sábado, 31 de maio de 2008

Época 2007/08 em revista: O plantel


Bem mais cedo do que se esperava, o plantel do FC Porto para a temporada 2007/08 sofreu logo em Maio de 2007 (mal o campeonato terminou) a sua primeira grande baixa, com a saida de Anderson para Manchester United. A noticia apanhou todo universo Portista desprevenido, dado nunca se terem constado rumores do jogador interessar ao clube Inglês e de ter passado uma boa parte da época lesionado, ainda assim a SAD fez um encaixe significativo por um atleta que tão pouco jogou de dragão ao peito. Pelo meio do defeso, Hugo Almeida viu o Werder Bremen accionar a opção de compra pelo seu passe, e Ricardo Costa transferiu-se de igual modo para a liga Alemã, onde ambos resultaram num encaixe de 4 milhões €. E foi já em pleno estágio Holandês da equipa portista, onde a SAD realizou o mais improvavel negocio, não tanto pelo jogador em si, mas pelos valores envolvidos. Pepe partia para o Real Madrid em troca de “30 Kilos”, como dizem os Espanhois, resultando num dos mais proveitosos periodos de transferências de sempre para o FC Porto.



Se a nivel financeiro as saidas de alguns jogadores eram inevitáveis, restavam duvidas de como a “maquina portista” conseguiria tornear eventuais perdas desportivas, especialmente no colmatar dois jogadores de excelencia como são Pepe e Anderson. E bem pode-se dizer que o defeso foi muito agitado para os lados do Dragão, com 10 aquisições a título definitivo, mais 3 por emprestimo, o FC Porto atacou em toda força no sentido de consolidar o seu plantel, mas a tónica dominante ao longo de toda a temporada, esteve na pouca preponderância dos novos reforços no mérito desportivo da equipa. Com efeito só esporadicamente alguns dos jogadores recem-chegados ao clube conseguiram ganhar um lugar no onze de Jesualdo, casos de Stepanov, Bolatti e Farias, sem nunca conseguirem afirmar-se como verdadeiras alternativas, pese embora sua margem de evolução e necessidade de integração. Pelo meio surgiu a rábula em torno da idade de Leandro Lima, que para além de ser mais adulto do que se pensava, passou mais de meia época parado, dependente das decisões dos processos em curso na Liga contra si.



De resto os grandes reforços do FC Porto nesta temporada sugiram de soluções que transitaram de anos anteriores. A grande recuperação de Pedro Emanuel afirmando-se como um dos esteios da defesa, a verdadeira internacionalização do atleta Bosingwa, a maior amplitude de Meireles, o rejuvenescer de Lucho, o fantástico despertar da magia de Tarik e a descoberta do goleador no raçudo Lisandro, foram apenas alguns dos exemplos que fizeram da equipa portista campeã sem qualquer margem para duvidas. O motor do FC Porto esteve no nucleo que compôs em grande parte da temporada o onze tipo de Jesualdo, apenas cabendo neste grupo restrito mais três ou quatro atletas, o que daqui facilmente se percebe que há uma decalage de valor para o restante plantel, um problema que não é alheio o facto de SAD não ter conseguido trazer verdadeiras valias para equipa, apesar de a ter reforçado muito. Um problema a rever portanto.



Para o futuro proximo já se perspectivam no horizonte três aquisições, Rolando, Nelson Benitez e Tomas Costa, as duas ultimas para posições sensiveis do plantel portista, as laterais onde no lado esquerdo tarda a surgir alguem que se afirme no lugar e pela saida de Bosingwa, no meio campo pela ruptura abrupta de Paulo Assunção com o FC Porto, mas tambem pela ausência de alternativas validas quer a Lucho, quer a Raúl Meireles. É provavel que até ao final do defeso a SAD possa vir alienar o passe de pelo menos mais uma das estrelas da equipa, com Quaresma à cabeça, mas no mercado há que saber aguardar serenamente. Acima de tudo espera-se que na necessidade de vender, a administração consiga manter a bitola alta nos encaixes financeiros, mas não menos importante que saiba depois aplicar parte dessas receitas em aquisições com critério, porque este é o nosso triste fado, compra barato, para tentar vender caro, resolvendo os problemas de tesouraria e pelo meio dando umas alegrias aos adeptos com mais uns quantos títulos.

Na pele do Benfica...

in O JOGO, 31/05/2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

... E choramos !


Paulo Assunção desvinculou-se do FCP. Pode ficar mais rico, mas admito que não saia mais prestigiado dessa riqueza. Espero que este seja um caso isolado e a debandada não continue, não vá o FCP ficar exaurido dos seus valores mais sólidos.

Jesualdo Ferreira inquirido sobre as causas e os efeitos do Apito Final sobre os jogadores, respondeu de forma cautelosa, mais ou menos isto: “que não terá sentido nada que indiciasse preocupação, mas que, evidentemente, não sabia em concreto o que ia na cabeça dos jogadores”.

Estamos todos em suspenso do que UEFA poderá decidir, e faz algum sentido que os jogadores estejam igualmente preocupados, porque são profissionais e para um atleta ambicioso não é despiciendo que o FCP esteja dentro ou fora da Europa. Bem, pelo contrário. Competindo o FCP num campeonato de nível médio europeu, faz toda a diferença essa presença e essa visibilidade que a CL proporciona.


As últimas notícias conhecidas são preocupantes. A UEFA é uma instituição altamente burocratizada, que gere os assuntos de forma muito particular, de um mundo à parte que é o futebol, com regras e julgamentos próprios que ninguém ousa pôr em causa, a não ser os que quase nada têm a perder, como foi no célebre caso Bosman, cujo acórdão passou a ser doutrina. A UEFA pela primeira vez teve de arrepiar caminho: a multinacional poderosa teve que render-se à lei da UE.
É bem provável que a UEFA queira aproveitar este caso para servir de exemplo. Costumam ser duros, e aquela lei dá para tudo. Não tem que ter lógica nem seguir os cânones do direito. É para cumprir, segundo os princípios que formataram a lei e mais nada.

Ora o FCP ficará sempre a perder neste caso. Obviamente que o será muito mais se for penalizado e se não puder estar na CL, na próxima temporada. Entrámos nos corredores da lei e nesse labirinto não é fácil encontrar o caminho certo da saída. Na UEFA, nessa multinacional poderosa que desafia poderes mais vastos, é de esperar o pior.

E, por favor, não venham com paninhos quentes. Nada de complacências, nem processos de vitimização. Foram cometidos erros em excesso, e alguns só merecem alguma benevolência porque são prática deste país, que andou às voltas e voltas para tramar o suspeito do costume e o perseguir de forma bem mais infame do que a gravidade das acusações. Mas, isso são contas de outro rosário e não desculpabilizam os responsáveis do FCP, e muito menos o nosso presidente.

Estou a reagir a quente: sinto-me muito triste com tudo e com todos e comigo mesmo. Estamos completamente manietados. Não valemos nada, não servimos para nada, não contamos para nada: somos fieis consumidores de uma marca, que actualmente é gerida por uma personalidade muito forte e competente, mas que se esqueceu que nem o mais simples dossier ou a mais inocente relação de negócio é para ser servida e falada à mesa com a família.

E pagamos ! E cantamos ! E aplaudimos ! E lemos: “Champions: FCP defende-se com AC Milan”. E choramos!"

Se a FPF mantiver o castigo, Pinto da Costa deve...


Esta sondagem revelou que a maioria dos participantes acredita que o presidente Pinto da Costa deve manter o actual quadro directivo.

