram espaço para evoluir e desenvolver jogo na equipa principal? não, 0, e por comparação com o tomas costa...

- não estou a dizer que o sergio oliveira é o iniesta!!!

A equipa que rodeia o jogador muitas vezes engana sobre o real valor do jogador individualmente, o falcao quando estava no river antes de vir para o porto, via-se que era bom jogador mas o River era uma equipa em queda e deprimida, ele até jogava bem mas não fazia certos jogos ou mostrava a qualidade que já mostrou no porto - e não, a nossa má época, o nosso mau futebol não são comparáveis a essa época do River.

Aparte o sergio oliveira, concordo com o resto do post, há um excesso de estrangeiros e uma ausência de qualidade no projecto 611

o ideal seria fornecer a equipa principal com jogadores tacticamente competentes, e dentro desses jogadores quando surgisse o génio da bola ele vir "apresentável" para a primeira equipa

Unknown disse...

No PONTO!!

E não é de agora. Pena é que pessoas com algum relevo como O MST e o Rui MOreira insistam em falar nos jogadores da nossa formação. É sinal obvio que não assistem aos jogos do Olival...

Anónimo disse...

Penso que este "problema" merecia séria reflexão.
O 611, além de dinheiro gasto e termos bonitos, poucos ou nenhuns efeitos práticos irá ter.
Há muita coisa que vai mal, entretanto parece que alguém toma o 611 como uma batalha pessoal, uma birra vá...e isto é um clube, não um lugar para essas coisas.
Por isso os adeptos deviam intervir mais sobre este tema.
Basta observar que os putos franzinos, saem sem grande transformação dos juvenis para os seniores.
É um exemplo, pequeno, ...

Leceiro disse...

Já disseram tudo, temos muitos juniores de 1º ano e vejam a fornada que saiu nos últimos anos, conto pelo menos 6 jogadores com capacidade para estarem no nosso plantel: Ventura, André Pinto, Bruno Gama, Hélder Barbosa, Castro, Ukra.

E mais, a equipa de juniores devido ao projecto v611 é obrigada a privilegiar o modelo táctico dos seniores.

pois disse...

Meus caros,

Nem quero comentar muito a "visão 611" pois no geral concordo com o que vão afirmando.
Apenas acrescento alguns pontos externos que têm condicionado a formação (em geral e em qualquer clube) e que poderão mesmo limitar o futuro do futebol e jogadores nacionais.
1) É notório que, tal como antigamente os putos passavam 99% do seu tempo livre a jogar à bola, hoje passam a jogar computador, consolas, internet ou sms. Ora, tudo é uma questão de probabilidades.
2) O futebol é sem dúvida e não se sabe até quando, uma árvore das patacas (um poço de petróleo) e qualquer pai ao ver um puto a dar dois toques seguidos numa bola entra em delírio e perde a lucidez. Assim a evolução normal que era conseguida pelos miudos que treinavam com calma e se dedicavam a jogar à bola é hoje completamente disvirtuada logo em casa por influencia dos próprios pais que já se metem no trabalho dos formadores.
3) É frequente hoje vermos miudos dos primeiros escalões de formação que já apresentam tiques de grandes vedetas e não entendem nem ninguém os faz entender que isso só lhes faz tolher a virtude.
And so on

Saudações PORTISTAS

Rui disse...

Não vi o jogo, nem costumo acompanhar as equipas de Juniores do FCP, por isso não posso comentar a qualidade destes jogadores.

O Sérgio Oliveira do que vi jogar na taça da liga pareceu-me um jogador interessante.

Já o projecto 611 quando vi o Jesualdo ser contratado pensei que iria apostar mais em jovens da formação já que tinha treinado os sub 21.

A verdade é que ele chega tinha disponíveis o Vieirinha e o Paulo Machado, e tratou logo de os despachar.

Nunca se deu ao trabalho de aproveitar um único jovem da formação.
Veja-se o caso do Hélder Barbosa que estava a fazer grande época na Académica, chamaram o rapaz de volta em Janeiro, acabou a fazer para ai 30 minutos no resto da época.

Não me parece que a razão do projecto 611 não ser tão frutuoso como estávamos todos à espera seja por falta de qualidade dos jogadores formados, parece-me mais um problema de apostas da SAD e do treinador que tinhamos.

Dragaoatento disse...

Jogadores tipo Fernando Gomes que no mesmo ano,ainda com 17 anos de idade,foi campeão de juvenis, juniors e que logo na época seguinte já a jogar nos seniors, marcou 2 golos à CUF no primeiro jogo que disputou, são excepções!
Acredito que o Fernando Gomes conseguiu as performances acima citadas porque desde novito, antes de vir para o FC Porto, jogava futebol de salão com adultos.
O futebol profissional de alta competição é muito exigente, e quem não estiver disposto a fazer sacrifícios não vai longe.