De um total de 159 participantes, a 50% (81 votos) considerou que se deve "Manter o actual quadro directivo". "Promover eleições antecipadas" é a opinião de 55 (34%) dos participantes, enquanto a hipotese de "Abandonar todos os postos de direcção na SAD e clube" apenas tem o acordo de 8% (14 votos). "Renunciar à presidência da SAD" é a hipotese que menos votada com 9 (5%).

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Goodbye and good riddance

A rescisão de contrato unilateral de Paulo Assunção foi como um murro no estômago de muitos portistas. Sem ter sido propriamente uma surpresa (a negociação da renovação de contrato, que não se concretizou, foi uma telenovela em câmara lenta), não deixa de ser um balde de água fria, até porque é a primeira vez que o "Webster ruling" é utilizado contra um dos grandes clubes europeus (o único clube que até agora tinha sido vítima disto foi o modestíssimo Hearths of Mithlodian).

Esta saída deixa-me três dúvidas no ar e três certezas.


É óbvio que a razão para a rescisão terá sido a falta de acordo financeiro na renovação do contrato. Pergunto-me quais terão sido as exigências de P. Assunção e se estas teriam sido assim tão incomportáveis para a SAD, ou se não terá havido pelo contrário uma certa teimosia exagerada e/ou bluff e/ou até mesmo um menorizar da importância do jogador na equipa.


Penso que se P. Assunção não pediu (muito) mais do que o jogador mais bem pago ganha neste momento (Quaresma?), a sua vontade devia ter sido satisfeita no limite. Isto porque desportivamente é um jogador difícil de substituir, e financeiramente irá ficar-nos certamente mais caro o passe de um substituto do que 100mil euros/mês que seja de aumento salarial (o que seria equivalente a não mais de 2 ou 3 milhões ao fim de 2 ou 3 anos).


E de um ponto de vista de "justiça", bem... isso não existe no que diz respeito a salários no mundo do futebol. Quaresma ganha certamente muito mais do que um Pedro Emanuel, e é questionável se essa diferença é justa. Idem para C. Ronaldo vs. alguns colegas de equipa. Ganham mais porque negocialmente têm mais margem de manobra, tão simples como isto.

Outra dúvida coloca-se no que diz respeito a eventuais ofertas ao FCP pela aquisição do passe de P. Assunção. Se a renegociação de contrato estava muito mal parada, é questionável se não se terá perdido uma boa oportunidade de ao menos encaixar alguns milhões com a sua venda (contra umas centenas de milhar de euros de indemnização).


A terceira dúvida prende-se com o preenchimento desta vaga no plantel e da conquista da titularidade: Bolatti parece estar ainda algo verde, e para além dele temos Castro (certamente muito verde) e Fernando (também certamente verde). Parece-me que vamos acabar por ir ao mercado...


Quanto às certezas, a primeira é que a vida continua e não será por causa disto que não seremos os principais candidatos ao título na próxima época. Os jogadores passam, e as vitórias nos campeonatos continuam...


A segunda é que abriram as hostilidades na Europa no que diz respeito ao Webster ruling. Até agora nunca tivemos um clube com "nome" na Europa envolvido num caso destes; presumo que haja um acordo "tácito" entre os grandes clubes (digamos ex-G14) para não usar esta arma atómica. Vamos a ver quem é o clube por detrás disto, mas esse clube merece que cortemos relações com eles e será, se não ostracizado, certamente olhado de soslaio no panorama europeu. Será mesmo um alvo legítimo para a mesma arma da parte de clubes ainda mais ricos, já que perdeu autoridade moral.


A terceira é que, mesmo que a atitude de P. Assunção seja compreensível no caso de ter ofertas milionárias de outras paragens, não é certamente desculpável. Não gosto de quem rasga contratos que assinou de livre vontade - não é minimamente ético (para mais quando o "Webster ruling" não tem sido sequer usado por outros jogadores). Sendo assim, goodbye and good riddance.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O sistema deles

O jogo da Taça ainda está vivo na memória dos portistas. Uma má exibição, uma arbitragem péssima. Um fecho de época com algum sabor amargo. Os nossos desagravos têm ocorrido no terreno do jogo. É lá que nos temos vingado, e desta vez não fomos capazes. Daí a desilusão ter sido grande. Não fora, isso, e que se lixe a taça.

A SAD anda calada. Espero que não seja de medo ou vergonha. Percebo se for uma questão de prudência.

Regresso um pouco ao passado, para justificar e aceitar o modus operandi da direcção, relembrando o que escrevi a propósito de um SCP-FCP, da época de 2004/5:

“Com a judiciária e o ministério público a tratarem do apito, na retaguarda os vampiros vão formatando as instituições que gerem o futebol para que seja cumprida a sua (exclusiva) vontade. Obviamente, tudo planeado com a maior transparência e no estrito respeito pela legalidade democrática. A esse propósito, a rigorosa e competente imprensa da especialidade tem anunciado que uma nova ordem está em marcha e que tal movimento é irreversível.

O SCP/FCP serviu de teste para que todos tomem nota como o sistema deles vai funcionar. É assim o esquema:
A Imprensa anuncia que o CA da Liga escolherá para apitar o SCP v FCP o Lucílio ou o João Ferreira; Couceiro explica porque não deve ser o primeiro; o Presidente da CA ameaça o treinador, mas escolhe o segundo; num raide de surpresa, jogadores do FCP são submetidos ao controlo anti-doping em pleno treino; os jogadores do SCP são poupados, pois de há muito que estão habituados a lidar com seringas; no jogo o árbitro expulsa dois jogadores do FCP e sente-se ufano com o seu “trabalho”, como indicia o ligeiro movimento do braço com o punho fechado em sinal de vitória, que quase envergonhadamente executa no final do jogo; o 4º árbitro está abraçado ao treinador adjunto do SCP, igualmente a festejar o bom trabalho feito; os jogadores do FCP apanham 5 jogos de castigo; a imprensa denuncia que a arbitragem foi muito benévola para o FCP; Pinto da Costa é zurzido por se queixar da arbitragem, admoestado, censurado e castigado pecuniariamente; Couceiro tem um processo: para que fique claro que não pode falar ainda que tenha razão; o FCP castigado por mau comportamento dos seus adeptos. O país pode ficar finalmente descansado: as instituições funcionam com total transparência e equidade. O FCP perde e a imprensa ainda quer mais. Cumpre exemplarmente as funções que lhe destinam. Não pode haver falhas. Que não sobrem dúvidas a ninguém: os donos da bola hão-de ser os da 2ª circular e mais nenhuns."

O momento é difícil, mas precisamos de uma direcção que, embora em silêncio, olhe e não vire as costas aos sócios. Nós somos o alicerce do clube: não somos (só) uma turba ou meros consumidores, ávidos de vitórias. Não procuramos a falsa simpatia dos “inimigos”, já nos habituamos ao seu “ódio”. Mais difícil é ouvir o silêncio da Direcção, que só é interrompido pelas excelentes intervenções de Jesualdo Ferreira. Queremos mais: compreendemos o passo atrás, mas esperamos ter gente que seja capaz de dar, no tempo certo, os passos em frente. Não pode durar muito mais a táctica da prudência, pois não podemos concorrer num mercado em que o bem é tão escasso e a luta tão dura, quedos e mudos. Reclamamos um confronto sério com o sistema “deles”, e que seja já a seguir.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Tarik Sektioui, o vento fresco do Magreb

A história de Tarik no FC Porto não é um dos contos das mil e uma noites, mas poderia ser de tantas voltas que deu...