Cito um exemplo: o célebre Stanley Matthews conseguiu jogar futebol até aos 40 anos porque além de levar uma vida muito regrada, depois de sair do clube onde treinava ia prosseguir com os treinos em sua casa. Fazia pesos e halteres na cave e colocou estacas para serpentear com a bola nas traseiras de sua casa.

Além disso temos outros exemplo de profissionalismo no FC Porto: o Geraldão e o Branco, ficavam a treinar os livres depois de acabado o treino.
Mais recentemente o caso do Jardel no início da sua carreira no FC Porto, quando chegou, também ficava depois da hora a treinar para atingir a boa forma mais depressa...etc.

meirelesportuense disse...

Eu estive no Dragão e vi parte do jogo, a 1ª, depois fui embora, desisti, e quando cheguei a casa percebi que não perdera nada...Mas vi bons jogadores, pelo menos com qualidade superior à do ano passado que era na globalidade muito fraquinha...Mesmo assim, com muitos desses jogadores conquistamos a Intercalar...Os laterais são melhores, os centrais são bons, especialmente o Abdoulaiye -é assim que se chama?- que transitou da época passada, os médios são razoáveis, não temos um bom guarda redes -como não tínhamos no passado- nem um bom ponta de lança, um elemento que faça a diferença na concretizaço...Não percebo também a manutenção do Holandês -talvez uma compensação por ter ficado mesmo após a saída do CoAdriansen- mas não acho que ele dê mais do que daria um bom técnico Português como era habitual nas nossas equipas jovens.
Antes havia muitas diferenças entre as equipas juniores, hoje há menos, mas mesmo na altura jogar com um Varzim, um Leixões, Boavista, Salgueiros ou Guimarães não era muito fácil, hoje esse grau de dificuldade aumentou e as equipas regionais têm melhores jogadores e equipas ou talvez essencialmente, melhores condições de treino...Hoje os escalões no futebol começam ainda meninos, 9-10 anos de idade, no meu tempo haviam os juniores, depois apareceram os juvenis e só mais tarde os infantis...mas apenas a partir dos quinze anos, dos quinze/ dezasseis anos aos dezanove!...As equipas regionais tinham na sua maioria jogadores oriundos dos campos sem marcações nem balizas que iam sendo recriados nos terrenos baldios...Hoje fazem 11 anos de escola futebolística!...Sub-9 há para aí, se não houver mais, só no FCPorto, umas quatro equipas...
E têm campos relvados -em muitos casos- bons equipamentos e boa alimentação!...No meu tempo não tinham praticamente nada, eram os miúdos mais habilidosos, os que se destacavam nos jogos de baldios ou de rua, que apareciam a querer treinar nos júniores ou então os jovens mais corajosos e persistentes...

André disse...

Outro aspecto a salientar é que passe de jogador das escolas não conta para as contas da sad, ter o prediguer a valer 4M dá mais jeito para disfarçar passivo que o sergio oliveira.

Somos (também) um interposto de jogadores, e uma máquina de fazer dinheiro aos directores da SAD.

Por isso o lucho foi despachado, por isso os 4M do prediguer podiam ter sido utilizados por exemplo a renovar com o Lisandro quando se lembraram de ir buscar o rodriguez e dar-lhe o salário mais elevado- ou perto disso - do plantel, puxa-se de um lado, puxa-se do outro e quando aparecem as propostas de 300k mês o jogador pensa- até tou a ganhar bem, até gosto de estar aqui...

Como foi com o lucho durante muito tempo

José Rodrigues disse...

"Outro aspecto a salientar é que passe de jogador das escolas não conta para as contas da sad, ter o prediguer a valer 4M dá mais jeito para disfarçar passivo que o sergio oliveira."

Esse argumento não faz qualquer sentido, André: se não houvesse Prediguer nos activos, também não havia 4M no passivo de dívidas a quem o comprámos...

Bernini disse...

Parabéns pelo post, simples e objectivo!

Sou totalmente contra a politica actual da formação em Portugal... porque acham que estamos a obter resultados tão maus nos escalões mais jovens das nossas selecções? Basta ver os nossos sub-21, que miséria...

Agora chegou essa mania de apostar em "estrangeirada"...quero ver quantos deles vão ser aproveitados pelos respectivos clubes, aposto que nem 1!!

Muita gente pode discordar de mim, mas não concordo com essas medidas de blindar com clausulas de tantos milhões miúdos que ainda não mostraram nada... é colocar-lhes nos ombros uma responsabilidade muito grande. Agora toda a gente olha para o Sérgio Oliveira à espera que ele justifique o porquê desse privilégio. É assim que se "assassinam" os putos... E o Hélder Barbosa? Para quê um dragão de ouro aos 17 anos? Então e o Josué que foi posto da Covilhã para fora por excesso de indisciplina?