Na primeira época de dragão ao peito as coisas não lhe correram bem. Em clara fase de adaptação ao futebol português, foi massacrado com a impaciência dos adeptos e prejudicado pela saída do treinado que o contratou. Como nunca se conseguiu impor na equipa, e possivelmente devido ao desconhecimento das capacidades do jogador, o novo treinador Jesualdo Ferreira não contou com ele para a conquista do seu primeiro campeonato (segundo consecutivo da equipa).
Sektioui foi emprestado em Dezembro de 2006 aos holandeses do RKC Waalwijk, onde participou em 4 jogos (1 golo) fazendo uma época discreta.

No início da época que agora findou, a falta de um extremo de qualidade que pudesse assegurar a substituição de Lisandro Lopez ou de Ricardo Quaresma, fez com que Tarik fosse “convocado” para o estágio na Holanda de modo a demonstrar as suas capacidades. Contrariando as expectativas, Sektioui conseguiu convencer o treinador de que tinha capacidade para ficar no plantel e ser uma alternativa credível.

Com as lesões de Adriano e Farias e o “eclipse” de Hélder Postiga, Lisandro Lopez foi desviado para o centro do terreno e Tarik “apareceu”. O ingresso de Tarik Sektioui na equipa titular foi uma lufada de ar fresco no futebol da equipa. Tarik ganhou o seu espaço e tornou-se numa peça influente na equipa, sendo titular na grande maioria dos jogos.

Chamado a juntar-se à selecção de Marrocos para disputar a CAN, foi obrigado a deixar o plantel numa altura em que era titular indiscutivel. Farias começou a mostrar-se e já se vaticinava o banco para o regresso de Tarik.

Mas o que eu gosto mesmo é desta “magia” de Tarik Sektioui, que vai aparecendo de vez em quando e que o torna diferente de outros jogadores. Uma mágia que apareceu contra o Marselha na Champions League (em que finta meia equipa do Marselha e o guarda-redes antes de finalizar), contra o Sertanense para a Taça de Portugal (com uma bomba a abrir o marcador), no jogo com o Leixões (faz uma assistência para Lisandro e marca um golo de modo fantástico, depois de passar a bola por cima do guarda-redes e rematar de primeira num lance que aconselharia maior prudência na hora de finalizar), e em muitos outros jogos esta época. Apesar de não ser um predestinado como Cristiano Ronaldo, Káka ou mesmo Ricardo Quaresma, Sektioui tem uma dedicação enorme seja qual for o adversário. É um jogador com garra, que luta, tem bons pés mas sabe jogar de cabeça, joga como extremo mas também aparece na área como segundo avançado.

Sektioui esperou pelos 30 anos para ter a sua melhor época.
Eu gosto deste Tarik. Acho que é o extremo mais completo que temos no plantel, e espero que continue o mesmo ainda durante uns anos, de preferência ao serviço do FC Porto!

Nota: Quando se fala da possível saída de jogadores como Lucho e Quaresma, é bom saber que se tem um jogador como Tarik (que renovou o contracto à pouco tempo) que não dá nas vistas dos clubes grandes...

Viena foi há 21 anos





segunda-feira, 26 de maio de 2008

As estatísticas de Scolari

Scolari é uma figura que desperta os sentimentos mais extremos. No entanto, este artigo não é para divagar sobre as razões válidas que os portugueses em geral (e os portuenses e portistas em particular) têm para não gostar dele, mas sim para abordar um aspecto que se tornou lugar comum sem que seja questionado.

Tornou-se lugar comum dizer que "critique-se ou não, o facto é que Scolari conseguiu uma performance que mais ninguém conseguiu". Mas... será mesmo?

Dei-me ao trabalho de compilar a % de pontos conquistados contra as restantes 5 melhores equipas do grupo (que são aquelas que conseguem tirar-nos pontos, apesar de Scolari até ter conseguido a "proeza" de empatar com o Liechstenstein) na fase de apuramento nos últimos 12 anos:
Euro 1996: 77% (Oliveira)
Euro 2000: 77% (H Coelho)
Euro 2008: 57% (Scolari)
Mundial 98: 63% (A Jorge)
Mundial 02: 80% (Oliveira)
Mundial 06: 80% (Scolari)

Média dos últimos 12 anos nos apuramentos: 72%
Média de Scolari nos apuramentos: 68%

Assinalo que Scolari conseguiu pior que a média apesar de ter herdado do estatuto de cabeça-de-série, ao contrário dos seus antecessores - o que evitou que tivesse que enfrentar um "tubarão" como era antes costume (Alemanha, Itália, Holanda,...).

Depois há a questão das fases finais, que é mais complicada de comparar, mas se formos a ver a % de pontos conquistados desde 96:

Euro 96: 58% (Oliveira)
Euro 00: 87% (H Coelho)
Euro 04: 55% (Scolari)
Mundial 02: 33% (Oliveira)
Mundial 06: 62% (Scolari)

Média de pts conquistados nas fases finais: 59,2%
Média de Scolari nas fases finais: 58,7%

Conclusão: em relação aos outros, ao Scolari valeu-lhe os penaltis para ir mais longe. De resto e objectivamente... fez igual.

Reparem que já nem falo em três aspectos subjectivos:

1) Agora temos um grupo de 15 excelentes jogadores, quando há 10 anos tínhamos meia-dúzia. Compare-se os CVs dos 15 jogadores mais utilizados em cada uma das campanhas.

2) Em 2004 jogámos pela primeira vez uma fase final em casa.

3) Em 2004 o Scolari herdou toda uma espinha-dorsal entrosada e campeã europeia, graças a Mourinho, que a pouco e pouco se foi desfazendo (com a consequência nas exibições e resultados, q também se foram "desfazendo"). Os antecessores nunca tiveram um luxo do género (pelo menos nos últimos 20 anos).

Numa coisa tiro o chapéu a Scolari: é um óptimo gestor de imagem própria...

domingo, 25 de maio de 2008

Época 2007/08 em revista: O treinador

No final da temporada 2006/07 onde o FC Porto cortou a meta ao “sprint” no primeiro lugar, em disputa acesa com o Sporting, depois de ter estado a meio do campeonato com uma vantagem confortável, começaram a pairar no ar, por parte de uma franja considerável de adeptos portistas, alguns sinais de desagrado e uma certa desconfiança nas capacidades de Jesualdo Ferreira comandar uma equipa com ambições altas.


Devo dizer que nunca concordei muito com as perspectivas mais ou menos catastróficas que muitos sócios vaticinavam sobre o que poderia ser o futuro dos Dragões nas mãos de Jesualdo. De facto a 2º volta da época anterior tinha sido “quase” penosa, mas atrás disso vinha agregado ao treinador a imagem de um homem frio, com conceitos de jogo defensivos e benfiquista. Um perfil com o qual Jesualdo teve de lutar e, acima de tudo, demonstrar que era errado e pré-concebido.


Perante o voto de confiança dado pela administração da SAD para a continuidade do técnico na época que agora finda, houve a oportunidade para que Jesualdo pudesse construir um plantel mais à sua imagem, mediante aquilo que é sua forma de ver o futebol, coisa que não teve possibilidade de fazer no ano anterior, devido a ter chegado ao Dragão mesmo em vésperas do começo do campeonato. Desde logo, o treinador, tratou de passar guia de marcha aos jogadores que não cabiam no seu perfil de jogo e que em alguns casos chegou ter alguma incompatibilidade, como Bruno Moraes e Ibson. Acima de tudo, o sinal para interior do balneário era claro, Jesualdo só aceitava levar consigo para a batalha homens da sua confiança. É certo que permaneceram no plantel elementos que foram objecto de quesilias no passado, casos de Bosingwa e a sua postura imprevisível, ou Quaresma que sempre teve uma personalidade difícil, mas a verdade é que grupo demonstrou no geral um ambiente mais sereno ao longo do ano.



À parte de questões de autoridade, Jesualdo tinha revelado em entrevista ao jornal O Jogo no defeso passado, a necessidade de se encontrar soluções no sentido de introduzir no plantel uma maior dimensão física no jogo, onde lhe pareceu estar a quebra evidenciada pela equipa na época em causa. Mas foi nas soluções já existentes no grupo de trabalho, na predisposição táctica mais concertada de algumas peças, que o treinador conseguiu montar um onze forte, coeso, com dinâmica, rapidez de processos e alguma magia. As vitórias são um tónico importante, pelo que não há duvida que a consolidação da equipa tipo para atacar o campeonato versão 2007/08, deveu-se à entrada demolidora do FC Porto nesta prova. Logo aí a equipa marcou a diferença para os demais adversários, cabendo-lhe a si e ao treinador gerir “apenas” a vantagem ate ao final de forma afastar fantasmas passados, o que, como é sabido, aconteceu.



Mas se Jesualdo Ferreira foi capaz de construir um onze base com patamares de rendimento alto, nem sempre conseguiu fazer uma integração harmoniosa dos restantes jogadores do plantel na equipa. É sempre difícil descortinar ate onde vai a qualidade de cada membro e aquilo que pode dar ao seu conjunto global, mas ficou sempre a sensação ao longo da época que o treinador depositava mais confiança num restrito núcleo de 13 ou 14 atletas. Essa confiança excessiva nesse círculo fechado de jogadores, teve efeitos perversos em alguns momentos, sempre que o Professor foi buscar alguns homens fora deste núcleo, onde a eliminação da Taça da Liga é disso exemplo. Também algumas tentativas de “inputs” na equipa principal, assim como respectivos reajustes tácticos, nem sempre foram bem sucedidos, em especial quando tal sucedia em jogos de cariz mais decisivo, ou em situações em que não se justificava de todo alterações, deixando a equipa sempre muito agarrada ao rendimento de uma pequena franja de jogadores.



Este será porventura um dos maiores desafios para Jesualdo Ferreira na proxima época, conseguir abrir portas da titularidade a um maior leque de jogadores do plantel, sem que a equipa perca qualidade. A permanencia do tecnico permite um certo enraizamento no Clube dos seus conceitos, estabelecendo uma linha de continuidade no projecto sem causar grandes fracções, que no seu propósito principal saiu vencedor (campeonato), pese embora as insuficiências nas competições a eliminar. Não pode ficar esquecido também o contributo muito válido que o treinador amíude tem dado na defesa da honra e interesses do FC Porto, nas conferências de imprensa, antes ou depois dos jogos, em algumas entrevistas ou eventos mais sociais. Um sinal muito significativo num momento onde impera muita contenção verbal no seio dos orgãos decisorios do Clube, e a mostrar de igual forma que cumpre este que é o maior desafio da sua carreira, de forma bastante profissional.

sábado, 24 de maio de 2008

Equipamento para 2008/2009

Mão amiga fez-nos chegar para divulgação aqui no blog e em 1ª mão, a versão para 2008/2009 do equipamento do FC Porto:


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Análise do plantel 2007/2008: Médios de transição/ataque

O FC Porto contou esta época com Lucho, Raul Meireles e Kazmierczak para o lugar de médios de transição, e com Leandro Lima para a posição de médio de ataque. Até ao dia da publicação deste artigo, este quatro jogadores tinham participado no seguinte número de jogos:


CP

LC

TP

TL

ST

LI

Lucho González

28

07

03

00

00

00

Raul Meireles

28

08

02

00

01

00

Kazmierczak

11

01

03

01

01

06

Leandro Lima

08

02

00

01

01

02


Devido à estrutura táctica implementada na maioria da época, o FC Porto actuou preferencialmente com 2 médios de transição à frente do médio defensivo. Lucho e Meireles foram sempre as primeiras opções, sendo Kaz mais e Leandrinho menos usados. A esta posição foi também adaptado esporadicamente Mariano González.


Lucho González é um dos jogadores mais utilizados e mais aclamados pela crítica. Apesar de ter funções mais ofensivas, é um típico box-to-box, sendo comum encontrá-lo em missões defensivas junto à sua área. Apelidado de "falso lento", é um jogador que apesar de não ser rápido na movimentação, é rapidíssimo na execução, sendo o principal executante da transição defesa-ataque jogando de cabeça levantada (como está bem expresso na imagem acima). É um jogador bem dotado tecnicamente, com boa leitura de jogo, qualidade de passe, capacidade de remate, bom jogo de cabeça... É um jogador perto da perfeição!

Foi Raul Meireles o companheiro de meio campo de Lucho González, ocupando o meio campo canhoto. Afirmando-se definitivamente na equipa titular, é um box-to-box com as características que complementam Lucho. É um jogador mais defensivo, com boa capacidade de corte, antecipação e que dobra bem as subidas do lateral. Apesar de mais defensivo, é um bom transportador de bola, sendo capaz de excelentes passes de longa distancia, lançando a bola nas costas do lateral adversário. Tem um remate poderoso que tem valido à equipa alguns golos.

Vindo de uma boa época no Boavista FC, Kazmierczak foi sempre tido como um jogador forte fisicamente, de processos simples que se enquadrava no estilo de jogo pretendido por Jesualdo Ferreira: Kaz é certo no passe e com um estilo de jogo que favorece a rapidez. Apesar de se lhe reconhecerem algumas qualidade nao se conseguiu impor no seu ano de estreia.

Leandro Lima era uma aposta de futuro (e pode continuar a ser, apesar do "escândalo" em que se viu envolvido) para a posição de médio atacante. Na sua primeira época de futebol europeu, e ainda com a falta de processos defensivos que costuma prejudicar a adaptação dos futebolistas sul-americanos, não se conseguiu impor na equipa. É um jogador bom tecnicamente, com remate fácil e boa qualidade de passe, tendo como aspectos negativos o facto de segurar a bola em demasia.

Lucho e Meireles são dois jogadores que parecem completar-se e assegurar a qualidade do meio campo portista. Apesar disso parece ser necessário a contratação de alternativas, já que as actuais mostraram-se ineficientes sempre que foram chamadas à equipa.
Com a possível saida de Lucho González torna-se peremptória a contratação de alternativas!

A impunidade do "Coronel" Vieira

«O sertão nordestino foi e é um grande exemplo de desigualdade social. (...) Os cangaceiros agiam com violência diante de um universo social também marcado por ela. O poder do coronel, o chefe político local, era a marca do controle político e eleitoral das oligarquias. Não havia lei, não havia direitos. (...) Era tradição o fazendeiro se cercar de jagunços e cabras (capangas e trabalhadores armados, respectivamente) como uma forma de prevenção e ostentação do seu poder.»
in Educação 360, O Cangaço e a Exclusão Social


I. Vieira invade estúdio da SIC

Descontente com as opiniões dos comentadores do programa ‘Dia Seguinte’, a propósito das eventuais consequências resultantes da irregularidade na inscrição do jogador Ricardo Rocha, Luís Filipe Vieira dirigiu-se à SIC e invadiu o estúdio onde o programa estava a ser realizado, perante o olhar atónito do jornalista e dos três comentadores.