Tinha eu idade de infantil e fui a um treino de captação no Porto em que os observadores estavam simplesmente de costas para o que se estava a passar em campo. Era sabido que só entrava nas equipas o filho com papá de bolso cheio... E pelo que sei, apesar de não tão escandaloso como à alguns anos, isso ainda vai acontecendo.

A nossa formação e a sua visão 611 não trará resultados significativos... se o nosso futuro depende-se dos produtos da nossa formação estaríamos perdidos..

Duarte disse...

"Pura e simplesmente não há ninguém que apresente um nível comparável ao que, por exemplo, permitiu a Domingos e Vítor Baía a transição directa dos juniores para os seniores."

Exactamente e depois eu ainda leio e ouço portistas dizer para se apostar na prata da casa para a próxima época. Foge!!!! Confesso que não sou daqueles adeptos que estou sempre nos jogos das camadas jovens, mas vou-me informando e a verdade é que a maioria daqueles jogadores não têm qualidade sequer para brilhar numa equipa que lute pela permanência quanto mais no FCP.

Do mesmo modo que não gosto de Valeris e Tomás Costas, também não aprecio Ivanildos, Brunos Vales, H. Barbosas ou Brunos Gamas e estes ainda são admissíveis porque a maior parte nem à qualidade deles chega.

O Anti Lampião disse...

http://oantilampiao.blogspot.com/2010/05/faltou-o-orelhas.html

Faltou o orelhas.
Tribunal condenou 13 dos arguidos do processo No Name Boys


"Treze dos 38 arguidos do processo dos No Name Boys foram hoje condenados a penas de prisão efectiva, a maior das quais de 12 anos. Dezasseis outros foram sentenciados pelo colectivo de juízes da 5.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa com penas suspensas. O tribunal absolveu apenas oito dos acusados.
Nenhum dos arguidos do processo do núcleo duro dos No Name Boys, claque não legalizada do Benfica, foi condenado pelo crime de associação criminosa.

De entre os condenados a penas efectivas estão António Claro (12 anos), Hugo Caturna (oito anos e seis meses) e José Pedro Pité Ferreira (sete anos).

Os 37 arguidos do julgamento, que começou a 2 de Março e tem 16 processos conexos, estavam indiciados da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de droga, posse de armas brancas e de guerra e outros ilícitos.

Este processo foi investigado pela 3.ª Esquadra de Investigação Criminal da Polícia de Segurança Pública (PSP) a partir de 2008.

No final desse ano, mais de 30 pessoas foram detidas no âmbito da “Operação Fair Play”, na qual a PSP apreendeu armas brancas e de guerra, material pirotécnico e produtos estupefacientes a elementos da claque, que se autodenominavam “Braço Armado do Benfica”.

O relatório da PSP foi concluído a 14 de abril de 2009, com um total de 53 indiciados, número reduzido para 38 no despacho de acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. "

"Um forte dispositivo policial acompanhou a leitura da sentença do auto-intitulado e ilegal «braço-armado do Benfica». No exterior do Campus de Justiça do Parque das Nações, em Lisboa, familiares e amigos dos arguidos ameaçaram jornalistas e forças de segurança. Vários apoiantes foram identificados e detidos pela PSP, num ambiente de alta tensão. À saída, os arguidos saíram escoltados, à vez, e de cara tapada, proferindo insultos."

meirelesportuense disse...

Eu prefiro ver jovens portugueses nas equipas júniores, se aparecer um ou outro fenómeno estrangeiro de qualidade indubitável, tudo bem, mas de preferência deveriam ser sempre Portugueses...Ainda de acordo com o que disse acima, há muitos anos atrás uma boa percentagem dos jovens jogadores vinha das ex-Colónias, de Angola, Moçambique, Guiné ou Cabo-Verde...A questão da Língua e da Cultura é muito importante neste tipo de relação!
-Poderia voltar a acontecer uma ligação preferencial desse tipo, talvez a partir de uma idade mais avançada, assim que os jovens entrassem para um nível de Escolaridade intermédia...Beneficiariam os jovens que poderiam ter estudos gratuitos de qualidade e o Clube, que poderia pescar em Mares abundantes e com aquela magia tão própria de África.
Não creio que seja assim tão difícil de poder concretizar uma ideia destas.
Mas precisamos de ter técnicos com estatuto e experiência comprovada na ligação à juventude e não ex-jogadores em início de carreira de treinador, alguns deles sem nenhuma vocação para estas andanças...A maioria acaba por desistir passado pouco tempo.
Recordo um exemplo incontornavel: -Artur Baeta!

Daniel-san disse...

Só pergunto isto, então e o Hélder Barbosa, Paulo Machado, Bruno Gama, Vierinha, Daniel Candeias, Diogo Viana, etc, etc, onde esteve a possibilidade deles de singrar no clube? Ah pois...