“Ninguém tira a Taça e o 2º lugar ao Benfica”, vociferou um furibundo Vieira.
E ele tinha razão, porque o homem que Vieira tinha colocado na Liga de clubes – Cunha Leal – já tinha tratado do assunto.

“É mais importante ter pessoas na Liga do que contratar bons jogadores.”
Lembram-se de quem proferiu esta frase?


II. 02/01/2006, Capangas no aeroporto

«1. Um indivíduo foi agredido ontem, no Aeroporto de Lisboa, por outro, que lhe deu uma chapada na cara. Pelo menos a SIC e a RTP estavam presentes e filmaram tudo (a primeira, no entanto, não filmou o agressor). Também lá estava um polícia fardado, que terá visto tudo e, alegadamente, nada fez, como se aquilo fosse a coisa mais natural deste mundo. É preocupante, porque o que se espera da polícia é que proteja as pessoas, sejam elas quais forem – e ali não foi isso que aconteceu. Mais tarde, sim, o indivíduo esbofeteado teve direito a escolta policial... Mas nessa altura, já não estavam no aeroporto os "seguranças" que o tinham esperado.

2. Claro, há uma história por detrás deste episódio. Há futebol, mas na versão praticada por gangsters, que se dão ao luxo de actuar à luz do dia, à frente de toda a gente e com uma impunidade chocante. (...)

3. Vieira e Dinis viajaram juntos para Lisboa e o segundo tinha à sua espera um "comité de boas-vindas": seis "seguranças" que, segundo o site MaisFutebol, acompanhavam um funcionário do Benfica, de seu nome Carlos Colaço. Mal apareceu Dinis, os tais"seguranças" rodearam-no, provocaram-no e um deles esbofeteou-o. A vingança está feita, e ao jeito mafioso. (...)»
António Moura, PÚBLICO, 03/01/2006


Sobre este mesmo episódio, escreveu António Tavares Teles, em O JOGO:
«(...) uma ameaça de agressão muito real perpetrada no [aeroporto] de Lisboa por cinco ou seis seguranças a soldo do presidente do Benfica, e consumada numa agressão efectiva a um tal de Vítor Dinis por parte de um desses seguranças. E tudo isto – sublinho – em pleno aeroporto, à frente de quem lá estava, inclusive jornalistas, e até das câmaras de televisão!!! Quer dizer, levado a cabo com e maior à vontade, o maior desplante, a maior desfaçatez do mundo...
Pelo que – a terminar – deixo aqui a seguinte questão: será que, a partir de agora, quem desagradar ao presidente benfiquista fica sujeito a um tratamento idêntico ou, se lhe desagradar ainda mais do que lhe desagradou o Vítor Dinis em questão, a um tratamento pior? Era bom a gente saber...»

O que aconteceu no aeroporto de Lisboa está filmado e não deixa dúvidas, como se pode ver no seguinte vídeo.

Em entrevista ao JN de 04/01/2006, Vítor Dinis, o homem que foi agredido por seguranças do Benfica, garantiu que, nesse mesmo dia, apresentou queixa no Ministério Público contra Luís Filipe Vieira e contra o indivíduo que o agrediu.
Mais. Afirmou ter recebido diversas chamadas telefónicas com ameaças de morte do seguinte teor: “Não vais sair vivo de Portugal”.

Já passaram dois anos e quatro meses e, que se saiba, as queixas contra Luís Filipe Vieira e os seus capangas deram em nada. É a impunidade total do “coronel” Vieira!


III. 09/04/2008, O microfone da RTP

«O presidente do Benfica envolveu-se esta quarta-feira de manhã num incidente com uma equipa de reportagem da RTP, num hotel em Lisboa.
Tudo se passou à margem de um evento da área económica (conferência de imprensa da Câmara de Comércio luso-espanhola) que decorria nesse hotel. De acordo com informações recolhidas, a equipa de reportagem da RTP terá filmado Luís Filipe Vieira, que protestou contra esse facto.
O protesto do presidente do Benfica levou à intervenção de alguns responsáveis do hotel. Foi solicitado à equipa de reportagem da televisão pública que abandonasse as instalações, o que sucedeu.
Segundo fontes que presenciaram o incidente, no momento em que deixava o hotel a pessoa que acompanhava Luís Filipe Vieira empurrou o repórter de imagem da RTP. Perante esta atitude, o jornalista interveio, tentando serenar a situação.
De acordo com o que contou o jornalista João Botas, Luís Filipe Vieira «agarrou no microfone da RTP e colocou-o no interior do seu automóvel». Em seguida «atirou-o para o chão». Tudo foi presenciado por pessoas que estavam na rua, entre as quais diversos jornalistas. (...)»
Maisfutebol, 09/04/2008

Mais uma vez esta atitude de Luís Filipe Vieira e das pessoas que o acompanham (guarda-costas?) ficou impune, nem sequer originou um protesto ou um mini-comunicado da administração da RTP.
Medo de represálias do “coronel” Vieira?


IV. 13/05/2008, Insultos e agressão na CGD


«Fonte oficial da PSP confirmou ao SOL que ontem mesmo Tiago Pina formalizou uma queixa contra Luís Filipe Vieira e o motorista: o primeiro por o ter insultado e o segundo por o ter agredido com «socos e pontapés».
Tiago Pina conta que naquela tarde ia «fazer um depósito» no banco e aguardava na fila, quando se apercebeu que um Mercedes buzinava com insistência no exterior. Era o seu Opel Corsa que estava mal estacionado e a bloquear a passagem. Saiu, retirou o carro, mas os ânimos não acalmaram: «O motorista insultou-me de todas as formas e depois o Luís Filipe Vieira abriu o vidro e continuou».
Um comentário de Tiago foi a gota de água: «Ainda por cima és do Benfica». Vieira e o motorista, acusa, foram atrás dele até ao interior da agência e o que seguiu foi uma cena de pancadaria. «O senhor Vieira põe-me a mão no ombro, começa aos gritos e o motorista desata a agredir-me que nem um louco. A cada soco eu caía no chão», acusa Tiago Pina, que foi auxiliado pelas pessoas que estavam na agência. «Todos tentaram ajudar e impedir o pior». Três funcionários da CGD estão indicados como testemunhas do caso. A Polícia chegou ao local já os agressores tinham saído. Mas as câmaras de videovigilância registaram a cena e a PSP vai agora visionar as cassetes.
Tiago recebeu tratamento ao fim da tarde no Hospital de Santa Maria – cujo relatório das lesões foi anexado à queixa: «Estou cheio de hematomas na cabeça», desabafa.»
SOL, 17/05/2008

Até quando irá durar a impunidade deste senhor?

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Época 2007/08 em revista: As competições


Depois de dois títulos consecutivos, alcançados por treinadores diferentes, com conceitos de jogo muito diferenciados, logicamente que o grande objectivo deste ano desportivo para os Dragões seria alcançar pela segunda vez na sua história o tricampeonato. Apesar das desconfianças da massa associativa pela forma tremida como foi ganha a Liga anterior, foi com Jesualdo Ferreira ao leme da nau portista que tal desiderato foi atingido, conseguindo-se umas das maiores vantagens pontuais sobre os principais adversários de que há memória. Nas competições ditas a eliminar no plano interno, onde se escondiam receios do falhanço da Taça de Portugal do ano transacto, o «factor Sporting» marcou de forma indelével a carreira do FC Porto. Na Champions, apesar do objectivo inicial de passar a fazer de grupos ter sido cumprido, ficou o amargo de boca pela eliminação ao pés de um adversário acessível. No campo da gestão do plantel destacou-se acima de tudo a aposta na continuidade, apesar da saída de duas peças valiosissimas da equipa Portista. Por fim, mas não com menos destaque, os factores extra-desportivos que, para não variar, centraram-se em torno dos processos de alegada corrupção desportiva, onde a Liga de Clubes assumiu-se como actor principal, bem como, a continua e incansável campanha de intoxicação do bom nome do FC Porto por parte da comunicação social. Vejamos pois, competição a competição, como foi o trajecto da equipa Portista ao longo desta temporada.



Supertaça Cândido Oliveira


No primeiro trofeu da época em disputa, começou a desenhar-se logo nesse encontro aquela que seria ao longo de toda a temporada a maior “pedra no sapato” do FC Porto, o Sporting. Pese embora se tratar do primeiro jogo oficial do ano desportivo, onde os atletas recem-chegados ainda estavam em processo de adaptação, assim como a ausência de Lucho Gonzalez não ter passado despercebida, em virtude de ter-se juntado mais tarde ao grupo de trabalho pela participação na Copa América, logo aí veio ao de cima a incapacidade do conjunto de Jesualdo Ferreira se sobrepor aos homens de Paulo Bento. Izmailov, com um tiro do meio da rua, retirou ao FC Porto o primeiro título da época.


Campeonato Nacional



Os pronuncios obtidos na Supertaça, conjugados com os sinais de quebra acentuada nas ultimas jornadas da temporada anterior, deixavam os adeptos Portistas numa ansiedade e desconfiança para aquilo que de mau poderia estar para vir na competição mais importante da época, a liga Nacional. Porém, as suspeitas rapidamente se dissiparam perante a entrada demolidora dos Dragões nesta prova. Com oito vitórias consecutivas, a equipas como Sporting, Braga, Maritimo, entre outras, e sem conhecer o sabor da derrota até à jornada treze, onde pelo meio a equipa Portista conseguiu um triunfo importante em pleno estádio da Luz, aproveitando-se também de mais uns quantos desaires dos principais adversários, no final da primeira volta o FC Porto cavava um fosso importante para os seus perseguidores. O retomar do campeonato após a tradicional pausa Natalicia não fez mossa à equipa Portista, na tambem já tradicional quebra de forma que sempre se verifica após esta quadra. Bem pelo contrario, apesar do desaire em Alvalade, o FC Porto chegou a meados de Fevereiro com o tricampeoanto no bolso, pulverizando toda a concorrência e estando à beira de alguns recordes históricos. Não foi por isso de estranhar que a cinco jornadas do fim a equipa Portista asseguraria o título nacional.


Taça da Liga


Em ano de estreia desta competição, o FC Porto assumia naturalmente o interesse em vence-la, quanto mais não fosse pelo “apetite” com que vai arrecadando troféus ao longo dos anos. Porem logo na ronda em que entrou em competição, caiu aos pés do modesto Fátima (que até foi despromovido para a 2ª divisão B). O facto de Jesualdo ter feito alinhar nessa partida muitos jogadores não titulares, onde se incluíam na equipa inicial oito aquisições do último defeso, não explicam tamanho desnorte ao longo de 90 minutos, pese embora a eliminação só ter ocorrido na lotaria dos penalties. Uma prestação que ficou muito aquém do esperado.


Liga dos Campeões



Se ao inicio de cada temporada é consensual estabelecer como meta nesta competição a passagem da fase grupos (mediante a qualidade das equipas envolvidas na prova, bem como os seus orçamentos) este é daqueles anos onde a participação do FC Porto ficou aquém do esperado, não apenas pela qualidade e entrosamento do seu conjunto mais utilizado, mas tambem por cair perante uma equipa que não mostrou ser superior ao clube Portista. A fase de grupos também exponenciou as expectativas dos adeptos, face ao 1º lugar conquistado no grupo A, partilhado com Liverpool, Marselha e Besikas. Com 11 pontos alcançados na pool de apuramento, os dragões fizeram umas das melhores prestações nesta fase da prova, deslustrando um pouco a pintura apenas com uma derrota pesada em Anfield Road por 4-1. Nos oitavos de final, o sorteio sorriu ao FC Porto, mas o Shalke 04 tratou de o retirar da face dos associados Portistas. Apesar da possibilidade de Jesualdo Ferreira poder fazer uma gestão criteriosa do plantel em vésperas dos jogos da Champions, em virtude da larga vantagem existente já nessa altura do campeonato português, bem como no decorrer da eliminatória ter ficado bem patente a superioridade do conjunto Portista, isso por si só não foi suficiente para o FC Porto chegar aos quartos de final da competição. Na conjugação destes diversos factores, facilmente se percebe que se perdeu claramente uma oportunidade de ouro para se fazer um trajecto mais marcante na Liga dos campeões desta época.


Taça de Portugal



A ridicula eliminação do FC Porto em casa perante o Atletico no ano anterior, obrigava Jesualdo Ferreira a demonstrar que tal acontecimento não passou de um facto isolado, que o acaso por vezes proporciona. Com efeito, a equipa portista ao longo das eliminatórias que foi disputando, demonstrou que não queria repetir erros do passado, conseguindo eliminar o Chaves, o Aves, o Sertanense, o Gil Vicente e o V. Setúbal sem sofrer um único golo. Por ironia do destino, a final da Taça de Portugal, que fecha tradicionalmente a época desportiva dos Clubes, pôs como adversário a mesma equipa com que abriu as hostilidades na temporada, o Sporting. Com o campeonato assegurado quase um mês antes, o relaxamento de algumas pedras nucleares dos azuis e brancos foi notório no jogo do campo de Oeiras, bem como a rabula da exclusão de Bosingwa da convocatória pelo eventual acordo de cavalheiros com Chelsea, não ter ajudado à festa. Numa semana marcada por “apitos”, com devido condicionamento da equipa de arbitragem, o FC Porto viu o «factor Sporting» uma vez mais roubar-lhe um troféu. Um final algo amargo, para equipa que foi brilhante em alguns momentos da temporada.



Nota: Este é o primeiro de três artigos dedicados ao balanço global da temporada 2007/08.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Roubos de igreja

«Abel deveria ter visto o segundo cartão amarelo e sido expulso, após uma entrada forte sobre Raul Meireles. Na segunda parte do prolongamento, há uma falta clara sobre o Lisandro, não sei se fora ou dentro da grande área, que não foi marcada, e desse lance sai o primeiro golo do Sporting. Foi uma má decisão, e fomos claramente prejudicados. Foi determinante para que ganhasse o Sporting e não o FC Porto.
Se fosse ao contrário [arbitragem de Benquerença], teríamos assunto para as próximas semanas.
Já se passaram as marcas da dignidade e do razoável.
»
Jesualdo Ferreira

«Foi inacreditável aquele lance [sobre Lisandro, aos 110']. Como é que se não consegue ver uma coisa que todos viram. Ainda por cima, o árbitro estava bem colocado. Esse foi o lance decisivo, pois deu origem ao contra-ataque e ao primeiro golo. São coincidências a mais. Trabalhámos durante a semana num ambiente tranquilo, mas se calhar quem fala demais acaba por ganhar com isso. Às vezes só o nosso futebol não chega e este jogo foi um exemplo disso. Admito que o árbitro possa errar, mas há situações inadmissíveis. Se foi simulação, então porque não interrompeu o jogo e deu o amarelo ao Lisandro?»
Pedro Emanuel, capitão de equipa


«Saímos muito tristes com este jogo. Foi uma vergonha o que se passou neste jogo. Fala-se em Apitos Dourados, influências para aqui e para acolá, e depois assistimos a estas coisas. O Lisandro sofreu uma grande penalidade e não foi assinalada, o Grimi fez três faltas seguidas, e [o árbitro] não mostrou nada, partiram o nariz ao Pedro Emanuel... é tudo o que tenho para dizer»
Raul Meireles

No final do jogo, treinador, capitão de equipa e vários jogadores não esconderam a sua indignação, a sua revolta, perante a arbitragem habilidosa, cirurgicamente escandalosa, do senhor Olegário Benquerença.

E a administração da FCP SAD, o que disse sobre este assunto?
Já passaram mais de 60 horas e, até agora, a reacção foi esta:


Vejo com muita preocupação este silêncio da administração da FCP SAD.
Quem cala consente e nós não podemos permitir o branqueamento desta arbitragem e do que esteve (está) por trás dela.

Vivemos tempos difíceis. Benfica e Sporting voltaram a tomar as rédeas do poder, dominando todos os órgãos da FPF e da Liga de clubes e isso nota-se, e de que maneira, dentro de campo.

Há quem tenha saudades do antigamente, quando tudo era “limpo” e “transparente”. Por isso, vale a pena recordar o que foi preciso lutar, o que foi preciso denunciar, para acabar com o sistema do antigamente.

Há 30 anos atrás, em 1977/78, a dupla constituída pelo chefe do Departamento de Futebol e pelo treinador do FC Porto, tiveram de lutar muito fora do campo, para que dentro do campo fosse possível a uma grande equipa do FC Porto interromper um jejum de 19 anos.

«F. C. Porto campeão? Depende dos árbitros», afirmou José Maria Pedroto, e Pinto da Costa acrescentava: «O critério de nomeação dos árbitros, se não é uma palhaçada, o que é que é?»

Foi nessa época, que Pedroto teve uma das suas frases mais famosas contra o "polvo", o sistema herdado do antigamente e que dominava o futebol:
«Temos de lutar contra os roubos de igreja!»

Era assim, sem papas na língua, que o Zé do Boné colocava os nomes aos “bois”. Sem falinhas mansas, sem se preocupar com o politicamente correcto, na defesa do Norte e do seu muito amado FC Porto.

Numa altura em que fora do campo o cerco ao FC Porto é cada vez mais apertado; numa altura em que dentro das 4 linhas temos de lutar contra arbitragens claramente condicionadas (para não dizer pior), é este espírito, é esta determinação, é esta combatividade, que eu espero dos actuais dirigentes do FC Porto.

Não podemos ficar de braços cruzados.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Pérolas Retóricas do Zé do Boné (12)


"Tenho uma experiência de muitos anos e conheço muito bem os jornalistas. Sei quais são as suas cores clubistas, ou se cortam a direito, como há vários, e como eles reagem quando a equipa da sua predilecção perde. (...).

Há ocasiões em que não passo do título. Basta-me ler o título para saber o que o jornalista escreve. Mas, por norma e por educação, não hostilizo o jornalista que, no meu entender, deturpa a verdade, sonega factos aos leitores, sobrevaloriza o secundário, deixando passar o essencial. Não o hostilizo atendendo à subjectividade da apreciação. Não posso, contudo, deixar de alertar os meus jogadores para essa subjectividade do jornalista, que é tanto mais desfavorável à equipa quanto maior é a sua predilecção pelo clube de que gosta."

Finais dos anos 70, já de volta a "casa", e destapando a careca à "isenção" jornalística.

Não!

Quando começa o defeso, começam os rumores de interesse naquele e naquele e ainda naquele. 90% não passam disso mesmo, e já não tenho muita pachorra para seguir estas novelas, mas quando leio:

"João Pereira desconhece interesse do FC Porto"

Alto lá e pára o baile!

É daqueles que já se fala há algum tempo, mas que tem vindo a crescer e sendo o Jorge Mendes o empresário do homem, nunca se sabe.
Já engoli alguns sapos, mas este não engulo, e aviso desde já que direi sempre mal do artista nem que marque 5 golos na final da próxima liga dos campeões. Como diria o Rafael, a nossa moeda de troca pelo Vieirinha, no final de um ben7ica - Guimarães em que após o jogo é expulso por ter dado um murro no artista em questão: "Arrependido? Se fosse agora tinha-lhe dado era dois"

A guerra "coxa"

Começo por confessar que sou um apaixonado por "estratégia" em geral, e em particular por estratégia militar (apesar de não ser "militarista"). E uma coisa que aprendi ao estudar a História dos grandes conflitos é que as guerras não se ganham apostando apenas numa frente (ou, mais correctamente, numa "valência").

Por exemplo: sem fortes batalhões mecanizados (os tanques), a Alemanha Nazi não teria conquistado meia Europa; mas sem a Luftwaffe (força aérea) isso também não teria sido possível. Idem para os EUA na guerra do Pacífico na II Guerra Mundial (onde a vitória só foi possível com uma combinação de uma forte Marinha e de uma forte Força Aérea). Dando outro exemplo recuando vários séculos: se os arqueiros foram a grande vantagem competitiva dos ingleses na batalha dos 100 anos, sem uma infantaria ou cavalaria também não teriam ido longe. E assim por diante.

Pois muito bem, como o meu confrade Mário Faria bem relembrou, estamos (FCP) em guerra. É uma guerra que nos foi declarada por ressabiados e invejosos, mas uma guerra a que não podemos fugir. A meu ver, da mesma forma que uma guerra convencional assenta no poderio do Exército, da Marinha e da Força Aérea, também esta guerra se disputa em três frentes:

1) No terreno de jogo.

Nós, portistas, nunca nos esquecemos que essa é de longe a frente de guerra mais importante, algo que provavelmente distingue os portistas da maior parte dos adeptos de outras côres - e isso é algo que se torna para nós numa vantagem competitiva, enquanto outros se esquecem disso. Pior para eles. Pois bem, nesta frente estamos, comparativamente falando, muito bem servidos. É por isso que somos os principais candidatos à vitória no próximo campeonato, por muito que se 'apite'.

2) Nas instituições

Sendo uma frente de guerra menos relevante, não deixa de ser verdade que é uma frente de guerra com a sua importância. É a Liga que controla as nomeações dos árbitros, que fiscaliza (ou não...) os clubes, que controla os castigos. Ora eu acho que nesta frente temos estado mal. Não que eu ache que o FCP deve tentar colocar "compinchas" nos orgãos da Liga, longe disso: mas seria de esperar que ao menos evitássemos (ou tentássemos evitar) que os nossos inimigos lá colocassem os compinchas deles.

Ora desde que o FCP se alheou completamente das eleições da Liga (de livre vontade) que apanhámos (só para dar um exemplo) com os CD de Liga mais anti-portistas de que há memória. Desde o CD anterior com os seus sumaríssimos pisca-pisca a la carte ao CD da Liga actual que o FCP está debaixo de fogo cerrado. Custa-me a acreditar que, em conjunto com outros clubes, o FCP não pudesse ter vetado um benfiquista fundamentalista como Ricardo Costa...

Resumindo: se penso que devemos evitar ser conotados com um domínio do "sistema", acho também que não era preciso ir tão longe ao ponto de deixar os nossos inimigos lá colocar quem muito bem entendem.

3) Na praça pública

Digo na praça pública não pensando apenas na batalha pelas almas e corações, mas também de forma muito prática 1) no condicionalismo da agenda de discussão pública e 2) na coacção efectuada sobre os árbitros. Basta observar os media após a final da Taça para verificar que, de um ponto de vista de arbitragem, é como se não se tivesse passado nada. Tivesse o resultado e decisões de arbitragem sido ao contrário, e não se falaria de outra coisa que o Sr. Olegário Malquerença. Isto também é o "Sistema" e condiciona imenso os árbitros, ainda que subconscientemente, naquela fracção de segundo em que têm de apitar sem terem certezas absolutas.

Nesta frente de guerra temos estado muito, muito mal. Os ataques ao FCP e os branqueamentos aos casos com os inimigos são cada vez piores. Li várias vezes que isso era uma "estratégia" deliberada - se é o caso, é nítido que foi um tiro que saiu pela culatra. Contratou-se mesmo há um ano um profissional muito bem pago para liderar o Dept de Comunicação, mas neste aspecto não se vê qualquer melhoria (pelo contrário).

Da forma que as coisas estão, não se admirem que em breve 100,0% dos casos duvidosos sejam assinalados contra o FCP (já não anda longe disso), mesmo por árbitros com toda a boa vontade de serem imparciais e com um perfil psicológico forte. Não admira, já que são imolados na praça pública com a conivência silenciosa da nossa SAD quando erram a nosso favor, e são totalmente ignorados (para não dizer idolatrados) quando beneficiam os inimigos ou erram contra nós - também com a conivência silenciosa da nossa SAD.

Se é verdade que os "Apitos" (e a propósito, vidé 2. Instituições) já de si condicionam muito os árbitros, o efeito é exarcebado ao alhearmo-nos desta frente de guerra. É dar trunfos de borla ao inimigo - escusadamente.

Como um portista preocupado com esta inacção, peço à SAD: não entreguem esta frente de guerra aos lobos! Falem, intervenham, mexam-se! Não de uma forma ridícula como um LFV, mas falem!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um roubo ao raio-x

Comecemos pelos lances duvidosos. O jogo de ontem teve dois:
1) o lance do golo anulado ao Sporting (Romagnoli está em linha ou está adiantado?);
2) o derrube de Polga a Lisandro no prolongamento (foi em cima da linha ou fora da área?).

Em lances destes, que nem a televisão esclarece totalmente, é justo dar o beneficio da dúvida ao árbitro. Já o mesmo não se pode dizer relativamente à enorme dualidade de critérios na mostragem dos cartões, em claríssimo prejuízo do FC Porto, ou em lances como o duplo derrube a Lisandro na área do Sporting, uns segundos antes do João Paulo ser expulso.

Comecemos por analisar o critério disciplinar seguido por Olegário Benquerença.

3’ Falta feia de Grimi sobre Quaresma. O árbitro viu, marcou a falta, mas evitou mostrar o cartão amarelo.


23’ Mais uma entrada dura de Grimi sobre Quaresma. O árbitro avisou o lateral esquerdo do Sporting mas, claro, o cartão (que já deveria ser o 2º) ficou novamente no bolso.

35’ Cartão amarelo para Paulo Assunção, por falta sobre Romagnoli ainda no meio-campo do Sporting. À primeira oportunidade para amarelar um jogador do FC Porto, o árbitro não hesitou.

68’ Ao rodar, com a bola controlada, Quaresma, de costas, acerta com o braço na garganta de João Moutinho. Este atira-se para o chão, como se tivesse sido alvo de uma terrível agressão, e inclusive sai de campo para ser assistido...

72’ O João Paulo teve uma entrada a pés juntos sobre Moutinho e, mais uma vez, o árbitro não hesitou: vermelho directo! Contudo, convém salientar que este lance ocorreu imediatamente a seguir a dois derrubes ao Lisandro dentro da área do Sporting, que Olegário fez de conta que não viu...


80’ Tonel teve uma entrada perigosa, por trás, atingindo o calcanhar do Lisandro (foi com uma entrada destas que o Marco Van Basten ficou incapacitado para o futebol). Cartão amarelo ou vermelho para o central do Sporting? Qual quê, o árbitro nem falta marcou.

85’ Abel, que já tinha um cartão amarelo, fez uma falta dura sobre Raul Meireles. Seria o 2º cartão amarelo, os jogadores do FC Porto protestaram mas, mais uma vez, Olegário fez de conta e deixou ficar o cartão no bolso. Poucos minutos depois, o treinador do Sporting substituiu o Abel, não fosse o diabo tecê-las.


93’ Derlei faz jogo perigoso sobre Pedro Emanuel, acertando-lhe com um pontapé na cara e deixando o defesa-central do FC Porto a sangrar do nariz. Não houve qualquer acção disciplinar por parte do árbitro.

96’ Raul Meireles é atingido pelo braço de Tonel e, tal como tinha feito João Moutinho em lance idêntico com Quaresma (68’), fingiu ter sido alvo de uma agressão. Desta vez, e ao contrário do que tinha acontecido com o jogador do Sporting, Olegário não gostou da fita e zás, toma lá um amarelo.

100’ À 5ª falta cometida, finalmente o árbitro entendeu mostrar um cartão amarelo a Derlei.

Sobre o critério disciplinar do árbitro não é preciso dizer mais nada, os factos falam por si. Mas não foi “só” no critério disciplinar que o FC Porto foi claramente prejudicado.
O lance mais flagrante, em que Olegário mostrou ao que vinha, ocorreu aos 71 minutos, instantes antes da expulsão de João Paulo.
Primeiro Polga e depois Miguel Veloso derrubam Lisandro dentro da área do Sporting, em ambos os casos sem nunca tocarem na bola, conforme se pode ver neste vídeo.

Dois derrubes seguidos! Que mais é preciso para os árbitros marcarem um penalty a favor do FC Porto?


Fruto desta decisão de Olegário Benquerença, de uma situação em que o FC Porto poderia ter passado para uma vantagem no marcador, passou, isso sim, a jogar com menos um jogador!

Mas não é tudo. Aos 110', Polga comete uma falta claríssima sobre Lisandro López, mais uma vez sem sequer tocar na bola.
Dentro ou fora de área?
Honestamente, e tal como no golo anulado a Romagnoli, não é possível dizer com 100% de certeza, mas de uma coisa tenho a certeza: a falta existiu e, no mínimo, deveria ter dado origem a um livre contra o Sporting e cartão amarelo para o central sportinguista.

Contudo, mais uma vez, o árbitro fez de conta que não viu e na jogada seguinte o Sporting marca o 1-0. Com menos um jogador, e a poucos minutos do fim, o jogo acaba aí.

O jogo terminou com os sportinguistas em festa (“a arbitragem foi justa”, afirmou João Moutinho) e com os jogadores do FC Porto a chorar, com a revolta estampada no rosto.


Há portistas que dizem: sim, a arbitragem prejudicou o FC Porto, mas tínhamos obrigação de ter jogado melhor.

A esses portistas eu respondo: Precisamente por o FC Porto não ter feito um jogo brilhante (longe disso) é que a influência da arbitragem foi determinante. É nos jogos equilibrados (e não quando se está a ganhar 5-0) que os erros dos árbitros se tornam mais relevantes, principalmente quando a tendência desses erros é sempre para o mesmo lado.